–Vou ajudar seu chefe, Louis pode ser entrão demais…–Por favor, mãe!Ela correu em direção ao bar gritando Louis, meu tio das brincadeiras sem graça. Paro para observar o meu lar. O lugar exalava uma nostalgia familiar. A mansão dos Campbell era imponente, com suas grandes janelas que permitiam a entrada de luz natural. As paredes eram decoradas com quadros antigos e os móveis refletiam a tradição e a história da nossa família.Tudo em tons de terracota e vermelho vívido.A sala de estar, com sua lareira majestosa sempre acesa no inverno, emanava um calor acolhedor. O cheiro familiar de pinho e do bolo de Natal que minha mãe sempre fazia preenchia o ar, trazendo uma sensação agridoce de saudade. Os corredores largos levavam aos quartos, cada um decorado com lembranças das viagens e das conquistas dos membros da família. Muitos prêmios de medicina do meu pai e mini medalhas com fotos minhas banguela. A casa transbordava memória e tradição, um refúgio que sempre parecia acolher-nos, inde
Sentado no carro, indo em direção a Toronto, flashes do passado recente passavam por minha mente. O sorriso de Emily, ela no vestido que usou na noite de Natal, tudo parecia uma lembrança agridoce. Meu coração se contorcia ao lembrar do olhar do primo Samuel para Emily. Eles praticamente não eram família e ele poderia tentar investir nela. Uma sensação de mal-estar me invadia ao pensar no fim de tudo. No meio desses pensamentos, meu telefone tocou. Diminuí o volume do som e atendi. Era minha ex-cunhada. – Karl, vou estar no hospital esta noite resolvendo algumas questões laboratoriais. Podem passar lá nesse horário. – Obrigado, vamos estar lá. – Respondi, sentindo um alívio temporário. Estacionei o carro em uma praça para enviar um SMS para Emily. Ela estava salva nos meus contatos como "Doce Emily". Digitei rapidamente, informando sobre a consulta. Sua resposta chegou cinco minutos depois: "Consegui que Samuel emprestasse o carro dele". O ciúme me invadiu instantaneamente. Respon
Meu pai chegou há alguns minutos e todos fomos jantar em família. Samuel sentou em minha frente, sempre me encarava entre as garfadas e na sobremesa lambia cuidadosamente a colher como se insinuasse algo. –Como tem passado primo Samuel?Perguntou meu pai.–Muito bem, primo Christopher.–Ainda atuando como empresário musical?Ele indaga serrando os punhos, analisando Samuel profundamente.–Sim, primo. É o que mantém minha vida.–Sabe, você e Emily me preocupam. De chegar aos 30 e poucos sem família própria. Não entendo como dois jovens de vida estável não tem a vida pessoal encaminhada.Eu sim, pai. Posso ter concebido com o juíz que atua no tribunal que eu mais atendo meus clientes. Orgulho da família.–É, realmente. Talvez o trabalho roube nosso tempo.Afirma Samuel.–Podíamos unir vocês dois, melhor que um estranho na família.Meus tios e primos riem do comentário do tio Louis, meu pai no entanto reflete. Como se levasse isso a sério, ele ergue sua taça se levantando ao meu lado. A
Emily estava ao meu lado no carro enquanto dirigíamos em direção ao hospital. O silêncio entre nós era pesado, cheio de pensamentos não ditos e medos não confessados. Eu não conseguia parar de pensar em tudo o que havia acontecido nos últimos dias. A neve, a cabana, a noite juntos... e agora, a possibilidade real de uma concepção.Chegamos ao hospital e eu liguei para Amélia, minha ex-cunhada e uma médica de confiança. Ela tinha pouco mais de 30 anos, com cabelos ruivos que caíam em ondas suaves sobre seus ombros, olhos verdes penetrantes e uma presença calma e confiante que sempre foi reconfortante para mim.– Amélia, estamos aqui – disse eu, tentando manter a voz firme. – Onde podemos te encontrar?– Estou no quarto de exames 302 – respondeu ela, a voz firme mas acolhedora. – Podem subir. Vou encontrá-los lá.Guiamos-nos até o quarto de exames, onde Amélia já nos aguardava. A sala era simples e esterilizada, com equipamentos médicos organizados
