MayaraEu nunca pensei que um passeio ao zoológico pudesse me deixar tão nervosa. O simples fato de ter viajado para outra cidade e estar na entrada do lugar, acompanhada do Caíque, do Gustavo e da Larissa, está me fazendo questionar sobre como será nossas próximas horas.Gustavo segura minha mão com força, enquanto observa os portões enormes do zoológico com olhos curiosos. Ele adora animais, e só de pensar na quantidade de bichos que vai ver hoje, já está inquieto.Larissa está ao nosso lado, tentando parecer tranquila, mas percebo o brilho ansioso no olhar dela. Quando Caíque me contou sobre o desejo da irmã de conhecer o Gustavo, eu soube que isso significava abrir mais um espaço na nossa vida para alguém que ele ama. E isso me assustou um pouco. Não por ela, mas por não saber como o Gu reagiria com a novidade.Mas agora que estamos aqui, sinto que talvez eu tenha exagerado nos meus medos. Larissa parece doce e cuidadosa, mesmo que seu entusiasmo esteja contido.— Gustavo, olha só
MayaraMeu celular vibra na mesa enquanto tento terminar de revisar alguns documentos. Olho rapidamente para a tela e sinto meu coração disparar ao ver o nome da escola do Gustavo. Atendo de imediato, já tentando controlar a respiração, preocupada com o motivo da ligação.— Alô?— Senhora Mayara? Aqui é a professora Renata, do Gustavo. Podemos conversar um momento?Sinto um arrepio percorrer minha espinha.— Claro, professora. Aconteceu alguma coisa? Gustavo está bem?— Gustavo se envolveu em uma briga na escola. Ele está bem, mas acho que seria importante a senhora vir até aqui.Respiro fundo, tentando não deixar o pânico tomar conta. Agradeço e desligo o telefone, mas minha mente já está a mil. Gustavo nunca foi de brigar. Tento entender o que pode ter acontecido enquanto me preparo para avisar o Caíque.Mayara: Oi, Caíque. Está podendo falar?Caíque: Oi. Sim, aconteceu alguma coisa?Mayara: A escola do Gu ligou. Ele brigou. Precisamos ir lá.Caíque: Estou indo aí, me espera.Caíque
Caíque— Pronto, criei um grupo com todos os meus irmãos. — Larissa manda áudio em um grupo recém-criado e eu estranho.— Qual o motivo? — pergunto.— Estou querendo contato com vocês, parecemos estranhos.Queria dizer que é mentira, mas não é. Entre meus irmãos, eu tenho mais proximidade com Larissa. Não posso colocar a culpa só em como fomos criados de forma fria, mas também nunca nos esforçamos para sermos próximos.Creio que todos pensamos o mesmo, porque concordamos. Um por um, vai falando sobre como está a vida. Meus dois irmãos são mais velhos, cada um tem seu relacionamento e em determinado ponto da vida, se afastaram dos nossos pais e de quem ficou para trás. Hoje, eu os entendo.Ouço os infinitos áudios e leio as mensagens de cada um. Larissa fala para nos vermos e todos concordam, ligando a chamada em vídeo. Sorrio quando os vejo. Não imaginei que sentia tanta falta deles como agora.Então, chega a minha vez de atualizá-los sobre minha vida. Conto tudo, desde o meu retorno.
