O tempo havia se arrastado enquanto Lorena trabalhava na recuperação de Gustavo. O silêncio da casa parecia envolver todos, mas o som das respirações aliviadas de ambos, Gustavo e Lorena, era quase palpável. O cheiro do antisséptico misturava-se com o ar abafado, como se tudo ao redor estivesse aguardando uma resolução. Quando finalmente Lorena se afastou de Gustavo, após aplicar os últimos cuidados, ele sorriu fraco, mas genuíno.
— Obrigado, Drª. Lorena. — Ele disse, sua voz ainda um pouco trêmula, mas cheia de gratidão.
Lorena observou o Gustavo por um momento, suas mãos ainda ligeiramente tremendo após a pressão de agir rapidamente e com precisão. Ela suspirou, soltando a tensão acumulada no corpo.
— Por nada, mas veja se você se cuida agora. Se não, sua recuperação vai demorar cada dia mais. — Ela respondeu com um tom mais suave, mas seu olhar ainda sério, não querendo que ele ignorasse a gravidade do que havia acontecido.
Antes que ela pudesse se afa
Quando chegaram na entrada da casa de Rick, ele parou e a encarou por um momento, o olhar pesado, como se tentasse decifrar algo que ele ainda não entendia sobre ela.— Eles vão lhe levar de volta. — Ele disse, sua voz carregada de autoridade, apontando para o carro que aguardava na frente.Lorena tentou desviar os olhos, mas ele estava perto demais, quase como se estivesse se alimentando de sua ansiedade. O cheiro do ambiente, misturado ao perfume de Rick, a deixava tensa, como se ela estivesse sendo observada de cada ângulo.— Senhor, antes que eu esqueça, a polícia esteve no hospital. — Ela disse rapidamente, quase sem pensar, tentando se afastar mentalmente da presença de Rick, mas a sensação de que algo mais estava por vir a fez se sentir vulnerável.Rick parou por um momento, a observou com mais intensidade, seus olhos estreitando à medida que ele dava um passo em sua direção. O som de seus sapatos ecoando na calçada quase soava ameaçador.—
No dia seguinte, a manhã estava especialmente agitada na recepção do hospital, com o som constante de telefones tocando e pessoas conversando ao fundo. Lorena, conversando com Camila sobre as últimas novidades, estava distraída até que a porta se abriu, e o som do tac tac tac dos sapatos do entregador se aproximou.— Dra. Lorena? — O entregador chamou, interrompendo a conversa animada entre as duas.Lorena levantou os olhos, um pouco surpresa pela visita inesperada. Ela sorriu educadamente.— Sou eu, em que posso ajudar? — Respondeu, curiosa.Ele não demorou, estendendo um buquê de rosas vermelhas com um cartão elegante preso. O aroma doce das flores imediatamente invadiu o espaço, misturando-se ao cheiro do ambiente, mas criando uma atmosfera de doçura e intensidade ao mesmo tempo.— Essas flores são para você. — Disse o entregador, sem mais explicações.Lorena pegou as flores, seus dedos tocando suavemente as pétalas macias, e ant
O detetive não parecia convencido, e seu olhar se tornou ainda mais incisivo.— Srta. Lorena, quero que saiba que ele é um mafioso. O lugar dele é atrás das grades. — Ele disse, a raiva e frustração em sua voz.De repente, a porta se abriu novamente com um estrondo baixo, e uma figura entrou com uma presença imponente. O novo visitante era Giovanni Palumbo, o advogado.— Detetive, não faça mais nenhuma pergunta à minha cliente. — Ele disse, sua voz firme, cortando o ar pesado da sala. O cheiro de seu perfume sofisticado se misturou ao de Matt Dallas, criando uma estranha discrepância entre os dois homens.Lorena, um pouco surpresa com a intervenção de Palumbo, ouviu o detetive responder com um tom de ironia.— Srta. Lorena, como você pode dizer que não sabe quem é Ocasek, e ter o advogado da cobra? — Ele disse, com uma risadinha baixa e desdenhosa.Palumbo, sem perder o ritmo, retrucou rapidamente.— Olha a boca, detetive. —
Giovanni sorriu levemente, um sorriso enigmático, e tirou o celular do bolso, vendo o número de Rick na tela. Ele atendeu a ligação rapidamente, o som da vibração do celular e o clicar do botão de atendimento soando alto no momento.— Palumbo. — Ele disse de forma breve, com a voz firme.— Onde vocês estão? — A voz de Rick, grave e implacável, soou do outro lado da linha, sem qualquer emoção aparente.— Estamos saindo agora da delegacia. — Giovanni respondeu, com um tom controlado, mas curioso com a conversa.A tensão parecia aumentar, o vento forte batendo contra o vidro da porta da delegacia, como se acompanhando o peso das palavras trocadas.— Você resolveu tudo? — A pergunta de Rick foi direta, com uma urgência implícita em suas palavras.Giovanni olhou para Lorena e fez uma expressão sutil de desapontamento, mas logo respondeu.— Na verdade, Rick, ela não me deixou fazer meu trabalho. Ela falou um monte para o detetive, mas ela s
