ColinO momento do encontro com Letícia chegou mais rápido do que eu esperava. Enquanto estava sentado no carro, eu olhei para a porta da casa de Letícia e senti um nó se formar em meu estômago. Passei os últimos dias tentando resolver as coisas com minha família, mas nada parecia se comparar ao nervosismo que me dominava naquele momento. Respirei fundo, tentando reunir coragem, e finalmente saí do carro.Caminhei até a porta de Letícia, e antes de tocar a campainha, hesitei por um segundo. Será que ela realmente acreditaria em mim depois de tudo? Será que eu conseguiria provar a ela que estava aqui para ficar? Sem mais demora, toquei a campainha e esperei.A porta se abriu e lá estava Letícia, com um olhar misto de apreensão e determinação. Mesmo em sua simplicidade, ela parecia radiante, e por um momento, eu fiquei sem palavras.O silêncio no carro era denso, mas eu sabia que precisava quebrá-lo. Porém, diante do fracasso da minha tentativa de entabular uma conversa durante o percur
PatrickTinha acabado de desarrumar as minhas malas quando ouvi a campainha tocar. Não esperava visitas, então me surpreendi ao abrir a porta e dar de cara com minha mãe com uma expressão séria e os braços cruzados.— Mamãe? — perguntei com espanto — Como sabia que eu tinha chegado?Marieta entrou em meu apartamento sem esperar por convite. Sem alternativa, fechei a porta atrás de nós e me joguei sobre o sofá, aguardando o que ela tinha para dizer. Deveria ser algo importante para fazê-la vir ao meu apartamento no meio da tarde, mesmo sem ter certeza de que eu já tinha voltado de viagem.— Precisamos conversar sobre o que aconteceu com Colin. Por que você fez aquilo? — ela começou, seu tom carregado de desaprovação, Eu a encarei com indiferença, sabendo exatamente do que ela estava falando. Colin e suas crises, sempre se fazendo de vítima. — Mãe, foi apenas uma brincadeira — respondi, tentando minimizar a gravidade da situação.Marieta soltou um suspiro cansado, sentando-se ao meu l
LetíciaSábado à tarde, Karen e eu decidimos fazer uma pequena aventura pelas lojas de bebê. Ambas grávidas, estávamos ansiosas para escolher as roupinhas, os acessórios e tudo mais que nossos futuros filhos iriam precisar. Ríamos e nos divertíamos em cada loja, experimentando desde carrinhos de bebê até brinquedos educativos. O brilho nos olhos de Karen revelava a alegria de quem está começando uma nova fase de vida. Estávamos nos divertindo tanto que a tarde passou voando.Após várias compras e muitas risadas, Karen me convidou para um chá em sua nova casa. — Você precisa ver a decoração que fizemos! — ela exclamou, os olhos brilhando de entusiasmo. Claro que aceitei o convite na hora, mas cada uma foi em seu carro até o novo endereço de Karen. Ao estacionar em frente à casa, uma cena inesperada me chamou a atenção. Colin e Othon estavam no jardim brincando de bola com o pequeno Otávio. Fiquei parada dentro do carro, observando aquela cena tão simples, mas ao mesmo tempo tão impac
LetíciaKaren, Camila e eu estamos almoçando como de costume. No entanto, naquela tarde, Karen trouxe à tona um assunto delicado.— E quando será a sua próxima consulta de pré-natal? — perguntou Karen, após uma mordida na salada.— Amanhã — respondi, sorrindo ligeiramente.Karen sorriu em resposta, mas senti que havia mais por trás de seu interesse. Após um breve silêncio, ela finalmente perguntou o que realmente a incomodava.— Letícia, você já falou com Colin sobre a consulta?Senti um aperto no peito.— Não, não falei.Camila, que até então estava quieta, não pôde conter seu comentário.— Letícia, você deveria convidar o pai do seu bebê a estar junto. Colin deixou claro que quer acompanhar todo o processo, especialmente agora que se mudou para Curitiba.Olhei para Camila, surpresa com sua firmeza. — Eu não acho que seja necessário — rebati, tentando manter a calma. — Ele não estava presente no começo e...— Mas ele quer estar presente agora, Letícia — Camila me interrompeu. — E se
