Eu nem sei exatamente como consegui chegar na casa de Helena. Eu tentei disfarçar tudo que aconteceu, pois não queria chatear ela com meus problemas. A casa de Helena era muito ampla e ao mesmo tempo acolhedora. Eu não conhecia, pois não havia retornado à cidade. E eu me desculpava o tempo todo por ter sido uma péssima amiga, embora ela dissesse o tempo todo que eu não era assim.- Não posso oferecer meus dotes culinários. – disse rindo.- E nem eu seria louca de querer. – ela falou seriamente. – Agora me conte o que houve.- Como assim?- Ari, eu conheço você há quantos anos mesmo? Puxa, são tanto que eu nem lembro mais. Além disso, dá para ver que você chorou... E não parece que foi pouco, pois chega a estar com a face inchada.- Está tudo bem. – menti.- Não está. Eu exijo saber.Eu poderia ficar horas mentindo para ela. Ainda assim ela não acreditaria em mim. Helena me conhecia melhor que eu mesma. Mesmo contra vontade eu expliquei a ela tudo que havia acontecido. No fim, ela me o
Depois do almoço eu fui conhecer o Lar das Meninas. Fui muito bem recebida pela diretora do orfanato. O fato de eu um dia ter morado num lugar assim me trazia recordações, embora poucas. Depois de visitar o local e ter conhecido as meninas, com idades entre 0 a 15 anos, eu tive a certeza do que eu gostaria de fazer. Eu ajudaria aquele lugar, de alguma forma. Como eu não tinha dinheiro, voluntariamente ofereci meus serviços como psicóloga. Felizmente, embora surpresa, a diretora aceitou. Expliquei a ela que eu havia sido adotada e o quanto era grata pela minha vida. Por isso minha decisão de ajudar aquelas meninas, como um dia eu pude ser ajudada. Combinei de retornar no dia seguinte.Quando voltei para casa já era fim de tarde. Eu estava absorta em meus próprios pensamentos enquanto dirigia. Ansiosa e feliz por ter enfim encontrado alguma forma de ocupar meu tempo: ajudando de alguma forma meninas que tinham tudo a ver com meu passado. Itaúba seria enfim meu lar.Iniciei o trabalho no
O reggae tocava baixo para não acordar as crianças que estavam dormindo em camas improvisadas no chão. Mas a conversa seguia animadamente e muitas vezes em tom alto. Samantha não conseguia controlar seus gritinhos histéricos. Estávamos no salão de festas do Dreamworld para comemorar o batizado do segundo filho de Helena e Daniel. Eu e Luciano éramos padrinhos mais uma vez. Samantha estava quase ganhando bebê, mas continuava linda e plena usando um vestido vermelho decotado com costas de fora. Carlos, como sempre, só tinha olhos para ela. Gisa e Jordany tentavam se divertir junto, mas sempre muito preocupados com a organização da festa e o bem estar de todos. gisa havia encontrado um companheiro que gostava de festas tanto quanto ela. Peguei dois drinques e estava levando para Luciano quando encontrei Jonathan no caminho. Cumprimentamo-nos e quando ele ia sair, perguntei:- Já sabem o sexo do bebê?- Menina. – ele disse abrindo um grande sorriso.- Nossa, que fabuloso.Olhei para Sadie
O Dreamworld não era o que se podia dizer “o melhor lugar do mundo” para morar. Mas ele era o meu lugar favorito no mundo todo. Se eu pudesse escolher qualquer lugar, eu escolheria lá. Tínhamos coisas que dinheiro nenhum poderia comprar: amizade, cumplicidade, empatia. Todos nos conhecíamos muito bem, ou pelo menos achávamos assim, e nos ajudávamos sempre, dentro do possível. Claro, alguns mais solícitos, outros menos.O lugar era composto por 6 apartamentos exatamente nas mesmas proporções de tamanho: 2 quartos não muito grandes, sala, cozinha pequena e um bom banheiro. Embora eu achasse pequeno, atendia bem minhas necessidades. Talvez fosse melhor se eu não tivesse que dividi-lo com duas amigas. Mas eu sequer conseguia imaginar minha vida sem elas por perto todos os dias. O Dreamworld tinha 3 blocos, cada um com 2 apartamentos, um em cima, outro embaixo. No centro havia uma enorme piscina, sempre muito limpa e convidativa. Os muros eram muito altos, sendo o portão de ferro imitando