O som da ligação vibrando parecia ter uma força própria. Lorena atendeu, com o coração batendo forte.— Alô? Quem é? — A voz dela foi firme, mas com um toque de incerteza, quase como se soubesse quem estava do outro lado, mas não queria acreditar.A risada do outro lado da linha foi imediata, soando baixa e enigmática.— Boa noite, garotinha. — A voz de Rick foi profunda, um tom que parecia se insinuar e envolver tudo ao seu redor.— Rick? — Lorena perguntou, já sem dúvida, mas ainda com um pouco de espanto.— Como sabe, já reconhece minha voz? — Ele parecia se divertir, e isso a fez se sentir ainda mais desconcertada.— O garotinha lhe entregou... só você consegue me irritar desse jeito, me chamando de garotinha. — Lorena não conseguia esconder a irritação que sentia, embora uma parte de si até gostasse do jeito como ele a provocava.— E espero que eu continue sendo o único a lhe chamar assim. — Rick respondeu, com um sorriso implíci
O hospital estava movimentado, como sempre nas tardes de quinta-feira, com os sons de passos rápidos no corredor e o cheiro de desinfetante no ar. Lorena caminhava pelo saguão com uma expressão cansada, os ombros tensos, tentando se concentrar nas tarefas do dia. Ela tinha acabado de terminar um plantão longo, mas algo estava em sua mente, algo que não conseguia parar de pensar: o jantar com Rick.Quando ela entrou na sala de descanso, encontrou Camila, sua amiga de longa data e colega de profissão, já sentada no sofá, com um café em uma das mãos e a outra no celular, acompanhando o movimento frenético ao seu redor.Lorena se deixou cair no sofá ao lado de Camila, um suspiro escapando de seus lábios enquanto ela se ajeitava.— Cami, você nem vai acreditar no que aconteceu... — Lorena falou, com a voz ainda carregada de uma energia que ela não sabia se era excitação ou nervosismo.Camila levantou os olhos do celular, arqueando uma sobrancelha ao perceber a
O hospital estava mergulhado em sua calmaria habitual, apenas o som distante dos monitores cardíacos e o murmúrio dos funcionários preenchiam os corredores. Lorena Fischer aproveitava esse breve momento de paz em sua sala, organizando alguns relatórios, quando uma voz grave e furiosa cortou o silêncio.— Cadê o médico? Não tem médico nessa porra não?! — A voz ecoou pela recepção, carregada de impaciência e fúria.Camila, a enfermeira, ergueu o olhar, mantendo a postura profissional.— Senhor, por favor, acalme-se. Em que posso ajudá-lo?O homem à sua frente não parecia disposto a ouvir. Sua mandíbula estava travada, os olhos intensos como lâminas afiadas, e a presença dele exalava autoridade.— Eu quero a porra de um médico AGORA!Lorena franziu a testa ao ouvir a discussão. Saiu da sala com passos firmes, sentindo a tensão no ar aumentar a cada segundo. Assim que chegou à recepção, seus olhos captaram a cena. Um homem de terno preto, ombros largos e expressão feroz dominava o espaço.
A sala estava silenciosa, exceto pelo bip ritmado dos monitores cardíacos e pelo sutil zumbido do ar-condicionado. O cheiro de antisséptico ainda dominava o ambiente, misturando-se ao leve aroma metálico de sangue seco. Lorena examinava o paciente, conferindo seus sinais vitais, quando um movimento brusco fez seu coração disparar.Gustavo Maxwell agarrou seu braço com força inesperada.— Ai, meu Deus! — ela exclamou, recuando levemente. — Você quase me mata de susto!Os olhos dele estavam confusos, piscando várias vezes antes de se fixarem nela.— Onde eu estou? — sua voz saiu rouca, carregada de sono e desorientação.Lorena sorriu, profissional, mas aliviada.— Sou a Dra. Lorena. Que bom que você acordou. Seu amigo já estava surtando porque não deixei ele te ver.— Por quê? — Gustavo franziu a testa, ainda tentando processar a informação.— Você passou por uma cirurgia bem delicada e ficou inconsciente por dois dias.— Dois dias? — ele repetiu, incrédulo. — Com certeza o chefe deve e