Ponto de vista de Scarlett — Então, o que ele pegou da sua mãe? — Pergunta Lucas. — Bem... Lucas estreita os olhos: — Você não sabe o que é? Não. Eu não aceitei a "proposta" de Sebastian, e, no final, só soube que Jack Fuller pegou alguma coisa. Droga, aquele idiota. — Então, qual é a diferença se sou eu indo no seu lugar? — Lucas solta uma risadinha, percebendo minha hesitação. — E como você ia procurar isso, afinal? — Bem... — Certo, não precisa dizer mais nada. — Lucas conclui nossa conversa, percebendo que não tenho uma boa resposta para suas perguntas. — Não vou deixar uma mulher grávida subir em varandas do segundo andar para procurar um "talvez ". — Eu meio que sei distinguir as coisas do Jack Fuller daquilo que não pertence ao escritório dele. — Vou te mostrar o escritório por vídeo. — A solução de Lucas vem mais rápido do que minha resposta sem graça. — Se me pegarem no flagra, sou só uma filha entrando no escritório do pai adotivo dela, mas vo
Ponto de Vista de Scarlett — O quê?! — A voz de Olivia Keen. — Estamos no escritório do seu pai! Você sabe o quanto isso é sagrado para nós, filhos?! O “quarto proibidooooo”!!!Reviro os olhos, sussurrando para Lucas: — Já estou indo!Você tem que dar crédito para as garotas malvadas... elas são cruéis com todo mundo, às vezes até entre si mesmas. São egoístas e horríveis, causam danos e traem, mas, de algum jeito, acabam sempre se reconcilhando depois. Pássaros da mesma plumagem, eu diria.— Que quarto proibido?! Isso é só ridículo! O escritório do SEU pai é aberto para todo mundo??? — Ava resmunga, fechando a porta. Não ouço o som do interruptor de luz. Então o quarto ainda deve estar escuro. Lucas pode se esconder, mas não por muito tempo. Não consigo imaginar Ava abrindo a porta, começando a gritar, chamando a polícia para nós.Não posso deixar que Lucas seja punido pelo meu plano.— Bem, na verdade, sim. — A voz indiferente de Olivia vem clara e alta. — Quem ainda segue es
POV da ScarlettMeus ciclos menstruais nunca foram regulares, mas, ainda assim, eu deveria ter percebido.Náusea, cansaço, mudança no paladar... Você acharia que seria óbvio, mas você só percebe, depois, quantos sinais ignorou.Assim como eu venho ignorando os sinais gritando para mim de que o homem com quem eu estava casada nunca me amaria de volta, por mais que eu tentasse.Eu vim para a consulta de saúde pensando: "Qual é a pior coisa que pode acontecer? Se fosse câncer, eu conseguiria lidar."Mas com isso eu não conseguiria lidar.Um bebê.A melhor coisa chegando no pior momento.Não sei quando sentirei aquele amor materno poderoso que sempre ouvi falar, mas tenho certeza da reação DELE. Ele vai odiar o bebê.É melhor que seja apenas um câncer. Pelo menos isso faria um de nós feliz.Sentada no lobby movimentado do andar da maternidade, sozinha, tento absorver a notícia. Meus esforços são em vão. De repente, meus olhos se enchem de lágrimas, enciumada pelos casais felizes e amorosos
POV da ScarlettSentada no táxi a caminho de outro hospital – o hospital onde ELA está, para vê-lo. Eu me sinto mal. Enjoo de carro, enjoo matinal, ou apenas... enjoo dessa viagem.Essa é a viagem que mais odeio, e é uma viagem que venho fazendo há dez anos: ela está sempre no hospital, e ele está sempre perto dela, mesmo antes do nosso casamento.Isso é o que acontece quando o homem de quem você gosta ama sua irmã que tem a doença de von Willebrand, combinada com o tipo sanguíneo RH-, nada menos.Sim, a doença em que a pessoa não pode se curar de sangramentos, com o tipo sanguíneo que apenas 0,3% das pessoas possuem.Até mesmo um pequeno corte no dedo pode ser letal para ela. Por isso, ela é o tesouro mimado de toda a família, a intocável, o milagre que consegue tudo o que quer só por existir.Eu? Até a minha existência é ignorada.Meus pais só têm Ava em seus olhos. Meu irmão me odeia como se eu tivesse roubado a minha saúde de Ava.Não, eu apenas roubei o homem dela.Mas eles já me
