ColinQuando deixei Letícia em casa após o jantar, senti que a noite tinha sido um sucesso, mas ainda não estava pronto para me despedir. Mesmo quando ela insistiu que eu não precisava acompanhá-la até a porta, ignorei. Queria aproveitar cada momento, e essa era minha chance de levar a conversa a um próximo passo.Assim que chegamos à porta, senti que era o momento certo para tocar no assunto que vinha guardando desde o início do jantar.— Letícia, eu queria pedir algo — comecei, mantendo o tom casual, mas firme. — Eu gostaria que você conhecesse meus pais. Isso é muito importante para mim.Ela pareceu hesitar, e logo percebi a resistência habitual vol
PatrickOlhei ansiosamente para a porta do hospital, sentindo a familiar adrenalina correr em minhas veias. Conferi meu relógio mais uma vez, antecipando o momento em que tudo finalmente começaria a acontecer. E então, lá estava ela. Letícia Bernardi saiu pelas portas automáticas, seus olhos vasculhando o estacionamento, certamente à procura de Colin. Sorri, acenando como se fosse ele, a expressão de confiança no rosto, replicando perfeitamente o jeito descontraído que meu irmão sempre teve.Anos de prática havia me transformado em um mestre na arte de ser Colin quando me convinha. Sabia exatamente como agir, como falar, até como sorrir de um jeito que enganava qualquer um. E pelo jeito, Letícia não era exceção. Vi seus passos se apressarem em minha direção, sem o menor sinal de dúvida. Nenhuma suspeita, nenhum olhar desconfiado. Era quase ridículo como as pessoas eram fáceis de enganar.Quando ela se aproximou, senti uma onda de triunfo. Letícia abriu a porta do carro com a mesma nat
ColinEu estava dirigindo para buscar Letícia no hospital, os pensamentos ainda envolvidos nos últimos dias que passamos juntos. A rotina de buscá-la e deixá-la em casa estava se tornando parte do que eu mais apreciava no meu dia. Mas assim que dobrei a rua para ir ao hospital, uma visão inesperada fez meu coração parar.Valquíria.Ela estava ali, parada na calçada, como se tivesse surgido de um pesadelo que eu achava ter deixado para trás. Por um segundo, pensei que meus olhos estavam me enganando. Mas não. Era realmente ela. Valquíria, a mulher que quase tirou minha vida, estava parada a poucos metros de mim, como se estivesse esperando por esse exato momento.Sem pensar, parei o carro bruscamente e abri a porta. Eu estava em choque, uma mistura de incredulidade e adrenalina correndo pelas minhas veias. Saí do carro, meus olhos fixos nela, tentando processar o que estava acontecendo.— O que você está fazendo aqui? — gritei, a voz rouca, mal acreditando na cena que se desenrolava di
OthonEu e Karen estávamos saindo do hospital, discutindo sobre o que fazer para o jantar, quando algo chamou minha atenção. Vi Colin bater a porta do carro com força, o rosto determinado, quase furioso, enquanto andava apressado em direção a um beco próximo. Meu instinto me dizia que algo estava errado, mas foi apenas um segundo depois que tudo ficou claro.Karen gritou, a voz cheia de pânico: — Othon, é a Valquíria!Foi então que eu vi. Valquíria, a mulher que todos pensávamos estar contida, estava ali, andando rapidamente na mesma direção que Colin, como se estivesse o atraindo para uma armadilha. Meu coração disparou, e uma onda de preocupação tomou conta de mim. Karen estava grávida, e a ideia de me envolver em algo perigoso com ela ao meu lado era aterrorizante. Por um momento, fiquei paralisado, mas sabia que precisava agir rápido.— Onde está indo, Othon? — Karen perguntou, ao me ver fazer o retorno com o carro. Apenas quando estacionei o carro em frente ao hospital e pedi
