Letícia
Quando Patrick encerrou a chamada abruptamente após soltar aquela bomba sobre Colin estar com Valquíria, uma onda de indignação me tomou por completo. Eu sabia que Patrick estava jogando comigo, mas as dúvidas, o medo, tudo aquilo estava me sufocando.
As palavras de Patrick se repetiam na minha mente. Colin... com Valquíria? A mulher que tentou matá-lo? Aquilo não fazia sentido. Colin não poderia estar com Valquíria. Ele não faria isso. E se estava, era porque ele estava sendo forçado.
Eu estava à beira do desespero, mas uma parte de mim ainda lutava para manter a esperança viva. Colin não me abandonaria, não do jeito que Patrick estava insinuando. E mesmo que ele estives
LetíciaPatrick deu um pequeno sorriso, mas não era um sorriso de alegria. Era um sorriso de alguém que se delicia com o caos, que se alimenta do medo e da confusão dos outros.— Só estou tentando mostrar a verdade, Colin, — disse Patrick, seu tom quase casual. — Deixando que Letícia veja quem você realmente é.— E quem eu sou, Patrick? — Colin perguntou, dando um passo em nossa direção. — Diga a ela, diga quem eu sou, mas faça isso sem suas mentiras.Patrick soltou uma risada curta, e por um momento, senti que ele estava prestes a fazer algo terrível. Eu me sentia perdida e tudo dentro de mim gritava para correr, para sair dali. Mas ao mesmo tempo, não podia deixar Colin enfrentar isso sozinho.— Eu não preciso dizer nada, Colin, — Patrick respondeu, o sorriso sumindo e a voz ficando fria. — Ela vai ver por si mesma. Vai ver o que eu vejo. Colin olhou para mim, seus olhos suavizando por um momento, antes de se fixarem novamente em Patrick. Havia tanta coisa não dita entre nós, tanta
ColinApós o que aconteceu com Letícia, eu sabia que não poderia deixá-la sozinha de forma alguma. Enquanto dirigia de volta para casa, a adrenalina ainda correndo pelas minhas veias, minha preocupação com ela era o que mais pesava em minha mente. Ela havia passado por algo terrível, e eu não podia arriscar que algo assim acontecesse novamente.Dentro do carro, eu tentei convencê-la a ir para o meu apartamento. Sabia que o prédio de alto padrão onde eu morava era muito mais seguro do que a casa dela. O lugar tinha segurança 24 horas, câmeras em todos os cantos e um sistema de entrada que praticamente tornava impossível para alguém como Patrick se aproximar. Eu queria que Letícia estivesse em um lugar onde eu pudesse protegê-la de qualquer ameaça, onde eu soubesse que ela estaria segura.— Letícia, — comecei, tentando manter a voz calma e racional. — Acho que seria melhor você ficar no meu apartamento por um tempo. É mais seguro lá, você sabe disso.— Não acho que essa seja uma boa ide
LetíciaFiquei profundamente emocionada com a forma como os pais de Colin me receberam. A forma calorosa e genuína com que Marieta me abraçou, a preocupação sincera no olhar de Afonso—tudo isso me pegou de surpresa. Eu havia ouvido algumas coisas sobre eles, principalmente sobre como sempre estiveram do lado de Patrick, mesmo quando as evidências apontavam para o contrário. Isso me fez criar uma imagem de pessoas distantes, talvez até frias. Mas agora, vendo o carinho e o cuidado com que me tratavam, percebi o quanto eles tinham mudado nos últimos meses.Colin havia me contado sobre a mudança que aconteceu em seus pais, especialmente depois que souberam o que Patrick havia feito, se passando por ele e sugerindo que eu deveria tirar o bebê que estava esperando. Detestava lembrar desse episódio, de como aquilo me abalou profundamente. Mas saber que, de certa forma, essa situação foi o catalisador para que Marieta e Afonso finalmente enxergassem quem Patrick realmente era, me comoveu.El
ColinEra difícil acreditar que, após um dia tão tumultuado, eu estava aqui, no meu sofá, com Letícia nos meus braços. Sentia o calor de seu corpo contra o meu, sua respiração calma e constante, e era como se todo o caos tivesse se dissipado. Ela estava aqui, comigo, e isso era tudo o que importava.Uma onda de emoção me invadiu, mas também um desejo profundo. Estar com Letícia, a mulher que estava esperando minha filha, a mulher por quem eu tinha me apaixonado perdidamente... era tudo o que eu mais ansiava. Eu a envolvi em meus braços, puxando-a para mais perto, e a beijei com ardor, deixando transparecer o quanto eu a desejava.Seus lábios nos meus eram uma mistura de suavidade e urgência. Cada beijo que trocamos parecia aprofundar o vínculo entre nós, e a intensidade só aumentava. Os beijos tornaram-se mais exigentes, cada toque mais elétrico, e o desejo de estar com ela completamente crescia dentro de mim. Mas, ao mesmo tempo, eu não queria apressar nada, não queria que Letícia se