POV da Scarlett— O transplante de medula óssea foi há três meses, boba.A risada de Sebastian segue o pedido dela até o corredor vazio.Coloco minha mão na maçaneta da porta, mas não consigo encontrar forças para girá-la. Já vi o quanto eles são carinhosos um com o outro, tantas vezes, por tanto tempo.Como se fosse uma tortura, eu simplesmente fico ali parada, ouvindo.— Hoje é só um check-up de rotina, e o resultado tem sido bom todas as outras vezes, não é? — Sebastian conforta.Eu podia ver o sorriso carinhoso dele na minha cabeça enquanto ele acalma o amor de sua vida, sua mão poderosa acariciando a cabeça dela como se ela fosse a flor mais delicada do mundo.Esse calor e esse amor são algo que eu só experimentei uma vez dele e, naquela única vez, eu pensei que tinha tocado o sol. Por aquele único momento de luz que vi na minha vida sombria, eu me joguei em direção ao sol, apostando com tudo o que tinha.E, assim como o sol, ele me queimou.Não importa o quanto eu o amasse, não
POV da ScarlettApago o cigarro na lixeira quando a porta dela se abre.Sebastian franze a testa para mim, permanecendo na porta, a meio corredor de distância de mim. Ele me odeia fumando. Ele me encararia, me repreenderia ou, como agora, ficaria longe, com nojo estampado no rosto.É um hábito nojento, mas uma mulher precisa de ALGO para liberar a dor no peito ou ela vai explodir. Mas, pensando bem, se sua delicada Ava pudesse ter esse hábito, ele com certeza se juntaria a ela.— Então?Ele coloca uma mão no bolso, me encarando enquanto finalmente se aproxima. Ele faz isso quando está impaciente. Como, o tempo todo comigo.Olho para o rosto dele, bonito e dominante, igualzinho ao dia em que ele me encontrou naquela floresta. Mas, naquela época, aqueles olhos eram claros como cristal, com brilhos como a Via Láctea. Agora, são pura escuridão de ódio.Ele estala os dedos para chamar minha atenção.— Desculpe...Eu desvio os olhos para o chão, puxando os papéis do divórcio. Ele estica a mã
POV da ScarlettAurora ainda me levou ao aeroporto. Mas não me deu minha passagem.Colocou uma xícara de chocolate quente nas minhas mãos e me encara do outro lado da mesinha do McDonald's, como uma mãe feroz julgando sua filha que fugiu da escola.— Eu ACABEI de descobrir isso hoje... — Começo timidamente e, instantaneamente, ela retruca:— Sim, você já disse isso!Não é como se eu tivesse planejado tudo isso. Baixo os olhos para o meu chocolate quente, não consigo olhar para ela. Ela está brava, e eu sei o motivo.Ela vem de uma família rica. Bonita, popular, com pernas perfeitas, etc. Mas não nasceu rica. Viu sua mãe solteira se matar de trabalhar para criá-la, odiando seu pai irresponsável a vida inteira, apenas para descobrir que ele não as abandonou, como sua mãe sempre lhe contou. Foi sua mãe quem pediu o divórcio.Ela está me vendo fazer exatamente a mesma coisa.— Não vou ensinar o bebê a odiá-lo... — Murmuro, sem coragem de olhar para a raiva no rosto dela. Eu sei o quanto e
POV da Scarlett— O que foi isso? — Aurora pisca os olhos. Minha ligação de uma frase a surpreende.Aperto meu celular, pela segunda vez hoje, lutando com meu plano. Eu só quero parar de ser machucada. Será que é pedir demais? Fecho os olhos. Uma parte de mim quer apenas pegar a passagem e ir embora, deixando o mundo queimar atrás de mim.Mas não posso. Se minha mãe precisa de uma transfusão de sangue, eu preciso estar lá. É para isso que eu estou nesta família. O recipiente de sangue deles.Por favor, Deus, por favor me diga que essa ligação não tem nada a ver com a minha mensagem para o Sebastian.Entre "minha mãe está realmente ferida" e "Sebastian me entregando"... Eu não sei qual das duas opções eu espero que seja a situação.— Acho que não vou embora hoje, depois de tudo.Solto um suspiro, murmurando para Aurora:— Sinto muito, mas... preciso que você me leve de volta.— Que ótimo!Aurora se joga contra mim com uma felicidade genuína na voz:— Era ele? O que ele disse? É sempre