Ponto de Vista de Scarlett — Não, obrigada. — Percebendo o olhar de Ava, acrescento: — Tenho que ir guardar o que saqueei. Jack Fuller deixou a mesa quando Ava começou a lacrimejar ao ver o príncipe suando frio. Anna Fuller ficou conosco durante o jantar, mais por educação do que por vontade, antes de sair assim que teve permissão. Mas Ava não. Ela ficou e, aparentemente, também tinha algo a dizer a ele. Foi um longo dia, e preciso garantir que terei uma cama para dormir à noite. Não ficaria surpresa se Ava trouxesse Alfred para bagunçar o quarto, em vez de limpá-lo. — Vou te acompanhar até o seu quarto, então. — Ele se oferece com tom brincalhão, acrescentando, antes que eu pudesse recusar: — Ou você prefere falar sobre o nosso acordo aqui? — Seb... — Ava murmura timidamente enquanto se aproxima. Solto sua mão e o encaro friamente, esperando sua decisão. Sei qual será. Ava também sabe. O único que parece não saber é ele. Ava fixa os olhos em Sebastian, e ele ma
Ponto de Vista de ScarlettSebastian foi embora após a minha explosão naquela noite. Acho que o magoei de verdade. Arranquei o band-aid, certo? Ele nunca mais voltou depois disso, e eu tive uma semana de paz. Nenhum ex irritante, nenhuma Ava e nenhuma novidade.No fim, a nossa história não chegou à primeira página. Nem à última ou a qualquer outra. Jack Fuller entrou em contato com meu cameraman secretamente só no segundo dia, propondo comprar o vídeo. E, embora o cameraman tenha aumentado o preço três vezes depois que o acordo foi feito, Jack Fuller cedeu repetidamente.Eu sei porque ele não era apenas um cameraman qualquer: era um dos melhores amigos de Adrian, um veterano do Afeganistão e, agora, meu segurança.O meu vídeo caseiro foi vendido por cinquenta mil reais. Acho que poderia ter empurrado o valor mais longe, mas já conseguimos o que queríamos... testar a atitude de Jack Fuller.Ele fez de tudo para manter o meu nome fora das notícias, mesmo que Ava adorasse me pintar c
Ponto de vista de Scarlett — Então, o que ele pegou da sua mãe? — Pergunta Lucas. — Bem... Lucas estreita os olhos: — Você não sabe o que é? Não. Eu não aceitei a "proposta" de Sebastian, e, no final, só soube que Jack Fuller pegou alguma coisa. Droga, aquele idiota. — Então, qual é a diferença se sou eu indo no seu lugar? — Lucas solta uma risadinha, percebendo minha hesitação. — E como você ia procurar isso, afinal? — Bem... — Certo, não precisa dizer mais nada. — Lucas conclui nossa conversa, percebendo que não tenho uma boa resposta para suas perguntas. — Não vou deixar uma mulher grávida subir em varandas do segundo andar para procurar um "talvez ". — Eu meio que sei distinguir as coisas do Jack Fuller daquilo que não pertence ao escritório dele. — Vou te mostrar o escritório por vídeo. — A solução de Lucas vem mais rápido do que minha resposta sem graça. — Se me pegarem no flagra, sou só uma filha entrando no escritório do pai adotivo dela, mas vo
Ponto de Vista de Scarlett — O quê?! — A voz de Olivia Keen. — Estamos no escritório do seu pai! Você sabe o quanto isso é sagrado para nós, filhos?! O “quarto proibidooooo”!!!Reviro os olhos, sussurrando para Lucas: — Já estou indo!Você tem que dar crédito para as garotas malvadas... elas são cruéis com todo mundo, às vezes até entre si mesmas. São egoístas e horríveis, causam danos e traem, mas, de algum jeito, acabam sempre se reconcilhando depois. Pássaros da mesma plumagem, eu diria.— Que quarto proibido?! Isso é só ridículo! O escritório do SEU pai é aberto para todo mundo??? — Ava resmunga, fechando a porta. Não ouço o som do interruptor de luz. Então o quarto ainda deve estar escuro. Lucas pode se esconder, mas não por muito tempo. Não consigo imaginar Ava abrindo a porta, começando a gritar, chamando a polícia para nós.Não posso deixar que Lucas seja punido pelo meu plano.— Bem, na verdade, sim. — A voz indiferente de Olivia vem clara e alta. — Quem ainda segue es