LetíciaAcordei na manhã seguinte nos braços de Colin. Senti o calor do corpo dele contra o meu e, por um momento, fiquei apenas apreciando aquela sensação. Era reconfortante estar ali, envolvida por ele, como se o mundo lá fora não pudesse nos tocar. Mas então, o inevitável lembrete da minha gravidez se fez presente—eu precisava ir ao banheiro.Tentei me mexer com cuidado, na esperança de não acordá-lo. Mas assim que comecei a me desvencilhar de seus braços, Colin me segurou com mais firmeza, sem abrir os olhos.— Onde você pensa que vai? — murmurou, a voz rouca de sono, mas com uma pitada de possessividade que me fez rir.— Preciso ir ao banheiro, — expliquei, divertida. — Sabe como é, gravidez… não dá pra adiar.Colin soltou uma risada suave e me soltou apressadamente, como se de repente percebesse a urgência da situação.— Ah, isso realmente não dá para esperar, — disse ele, se recostando mais relaxado na cama. — Mas volte logo, estarei esperando.Senti meu peito aquecer com a doç
PatrickO telefone continuava vibrando no balcão da pia, mas eu o ignorei. Sabia que eram meus pais ligando. Desde que fugi de Colin na tarde anterior, Marieta e Afonso estavam se revezando nas tentativas de falar comigo. Provavelmente desesperados, como sempre, mas eu não estava pronto para lidar com eles. Não agora.Desde que voltei para o hotel, minha mente não parava de correr em círculos. A imagem de Colin descontrolado não saía da minha cabeça. Por que ele tinha mudado tanto? Sempre o vi como rancoroso, mas despreocupado, alguém que, no fundo, ainda estava obcecado por Valquíria e disposto a fazer qualquer coisa por ela. Mas agora? Agora ele parecia outra pessoa.Eu olhei para o meu reflexo no espelho, ainda atordoado pelo que havia acontecido. Colin... nunca, em todos esses anos, ele tinha chegado perto de agir daquela forma. Por mais que eu o provocasse, por mais que jogasse com ele, sempre soube que Colin era previsível, controlado. Sempre a choramingar para os nossos pais, s
ColinA ideia de uma viagem foi algo revigorante e decidimos ir até o hospital e conversar pessoalmente com Othon sobre uma licença temporária para Letícia. Eu estava certo que ele iria entender, independentemente do fato de sermos grandes amigos. Letícia está grávida e não pode estar suscetível às loucuras do meu irmão.Porém, quando estávamos a caminho do hospital, uma dor aguda atravessou meu peito como uma lâmina quente. A dor foi tão repentina e intensa que minhas mãos quase perderam o controle do volante. Instintivamente, encostei o carro no meio-fio, sentindo o suor frio se formar na testa. Respirei fundo, tentando acalmar o pânico que começava a crescer dentro de mim.— Colin? — Letícia perguntou, sua voz carregada de preocupação. — O que aconteceu?Eu segurei o volante com força, os nós dos meus dedos ficando brancos. A dor no peito era excruciante, como se algo estivesse pressionando meu coração com força. Mas, da mesma forma que veio, ela começou a desaparecer. Lentamente,
ColinQuando entramos no setor de emergência, vi os médicos e enfermeiros correndo para estabilizar Patrick e Valquíria. Ambos estavam gravemente feridos. O barulho das máquinas, o som dos monitores cardíacos, tudo parecia ecoar na minha mente, me empurrando para um estado de alerta constante.Othon se aproximou de um dos médicos, tentando obter informações.— Qual o estado deles? — ele perguntou, a voz firme, mas os olhos denunciando sua preocupação.O médico balançou a cabeça, apertando os lábios.— Tanto Patrick quanto Valquíria sofreram concussão severa e várias fraturas. Vamos estabilizá-los antes de fazer qualquer avaliação mais profunda.A cada palavra do médico, eu sentia uma mistura de alívio e desespero. Patrick estava vivo, mas gravemente ferido. E Valquíria... bem, ela sempre foi uma força destrutiva, mas mesmo assim, vê-la naquele estado me fez questionar tudo.— Não há nada que possamos fazer, a não ser esperar — Othon apontou, enquanto passava as mãos nos cabelos, bagun