MayaraO som das risadas preenche a sala enquanto Gustavo e Daniel disputam um jogo de tabuleiro no chão. Estou sentada em uma cadeira na cozinha, tentando prestar atenção no desabafo de Gabriela. Minha amiga está brava com a nova vizinha que faz diversos barulhos de madrugada e tem acordado eles no susto. Acabo rindo do seu stress, mas logo me distraio, minha mente insiste em vagar para outros lugares.Meu celular vibra em cima da mesa, e quando pego para ver, meu coração dispara. É uma mensagem do Caíque.Caíque: Oi. O que acha de nos vermos hoje à noite?Fico encarando a tela por alguns segundos, sem saber exatamente como responder. Desde que ele voltou, as coisas têm sido uma mistura de emoção e insegurança. Ter ele por perto novamente, saber que está disposto a fazer parte da vida do Gustavo e... da minha também… É assustador.E depois dos últimos acontecimentos e da nossa aproximação, estou ainda mais confusa e perdida.— Quem é? — Gabi pergunta, inclinando-se curiosa para ver m
Mayara— Para onde vamos? — Puxo assunto, tentando não parecer nervosa.— Pensei em algum restaurante, mas achei que poderíamos atenção… Não queria te deixar desconfortável na primeira vez que estamos sozinhos, então, achei melhor ficarmos na minha casa. — Ele parece incerto e me espia. — Fiz bem?— Fez. — Confirmo, vendo-o suspirar aliviado.O caminho até a casa do Caíque é tranquilo, mas meu coração não para de bater acelerado. Durante todo o trajeto, tentei não pensar demais no que pode acontecer. Sei que estamos dando um passo importante ao aceitar esse convite, mas uma parte de mim ainda sente aquela insegurança lá no fundo.Sou uma adulta, mas estou mais nervosa do que quando era adolescente e íamos nos encontrar escondido.Caíque estaciona o carro na frente da casa e desce rapidamente para abrir a porta para mim. A gentileza dele ainda me surpreende, como se estivesse redescobrindo um lado que eu já não lembrava.— Pronta? — ele pergunta com um sorriso leve.Assinto, tentando i
Mayara— Está muito bom! — elogio a sobremesa. Ele estava tão preocupado, colocando defeito no que fez, que pensei que ia ser um terror. Mas não, ele só estava exagerando. Por isso acho bom tranquilizá-lo.— Que alívio ouvir isso — sorri. — Ou você está sendo muito gentil — brinca.— Estou sendo sincera. — Rimos.O clima muda. Abaixo a cabeça e não o encaro, sentindo seu olhar em minha direção. Ele fica em silêncio, só observando eu comer o doce. Quando acabo, não sei o que fazer ou como me portar. Antes que o clima fique mais tenso, Caíque vem com a solução, amenizando tudo.— Quero te mostrar uma coisa — chama, ganhando minha atenção.— O quê?Ele se levanta e estende a mão para mim. Aceito, colocando minha palma na sua. Coloco-me de pé e o sigo, até pararmos em uma porta fechada, que eu me lembre, é um quarto que fica ao lado do seu.— Quero sua opinião. Será que o Gu vai gostar? — Antes que eu possa perguntar sobre o que ele está falando, Caíque abre a porta, revelando o motivo da
CaíqueAbro os olhos devagar, sentindo a luz suave da manhã invadir o quarto pelas frestas da cortina. Ainda meio sonolento, demoro alguns segundos para perceber onde estou. Mas então sinto um peso confortável sobre meu peito e um cheiro familiar de shampoo de frutas.Mayara está deitada ao meu lado, nua com o lençol preso abaixo das axilas. Observo parte do rosto sereno encostado em meu ombro, o braço repousando em minha cintura. A respiração dela é lenta e tranquila, e meu primeiro impulso é ficar completamente imóvel para não quebrar aquele momento.Por um instante, tudo parece tão perfeito que eu quase esqueço das últimas semanas, das conversas difíceis e das emoções intensas. Só consigo pensar no quanto é bom tê-la aqui, tão próxima, como se o tempo nunca tivesse nos separado.Com cuidado, acaricio os cabelos dela, tentando não a acordar. Meu peito se enche de uma sensação que eu tinha esquecido como era. Paz. Felicidade.Mayara se mexe levemente, murmurando algo inaudível antes
Mayara— O que vamos fazer agora? — pergunto para ele e antes que tenha sua resposta, o meu celular toca.Levanto do colchão e procuro pelo aparelho, encontrando-o no chão, perto da cama.— Alô? Está tudo bem? — Atendo, quando vejo o nome da Gabi na tela.— Oi, está tudo bem e aí? — resmungo. — Te acordei? — pergunta.— Não. Já estou acordada faz tempo.— Ótimo. O Gu pediu para te ligar, vou passar para ele.Volto a me sentar na cama, ouvindo o Gu pedir o celular.— Mamãe? — Sorrio com a voz infantil me chamando.— Oi, meu amor. Como você está? — Coloco a chamada no viva-voz.— Tô bem. Estava brincando com o tio. Onde você está? — dispara a falar.— Estou com o Caíque. — Ele aproxima do celular para falar também.— Oi, filho. Bom dia!— Oi — Gu responde mais animado.Eu e Caíque nos olhamos e não precisamos falar em voz alta o que pensamos.— Quer que te buque o Gu? Aí nós três podemos passar um tempo juntos — Caíque chama.— Quero! — Gustavo grita, nos fazendo rir.— Combinado. Daqui