Ellena
Eu sabia que o caminho até a cachoeira seria longo, havíamos combinado na noite anterior que não iriamos em todos os carros, quando cheguei ao portal do condomínio, onde havíamos combinado de nos encontrar, a divisão já estava feita, para a minha surpresa eu havia sido colocada no carro do Ricardo, iriamos apenas nos dois, eu sei que o motivo disso é que nenhum deles quer ficar em meio a tensão que tenho certeza, ficará assim que estivermos sozinhos naquele espaço limitado.
Ele dirigiu os últimos minutos que faltavam do trajeto, com um sorriso no rosto, que fez meu coração se aquecer ainda mais. Eu sorri com ele. O resto da viagem foi confortável, quando ele parou o carro nós olhamos por mais alguns segundos antes de saímos da bolha, que se criou nos últimos minutos. Ele mais um vezes beijou minha mão e sem dizer mais nada, pôs seus óculos escuro e saiu do carro. Deixando-me ali, com meu coração disparado e lembrando do olhar faminto que ele me deu antes de sair.
ANTES___________________________________Essa história se inicia a mais de quinze anos atras. Na época eu era apenas uma criança e estava aprendendo sobre o mundo, ainda sabia bem pouco sobre o que era amar: eu amava correr, amava a chuva e amava chocolate. Mas sobre o que era o amor romanticamente falando, eu só sabia o que via em filmes e lia em meus livros. Isso me fazia desejar por um amor daqueles, dignos de contos de fadas. Porém ao desejar um amor de conto de fadas me esqueci que até os contos de fadas tem momentos obscuros. Em minha infância eu era uma menina que queria desbravar o mundo e ir além dos limites do rancho de meus pais. Mas, não se enganem,
Hoje analisando aquela ocasião eu a vejo como um dia que tudo parece dar errado, mas já dizia o maior mago de todos, Alvo Dumbledore: “É possível encontrara felicidademesmonas horasmais sombrias, se você se lembrar de acender aluz”. E mesmo com tudo de ruim e errado que ocorreu naquele dia meu coração ainda se aqueceu ao final dele. Lembro-me que estava no hospital, sentada na recepção chorando com a cabeça encostada no ombro do meu pai. Ele me envolvia com um único braço, meio sem saber como fazer aquilo, pois ele nunca foi o tipo de pessoa que sabe como demonstrar afeto ou consolar alguém. Na verdade contato em público costuma o deixa muito desconfortável. Ficamos assim por um bom tempo até que o Ricardo chegou. Eu senti a sua presença antes mesmo de vê-lo, ele entrou correndo pelo corredor e caminhou apressado em minha direção. Quando o vi corri até ele me atirando em seus braços, que me envolveram assim que nossos corpos se e
Após três meses que havia ocorrido a reunião, meu tio estava mais calmo e não nos incomodava mais. Nós começamos a acreditar que por não conseguir o apoio da família, ele havia desistido de nos atormentar. Mas na verdade não foi o que aconteceu, ele apenas estava esperando o melhor momento de dar o seu último e decisivo golpe. Embalados pela ideia de que tudo ficaria bem e poderíamos ficar juntos, começamos a planejar nosso futuro. E quando digo planejar, é porque planejamos mesmo, cada detalhe. Falamos de casamento, filhos e tudo mais que tínhamos direito. A ideia inicial era que: tiraríamos um ano para viajar, fizemos até uma lista dos locais que iriamos conhecer. Depois daquele período voltaríamos ao Brasil e iriamos para a faculdade, morariamos juntos em um apartamento que meus pais tinham na capital e ficava bem próximo a universidade que ambos pretendíamos ir. Eu cursaria artes plásticas como minha mãe e ele faria música, depois a logo prazo entraria o casament
Depois daquela triste despedida, ou não despedida, muita coisa mudou em minha vida. Passei um ano infernal após sua partida, não tinha vontade de fazer nada, eu me fechei dentro de mim, me isolei de todos. Parei de fazer tudo que me lembrava ele, exceto a escola, eu me agarrei a ela, pois a faculdade seria minha passagem só de ida para fora daquele lugar onde tudo tinha seu cheiro, suas cores, o som de sua risada. No mais, foi um ano completamente perdido, quando ele chegou ao fim, agradeci e me joguei de corpo e alma na única coisa que havia restado dele: a viagem, o ano sabático, a era da mochila, como costumávamos falar. Por mais que viajar o mundo sozinha, fizesse eu me sentir ainda mais solitária, era meu cartão de embarque para um mundo sem ele. Um mundo onde eu poderia olhar para o lado sem ter alguma lembrança de um dos nossos inúmeros momentos. Então viajei, fui a vários países, conheci diversas culturas e povos. Quanto mais me afastava de casa, mais fácil f
_________________________________AGORA_____________________________________ Ellena Exceto pelos planos de visitar meus pais aquele dia começou como outro qualquer: acordei as 5:30, o céu começava a clarear, fiz uma lista mental de tudo que teria que fazer, depois chequei meus emails. Virei na cama e escorei-me em meu cotovelo para vê-lo, sorri. Ele estava deitado de bruços com seu torso nu, o lençol cobrindo-o apenas da cintura para baixo, a barba por fazer contornando seu r
Passava pouco das dez horas quando chegamos. O aroma inconfundível da minha infância emanou de todos os cantos, com ele veio diversas lembranças, todos os cantos têm uma história a contar. Algumas das quais eu não quero ouvir e esse foi um dos motivos para eu ficar mais de seis meses sem ir até aquele lugar. Assim que estacionei o carro ela saiu correndo para se juntar ao meu pai que cuidava de alguns bichos próximo a casa, ainda de dentro do carro observei o lugar onde cresci: A casa estilo colonial, a ponte de dormentes sobre o rio que fica mais a frente Meu coração aqueceu e percebi o quanto sentia falta daquele lugar, mesmo que eu ame a vida movimentada da cidade, o tumulto de meu escritório e saiba que por inúmeros motivos e memorias eu jamais conseguiria viver ali. Aquele rancho ainda havia sido o lugar que vivi muitos dos melhores momentos de sua vida. Peguei as coisas da Lai no porta-malas e estava indo para dentro quando minha mãe saiu de sua oficina
Após o almoço sai para cavalgar um pouco, aquela era das coisas que eu mais sentia falta daquele lugar e deixei a sensação do vento na face e o aroma do campo inunda-me. Estar ali era quase como recarregar a bateria, quando voltei minha mãe estava sentada nos degraus de entrada observando a Laila e meu pai brincarem. Eu sentei-me ao seu lado e encostei minha cabeça em seu ombro. Ela acariciou o topo de minha cabeça e deu um beijo suave ali. - ainda dói vir para casa? – ela olhou-me de relance preocupada. Era impressionante como ela sempre sabia o que estava se passando comigo, mesmo quando eu não dizia ou quando eu jogava o incomodo para dentro. - É complicado mãe! – disse respirando fundo. - Não devia ser minha filha, já faz muito tempo! - Eu sei mãe, mas a forma como tudo acabou sempre me incomodou, mesmo depois de tanto tempo. - olhei em volta. - E quando venho aqui sem o caio, eu o vejo em todos os cantos, quando o caio tá
ElenaPassava pouco das quatorze horas quando encontrei meus pais para pegar Laila, que agora já está no banco de trás, contando cada uma de suas aventuras com os avós e como eu previ, ela havia entrado no chiqueiro dos porcos, não consegui não rir pensando na cena. O trajeto durou cerca de duas horas e meia como de costume, aquele não era um trajeto desconhecido para mim, naquelas praias passei vários de meus verões. Parei o carr