O restante do dia de trabalho de Mariana foi um borrão de atividades rotineiras. Apesar de tentar se concentrar, a conversa com Alice e o incidente com Gabriel não saíam de sua cabeça. Quando o turno estava chegando ao fim, se preparou e foi encantar Gabriel. Assim que chegou ao estacionamento, sua atenção foi imediatamente capturada por uma cena um pouco distante. Gabriel estava ao lado de seu carro, e Alice conversava com ele. Mariana ficou parada, longe o suficiente para não ser vista, mas perto o bastante para ouvir parte da conversa. — Você realmente acha que isso vai dar certo? — Alice sibilou, o tom ácido. — Alguém como ela... não tem lugar na sua vida, Gabriel. Ela é comum, e você sabe que sua família jamais aceitaria. Mariana sentiu o estômago se apertar. Ela se aproximou um pouco mais, sem que Gabriel ou Alice a notassem. — Alice, isso não é da sua conta — a voz de Gabriel era fria, porém firme. — Não é da minha conta? — Alice riu, um som amargo. — Alguém como el
Mariana se virou devagar na cama, ainda deitada de bruços, enquanto sentia o calor suave das mãos de Gabriel em suas costas. O ambiente estava tranquilo, apenas o som suave de suas respirações preenchia o espaço. Por um momento, tudo parecia distante — os problemas, as inseguranças, as dúvidas.Ela se levantou um pouco, apoiando-se nos cotovelos, e seus olhos encontraram os de Gabriel. O olhar que trocaram era intenso, cheio de sentimentos não ditos. Algo dentro dela pedia proximidade, conexão, e ela sabia que Gabriel sentia o mesmo.Sem hesitar, Mariana se aproximou lentamente, seus lábios encontrando os de Gabriel em um beijo suave, mas cheio de significado. Era um gesto de entrega, de gratidão, de algo mais profundo que ambos sentiam, mas ainda não haviam colocado em palavras.Gabriel correspondeu ao beijo, deixando que o momento os envolvesse por completo. Suas mãos deslizaram pelos braços dela, subindo pelos ombros, puxando-a para mais perto. O toque entre eles era cuidadoso, mas
O sol da manhã ainda estava baixo no céu quando Mariana olhou para sua xícara de café, seus pensamentos vagando. Ela se mexeu na cadeira, ainda se acostumando com o conforto tranquilo daquele ambiente.— Acho que... preciso comprar um telefone novo — disse Mariana, interrompendo o silêncio. — O meu provavelmente está perdido para sempre.Gabriel levantou os olhos da xícara de café, pensativo, e deu um pequeno sorriso. — Verdade. Você precisa de um novo. Quer que eu te leve ao shopping? Podemos resolver isso hoje.Mariana olhou para ele, surpresa pela oferta. — Você tem certeza? Eu sei que você tem compromissos no hospital e...Gabriel deu de ombros, com um sorriso tranquilo. — Posso ajustar minha agenda. Além disso, acho que uma pausa fora do hospital vai nos fazer bem. O que acha?Mariana hesitou por um segundo, mas o pensamento de sair para algo tão simples e mundano como comprar um telefone parecia uma forma perfeita de recuperar um pouco de normalidade. E, de certo modo, estar ao
Mariana chegou à casa de Matheus pouco antes das sete da noite. As luzes já estavam acesas, e o ambiente familiar a acolheu como sempre. Ela já estava acostumada com aquele espaço e com o trabalho, mas naquela noite, algo parecia diferente. Talvez fosse o peso de tudo o que havia acontecido, ou a sensação de que sua vida estava prestes a mudar de forma irreversível. Matheus a recebeu com o sorriso habitual, mas seu olhar denunciava uma preocupação velada, que ele tentava esconder. Enquanto a guiava até a cozinha, onde uma xícara de café já a aguardava, ele não pôde evitar o tom cuidadoso na voz. — Como você está? — perguntou, observando-a com atenção. Mariana suspirou, pegando a xícara com as mãos trêmulas. — Estou... bem, acho. Tentando organizar as coisas na minha cabeça. Matheus sentou-se à sua frente, seus olhos se estreitando com a preocupação. — Eu sei que tem sido muito para você. Se quiser parar de trabalhar aqui por um tempo... ou até mesmo sair de vez, não tem problem
