LINHAS CRUZADAS

A reunião aconteceu no elegante salão do hotel, onde uma longa mesa de vidro refletia as luzes suaves do ambiente. Isabella se posicionou ao lado de Ethan, sentindo-se como uma sombra de sua grandeza. Ele estava no comando, com a presença de um líder nato. Ela sabia que o sucesso daquela negociação dependia em grande parte da sua habilidade, mas também sabia que não seria fácil.

Os investidores japoneses estavam todos presentes, ao redor da mesa, com olhares sérios e expressões de interesse. Ethan assumiu o controle imediato, começando a reunião com uma apresentação que parecia não deixar espaço para dúvidas. Ele falava com autoridade, cada palavra cuidadosamente escolhida, sua postura imperturbável. Isabella, sentada ao seu lado, acompanhava a apresentação, distribuindo os materiais e fazendo anotações rápidas. Ela sabia que precisava estar em sintonia com ele, absorver tudo que ele dizia, pois o sucesso do encontro dependia dessa coordenação perfeita.

Havia momentos durante a reunião em que ela sentia o olhar de Ethan sobre ela, como se ele estivesse a observando mais de perto do que o normal. Ela tentou manter a compostura, concentrando-se nas notas, mas sabia que ele não estava apenas medindo seu desempenho profissional. Havia algo mais, uma expectativa não dita que pairava no ar, e Isabella se sentia cada vez mais desconfortável.

Ethan não dava sinais de fraqueza, sua postura de líder estava sólida, mas havia uma energia sutil entre eles, uma linha tênue de tensão que os separava da formalidade da reunião. Isabella sentiu isso em cada palavra não dita, em cada olhar furtivo. Era como se ela estivesse sendo testada de alguma forma, e não sabia como reagir. A sensação de estar no centro da atenção de Ethan a fazia sentir-se vulnerável, mas também a atraía.

Quando a reunião finalmente chegou ao fim, os investidores locais se levantaram para apertar as mãos e trocar cumprimentos formais. Isabella viu que o projeto estava sendo bem aceito, mas sua mente ainda estava fixada no que acontecera nos últimos momentos. Ethan tinha o controle total da situação, mas ela sentia que ele estava, de alguma forma, observando-a. Ele sempre parecia estar avaliando mais do que o trabalho — algo mais profundo.

Após o encerramento da reunião, o grupo seguiu para um jantar formal, organizado para estreitar os laços com os investidores. Isabella não sabia o que esperar, mas o ambiente parecia mais descontraído, com luzes suaves e uma vista deslumbrante da cidade ao fundo. No entanto, a sensação de desconforto não desapareceu. Estava com Ethan novamente, e, desta vez, algo mais parecia se insinuar entre os dois.

O jantar foi uma troca de conversas cordiais sobre o futuro da parceria, sobre os planos de expansão da empresa, e a interação com os investidores foi eficiente. No entanto, havia momentos em que Isabella e Ethan se isolavam, seja por um comentário casual, seja por uma troca de olhares que revelava algo mais. Isabella tentava se concentrar na conversa, mas não conseguia escapar da energia crescente entre eles. Algo estava se formando, uma tensão que ela não sabia como controlar.

Durante o jantar, um momento em que Ethan se inclinou para falar com um dos investidores deixou Isabella sozinha por alguns instantes. Ela olhou para os pratos na mesa e sentiu uma leve sensação de desconforto. Algo dentro dela a dizia que aquele jantar não seria apenas sobre negócios. Havia uma expectativa que ela não podia mais ignorar.

Quando Ethan voltou, ele se aproximou de sua cadeira com uma facilidade calma, como se estivesse completamente no controle de tudo, mas seus olhos estavam diferentes. Ele olhou para ela com uma intensidade que fez Isabella prender a respiração. A sensação de ser observada não era mais sutil; agora estava clara, quase palpável. Ele queria algo mais de Isabella, algo que não envolvia apenas as negociações da empresa.

— Parece que estamos quase no fim da noite, Isabella. — A voz dele saiu baixa, quase como se fosse uma confissão.

Isabella engoliu em seco, tentando encontrar palavras, mas tudo o que conseguiu foi uma resposta evasiva.

— Sim, senhor. Foi um bom dia.

Ele sorriu ligeiramente, como se visse através dela. — Eu gosto de ver você trabalhando sob pressão. Você se sai bem.

Ela sentiu seu rosto esquentar, embora tentasse manter a postura profissional. Não sabia se estava mais lisonjeada ou desconcertada com o elogio dele. Mas sabia que, em algum momento, aquela linha tênue entre profissionalismo e algo mais iria se romper.

Mais tarde, quando o jantar terminou e o grupo se dispersou, Ethan a acompanhou até o lobby do hotel, onde os dois seguiram em direção ao elevador. A tensão entre eles parecia ter alcançado um pico, e Isabella não sabia mais como lidar com isso. O que ele queria dela? E, mais importante, o que ela sentia?

— Foi uma boa noite de negócios. — Ela tentou desviar sua mente para algo mais seguro e neutro.

Ethan a observou por um momento, seus olhos escuros e profundos, como se estivesse refletindo sobre algo que ela não conseguia entender.

— Foi, sim. Mas às vezes, Isabella, negócios não são só sobre números. São sobre como as coisas se conectam. E eu vejo um potencial em você que vai além do que você pode imaginar.

Ela engoliu em seco, o coração batendo forte no peito. Não era apenas um elogio profissional. Ele estava se referindo a algo mais. Algo que ela não sabia como definir, mas que estava começando a perceber de forma clara.

O elevador parou, e ambos saíram, seguindo para seus respectivos quartos. Isabella sabia que essa noite mudaria algo entre eles. Ela estava prestes a ser puxada para um jogo mais perigoso, onde a linha entre o profissional e o pessoal poderia desaparecer completamente.

Enquanto ela fechava a porta de seu quarto, o som do clique da fechadura ecoou em seus ouvidos, e ela se encontrou perdida em seus próprios pensamentos. O desejo e o controle estavam entrelaçados de uma maneira que ela não podia mais ignorar.

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