ColinVoltei para São Paulo com o coração pesado. A lembrança da dor nos olhos de Letícia me assombra. Ela me acusou de coisas que eu jamais faria. O choque de descobrir que Patrick estava envolvido fez tudo ganhar uma nova perspectiva. Como ele pôde? Mesmo com nossas desavenças, nunca imaginei que ele seria capaz de algo tão baixo. Tenho que resolver isso. Deixar tudo esclarecido e, de alguma forma, tentar corrigir o mal que foi feito a Letícia.Mas o desejo de fazer as coisas certas desta vez aliado ao medo de causar ainda mais estragos em nossa relação me deixavam confuso e indeciso sobre o que fazer a seguir. A revelação de que Patrick mais uma vez tinha se intrometido em minha vida era como um soco no estômago. Ele ultrapassa todos os limites desta vez, mexendo em algo tão sério e íntimo como a decisão de Letícia sobre sua gravidez.Letícia... o nome dela ecoava em minha mente, trazendo à tona lembranças daquela noite única que passamos juntos. Uma noite que mudou tudo. Eu sabia
LetíciaA semana passou sem notícias de Colin. No começo, acreditei na sua ideia de que ele realmente queria assumir suas responsabilidades. Cheguei até mesmo a conversar com minha mãe sobre a possibilidade de não permitir que Colin fizesse parte de nossas vidas. Ela, com sua sabedoria e calma, me fez ver que não seria justo privar nosso filho do direito de conhecer o pai, desde que ele estivesse disposto a ser uma presença positiva.— Filha, todos cometemos erros. Se Colin realmente quiser estar presente, você deve permitir que ele tenha essa chance — apontou a mamãe. Mas, à medida que os dias se passaram em silêncio, comecei a pensar que tudo o que ele disse não passava de mentira e enganação. Cínica, pensei que ele deveria ser igual ao irmão gêmeo, um mentiroso. No entanto, essa constatação não impediu que a tristeza se instalasse em mim. Atribui esses sentimentos aos hormônios da gravidez.A ausência de contato de Colin me levou a repensar minha decisão. Será que ele realmente se
ColinO momento do encontro com Letícia chegou mais rápido do que eu esperava. Enquanto estava sentado no carro, eu olhei para a porta da casa de Letícia e senti um nó se formar em meu estômago. Passei os últimos dias tentando resolver as coisas com minha família, mas nada parecia se comparar ao nervosismo que me dominava naquele momento. Respirei fundo, tentando reunir coragem, e finalmente saí do carro.Caminhei até a porta de Letícia, e antes de tocar a campainha, hesitei por um segundo. Será que ela realmente acreditaria em mim depois de tudo? Será que eu conseguiria provar a ela que estava aqui para ficar? Sem mais demora, toquei a campainha e esperei.A porta se abriu e lá estava Letícia, com um olhar misto de apreensão e determinação. Mesmo em sua simplicidade, ela parecia radiante, e por um momento, eu fiquei sem palavras.O silêncio no carro era denso, mas eu sabia que precisava quebrá-lo. Porém, diante do fracasso da minha tentativa de entabular uma conversa durante o percur
PatrickTinha acabado de desarrumar as minhas malas quando ouvi a campainha tocar. Não esperava visitas, então me surpreendi ao abrir a porta e dar de cara com minha mãe com uma expressão séria e os braços cruzados.— Mamãe? — perguntei com espanto — Como sabia que eu tinha chegado?Marieta entrou em meu apartamento sem esperar por convite. Sem alternativa, fechei a porta atrás de nós e me joguei sobre o sofá, aguardando o que ela tinha para dizer. Deveria ser algo importante para fazê-la vir ao meu apartamento no meio da tarde, mesmo sem ter certeza de que eu já tinha voltado de viagem.— Precisamos conversar sobre o que aconteceu com Colin. Por que você fez aquilo? — ela começou, seu tom carregado de desaprovação, Eu a encarei com indiferença, sabendo exatamente do que ela estava falando. Colin e suas crises, sempre se fazendo de vítima. — Mãe, foi apenas uma brincadeira — respondi, tentando minimizar a gravidade da situação.Marieta soltou um suspiro cansado, sentando-se ao meu l
