Ele se aproximou da mesa de Lorena, olhando-a com uma intensidade que a fez desviar ligeiramente o olhar, antes de retomar o contato visual. O cheiro de seu perfume, algo amadeirado e ligeiramente picante, chegou antes dele.
— Boa tarde, Dra. Lorena, sou o detetive Matt Dallas. Gostaria de fazer algumas perguntas. — A voz dele era profunda, rouca, com um tom sério, mas ainda assim carregado de um leve toque de desafio.
Lorena ajustou-se na cadeira de couro, um leve estalo do material quebrando o silêncio. Ela manteve a postura ereta, mas seus olhos estavam agora focados no detetive. A luz que entrava pela janela iluminava o rosto dele, destacando a mandíbula forte e os olhos azuis penetrantes, que nunca a deixaram de encarar.
— Boa tarde, detetive. Em que posso ajudar? — Ela respondeu, com a calma característica de quem lida com urgências todos os dias, mas sem perder a vigilância. E se recostou na cadeira de couro escuro, cruzando as pernas de forma graciosa.
Dallas puxou uma pasta preta de dentro do paletó e a abriu com um movimento calculado, os papéis raspando na superfície, como se o fizesse de maneira deliberada para criar suspense. O som de papel se movendo era o único ruído além de suas vozes.
— Gostaria de saber se deu entrada aqui no hospital um homem com ferimento a bala. — Ele falou, observando-a atentamente.
Lorena suspirou, o som suave quase imperceptível, e inclinou-se ligeiramente para frente, seus olhos fixos no detetive, uma marca de cautela em seu rosto. Sabia exatamente onde ele estava tentando chegar, mas não podia ceder. O segredo médico era imbatível.
— Detetive Dallas, o senhor sabe que não posso passar informações sobre os pacientes. — Ela disse com firmeza, suas palavras carregadas com a autoridade de quem não tinha medo de impor limites.
Dallas, no entanto, não se deu por vencido. Ele permaneceu ali, inabalável, observando-a com atenção. O leve som da respiração de ambos parecia mais alto no silêncio que os envolvia.
— Dra. Lorena, há alguns dias a polícia entrou em confronto com a maior gangue de mafiosos do país. Ferimos gravemente um deles e estávamos procurando em todos os hospitais. Só faltou esse. — A tensão na voz dele aumentou, como se estivesse pressionando sem dizer mais palavras.
O silêncio pairou na sala por um momento. Lorena manteve a compostura, mas dentro dela, uma faísca de curiosidade começou a se acender. Ela sabia do que ele estava falando, mas sua postura profissional a impedia de confirmar qualquer coisa. O hospital era um refúgio para aqueles em necessidade, e ela não se permitia misturar negócios com isso. Ela inclinou-se ligeiramente para frente, os saltos de seus sapatos batendo de leve contra o piso enquanto o silêncio se estendia por um segundo.
— Eu cuidei de um paciente com ferimento a bala, mas nem tente, detetive. Não direi nada além disso. — Ela disse com um sorriso frio, como quem coloca um ponto final em um assunto.
Matt, pareceu pesar suas opções. Percebendo que não avançaria mais, deu um pequeno suspiro. O ar na sala estava pesado agora, como se os dois estivessem em uma batalha silenciosa. Seus olhos azuis, intensos, fixaram-se nela por um segundo mais longo, como se ele estivesse avaliando algo além das palavras. Depois, com um suspiro, ele se afastou da mesa, os passos pesados soando de novo no piso de madeira polida.
— Dra. Lorena... — Ele disse, ainda firme, mas com um tom que carregava uma pequena provocação. — Este é o meu cartão. Se souber de algo e quiser falar comigo, não hesite em me procurar. Obrigado pela atenção.
Ele deixou o cartão sobre a mesa e se afastou, os passos ecoando de novo, mais suaves agora, enquanto ele se dirigia para a porta.
Lorena observou-o ir embora, o perfume amadeirado ainda no ar, e sentiu uma leve tensão se dissipar na sala. Quando a porta se fechou com um clique suave, Camila entrou com um sorriso travesso no rosto, a expressão iluminada de quem não perdia uma oportunidade.
— E aí, Lore, como foi com o detetive gato? — Camila perguntou, a voz cheia de curiosidade. A risada que estava prestes a sair já se formando em sua voz.
Lorena revirou os olhos, um sorriso desdenhoso se formando em seus lábios, enquanto fechava a pasta no escritório, dando um último olhar para o cartão de Matt Dallas.