Entrei no banheiro e liguei o chuveiro, deixando a água quente cair sobre meu corpo. Enquanto a água escorria, meus pensamentos se agitavam. "A única mulher nascida dentro da família e a mais usada, que desrespeitoso", pensei, sentindo a indignação crescer dentro de mim. "Como podem esperar que eu me case só porque meu primo fez uma proposta? Isso é uma violação dos meus direitos, das minhas escolhas."Suspirei, tentando afastar a raiva. Precisava de um detox emocional. Talvez um pouco de compras ajudassem a clarear minha mente. Tomei a decisão de sair e comprar roupas para os próximos cinco dias. Sairia devagar, sem fazer barulho, para não acordar Karl.Voltei ao quarto e peguei meu celular. Antes de sair, parei por um momento para apreciar Karl dormindo. Ele parecia tão em paz. Um sorriso suave apareceu em meus lábios. Por mais confusa que estivesse, não podia negar o que sentia por ele.Desci até o restaurante do hotel e tomei um café rápido. Em seguida, chamei um táxi e pedi para m
–Pena que não vai rolar, bati minha cota da manhã.Emily choraminga segurando os lábios com pressão.–Tudo bem, temos coisas a resolver com o trabalho, Sr. Juíz da Suprema Corte.Eu me levanto da cama, sentindo o peso das nossas conversas e decisões recentes. Sermos abertos a uma vida, exigir espaço e ver Emily se impor com seus pais. Chamei Emily para tomar banho comigo, precisando tanto do calor da água quanto da intimidade da sua presença.No chuveiro, a água quente escorria sobre nós, criando um refúgio temporário da realidade. Emily começou a falar sobre o caso de Juliet, tentando focar no trabalho.– Sobre o caso da Juliet – disse ela, seu tom sério. – Você acha que temos uma chance real de ganhar?Enquanto lavava o cabelo, olhei para ela, absorvendo a determinação em seus olhos.– Abuso de poder é algo difícil de provar – respondi, enxaguando o shampoo. – Mas as evidências q
Quando cheguei à casa dos meus pais, Samuel foi quem abriu a porta. Ele me olhou de cima a baixo, o que me fez sentir ainda mais desconfortável. Não disse nada, apenas suspirou fundo e perguntou sobre o casamento.– Então, já decidiu sobre o nosso casamento? – perguntou ele, com um tom que soava tanto interessado quanto indiferente.Olhei para ele com fúria, não acreditando na audácia. Peguei minhas bolsas com as roupas novas e as entreguei a ele sem dizer uma palavra, me dirigindo diretamente à sala de jantar. Samuel seguiu-me e se sentou ao meu lado, como se fosse parte da mobília.Enviei uma mensagem rápida para minha mãe, pedindo que convocasse todos da família para a sala. Podia ouvir os sons das pessoas na casa, incluindo as risadas das crianças. Meus pensamentos divagaram brevemente para a possibilidade de ter uma menina um dia, e como seria ouvir risadinhas femininas na casa. Afastei rapidamente essa ideia, tentando me focar no que precisava ser fe
Me esquivei por dias no meu antigo quarto. Saia para refeições ignorando minha ex esposa em todos os jantares. Adam e eu passamos o ano novo juntos com Ella, bebemos muito e planejamos nos reencontrar na Páscoa. Hoje é meu último dia aqui. E ao juntar meus pais e Thereza na sala de estar, sinto o peso do momento. Preciso esclarecer o motivo do meu afastamento.— Pai, mãe, Thereza, precisamos conversar. — começo, tentando manter a calma. — Há algum tempo que estou afastado de Thereza, e acho que vocês precisam entender o porquê. Não pretendo voltar com ela.Meu pai me interrompe, visivelmente irritado.— Karl, você sabe que queremos que vocês voltem a ficar juntos. Por que esse afastamento? Tentem! — ele exige.Respiro fundo e continuo.— Estou conhecendo alguém. E mais do que isso, pretendo ser pai. — digo, tentando manter a voz firme.Minha mãe fica boquiaberta, enquanto meu pai balança a cabeça em desaprovação. Therez