O dia no hospital seguia agitado, mas Mariana tentava manter o foco. Gabriel estava no bloco cirúrgico, enquanto ela se ocupava entre pacientes e relatórios. Mesmo assim, a troca de palavras mais cedo com Gabriel ainda a fazia sorrir de vez em quando. Enquanto organizava algumas fichas, sua colega Clara apareceu no corredor, com o sorriso largo e acolhedor de sempre. — Ei, amiga! — Clara se aproximou cheia de energia. — O que tá rolando entre você e o Doutor Maravilha? — perguntou, arqueando as sobrancelhas com curiosidade. Mariana se mexeu, surpresa com a pergunta. — Do que você está falando? — tentou desconversar, mesmo sabendo que Clara provavelmente havia presenciado o momento mais cedo. — Ah, amiga... Eu vi! Vocês estavam bem íntimos. — Clara inclinou-se levemente, com um sorriso cheio de insinuações. — Ele é um deus grego, e os olhares entre vocês... Tem algo aí, vai! Mariana riu nervosamente. — Não é nada demais. A gente... — hesitou, escolhendo as palavras. — Está ten
Quando chegaram ao apartamento, o silêncio da noite os envolveu. Gabriel e Mariana entraram juntos, e ambos se jogaram no sofá, sentindo o peso do dia finalmente começar a se dissipar. Mariana se ajeitou, apoiando a cabeça no braço do sofá e fechando os olhos por um momento, enquanto Gabriel sentou ao lado dela, passando a mão pelos cabelos, ainda pensativo. — Finalmente em casa — murmurou Mariana, soltando um suspiro de alívio. — Sim, finalmente — respondeu Gabriel, com um tom calmo, mas havia algo mais em seu olhar, como se ele quisesse falar sobre algo mais sério. Por alguns minutos, o silêncio confortável tomou conta do ambiente, mas Mariana sabia que havia algo que precisava ser dito. Ela se mexeu no sofá, olhando para Gabriel, e então começou. — Gabriel, acho que preciso voltar para a minha vida... — disse ela, hesitante. Ele se virou para ela, surpreso. — Como assim? — Preciso voltar para a minha casa. Já estou aqui faz um tempo... Não posso ficar na sua casa para sempr
Mariana e Gabriel ainda estavam deitados na cama, ainda envoltos no silêncio confortável após o momento íntimo que compartilharam. As luzes suaves do quarto criavam uma atmosfera tranquila, enquanto os dois permaneciam lado a lado. Gabriel, no entanto, notou uma inquietação nos olhos de Mariana.— Você realmente quer ir embora? — perguntou ele, quebrando o silêncio com a voz baixa, mas carregada de curiosidade.Mariana suspirou, virando-se para ele. — Gabriel, eu preciso voltar pra minha vida... Não posso ficar aqui na sua casa pra sempre. — Ela hesitou, tentando achar as palavras certas. — O que a gente tem é algo casual, e eu tô praticamente morando aqui. Isso não faz sentido.Gabriel franziu a testa, claramente incomodado. — E qual o problema nisso? — Ele passou a mão pelos cabelos, tentando esconder sua confusão. — Não tem problema você ficar aqui. Eu passo muito tempo fora, tem espaço de sobra, você pode ficar no quarto de hóspedes.Mariana sorriu, mas havia tristeza em seu sorr
Passaram-se alguns dias desde que Mariana voltou para sua casa. O ambiente estava mais tranquilo, mas algo parecia incompleto. Hoje, no entanto, era um dia movimentado. O hospital estava organizando um evento de caridade para arrecadar fundos, e quase todos os funcionários estavam envolvidos de alguma forma. Mariana sabia que aquela noite seria diferente. Além de movimentar o hospital, o evento reuniria muitas pessoas importantes.Desde que saiu do apartamento de Gabriel, os dois mal haviam se visto. Ele estava sobrecarregado com as cirurgias, e Mariana havia sido realocada para a UTI, o que limitou ainda mais o contato entre eles. A distância, que parecia uma escolha consciente para manter as coisas claras, agora trazia um desconforto crescente.Ela chegou ao salão onde o evento estava acontecendo e logo avistou Gabriel entre os convidados. Ele estava impecavelmente vestido, conversando com colegas médicos. Sua presença, como sempre, era imponente. Quando ele finalmente a notou, um