- Eu gosto muito de você, Ari.- Por que será que não acredito tanto assim nas suas palavras? – eu disse rindo.Realmente eu não conseguia identificar muito bem os sentimentos de Therry. Por vezes eu achava que ele gostava de mim com sinceridade, outras que ele simplesmente estava me usando para não ficar sozinho, assim como eu estava fazendo com ele. Não, eu não me sentia culpada por isso, afinal, nós dois nos beneficiávamos neste relacionamento de alguma forma. E eu não queria me apaixonar por ele... Acho que nem que tentasse, conseguiria, pois eu via muitos defeitos em Therry, que acredito que não veria se gostasse dele. Eu o achava convencido, embora lindo. Detestava que ele fumava o tempo todo, embora vivesse na academia e pregava uma vida saudável que ele não levava. Ele não tinha muito compromisso com nada. Eu não gostava muito das mudanças de humor dele, mas sempre acabava perdoando e nem sei o porquê.- Therry, eu acho melhor você ir embora. Daqui há pouco Helena e Samantha
Helena dormia sozinha num quarto e eu dividia o outro com Samantha. Helena tinha o privilégio de ficar com um dos quartos pela sua privacidade com Daniel. Eu e Samantha nos revezávamos quando precisávamos do quarto, sendo assim a outra dormia na sala. Óbvio que eu mais dormia na sala do que no quarto, pois Samantha tinha companhias frequentemente. Eu já tinha 22 anos, era uma mulher decidida, segura de mim, com uma boa profissão na qual eu me realizava. Mas era um pouco conservadora com relação a sexo. Para mim tinha que ter sentimento. Não precisava ser amor, pois no auge da minha idade eu ainda não conhecia este sentimento. E também não tinha pressa. Vendo que nem sempre era um mar de rosas, preferia ficar na defensiva, feliz sem sofrer por alguém. Por este motivo, havia feito amor algumas poucas vezes.Fui tomar um banho gelado, pois estava suada e depois deitei na minha cama. O quarto que eu dividia com Samantha era pequeno, pois tinha duas camas de casal. Um pequeno armário que d
Era sábado, dia de organizar o apartamento. Se eu não fizesse isso, ninguém fazia. Helena aproveitava o dia para ficar com Daniel e Samantha para hibernar até a noite. Lavei minhas roupas, varri e lavei o chão e organizei tudo que estava fora do lugar. Acabei nem vendo o lindo dia de sol que estava na rua. Quando acabei já era final de tarde e Helena já estava de volta, se preparando para sair novamente.- Iremos ao bar da esquina. – disse ela. – Vamos?- Estou cansada. Acho que vou ler um livro e depois dormir.- Ari, você sabia que existe vida lá fora? = ela me perguntou.- Além do mais não falei com Therry.- Therry não está em casa.- Como você sabe?- Nenhum movimento por lá.- Acho que não pega bem eu sair sem ele... Talvez ele fique chateado. Ele sempre convida para ir com ele e eu sempre dou uma desculpa...- Assim como faz comigo quando a convido.- Helena, eu...- Não aceito não como resposta. Sairemos as 20 h e você deverá estar pronta e bem linda.Eu suspirei baixinho e fu
Acordei com o chamado insistente do meu telefone. Abri os olhos e olhei nome de Therry.- Oi... – eu disse com voz sonolenta.- Bom dia, querida. Sou eu.- Sim, Therry. O que houve?- Só estou ligando para avisar que não irei participar do churrasco hoje. Vou ver meu pai que ele está doente.Eu levantei da cama preocupada:- O que houve com seu pai?- Nada grave eu acho, mas melhor ir até lá e me certificar do que realmente aconteceu. - Sim... Também acho. Melhoras para ele. Fique bem. Qualquer coisa que precisar é só me chamar.- Não vai ficar triste por eu não poder estar aí com você°- Não se preocupe... Família em primeiro lugar. – eu disse.- Beijo... Vou sentir saudades.- Beijo.Eu fiquei um pouco preocupada. Tomara que não fosse nada sério com o pai dele. Eu não conhecia o pai de Therry e na verdade nunca nem falamos sobre ele. Mas achei legal ele ficar preocupado. Ele não era o tipo de homem que se preocupava com qualquer coisa a não ser ele mesmo. Lembrei-me que eu ainda ti