Neelam acompanhou os irmãos Maldonado até o táxi quando eles foram embora. Até que aquela noite havia sido agradável e Neelam gostou de conhecer Juno, mesmo ela sendo um pouco sombria. Neelam se virou para voltar para a sua casa quando ouviu um assobio. Se voltou na direção de onde ouvira o som que viera da casa de seu vizinho, mas todas as luzes estavam apagadas e ela não viu nada. Pensando ter sido apenas a sua imaginação, ela deu de ombros e foi para a casa.
Uma sombra se moveu na escuridão da casa ao lado e um isqueiro iluminou o rosto de Duke antes de ele acender um cigarro.
“Então, somos vizinhos? Interessante”, pensou Duke.
† † †
Gillian não gostou de ter ficado na detenção por uma semana por causa de Neelam e, ainda por cima, ter sua mesada cortada por seu pai. A chefe das líderes de torcida, ficou parada em um canto, enrolando uma mecha de seu cabelo cacheado entre os dedos médio e indicador, até avistar Neelam. A garota a estava evitando, mas não mais. Gillian caminhou de encontro a ela e esbarrou com força em seu ombro, a fazendo derrubar seus livros. Neelam olhou para ela e Gillian a encarou com ar desafiador. Neelam não disse nada e se abaixou para recolher seus livros. Um rapaz branco, de cabelo castanho escuro, e olhos azuis, veio e a ajudou.
— Obrigada. — Neelam agradeceu a ele.
— Não foi nada. — Ele sorriu e ajeitou a touca que usava.— Sou Anderson Bertolini, mas os amigos me chamam de Dru. Me chame também?
— Sou Neelam Ferraz. — Ela disse.
Anderson percebeu que Gillian pretendia continuar perturbando Neelam e para protegê-la, ele tocou o ombro dela e disse-lhe:
— Acho que me perdi. Será que você poderia me ajudar a encontrar a minha sala?
— Sim, você me ajudou, então, é o mínimo que posso fazer para retribui-lo. Qual é a sua sala?
— Vamos? — Anderson colocou seu braço ao redor dos ombros de Neelam, e os dois se afastaram de Gillian, que bufou com ódio.
Willow e Mattew viram Anderson entrando na sala, acompanhado pela aluna nova e imediatamente começaram a sussurrar, eufóricos.
— Ah, você viu? Os dois estão juntos! — Willow disse. — Por que não me disse que seu irmão a conhece?
— Eu não sabia. Estou tão surpreso quanto você. — Mattew disse. — E ele nem está nessa aula. Será que alterou sua grade propositalmente para estar na mesma sala que ela?
— Estou ficando cada vez mais curiosa sobre essa garota. E se fossemos até lá e nos apresentássemos? — Willow se levantou.
— Não, sua louca! Senta aí! — Mattew a agarrou pelo braço e a puxou de volta para a cadeira. — Depois, a gente procura o Dru e pergunta a ele o que está rolando entre a novata e ele.
— Ah, mas assim não tem graça! Eu quero saber das coisas em primeira mão. — Falou Willow.
— Às vezes, tudo o que você tem de fazer e se sentar e ver o circo pegar fogo. — Mattew disse, sorrindo enquanto observava Duke entrar na sala.
— Tenho a impressão de que essa aula não será nenhum pouco entediante. — Willow disse.
— O que é que vocês tanto sussurram? — Merlyn perguntou, se inclinando.
— Não é nada, Merlyn. — Willow encarou Mattew. Os dois riram como cúmplices.
Os primeiros minutos de aula foram tranquilos e Neelam até se esqueceu que Duke estava sentado atrás dela e que há pouco ele acertara a cabeça de Anderson com algum objeto que ela não conseguiu identificar, até sentir alguém se enfiando embaixo de sua carteira. Assustada, ela olhou embaixo de sua carteira para ver quem estava ali. Era o peste do Duke.
— Ei, o que está fazendo? Seu tarado. — Disse Neelam o chutando.
— Procurando minha caneta. Não quero ver sua calcinha! — Falou ele.
— Ei, que droga é essa, Duke? Ficou louco? — Falou Anderson irritado. — PROFESSORA!
