Michelle sabia que alguma coisa estava muito, muito errada quando, num domingo à tarde, Maxmilian ligou cheio de mimos e promessas lindas na voz, dizendo o quão queria passar a noite com ela.Maxmilian já havia deixado claro como a água que preferia comer carvão em brasa do que compartilhar qualquer ambiente com ela. Aquilo não parecia bom.Fazendo de tudo para evitar que sua desconfiança fosse notada, a ruiva respondeu em tom elegante e manhoso que estaria esperando-o na sua casaAssim que desligou, ela discou para Maxwell, que atendeu prontamente.“Sim?”“Que negócio é esse de ‘sim’? Quando foi que perdeu os seus modos?”Ela ouve um suspirar exagerado do outro lado da linha.“Sim, senhora? O que deseja?”“Como está nossa gravidinha?”“Inteira e saudável. Por quê?”“Permita-me reformular a pergunta, está bem? Como a Marianinha está se saindo no cativeiro? Ela está dando muito trabalho?”“Ela foi resistente no início, mas acho que agora já aprendeu que não tem poder nenhum aqui.”"Mu
Maxmilian nunca se sentiu tão enfurecido na vida.Sim, ele tinha um longo histórico de violência e alcoolismo. Brigou mais de uma vez com arquirrivais e até mesmo antigos funcionários. Com o tempo, ficava cada vez mais difícil querer se endireitar, diminuir a raiva e se controlar melhor.Mas era isso o que ele faria.O primeiro motivo era de que, pelo menos daquela vez, força bruta não adiantaria em nada, apenas pioraria as coisas. Apesar de querer agredir Michelle como se fosse uma boneca de pano, Maxmilian ainda precisava manter as aparências; sorrir cordialmente, tratá-la bem.E o segundo e mais importante de todos os motivos era que Mariana estava com a vida ameaçada. Aquelas pessoas que estavam sob o controle e ordens de Michelle fariam qualquer coisa pela sua senhora, e se a secretária quisesse que a ex-esposa de Maxmilian morresse de verdade, assim seria feito.Ao se aproximar da imponente casa da mulher que, um dia, foi sua amante, o empresário respira fundo, abrindo e fechand
Os olhos de Michele estão vítreos de ódio. Ela se levanta rapidamente e aponta um dedo para Isabella:“O que acha que está fazendo?!”“Protegendo o meu filho”, diz Isabella, a voz tremida cheia de medo, porém autoritária como sempre. “Maxmilian, escute.”Max, que está de pé com as mãos na cintura, olha para as duas mulheres. De acordo com as informações que conseguiu arrancar, sua mãe e sua ex-amante estavam trabalhando juntas. O que significava tudo aquilo, então?Silêncio era estratégico. Silêncio era o melhor aliado que Max tinha naquele momento. Então o homem fingiu estar atordoado, confuso, como se tudo naquele cenário fosse extremamente difícil de compreender.Michele abre um sorriso repleto de nervosismo para Maxmilian:“Por favor, fique calmo. Sua mãe provavelmente está surtando, deve ser o efeito de todos aqueles remédios-”“Cale a maldita boca, sua sirigaita oportunista e mentirosa! Cobra salafrária!”, grita Isabella, os olhos tão vermelhos e cheios de lágrimas que realmente
Maxwell olha uma vez para a tela do celular, franze o cenho, esfrega os olhos e encara novamente a mensagem de texto recebida. Não, ele não estava cego; o texto permaneceu o mesmo depois que duvidou do que seus olhos mostravam. Então, por eliminação, Maxwell estava enlouquecendo. Ou… Todos ao redor dele tinham soltado os parafusos e ele era o único mentalmente são. Sua mãe deixou bem claro que iria atrás de Michele para refazer o acordo, ganhar mais dinheiro às custas da secretária de fachada, e assim, garantir que iria ficar mais rica do que já era. O que Max não esperava era de que ela não apenas a ameaçaria com uma arma, como também a delataria para Maxmilian. E naquele momento, era para lá, para o cativeiro perfeito escondido num lugar igualmente perfeito, é que estavam indo. Mariana seria libertada e provavelmente voltaria para os braços do irmão mais velho de Maxwell. Como se conseguisse sentir o cheiro do próprio resgate vindo, Mariana, encostada numa cadeira de balanço n