LetíciaEu tentava controlar o pânico que ameaçava me dominar, mas meu coração batia como um tambor, rápido e descompassado, enquanto eu me esforçava para manter a calma. Tudo ao meu redor parecia distorcido, como se estivesse vivendo um pesadelo do qual não conseguia acordar. O homem ao meu lado, dirigindo com um foco frio e impiedoso, não era Colin. Não podia ser. Eu sabia disso agora, mesmo que no início tivesse sido enganada.A ideia de que o irmão gêmeo de Colin poderia estar em Curitiba e ainda mais usando um carro igual ao dele jamais teria passado pela minha cabeça. Como eu poderia imaginar uma coisa dessas? Quando entrei no carro, pensei estar segura. Era o carro de Colin, o rosto de Colin, o sorriso que, à primeira vista, parecia o de Colin. Mas agora, olhando de perto, percebi o erro.O homem ao meu lado tinha um olhar gélido, sem vida. Seus olhos, diferentes dos de Colin, não carregavam o calor e a intensidade que eu conhecia tão bem. Colin tinha um brilho nos olhos, como
ColinEu estava à beira do desespero. Letícia não atendia ao telefone, e cada tentativa frustrada aumentava o pânico que já estava tomando conta de mim. A única coisa que conseguia pensar era que algo terrível havia acontecido. Quando Othon sugeriu que fôssemos ao hospital para verificar se ela estava lá, aceitei imediatamente. Precisava saber onde ela estava, precisava vê-la com meus próprios olhos para acalmar o tumulto que estava se formando dentro de mim.Quando chegamos ao hospital, Karen estava na frente, parecendo tão desesperada quanto eu me sentia por dentro. Ela olhou para mim e Othon com uma expressão que misturava medo e ansiedade.— O que aconteceu? — perguntou ela, a voz trêmula. — Eu vi o carro da polícia e fiquei com medo do que poderia ter acontecido.Othon imediatamente assumiu o papel de protetor, o tom de sua voz mais severo do que o normal. — Karen, você não deveria estar aqui fora, se expondo assim. Sabe muito bem que Valquíria é completamente louca e imprevisí
LetíciaQuando Patrick encerrou a chamada abruptamente após soltar aquela bomba sobre Colin estar com Valquíria, uma onda de indignação me tomou por completo. Eu sabia que Patrick estava jogando comigo, mas as dúvidas, o medo, tudo aquilo estava me sufocando.As palavras de Patrick se repetiam na minha mente. Colin... com Valquíria? A mulher que tentou matá-lo? Aquilo não fazia sentido. Colin não poderia estar com Valquíria. Ele não faria isso. E se estava, era porque ele estava sendo forçado.Eu estava à beira do desespero, mas uma parte de mim ainda lutava para manter a esperança viva. Colin não me abandonaria, não do jeito que Patrick estava insinuando. E mesmo que ele estives
LetíciaPatrick deu um pequeno sorriso, mas não era um sorriso de alegria. Era um sorriso de alguém que se delicia com o caos, que se alimenta do medo e da confusão dos outros.— Só estou tentando mostrar a verdade, Colin, — disse Patrick, seu tom quase casual. — Deixando que Letícia veja quem você realmente é.— E quem eu sou, Patrick? — Colin perguntou, dando um passo em nossa direção. — Diga a ela, diga quem eu sou, mas faça isso sem suas mentiras.Patrick soltou uma risada curta, e por um momento, senti que ele estava prestes a fazer algo terrível. Eu me sentia perdida e tudo dentro de mim gritava para correr, para sair dali. Mas ao mesmo tempo, não podia deixar Colin enfrentar isso sozinho.— Eu não preciso dizer nada, Colin, — Patrick respondeu, o sorriso sumindo e a voz ficando fria. — Ela vai ver por si mesma. Vai ver o que eu vejo. Colin olhou para mim, seus olhos suavizando por um momento, antes de se fixarem novamente em Patrick. Havia tanta coisa não dita entre nós, tanta