Carolina
Precisei segurar a respiração diante do corpo musculoso, as tatuagens feitas em tinta preta cobrindo cada pedaço da pele branca, os mamilos presos por duas pequenas argolas de aço. As mãos grandes e fortes apoiadas contra a madeira da porta, senti cada uma das batidas do meu coração retumbando contra os ouvidos admirando pelo canto do olho o maxilar trincado sem reações enquanto a agulha cortava a carne atravessando o fio finalizando um ponto, repetindo o processo mais sete vezes. Segui os conselhos dos professores sobre manter a expressão neutra a todo momento, buscando de alguma forma não transparecer o quanto estava afetada por ele. Quase gritei de alegria quando as portas foram abertas e após declarar que havia terminado, fui liberada, mesmo que para esperar do lado de fora. Respirar um pouco fora da órbita dele para clarear a mente, estava pronta para buscar alguma maneira
Carolina De alguma maneira distorcida queria poder dizer que nada disso faz sentido, mas ao beliscar a perna pela milésima vez em menos de dez minutos sentindo a dor percorrendo a carne nem ao menos consigo entender como sai da rotina costumeira em receber insultos e humilhações daquelas mulheres para estar dentro da sala de aula pensando em uma forma de driblar os homens estranhos. Aquela conversa estranha retornando a minha mente a todo momento junto com o beijo quente. As janelas e as vidraçarias deixam exposto todo o gramado da entrada em uma visão de época, a fonte no meio junto do portão de ferro fundido trabalhado no que parece ser o brasão da família. Ao redor árvores altas porem podadas o jardim bem cuidado, parecendo um palácio bem no meio do inverno. “As pessoas devem admirar essa mansão” — Acabo falando sem querer “Apenas um suicida se atreveria a vir tão longe sem autorização.” A senhora apenas apontou com a cabeça a direção do banheiro, quando sai em cima da cama t
Carolina Sinto- me uma tola por ter ao menos acreditado que poderia fugir desse pesadelo. Tantas coisas na minha vida já deram errado, ainda sinto falta dos meus pais e a vida naquele orfanato… suspiro afastando as lembranças. Preciso manter a esperança mesmo sendo difícil. Ergo a cabeça decidida a sair desse carro e ir embora, então meus olhos batem na figura misturada as sombras saindo da escuridão mesmo que sua forma fique envolta por ela. Os olhos verdes fixos na janela pela qual o observo tenho a sensação de que mesmo pro vidro escuro ele consegue saber que o observo. A face bonita fechada em uma expressão sem emoções, um movimento, um olhar e os homens ao seu redor atendem as suas ordens. Usando uma camisa de malha escura sem sentir o peso do vento frio.Os no fortes contraídos e o ar de poder deixando ele ainda mais bonito se é que é possível a crueldade se transformar em beleza. Seguro a respiração durante todo o momento, ergo as pernas para o banco de couro abraçando os jo
Shouldn't let you torture me so sweetlyNow I can't let go of this dreamI can't breathe but I feel Good enoughI feel good enoughFor you Drink up sweet decadenceI can't say no to you - Good Enough - EvanescenceCarolinaNenhuma palavra foi dita durante o restante do percurso, o silêncio se tornou incomodo, mas é a fúria impregnada nele ao sair do carro que parece simplesmente atrair o próprio rancor, passar fome, fugir de um orfanato para não ser molestada, viver nas ruas buscando abrigo das noites frias observando as pessoas ignorarem todos os meus pedidos de ajuda.Quantas vezes alguém passou e chutou o pequeno pedaço de papelão a única coisa da qual poderia usar para dormir, as mulheres revirando o rosto os homens oferecendo dinheiro como se um pedaço de papel valesse a minha dignidade.São esses pensamentos que cegam a minha consciência para a situação na qual estou, saio correndo de dentro do carro e entrando dentro da enorme mansão atrás dele, avançando contra as costas musc
Nicklaus MikhaillGrudo as costas contra a porta do quarto que mandei preparar no momento em que recebi a ligação, recordo de todas as mulheres usadas por meu pai que ficaram aprisionadas nesse lugar. Um bastardo como eu não poderia ter caído tão distante da fruta podre.Ergo as mãos observando o sangue seco, retorço os lábios em desgosto por esse inferno de dia, solto o ar e vou para o quarto nada como um bom banho para amenizar a minha raiva, embaixo do chuveiro sentindo a água gelada batendo nas costas a imagem da garota de joelhos no chão assustada volta de uma maneira excitante.O seu medo tão palpável diante da minha crueldade chega a ser excitante.Mas de alguma maneira distorcida sou tomado pela fúria cega recordando do medo presente na face tão pequena contra o chão sendo espancada, sempre adorei ver todas as faces do medo em qualquer pessoa. É como uma droga tão viciante quando endorfina, queremos sempre mais e mais.Então, porque quando Carolina sente medo de outras pessoas
