(Filippo Valentini) Abro os olhos e me sinto zonzo pela dor lancinante que me atingi, fecho-os novamente. Não está doendo apenas o meu ferimento, mas também minha cabeça, meus ossos, minhas articulações, absolutamente tudo em mim! Cazzo! Me sinto desidratado e ardente, como se estivesse respingando fogo diretamente sobre minha pele, me remexo numa tentativa inútil de me livrar desse calor infernal. Merda! Me sinto preso! Odeio sentir isso, me faz ter lembranças das quais me perseguem durante a noite em forma de pesadelos horríveis. Depois de algum tempo, tentando não me concentrar na dor, subitamente sinto um par de mãos gentis descer sobre mim com um pano umedecido, sendo passado delicadamente por meu rosto. Solto um suspiro me sentindo aliviado, ergo minha mão até a fonte do frescor e maciez, agarrando-a desesperadamente, como se fosse o último fio de esperança, o último raio de luz. — Filippo, não — ela reclama comigo. — Fique deitado quieto, deixe-me cuidar de você, amato. É a
(Renata Pellegrini) - Duas noites antes de Fillippo despertar:— Não chega perto, sai! Não por favor, para, para, PARA! — Filippo grita me fazendo acordar assustada, ligo a luz do abajur ao meu lado. — Não pai, por favor, está doendo, para! — sussurra com a voz embargada pelo choro.Miro seu rosto suado, seu semblante assustado, Filippo começa a se agitar na cama, seus braços a todo instante cobrem seu rosto e seu peito, como se estivesse tentando se proteger de algo. Meu coração se aperta, ele está chorando enquanto está tendo o pesadelo.— Por favor, parar! — ele continua gritando. — Deixe meus irmãos em paz, eu sou o culpado!“A febre está fazendo-o delirar.” — Penso enquanto me levanto, vou até o criado mudo ao seu lado da cama, molho a flanela na água fria, o travesseiro dele está enxarcado de suor.— Não se aproxime! Não toque em mim! — ele continua gritando, agora mexendo as pernas também.Sinto um calafrio percorrer minha espinha, nunca o vi assim antes, isso me deixa assusta
((Filippo Valentini - de volta ao café da manhã com Renata)— Obrigado — agradeço pegando o celular de sua mão, ela nada diz, apenas pega os pratos da mesa levando-os para a pia. — Fratello!— Onde estava que ligo e você não atende a três dias, cazzo!? — Matteo grita do outro lado da linha falando em inglês, se ele está falando assim comigo, é porque não está sozinho, provavelmente nossa mãe, ou sua esposa, está por perto.— Dormindo — respondo.— Dormindo — repete minha resposta ironicamente, sorrio ao imaginar a cara que meu irmão deve estar fazendo agora. Matteo entre os três irmãos é o mais sério, ele odeia brincadeiras, acha uma perda de tempo. — Ah, então a bela adormecida ganhou um beijinho depois de três dias e despertou, que coisa mais fofa — fala irônico, Matteo pode não ser brincalhão, mas a ironia é com ele mesmo.— Levei um tiro — esclareço antes que ele fique ainda mais puto comigo, não é uma boa ideia irrita-lo.— E desde de quanto um tiro é capaz de derrubar um Valenti
(Renata Pellegrini) Não consigo continuar o encarando. As lembranças dele gritando que nunca irá machucar seus filhos e que os defenderá com a vida se fosse preciso, não paravam de ecoar em minha mente. Não pude evitar, as cenas foram se projetando em minha mente. Estamos namorando e morando juntos, mas eu não conheço nada sobre ele. Mas pelo o que ele falou no telefone, estão vindo para cá, não estava mais aguentando guardar isso comigo. — Eu sei que estamos juntos a pouco tempo. — Começo a falar, o tom de minha voz não esconde o quanto estou nervosa, minha boca seca, a umedeço com a língua. — Mas eu tinha o direito de saber sobre seus filhos, ainda mais que eles estão vindo para cá e você sequer me disse da existência deles. — Termino meu discurso e cruzo os braços, estou chateada com ele. — De onde você tirou essa ideia? — Indaga fazendo-me voltar a encara-lo. — Você enquanto estava com febre começou a gritar sobre eles. — O que eu gritei? — Preciso mesmo repetir o que me diss