— Detetive gato? Você não tem jeito... — Ela se levantou, pegando sua bolsa e se dirigindo para a porta. — Já está no nosso horário. Vamos embora. Vou para casa me arrumar.
Camila a seguiu, ainda rindo.
— Vamos, e eu te encontro lá na boate. — Ela disse, com um brilho nos olhos, já pensando na diversão que a noite prometia.
O som das conversas e risos das pessoas no corredor se misturaram ao barulho das portas se fechando atrás delas, enquanto as duas se afastavam do hospital, prontas para encarar o fim de semana que prometia ser cheio de diversão e, talvez, um pouco de mistério.
Em casa, Lorena se preparava para a noite que prometia ser inesquecível. Ela estava no quarto, diante do espelho, estudando sua aparência com um olhar crítico. O cheiro suave de seu perfume favorito – uma mistura de jasmim e sândalo – preenchia o ar, envolvente e sedutor. A luz suave da lâmpada do abajur batia sobre o rosto dela, destacando seus traços marcantes, enquanto o som do zíper do vestido cortava o silêncio do quarto.Ela queria algo que chamasse atenção, algo que deixasse claro que estava ali para se divertir, para ser o centro das atenções. O vestido vermelho, bem curto, tomara-que-caia, se encaixou perfeitamente em seu corpo, contornando suas curvas e deixando à mostra uma boa parte da tatuagem que se estendia pela sua coxa. O decote profundo, provocante, fazia a tensão no ar aumentar, como se o simples olhar para ela fosse suficiente para despertar desejos não ditos.Lorena sorriu para o reflexo no espelho, passando os dedos nos seus cabelos loiros e soltando-os, deixando
Ele observava, em silêncio, enquanto um rapaz se aproximava de Lorena, a abraçando e beijando sua bochecha. Ela sorriu para ele, parecendo se divertir, mas Rick franziu o cenho, sentindo uma ponta de ciúmes desconhecido.Pensamento de Rick: Será que é namorado dela? Porra, eu quero essa garotinha atrevida para mim.Ele balançou a cabeça, tentando se concentrar. Então, com um gesto de comando, ele se voltou para o segurança.— Está vendo a Dra. Logo ali? Vá até lá e avise a ela que tem alguém esperando. Ela deve subir aqui na área VIP agora. — Rick ordenou, sua voz autoritária.O segurança, atento, fez uma leve reverência e se dirigiu para a pista de dança. Enquanto isso, Rick se acomodava na poltrona, a luz das lâmpadas refletindo nos vidros do seu copo de whisky. Ele sentiu um leve desconforto em sua garganta, talvez pelo excesso de tensão que sentia desde que avistou Lorena. Mas não se importava. Queria ela. Precisava
Lorena não se deixou intimidar. Ela o encarou de frente, tentando manter a compostura.— Não sou uma garotinha. E você poderia me dizer porque mandou me chamar aqui? — ela perguntou, o tom de sua voz mais firme, apesar da tensão no ar.Rick não respondeu imediatamente. Ele avançou mais um passo, agora tão próximo que ela podia sentir seu calor, o cheiro forte de sua colônia misturado ao whisky. O som de sua respiração ficou mais audível, e o espaço entre eles parecia desaparecer. Ele se inclinou para falar próximo ao seu ouvido, fazendo a pele de Lorena se arrepiar. O toque dele era como fogo na sua pele.— Sabe, Dra. Lorena... você está muito gostosa com esse vestido. Só tinha lhe visto com a roupa do hospital. — ele disse, a voz rouca, quase um sussurro, enquanto seus dedos deslizavam ao longo do braço de Lorena.O toque foi lento, quase calculado. Ele parecia estar estudando cada reação dela, cada movimento, e isso a incomodava ainda mais. Quando a mão
Naquela tarde, o celular de Lorena tocou. Era Camila.— Oi, Lore! Como está o seu sábado? Está curtindo a paz? — Camila perguntou, a voz animada e cheia de energia, sempre positiva, como se nunca nada de ruim a afetasse.— Estou tentando, Cami. Só que meu cérebro não para de pensar... — Lorena respondeu, a voz tingida de frustração. Ela sabia que estava sendo irracional, mas não conseguia evitar. O encontro com Rick havia mexido com ela de uma maneira que ela não esperava.— Ué, o que aconteceu? Não vai me dizer que você está com a cabeça nele, né? — Camila riu.— Não sei... estou confusa, Cami. Foi só... estranho, sabe? Ele... ele é tão... — Lorena parou por um momento, buscando palavras para descrever a sensação.— Eu sei, eu sei. Esse cara tem uma presença, né? Dá medo até... mas se você não quiser ele, não se preocupe, esse tipo de homem não vai te pegar tão fácil. — Camila disse, tentando acalmar Lorena, mas sem entender completamente o peso d