CarolinaCom o corpo todo dolorido decido apenas aceitar esse castigo, afinal, segurei nas mãos do próprio diabo entrando dentro daquele carro, as lágrimas caem tão dolorosas quanto os machucados no meu abdômen. Estou me sentindo tão cansada e tão frágil, afasto o banco com o pé ganhando espaço para poder deitar de lado sentindo o chão permeado pelo frio já conhecido das noites na rua.Ignoro a dor no pulso pela posição e abraço as minhas pernas, sendo tomada pelas lembranças de um tempo não tão distante. Lembro da fome queimando de dentro para fora e do frio adormecendo o corpo de fora para dentro. Um conflito tempestuoso enquanto ajeitava alguns pedaços de papelão buscando um lugar seguro para dormir, até finalmente conseguir um pequeno abrigo perto da escola. Foi graças a uma professora que consegui ficar viva durante esse período, sua bondade em deixar-me entrar primeiro no colégio para tomar banho além de conseguir algumas roupas.Pela manhã estudava e a tarde saia distribuindo u
Carolina Não paro para observar o caminho que tomamos enquanto sou carregada por ele, na realidade sentir o perfume masculino é como um balsamo, sinto que estou embriagada pela presença dele. “Nicklaus, preciso falar com você.” Não ergo a cabeça para encarar o dono da voz apesar de sentir ele parando e seu corpo enrijecendo pela tensão em volta do meu. Se estiver certa é o irmão dele. “Agora não.” — Duas simples palavras na voz firme e autoritária que causa arrepios pelo meu corpo. “É importante.” — Ergo um pouco a cabeça encontrando o olhar curioso. Os mesmos olhos revoltados cheios de promessas estranhas, analisando o irmão com cautela posso ver as perguntas que deseja fazer. “Então resolva.” O homem quase tão alto quanto Nicklaus abre um sorriso imenso como um lobo ganhando uma caçada. Quando se vira saindo em passos largos pelo corredor, Nicklaus volta a se movimentar escondo o rosto novamente em seu ombro querendo evitar a luz que ofusca meus olhos. “Gostou de olhar meu i
Carolina Vou na direção das cortinas abrindo um pouco posso ver a luz forte do sol brilhando iluminando o gramado molhado pela noite fria. O silêncio é tão incomodo quanto a sensação de estar presa, a solidão sempre foi confortável e agora tenho uma ilusão crescendo de uma maneira da qual nem ao menos consigo organizar os pensamentos. Sinto o perfume masculino primeiro, o toque quente vem em seguida com a mão grande demais ao redor da minha cintura usando o nariz para traçar uma linha em meu pescoço deixando um rastro de arrepios. “Vem, vamos dormir.” — A voz rouca me excita e não deveria. Observo suas costas repletas de desenhos se encontrando com estrelas de várias pontas nos ombros. Os músculos firmes bem marcados apesar das cicatrizes, agora posso notar, alguns pontos que parecem ser marcas de balas e outras de facas, e o moletom cinza foi trocado por um preto sem esconder a bunda arredondada. Nicklaus se deita na cama enorme seus olhos encontrando os meus ao arquear uma sobranc
Nicklaus Obverso a maneira tranquila da qual dorme em meus braços desatenta ao perigo tão próximo, deixo que fique na minha cama enquanto saio para resolver entender o que pode ter acontecido para Dimitri estar tão preocupado, ainda mais quando é sempre tão intransigente. A bela visão deveria ser o suficiente para apaziguar a fera sedenta para destruí-la, mas não é, meu desejo em quebrar sua inocência apenas aumenta exponencialmente, quero que veja a beleza da destruição e o preço a ser pago por encantar o diabo com seus olhos assustados. Entro no closet apenas para pegar uma camisa preta, saio do quarto a deixando para trás junto com a pouca decência que ainda tenho para preservar a sua virgindade. Dimitri como sempre está com os braços cruzados em frente a porta da suíte. “Esperava escutar os gritos da nossa garota” Completamente cego avanço como um animal, o segurando pelo pescoço e batendo sua cabeça contra a parede com força. “Ela é minha”— Declaro possessivo, seu sorriso lou