(Renata Pellegrini) — Para onde está indo? — Filippo pergunta. — Para a contina. — Respondo sem olha-lo e saio do elevador. — Ainda faltam cinco minutos para meu expediente começar. Não espero por uma resposta, me afasto e sigo direto para a cantina, não levo nem dois segundos para encontrar a cabeleira ruiva, ela está sentada com Caio, juntando minha coragem me aproximo deles e arrasto para fora da mesa uma das cadeiras vagas. — Bom dia! — Cumprimento enquanto me sento. — Bom dia! — Caio e Amanda respondem juntos, não consigo evitar o sorriso, pelo jeito Caio conseguiu convencer Amanda. Olho grata para Caio que apenas sorrir para mim, mordendo o lábio inferior volto minha atenção para Amanda, eu estava com tanta saudade da minha melhor amiga. — Amanda. — A chamo. — Você... — É mesmo uma putinha. — Paro de falar ao ouvir alguém cochichando, e tenho a impressão que é sobre mim, eu reconheço essa voz, é da mulher que falou para eu ter cuidado ao atravessar a rua, pois nunca se sa
— O que? — Ele questiona com as sobrancelhas erguidas. — Isso não é hora de brincar, Renata.— Não estou brincando.— Por que? Não irá achar um emprego melhor do que esse.— Não me importo se tiver que trabalhar de faxineira em algum mercado, mas não quero mais trabalhar para você.— Por que, porra!? — Filippo fala mais alto se levantando de sua cadeira batendo as duas mãos sobre a mesa.— Demissão é a punição para quem causa escândalos em sua empresa. — Falo cruzando os braços.— Quem te disse isso?— Ninguém precisou me dizer, você fez! Você demitiu dois funcionários sem nem dar a eles chance de se explicarem, você não sabe a razão para eles terem brigado, simplesmente agiu como um chefe escroto! — Falo com raiva, não esperava ver esse lado dele.— Você quer se demitir, porque puni dois funcionários que trabalham aqui a anos e conhecem bem as regras? Você tem noção do quão ridícula está sendo?— Tenho a noção que fiz um escândalo muito maior e você nunca me puniu, apenas demitiu a V
Renata Pellegrini: — Filippo! — Letícia se aproxima dele toda sorridente o abraçando. — Que bom que chegou, seja bem-vindo de volta à sua casa. — Ela enfatiza o “sua”, e olha-me de cima a baixo como se fosse superior a mim. — O que ela está fazendo aqui, Luísa? — Ele pergunta a senhora. — Hoje ela não teve aula e para não a deixar só, eu trouxe-a, senhor Valentini. — Ela responde de cabeça baixa. — Eu estava com saudades de você, nunca mais nos vimos, não sentiu a minha falta? — Ela fala melosa demais para o meu gosto, olho para ela agarrada no braço dele e sinto o fogo do ódio se espalhando ainda mais nas minhas veias. — Você tem dois segundos para soltar o braço do meu namorado. — Falo controlando o tom da minha voz. — Ele nunca deixará você encostar o dedo em mim, sua... Não a deixo terminar de falar a puxando pelos cabelos para longe de ele, a derrubo no chão e fico por cima, começo a desferir t***s no seu rosto, mas ela ergue os braços se defendendo, então fechos as minhas
(Filippo Valentini)— Quem estamos visitando? — Renata questiona quando estaciono o carro dentro da propriedade.Saio do carro e ela faz o mesmo, pego na sua mão e caminhamos juntos pelo caminho de pedras lisas no centro do gramado indo em direção a porta.— Abra. — Tiro do bolso da bermuda as chaves.— Por que você tem a chave dessa casa? Aqui é a casa dos seus pais? — Ela questiona com as sobrancelhas franzidas olhando para a chave pendura na minha mão.— Que tal parar de fazer perguntas e abrir logo a porta, piccola? — Sugiro e sacudo as chaves.Antes de chegar em casa, na empresa eu averiguei as câmeras de segurança da minha casa, olhei apenas as imagens dos dias em que fiquei doente, implantei as câmeras para que caso eu sofresse algum atentado lá dentro teríamos as imagens para a investigação. Aquela foi a primeira vez que chequei as imagens desde que me mudei para aquela casa. E confesso que pela primeira vez, depois de adulto, fiquei envergonhado, eu não consegui ouvir o que d