Emanuele recua um passo.“O que disse?”Maxwell não responde, apenas a encara.“O que foi que você disse?!’, repete ela, exasperada. Sua voz sai bem mais trêmula e oscilante dessa vez.Seu ex-cunhado apenas dá de ombros.“É isso, Emanuele. Sinto muito.”Será que sentia? Tudo parecia indicar que não.Ela se senta na cadeira, devagar.“A secretária… Não, não é possível.”“Você não acredita em mim?”“Como uma secretária faria todas essas coisas? Isso é impossível.”Um sorrisinho triste surge no rosto do irmão mais novo de Maxwell.“Impossível, você diz?”Coçando um dos olhos, ele tenta manter o tom de voz mais frio possível, mas falha:“Seria impossível se seguíssemos o curso normal das coisas. Se nós seguíssemos… Você sabe, o padrão estabelecido. Mas sabe, minha querida Mariana… Tudo o que você sabe até agora, e até tudo o que eu sei… Não passam de uma linda teia de mentiras, perfeitamente arquitetada para deixar qualquer um que seja mais curioso no escuro.”“Explique-se!”“E por quê eu
Mariana observou, num misto de espanto, curiosidade e até mesmo negação, quando o carro começou a de fato se aproximar ainda mais da casa.Aquele lugar havia sido feito sob medida para ser seu cativeiro. Era óbvio que não se tratava de meros passantes.“Acho que tudo se encerra aqui”, murmura Maxwell, entre os dentes.Mariana põe a mão na barriga. O bebê começa a se agitar loucamente.Quando a porta finalmente se abre, a mulher não sabe para onde olhar primeiro.Para a secretária que na verdade não era só uma secretária, Michele, com os olhos arregalados do que poderia ser pânico.Para a mulher grisalha, porém imponente, que segurava Michele pelos ombros como se a mesma fosse uma prisioneira.Ou para o homem… O homem que simplesmente não conseguiu dar mais um único passo ao enxergar Mariana.Não apenas viva, mas grávida. Grávida do filho deles.Lágrimas escorrem pelo rosto da moça. Maxmilian continua parado, olhando fixamente para ela, boquaberto e absolutamente em choque.Isabela olh
A princípio, Mariana realmente acredita que tudo acabou.Ela vê o rosto pálido, marcado pelas lágrimas e cheio de ódio da ex-secretária, o jeito que ela rosna e chora. A arma não fica parada mirando em um ponto específico, pois a mão que a segura também está terrivelmente trêmula.Então, num espaço de tempo que poderiam ser horas, dias, minutos ou segundos, Michele puxa o gatilho.Mas Mariana não sente nada. Sequer alguma queimação ou princípio de dor.Porque ela não foi atingida.Num ímpeto de coragem gritante, aliado à uma altíssima velocidade e coordenação, Maxmilian empurrou o corpo vacilante da ruiva, fazendo com que ela errasse, e muito, o alvo.Um grito masculino alto ecoa por todo o cômodo quando Maxwell, segurando com força o ombro esquerdo, cai em cima do próprio joelho. Sangue escorre pela camisa dele, espalhando-se rapidamente.“Sua desgraçada!”, grita o ex-cunhado de Mariana.Mariana assiste em choque enquanto o caos se desenrola diante de seus olhos. Ouvir o disparo da a
Mariana já tinha sentido medo muitas vezes.Ela se lembrava de como era assustador quando, ao dormir, todas as luzes da casa eram apagadas. A escuridão fazia sua cabeça doer de tanto pânico, e muitas vezes, pesadelos a atordoavam sem misericórdia.A moça também sentia um medo incomum por borboletas, apesar de jamais ter contado aquilo pra alguém. Quando elas alçavam voo, batendo suas asas coloridas pelo céu, todos ao redor achavam lindo. Ela só queria sair correndo.Mas Mariana nunca tinha sentido tanto medo quanto naquele momento, ao ver a quantidade de sangue que descia por suas pernas e saber que sim, ela estava perdendo seu bebê.Maxmilian imediatamente solta Michele, que sai correndo para a porta dos fundos da casa como se sua vida dependesse disso.Isabella grita e faz menção de ir atrás dela, mas hesita ao enxergar o ferimento de Maxwell.Mariana está tão chocada e imersa na perda, no luto e na dor que não consegue se mexer. Maxmilian segura os dois lados do seu corpo e a abraç