Lorena riu, mas o som foi amargo, cheio de desafio.— Vai fazer o que? Vai me mostrar sua arma novamente? Vai ter que fazer melhor dessa vez. — Ela falou, tentando desestabilizá-lo, mas sabia que a situação estava se tornando perigosa. O corpo dela estava tenso, pronta para qualquer movimento.De repente, em um movimento rápido, o segurança a agarrou pelos braços com força, puxando-a para o carro que estava estacionado na esquina. O som de sua respiração acelerada, o som abafado da porta do carro se fechando e o cheiro de couro do banco do veículo se misturaram ao pânico que começava a crescer dentro de Lorena. Ela gritou, com toda a força que tinha.— Me larga, seu cretino! — Sua voz estava cheia de raiva e pânico, a adrenalina inundando seu corpo.O som da porta batendo, o zumbido do motor do carro ligado e o cheiro de gasolina que invadia o ar fizeram com que Lorena se sentisse completamente fora de controle, sem saber como reagir. Ela
O tempo havia se arrastado enquanto Lorena trabalhava na recuperação de Gustavo. O silêncio da casa parecia envolver todos, mas o som das respirações aliviadas de ambos, Gustavo e Lorena, era quase palpável. O cheiro do antisséptico misturava-se com o ar abafado, como se tudo ao redor estivesse aguardando uma resolução. Quando finalmente Lorena se afastou de Gustavo, após aplicar os últimos cuidados, ele sorriu fraco, mas genuíno.— Obrigado, Drª. Lorena. — Ele disse, sua voz ainda um pouco trêmula, mas cheia de gratidão.Lorena observou o Gustavo por um momento, suas mãos ainda ligeiramente tremendo após a pressão de agir rapidamente e com precisão. Ela suspirou, soltando a tensão acumulada no corpo.— Por nada, mas veja se você se cuida agora. Se não, sua recuperação vai demorar cada dia mais. — Ela respondeu com um tom mais suave, mas seu olhar ainda sério, não querendo que ele ignorasse a gravidade do que havia acontecido.Antes que ela pudesse se afa
Quando chegaram na entrada da casa de Rick, ele parou e a encarou por um momento, o olhar pesado, como se tentasse decifrar algo que ele ainda não entendia sobre ela.— Eles vão lhe levar de volta. — Ele disse, sua voz carregada de autoridade, apontando para o carro que aguardava na frente.Lorena tentou desviar os olhos, mas ele estava perto demais, quase como se estivesse se alimentando de sua ansiedade. O cheiro do ambiente, misturado ao perfume de Rick, a deixava tensa, como se ela estivesse sendo observada de cada ângulo.— Senhor, antes que eu esqueça, a polícia esteve no hospital. — Ela disse rapidamente, quase sem pensar, tentando se afastar mentalmente da presença de Rick, mas a sensação de que algo mais estava por vir a fez se sentir vulnerável.Rick parou por um momento, a observou com mais intensidade, seus olhos estreitando à medida que ele dava um passo em sua direção. O som de seus sapatos ecoando na calçada quase soava ameaçador.—
No dia seguinte, a manhã estava especialmente agitada na recepção do hospital, com o som constante de telefones tocando e pessoas conversando ao fundo. Lorena, conversando com Camila sobre as últimas novidades, estava distraída até que a porta se abriu, e o som do tac tac tac dos sapatos do entregador se aproximou.— Dra. Lorena? — O entregador chamou, interrompendo a conversa animada entre as duas.Lorena levantou os olhos, um pouco surpresa pela visita inesperada. Ela sorriu educadamente.— Sou eu, em que posso ajudar? — Respondeu, curiosa.Ele não demorou, estendendo um buquê de rosas vermelhas com um cartão elegante preso. O aroma doce das flores imediatamente invadiu o espaço, misturando-se ao cheiro do ambiente, mas criando uma atmosfera de doçura e intensidade ao mesmo tempo.— Essas flores são para você. — Disse o entregador, sem mais explicações.Lorena pegou as flores, seus dedos tocando suavemente as pétalas macias, e ant