A manhã está nublada, e tudo parece mais pesado do que deveria. Sofia, minha pequena, completou um mês hoje, mas em vez de sentir a alegria que esperava, há uma nuvem escura pairando sobre mim. Sinto-me presa em um poço sem fundo, onde a luz parece distante. O choro de Sofia é a única coisa que me chama de volta à realidade, mas até isso tem se tornado doloroso.Karl tem sido incrível, mas sinto que ele percebe o que está acontecendo. Sei que ele está preocupado, mas me sinto incapaz de explicar a ele como estou me sentindo. Conversar com alguém sobre isso parece uma tarefa impossível. As palavras ficam presas na minha garganta, e a culpa cresce a cada dia.Hoje, saí para falar com Amélia. A caminhada até a clínica foi exaustiva, mesmo que não fosse longe. A cada passo, a angústia apertava meu peito. Quando finalmente cheguei, Amélia tentou puxar assunto, talvez percebendo meu estado. Mas como posso falar sobre isso? Como posso dizer que me sinto sem coração, sem vida, sem razão para
Eu caminhava pelos corredores frios e impessoais da prisão, cada passo meu ecoando pelo chão de cimento. O som reverberava dentro de mim, me lembrando do motivo que me trouxera até ali. A raiva pulsava em meu peito, mas eu mantinha a cabeça erguida e o olhar fixo à frente. O contraste entre a minha determinação e o ambiente sombrio era nítido. As paredes cinzentas, desprovidas de qualquer cor ou calor, pareciam engolir a luz fraca das lâmpadas fluorescentes, um cenário desolador.Os guardas que patrulhavam o local me observaram com cautela, percebendo a tensão em cada movimento meu. Alguns me cumprimentaram com acenos respeitosos; afinal, eu não era qualquer um. Sabia que minha presença ali não passava despercebida, e era exatamente isso que eu queria. Não havia espaço para incertezas naquele dia. Eu estava ali para confrontar Thereza, e nada me impediria.Enquanto passava pelas celas, os murmúrios e olhares curiosos dos prisioneiros me seguiam. Mas eu estava alheio a tudo isso. Minha
Eu estava muito brava, tudo o que aconteceu destruiu meu coração. Sofia chora a noite inteira, mesmo Karl me ajudando, estou em um resguardo dolorido. O dia da audiência de Thereza chegou como uma tempestade anunciada, e meu coração estava em turbilhão. Não consegui pregar os olhos na noite anterior, sabendo que finalmente enfrentaremos aquela que havia trazido tanto sofrimento às nossas vidas. Karl e eu quase não trocamos palavras ao longo do café da manhã. Havia uma tensão, uma mistura de ansiedade e raiva que pairava sobre nós como uma nuvem pesada trovejando. Não se mexe com a filha de ninguém.O tribunal estava lotado, cada assento ocupado por pessoas que queriam assistir ao desenrolar dessa história macabra. Karl e Mark estavam ao meu lado, ambos parecendo prontos para explodir a qualquer momento. Minha mãe ficou com Sofia em casa, longe de toda essa confusão. Eu sabia que era a melhor decisão, mas uma parte de mim queria que ela estivesse ali, como um escudo contra o que estava
Eu estava beijando Emily, sentindo o peso de todo o sofrimento dos últimos meses finalmente começando a se dissipar. A felicidade que tomava conta de mim era algo que eu mal conseguia expressar. Cada vez que nossos lábios se encontravam, eu sentia uma corrente de alívio e amor puro. Não conseguíamos parar de nos declarar, palavras de amor e promessas para o futuro fluíam entre nós como um rio de emoções.Mas então, Mark me chamou de volta à realidade. Ele estava parado ali, com um sorriso travesso no rosto, seus olhos brilhando com aquela mistura de humor e sinceridade que era tão característica dele.— Finalmente, hein? — ele disse, rindo. — Achei que esse pedido ia levar uma eternidade.Eu não pude evitar rir também. O humor de Mark era contagiante, e o momento era tão leve e cheio de alegria. Emily e eu trocamos um olhar cúmplice, ainda sorrindo.— É, ela finalmente aceitou — respondi, o sorriso não saindo do meu rosto. Emily estava ao meu lado, segurando minha mão, e não havia lug
1 ano depoisAcordo lentamente, envolvida em uma sensação reconfortante de sonolência. Ainda estou imersa em um sonho doce e vívido, onde finalmente me casava com Karl. No sonho, estava vestida com um elegante vestido de noiva, caminhando por um lindo corredor adornado com flores brancas e verdes. Karl me esperava no altar com um sorriso radiante, e o ambiente estava cheio de amigos e familiares celebrando aquele momento especial. Sofia, com um pequeno vestido de festa, corria alegremente ao redor, sua risada ecoando suavemente.A cena era perfeita e cheia de amor, mas como todos os sonhos, começa a desvanecer lentamente enquanto a realidade começa a se infiltrar. Sinto algo suave e gentil tocando meu rosto. Abro os olhos devagar e, ao focar, vejo Sofia ao meu lado, suas mãozinhas pequenas tentando me acordar.Sofia está de pé ao lado da cama, com seu pequeno rosto iluminado pela luz da manhã que entra pela janela. Ela usa um pijama colorido e tem um olhar de curiosidade e entusiasmo.