— O que pensa que está fazendo, Benson? Volte já para o seu lugar! — Disse a professora.
Alguns alunos riram.
— Calminha aí, professora? Eu só estou procurando minha caneta. — Disse Duke.
— A caneta que você acertou na minha cabeça? — Disse Anderson.
— É. Onde está? — Duke saiu debaixo da mesa e encarou Anderson.
Anderson tirou a caneta do bolso de sua calça e estendeu o braço para que Duke pudesse pegá-la. No entanto, antes que Duke pudesse pegar a caneta, Anderson afastou a mão ligeiro e guardou a caneta em seu bolso.
— Ei? — Disse Duke. — Devolve!
— Não! — Falou Anderson. — Não ouvi um pedido de desculpas.
Duke riu.
— Você me conhece cara. Não peço desculpas.
— Então, esqueça sua caneta. — Disse Anderson.
Duke o encarou por alguns segundos, sério. Neelam teve medo que ele desse um soco em Anderson, mas Duke riu e balançou a cabeça.
— Você tá ferrado, cara. — Disse Duke rindo e ao passar por Neelam sussurrou-lhe, no ouvido: — Cor de rosa, hein? Fofinha. — Depois, ele voltou para seu lugar.
Neelam olhou para trás. Ele havia visto a sua calcinha? Que vergonha!
Duke se acomodou em seu lugar e ao perceber que Neelam o encarava com raiva, piscou para ela. Ela virou para frente, o ignorando. Duke riu, balançando a cabeça.
Na hora do almoço, Kendall quis se sentar com Neelam, mas Anderson se sentou primeiro. Chateado, Kendall teve de lanchar sozinho.
Neelam não achava que Anderson prestava realmente a atenção ao que ela dizia porque ele parecia concentrado enquanto jogava em seu console portátil, mas continuava conversando com ele.
— Duke e você são próximos? — Neelam perguntou.
— Mais ou menos. Digamos que temos um lance. — Anderson disse.
— Um lance? — Neelam não entendeu direito.
— Tocamos na mesma banda. — Respondeu Anderson, rindo, ao perceber que ela pensara besteira. — Por favor, não me confunda com o meu irmão?
— Ah, você tem um irmão? Legal. — Neelam disse.
— Ele é gay, ou, pelo menos, parece. Sei lá, o jeito dele. Fora que nunca vi o cara pegar nenhuma garota. — Disse Anderson.
— Ah! Vocês estão aqui! — Duke disse ao se aproximar e se sentou entre os dois.
— Com licença, Dru? Eu preciso ir. — Disse Neelam, levantando-se.
— Não! — Disseram Anderson e Duke ao mesmo tempo.
Anderson a segurou pelo pulso.
— Fica? Por favor? — Ele pediu com cara de cachorro sem dono.
Neelam se sentou de novo em seu lugar.
— Não me diga que ia sair por minha causa?! — Disse Duke se fazendo de ofendido.
— Eu agradeceria se você não falasse comigo. — Disse Neelam.
— Vou precisar que faça para mim o conteúdo de biologia. — Disse Duke.
Neelam não respondeu.
— Não precisa fazer nada, se não quiser. — Falou Anderson a Neelam.
— Não. Tudo bem. — Disse Neelam. — Não tenho preguiça de escrever!
— Essa é minha garota! — Falou Duke, satisfeito.
— Não sou SUA garota! — Disse Neelam.
— Por enquanto… — Disse Duke, convencido.
Neelam riu.
— Você não faz meu tipo.
— Sério? — Duke fez cara de surpreso. — Então, espere? Tenho de dar um jeito nisso, agora! — Ele levantou-se e foi até onde um nerd estava sentando e tomou os óculos dele e o colocou. Em seguida, tirou um elástico do bolso de sua jaqueta e amarrou seu cabelo. Então, voltou para o lado de Neelam. — E agora, eu sou o seu tipo?
— Você está ridículo! Parece o Kendall! — Disse Anderson, rindo.
— Não fale assim do Ken! Ele não é um babaca como vocês! — Falou Neelam, irritada.
— Ih, olha… Está defendendo o namoradinho. — Duke disse, rindo.