POV da ScarlettMeus ciclos menstruais nunca foram regulares, mas, ainda assim, eu deveria ter percebido.Náusea, cansaço, mudança no paladar... Você acharia que seria óbvio, mas você só percebe, depois, quantos sinais ignorou.Assim como eu venho ignorando os sinais gritando para mim de que o homem com quem eu estava casada nunca me amaria de volta, por mais que eu tentasse.Eu vim para a consulta de saúde pensando: "Qual é a pior coisa que pode acontecer? Se fosse câncer, eu conseguiria lidar."Mas com isso eu não conseguiria lidar.Um bebê.A melhor coisa chegando no pior momento.Não sei quando sentirei aquele amor materno poderoso que sempre ouvi falar, mas tenho certeza da reação DELE. Ele vai odiar o bebê.É melhor que seja apenas um câncer. Pelo menos isso faria um de nós feliz.Sentada no lobby movimentado do andar da maternidade, sozinha, tento absorver a notícia. Meus esforços são em vão. De repente, meus olhos se enchem de lágrimas, enciumada pelos casais felizes e amorosos
POV da ScarlettSentada no táxi a caminho de outro hospital – o hospital onde ELA está, para vê-lo. Eu me sinto mal. Enjoo de carro, enjoo matinal, ou apenas... enjoo dessa viagem.Essa é a viagem que mais odeio, e é uma viagem que venho fazendo há dez anos: ela está sempre no hospital, e ele está sempre perto dela, mesmo antes do nosso casamento.Isso é o que acontece quando o homem de quem você gosta ama sua irmã que tem a doença de von Willebrand, combinada com o tipo sanguíneo RH-, nada menos.Sim, a doença em que a pessoa não pode se curar de sangramentos, com o tipo sanguíneo que apenas 0,3% das pessoas possuem.Até mesmo um pequeno corte no dedo pode ser letal para ela. Por isso, ela é o tesouro mimado de toda a família, a intocável, o milagre que consegue tudo o que quer só por existir.Eu? Até a minha existência é ignorada.Meus pais só têm Ava em seus olhos. Meu irmão me odeia como se eu tivesse roubado a minha saúde de Ava.Não, eu apenas roubei o homem dela.Mas eles já me
POV da Scarlett— O transplante de medula óssea foi há três meses, boba.A risada de Sebastian segue o pedido dela até o corredor vazio.Coloco minha mão na maçaneta da porta, mas não consigo encontrar forças para girá-la. Já vi o quanto eles são carinhosos um com o outro, tantas vezes, por tanto tempo.Como se fosse uma tortura, eu simplesmente fico ali parada, ouvindo.— Hoje é só um check-up de rotina, e o resultado tem sido bom todas as outras vezes, não é? — Sebastian conforta.Eu podia ver o sorriso carinhoso dele na minha cabeça enquanto ele acalma o amor de sua vida, sua mão poderosa acariciando a cabeça dela como se ela fosse a flor mais delicada do mundo.Esse calor e esse amor são algo que eu só experimentei uma vez dele e, naquela única vez, eu pensei que tinha tocado o sol. Por aquele único momento de luz que vi na minha vida sombria, eu me joguei em direção ao sol, apostando com tudo o que tinha.E, assim como o sol, ele me queimou.Não importa o quanto eu o amasse, não
POV da ScarlettApago o cigarro na lixeira quando a porta dela se abre.Sebastian franze a testa para mim, permanecendo na porta, a meio corredor de distância de mim. Ele me odeia fumando. Ele me encararia, me repreenderia ou, como agora, ficaria longe, com nojo estampado no rosto.É um hábito nojento, mas uma mulher precisa de ALGO para liberar a dor no peito ou ela vai explodir. Mas, pensando bem, se sua delicada Ava pudesse ter esse hábito, ele com certeza se juntaria a ela.— Então?Ele coloca uma mão no bolso, me encarando enquanto finalmente se aproxima. Ele faz isso quando está impaciente. Como, o tempo todo comigo.Olho para o rosto dele, bonito e dominante, igualzinho ao dia em que ele me encontrou naquela floresta. Mas, naquela época, aqueles olhos eram claros como cristal, com brilhos como a Via Láctea. Agora, são pura escuridão de ódio.Ele estala os dedos para chamar minha atenção.— Desculpe...Eu desvio os olhos para o chão, puxando os papéis do divórcio. Ele estica a mã