Eu me encontro com Mark na corte, pronto para mais um dia de trabalho intenso. Assim que ele me vê, abre um sorriso e vem em minha direção, estendendo a mão para um aperto firme.— Karl, bom te ver! Como vai a minha afilhada? — Mark pergunta, com aquele tom casual que sempre usa para disfarçar a curiosidade.— Vai muito bem, obrigado. E você? Já está pensando em ter filhos? — retruco, meio de brincadeira, mas também com certa curiosidade. Mark sempre foi um enigma nesse sentido.Ele solta uma risada, mas logo em seguida sua expressão muda para algo mais sério, quase pensativo.— Estou cuidando da Amélia agora... — ele começa, com uma certa hesitação na voz. Isso me surpreende, e eu arqueio uma sobrancelha, esperando que ele continue. Parecem íntimos — Ela entrou em crise depois de tudo o que a Thereza fez. Tem sido difícil para ela.Mark parecia... territorial, quase possessivo quando falava de Amélia. Nunca o vi assim antes. Ele sempre foi o tipo de cara tranquilo, que não se deixava
Saio de casa em silêncio, certificando-me de que Karl está profundamente adormecido antes de fechar a porta suavemente atrás de mim. O ar da noite está frio e carregado de umidade, e puxo o casaco mais próximo ao corpo enquanto caminho em direção ao carro. Meu coração bate acelerado, misturado entre a ansiedade e a determinação. Sinto que esta é uma jornada que preciso fazer sozinha.O trajeto até o hospital é feito sob as luzes piscantes da cidade, cada sinal vermelho parece prolongar minha inquietação. As mãos firmes no volante começam a suar, e meus pensamentos estão confusos, uma mistura de medo, arrependimento e necessidade de fechamento. Faz meses que meu pai está em coma, e eu tenho evitado este encontro por tempo demais. Duas semanas atrás, Samuel, que também faz parte da minha família, foi internado em um hospital psiquiátrico. Agora, sinto que é hora de me consertar com meu pai, de dizer adeus da forma correta.Ao chegar ao hospital, o ambiente estéril e silencioso me envolv
Estou a observar Sofia mostrar todos os brinquedos que o avô a deu. Ela fala em sílabas curtas, ainda aprendendo a se expressar, mas ele esforça-se para entendê-la. É evidente que o meu sogro está a sofrer, fisicamente e emocionalmente, mas ele empenha-se em cada interação com Sofia. Eu percebo a sua determinação, mas uma parte de mim ainda reluta em deixá-lo sozinho com ela. Não é por desconfiança, mas pelo instinto protetor que não consigo controlar.Peter está acamado na mansão Campbell, nossa família o visita e enfermeiras fazem manutenções diariamente no quarto. Não entendo nada do que fazem. Meu sogro está muito despedaçado.Parte de mim o perdoa, mas a outra parte ainda luta para entender como ele quase deixou Emily casar com Samuel, sabendo o quão disfuncional tudo aquilo era. Ainda assim, não consigo negar o esforço que ele faz, especialmente agora.De repente, Sofia desce da maca e corre em minha direção, gritando "Papai!" e pedindo colo. Eu a abraço imediatamente, sentindo