— Me desculpe? Não devia ter dito isso. Foi sem querer. Eu juro. — Disse Anderson ao perceber que aborrecera Neelam.
— Vocês dois são iguais! — Neelam pegou sua bandeja e saiu.
— Droga! — Disse Anderson, zangado.
— Ei, relaxa? — Falou Duke
— Não era para ela se zangar comigo. Não foi minha intenção. — Disse Anderson.
— Quem mandou você zoar o namoradinho dela? Bem feito! — Falou Duke. — E vem cá? Por que se importa? Está a fim dela?
— Não. Que isso? — Anderson riu. — Ela é gatinha e legalzinha, mas… Não! Só… Não acredito que ela namore com o Kendall.
— Por que não? — Perguntou Duke, torcendo para que Anderson estivesse certo.
— Eu não sei. Eles não parecem um casal. — Disse Anderson.
† † †
— Será que posso me sentar com você? — Neelam perguntou a Kendall.
— O que aconteceu? Seus novos amigos debocharam de você? — Perguntou Kendall, indiferente.
— Na verdade, eles debocharam do meu namorado. Eu não gostei nenhum pouco. — Disse Neelam sentando-se ao lado de Kendall.
— Seu namorado? — Repetiu ele, a encarando.
Neelam riu e balançou a cabeça.
— É como estão te chamando agora.
Kendall riu.
— Dru me defendeu de Gillian mais cedo. Por isso, pensei que ele fosse diferente de Duke, mas me enganei. — Falou Neelam.
— Não foi sua culpa acreditar que ele podia ser bom. — Disse Kendall.
— Então, você me perdoa? — Perguntou Neelam.
— Claro que sim. — Respondeu ele, sorrindo.
— Obrigada. Eu morreria se você não falasse mais comigo. — Disse Neelam.
— Eu nunca faria isso. — Disse Kendall.
— Que bom! — Falou Neelam, aliviada.
— Podemos sair essa tarde? — Perguntou Kendall.
— Não vai dar. — Disse Neelam.
— Ah!… — Falou Kendall, sem graça.
— Preciso copiar a matéria de biologia para o Duke. — Falou Neelam.
— Por quê? — Perguntou Kendall. — Achei que tivesse dito que vocês não tem nada a ver um com o outro.
— Eu tive de fazer um trato com ele, em troca dele assinar os papéis que o Killian pediu que entregasse a ele, eu prometi que copiaria as matérias para ele por um mês. — Disse Neelam.
— E foi só isso? — Perguntou Kendall desconfiado.
— Ken! — Falou Neelam o repreendendo por ele desconfiar dela.
— Não devia ter feito isso. — Disse Kendall virando o rosto.
— Se não entregasse esses papéis ao Killian, eu seria suspensa. — Falou Neelam.
— Eu posso te ajudar, assim podemos sair depois. — Disse Kendall.
— Não quero que faça isso. EU aceitei o acordo, então, EU tenho de copiar as matérias para o Duke. — Falou Neelam.
— Mas… — Kendall tentou argumentar.
— Não! Eu mesma farei isso. Podemos sair amanhã, se quiser. — Falou Neelam.
— Tudo bem, então. — Disse Kendall.
No final das aulas, Kendall entregou uma caixa de bombons a Neelam e ela agradeceu, beijando-o no rosto. Duke e Anderson presenciaram o momento.
— Tem certeza de que eles não são um casal?! — Duke disse a Anderson. — Não acho que ele daria chocolates a ela se eles não estivessem namorando.
— Nada a ver… Desde quando um cara precisa namorar com uma garota para dar chocolates a ela? — Disse Anderson.
— Eu nunca dei chocolates a uma garota. — Falou Duke.
— Você nunca deu nada a uma garota. — Disse Anderson.
— Isso é mentira! — Disse Duke. — E todos aqueles presentes que eu dei a minha ex?
— Ah, supera isso? Outras garotas dariam tudo para você, se pelo menos, sorrisse para elas. — Disse Anderson.
Duke riu, balançando a cabeça e brincou:
— Eu sei, eu sou irresistível!
— Bem… Quase… — Disse Anderson. — Exceto para Neelam.
