LIMITES TESTADOS

O sol ainda não havia surgido completamente quando Isabella chegou à Torre Blackwood na manhã seguinte. O ambiente estava quieto, quase deserto, com exceção de alguns funcionários no turno inicial. Ela fez questão de estar ali antes do horário, como prometera, mas sabia que Ethan Blackwood provavelmente já estaria no escritório.

Com o café na mão, Isabella passou pela recepção e foi direto para sua mesa. Quando abriu a porta de vidro que separava o andar executivo do restante da empresa, encontrou Claire, que já parecia imersa em uma pilha de relatórios.

— Bom dia, Isabella — disse Claire, lançando-lhe um sorriso breve, mas cordial. — Espero que tenha dormido bem, porque hoje será um dia agitado.

— Bom dia, Claire. Estou pronta — respondeu Isabella, apesar do cansaço que ainda sentia.

Claire a conduziu até sua mesa e entregou um tablet com a agenda de Ethan.

— Ele tem uma reunião importante com investidores às 9h e espera que você esteja lá para fazer as anotações. Prepare-se. O Sr. Blackwood é detalhista e não gosta de ser interrompido.

Assim que Isabella se sentou para revisar os documentos necessários, a porta do escritório de Ethan se abriu. Ele apareceu com a gravata ligeiramente desalinhada e o olhar concentrado, segurando um copo de café em uma mão e um celular na outra.

— Bom dia, Srta. Martins. Vejo que chegou cedo — disse ele, sem olhar diretamente para ela enquanto digitava algo no celular.

— Como prometido, senhor.

Ele finalmente ergueu os olhos e, por um momento, parecia avaliá-la.

— Ótimo. Hoje será um teste para você. Espero que esteja à altura.

Isabella assentiu, sentindo uma mistura de nervosismo e determinação.

A reunião com os investidores

Às 9h em ponto, Isabella entrou na sala de conferências, onde um grupo de homens e mulheres elegantemente vestidos já aguardava. Ethan estava no centro, comandando a atenção com sua presença dominante. Ele acenou para que Isabella se sentasse em um canto discreto, mas onde pudesse acompanhar tudo.

A reunião começou, e Ethan demonstrava total controle da situação. Sua voz grave preenchia a sala, apresentando gráficos, dados e projeções de crescimento da empresa. Isabella fazia anotações rápidas, mas também não conseguia deixar de observá-lo. Ele era absolutamente fascinante — uma combinação de inteligência, autoridade e um charme natural que parecia magnetizar todos à sua volta.

— Como garantiremos que esses números se mantenham consistentes? — perguntou um dos investidores, em tom desafiador.

Ethan não hesitou.

— Estamos investindo em tecnologia de ponta e expandindo nossas operações para mercados emergentes. Minha equipe está comprometida com a execução impecável dessas estratégias, e eu pessoalmente supervisionei cada detalhe.

O tom seguro de sua resposta calou qualquer dúvida, e Isabella percebeu que ele não era apenas um chefe exigente; ele era um estrategista nato.

Quando a reunião terminou, Ethan se aproximou de Isabella enquanto os investidores saíam.

— Anotou tudo? — perguntou ele, em um tom que não era propriamente frio, mas também não amigável.

— Sim, senhor. Vou preparar um resumo com os pontos principais e as próximas ações sugeridas.

Ele assentiu, parecendo satisfeito.

— Boa. Envie para meu e-mail até o fim da manhã.

O almoço inesperado

Quando o relógio marcou meio-dia, Isabella estava tão imersa no trabalho que quase não percebeu Ethan saindo de sua sala. Ele apareceu ao lado de sua mesa, segurando o paletó por sobre o ombro.

— Está ocupada?

Isabella ergueu os olhos, surpresa com a pergunta direta.

— Apenas revisando os documentos da manhã, senhor.

— Ótimo. Pegue sua bolsa. Vamos almoçar fora.

A surpresa dela foi evidente, mas Ethan não deu espaço para protestos. Ele já estava caminhando em direção ao elevador, e Isabella teve que apressar os passos para acompanhá-lo.

Dentro do elevador, o silêncio era quase ensurdecedor. Ela não sabia se aquilo era uma espécie de teste ou algo mais, mas sua mente já estava tentando encontrar explicações para o comportamento inesperado dele.

Eles foram a um restaurante exclusivo no centro da cidade, conhecido por seu ambiente sofisticado e pratos caros. Ethan foi recebido como se fosse um rei, e logo eles estavam sentados em uma mesa privada, longe dos olhares curiosos.

— Por que me trouxe aqui? — arriscou perguntar, quebrando o silêncio.

Ethan inclinou-se levemente para frente, apoiando os braços na mesa.

— Quero conhecer você melhor, Isabella. Saber com quem estou trabalhando.

Ela sentiu um leve arrepio na espinha, mas manteve a compostura.

— Certo, o que gostaria de saber?

— O básico, para começar. Por que escolheu trabalhar aqui?

— Porque admiro a maneira como conduz a empresa. É inspirador ver alguém tão jovem alcançar tanto. Além disso, eu precisava de um desafio profissional.

Ethan sorriu de lado, o que fez o coração dela acelerar por um momento.

— Um desafio, é? Espero que eu não te decepcione nesse aspecto.

O almoço prosseguiu com ele fazendo perguntas, mas nunca revelando muito sobre si mesmo. Era óbvio que Ethan estava acostumado a estar no controle, mesmo em conversas triviais. Isabella percebeu que ele a estava testando, tentando descobrir até onde ela iria para impressioná-lo.

Quando voltaram ao escritório, Isabella não pôde evitar a sensação de que aquele almoço tinha sido mais do que uma simples gentileza.

O incidente no final do dia

O resto da tarde foi exaustivo. Isabella revisou relatórios, organizou reuniões e respondeu a uma enxurrada de e-mails. Às 18h, ela estava terminando um último relatório quando ouviu um som de frustração vindo da sala de Ethan.

Curiosa, mas hesitante, ela bateu na porta.

— Entre — veio a resposta curta.

Ela encontrou Ethan de pé, segurando uma pilha de documentos e com uma expressão sombria.

— Algo errado, senhor?

— Este relatório está cheio de erros. Parece que ninguém aqui sabe o que está fazendo. — Ele jogou os papéis sobre a mesa com um suspiro de irritação.

— Posso ajudar? — ofereceu Isabella, aproximando-se.

Ele a olhou por um momento, como se avaliasse sua sinceridade, e então empurrou a pilha de documentos na direção dela.

— Se puder corrigir isso antes de ir para casa, seria um grande favor.

— Claro, senhor.

Enquanto trabalhava no relatório, Ethan permaneceu na sala, ocasionalmente levantando-se para olhar pela janela. O silêncio entre eles não era desconfortável, mas carregava uma tensão sutil que Isabella não conseguia ignorar.

Quando finalmente terminou, já passava das 20h. Ela entregou os papéis para Ethan, que os revisou rapidamente.

— Excelente trabalho. Você realmente tem talento para isso.

O elogio, vindo de alguém como ele, parecia mais valioso do que qualquer bônus. Isabella sorriu, sentindo-se estranhamente orgulhosa.

— Obrigada, senhor.

Ele a acompanhou até a porta e, antes que ela saísse, acrescentou:

— Descanse bem, Isabella. Amanhã será ainda mais intenso.

Ela não sabia ao certo se aquilo era um aviso ou uma promessa, mas ao sair do prédio, percebeu que estava cada vez mais envolvida no mundo de Ethan Blackwood — e que sair desse jogo seria mais difícil do que entrar.

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