LetíciaSábado à tarde, Karen e eu decidimos fazer uma pequena aventura pelas lojas de bebê. Ambas grávidas, estávamos ansiosas para escolher as roupinhas, os acessórios e tudo mais que nossos futuros filhos iriam precisar. Ríamos e nos divertíamos em cada loja, experimentando desde carrinhos de bebê até brinquedos educativos. O brilho nos olhos de Karen revelava a alegria de quem está começando uma nova fase de vida. Estávamos nos divertindo tanto que a tarde passou voando.Após várias compras e muitas risadas, Karen me convidou para um chá em sua nova casa. — Você precisa ver a decoração que fizemos! — ela exclamou, os olhos brilhando de entusiasmo. Claro que aceitei o convite na hora, mas cada uma foi em seu carro até o novo endereço de Karen. Ao estacionar em frente à casa, uma cena inesperada me chamou a atenção. Colin e Othon estavam no jardim brincando de bola com o pequeno Otávio. Fiquei parada dentro do carro, observando aquela cena tão simples, mas ao mesmo tempo tão impac
LetíciaKaren, Camila e eu estamos almoçando como de costume. No entanto, naquela tarde, Karen trouxe à tona um assunto delicado.— E quando será a sua próxima consulta de pré-natal? — perguntou Karen, após uma mordida na salada.— Amanhã — respondi, sorrindo ligeiramente.Karen sorriu em resposta, mas senti que havia mais por trás de seu interesse. Após um breve silêncio, ela finalmente perguntou o que realmente a incomodava.— Letícia, você já falou com Colin sobre a consulta?Senti um aperto no peito.— Não, não falei.Camila, que até então estava quieta, não pôde conter seu comentário.— Letícia, você deveria convidar o pai do seu bebê a estar junto. Colin deixou claro que quer acompanhar todo o processo, especialmente agora que se mudou para Curitiba.Olhei para Camila, surpresa com sua firmeza. — Eu não acho que seja necessário — rebati, tentando manter a calma. — Ele não estava presente no começo e...— Mas ele quer estar presente agora, Letícia — Camila me interrompeu. — E se
ColinReceber a mensagem de Letícia me convidando para a consulta de pré-natal foi um momento de pura felicidade. Era um pequeno passo, mas significativo, e meu coração se encheu de esperança. Passei a manhã inteiro ansioso, mal conseguindo me concentrar no trabalho. Quando o relógio finalmente marcou a hora de sair, peguei as chaves do carro e saí bem antes do horário combinado, determinado a não me atrasar.No entanto, a cidade parecia conspirar contra mim. A alguns quarteirões da clínica, deparei-me com um acidente de trânsito. Os minutos passavam lentamente enquanto eu observava os carros à minha frente, preso em um engarrafamento que parecia interminável. A ansiedade começou a me consumir, o suor escorrendo pela testa, mesmo com o ar-condicionado ligado."Não posso falhar, não hoje", pensei, batucando os dedos no volante.Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, o trânsito começou a fluir novamente. Dirigi nervosamente pelas ruas de Curitiba, cada semáforo vermelho aumentan
LetíciaEu ainda não estava completamente confortável com a ideia de ir ao apartamento de Colin, mas, de alguma forma, acabei aceitando o convite. Após o exame de ultrassom, onde pudemos ver nosso bebê, parecia um passo natural, mas a verdade é que minha curiosidade foi maior do que meu bom senso.Saber que Colin havia se mudado de vez para Curitiba, causou um misto de surpresa e curiosidade. Ele estava mesmo disposto a se aproximar, a ser presente? Essa era a pergunta que não saía da minha cabeça enquanto subíamos até o apartamento.Ao entrar, fui recebida por um ambiente acolhedor e bem decorado, de muito bom gosto. As paredes em tons neutros, a mobília moderna, tudo parecia cuidadosamente escolhido. Passei os olhos ao redor, tentando captar qualquer detalhe que revelasse mais sobre o homem que era Colin.Enquanto ele desaparecia na cozinha, continuei minha inspeção silenciosa. Havia alguns livros empilhados em uma mesa lateral, uma foto de paisagem emoldurada na parede, e um sofá c