— Duvida eu conquistá-la? — Disse Duke.
— Aposto duzentos dólares como você não consegue. — Falou
Anderson.
— Você vai perder duzentos dólares. — Disse Duke estendendo a mão.
— Duvido. — Falou Anderson apertando a mão dele.
Mikaela foi até o quarto de sua filha e abriu a porta, encontrando a garota sentada na cama, escrevendo.— Neelam? Pode me fazer um favor?— Sim, mãe. Qual? — Neelam fechou seu caderno, o colocando de lado.—
O apartamento onde Kendall vivia com sua família, não era tão pequeno como Juno descreveu. Era maior que a casa de Neelam. Uma cobertura luxuosa com a melhor vista da cidade. O pai de Kendall devia ganhar muito bem para eles viverem de forma tão confortável, imaginou Neelam.
Neelam esqueceu de ligar o despertador e perdeu o horário de ir para o colégio. Sua mãe não a despertou quando saiu para ir ao trabalho porque normalmente Neelam costumava acordar sozinha. Duke contava com as respostas do exercício que ela faria por ele, e acabou se dando mal quando ela não apareceu.— Mas que droga! — Duke resmungou. — Espero que ela não invente de faltar amanhã também porque preciso entregar aquele maldito trabalho para aquela professora chata.
Neelam empurrou Duke e deu um tapa na cara dele.— Vai embora! Eu não acredito que fez isso! — Falou ela brava. — Qual o seu problema? — Perguntou, confusa.— Neelam foi para o grêmio no terceiro tempo. Chegando lá, bateu à porta e esperou até Killian recebê-la. Ele não sorriu como das outras vezes, apenas disse:— Duke observava Neelam e Merlyn conversando e se sentia cada vez mais excluído… Eles falavam sem parar como se se conhecessem desde sempre e, o pior era que o ignoravam. Aquilo o chateou. Não era bem o que ele planejara para aquela tarde… Mas seus “amigos” tinham de aparecer para estragar tudo. Especialmente Merlyn que estava tomando tão facilmente algo que ele estava lutando para conquistar. Era inacreditável como as coisas aconteciam. Ninguém se esforçava para conquistar nada. Porque era mais fácil, chegar e tomar o que não lhe pertencia? Era o que Merlyn fazia. Mattew percebeu que Duke estava mal e disse-lhe: — Que tal se nós fôssemos até a lanchonete buscar hambúrguer? Estou morrendo de fome! — Não é melhor pedirmos uma pizza? — Sugeriu Willow. — A gente come pizza sempre. Já e9. Interrompidos
10. Excluído
O professor de Educação Física se cansou de Anderson e Merlyn e expulsou os dois do jogo, os substituindo por Duke e Mattew. — Vou ensinar às mocinhas como se joga basquete! — Duke disse, indo para a quadra enquanto sorria, presunçoso. — Tudo culpa do idiota do Merlyn que me distraiu! — Anderson resmungou e foi para o vestiário. Merlyn se sentou, próximo a Neelam, de cabeça baixa, visivelmente nervoso. — É só um jogo e não o fim do mundo. — Neelam disse a Merlyn. Ele a encarou e passou a mão no cabelo, ajeitando-o. — Não é bem assim… Minhas notas não andam boas. Eu acho que devo ter Défict de Atenção. — Merlyn disse. — Hmm… — Neelam disse, se sentindo
Hospital Psiquiátrico Santa Quitéria, Black River – Maine.O enfermeiro levou o café da manhã ao paciente e lhe entregou um envelope. A carta não havia sido endereçada para o hospital e, sim para a casa dele, foi o que combinaram antes dele partir, que ela enviaria as cartas para a casa dele e sua irmã lhe entregaria pessoalmente quando fosse vê-lo nos finais de semana, mas sua irmã não fora visitá-lo nenhuma vez, preferindo colocar a carta em outro envelope e enviar a ele.Seus pulsos foram enfaixados pela segunda vez porque ele tentara romper os pontos com a caneta que usaria para responder a carta. Desde então, ele estava proibido de responder as cartas e seu psiquiatra ameaçara proibir a entrega das mesmas se ele não apresentasse alguma melhora.