ColinReceber a mensagem de Letícia me convidando para a consulta de pré-natal foi um momento de pura felicidade. Era um pequeno passo, mas significativo, e meu coração se encheu de esperança. Passei a manhã inteiro ansioso, mal conseguindo me concentrar no trabalho. Quando o relógio finalmente marcou a hora de sair, peguei as chaves do carro e saí bem antes do horário combinado, determinado a não me atrasar.No entanto, a cidade parecia conspirar contra mim. A alguns quarteirões da clínica, deparei-me com um acidente de trânsito. Os minutos passavam lentamente enquanto eu observava os carros à minha frente, preso em um engarrafamento que parecia interminável. A ansiedade começou a me consumir, o suor escorrendo pela testa, mesmo com o ar-condicionado ligado."Não posso falhar, não hoje", pensei, batucando os dedos no volante.Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, o trânsito começou a fluir novamente. Dirigi nervosamente pelas ruas de Curitiba, cada semáforo vermelho aumentan
LetíciaEu ainda não estava completamente confortável com a ideia de ir ao apartamento de Colin, mas, de alguma forma, acabei aceitando o convite. Após o exame de ultrassom, onde pudemos ver nosso bebê, parecia um passo natural, mas a verdade é que minha curiosidade foi maior do que meu bom senso.Saber que Colin havia se mudado de vez para Curitiba, causou um misto de surpresa e curiosidade. Ele estava mesmo disposto a se aproximar, a ser presente? Essa era a pergunta que não saía da minha cabeça enquanto subíamos até o apartamento.Ao entrar, fui recebida por um ambiente acolhedor e bem decorado, de muito bom gosto. As paredes em tons neutros, a mobília moderna, tudo parecia cuidadosamente escolhido. Passei os olhos ao redor, tentando captar qualquer detalhe que revelasse mais sobre o homem que era Colin.Enquanto ele desaparecia na cozinha, continuei minha inspeção silenciosa. Havia alguns livros empilhados em uma mesa lateral, uma foto de paisagem emoldurada na parede, e um sofá c
ValquíriaO silêncio da cela era sufocante, mas eu já estava acostumada. Os dias passavam em um ritmo lento e constante, e a monotonia era quebrada apenas pelas raras visitas ou pelo ocasional barulho nos corredores. Estava absorta em meus pensamentos quando um guarda apareceu na porta, anunciando uma visita do meu advogado. Levantei-me, surpresa. Afinal, o advogado contratado por minha mãe havia desistido do meu caso.Enquanto caminhava pelos corredores, minha mente voltou ao doutor Fonseca. A imagem dele, um velho moralista e amigo de longa data da minha mãe e padrasto, surgiu com clareza. Ele nunca perdeu uma oportunidade de me dar sermões nas visitas, tentando me convencer do quanto minha atitude era horrenda. Não fiquei surpresa quando ele abandonou o caso, mas o vazio das duas últimas semanas sem visitas me deixou inquieta. Meus pais claramente não estavam empenhados em encontrar outro advogado, e Bárbara nem se deu ao trabalho de aparecer. Relembrei o quanto ela ficou furiosa
ColinApós a visita de Letícia ao meu apartamento, a inquietação me consumia. Precisava de um escape, algo para acalmar a mente. Decidi convidar Othon e Noah para alguns drinques e uma partida de cartas. Eles chegaram com o entusiasmo habitual, trazendo um pouco de leveza ao ambiente pesado dos meus pensamentos.Enquanto as cartas passavam de mão em mão, comecei a falar sobre os últimos acontecimentos. Contei como tinha sido especial acompanhar o ultrassom e ver minha filha no ventre de Letícia. A felicidade daquele momento foi algo marcante e eu precisava compartilhar isso com meus amigos.— Então, você realmente foi ao ultrassom? — Noah brincou, com um sorriso de orelha a orelha. — Quem diria que Colin, o eterno farrista, estaria agora ansioso para ser pai de família!Othon riu e concordou com Noah, mas havia um tom de sinceridade em sua voz quando disse:— É verdade, Colin. Você mudou muito, mas foi uma boa mudança. Estou feliz por você.Noah continuou a brincar, seu humor habitual