A verdade daquela noite

As lágrimas não descem, mas, a frustração que sentia aumentou com as palavras dele.

- Você machuca e depois assopra, acha que sou criança para me tratar desse jeito?

- Falo sério quando digo que te quero, mas você não parece me ouvir.

- Me deixe em paz Dominic, não vou ser mais um dos seus brinquedos.

- Eu confesso que não sou bom nisso, geralmente as mulheres e que vêm atrás de mim. Mas você é diferente Linda. O que sinto por você é mais forte, diferente de tudo que já senti por qualquer outra mulher.

- Eu não tenho tempo para isso, Dominic. Não posso perder tempo com curtição, não quero ter um caso com ninguém agora.

- O que você quer fazer então?

- Eu tenho pouco tempo e muita coisa para fazer, você não entenderia.

Linda estava muito preocupada com os próximos quatro meses. Ela terá que sair do alojamento após se formar e não tinha muito dinheiro.

Arrumar um lugar para morar e se alimentar, era um desafio que vinha enfrentando há dois anos. Roupas, ela comprava usadas em um bazar. Já nem se lembra da última vez que pôde se dar ao luxo de adquirir algumas peças.

- Então me diga, eu juro que vou tentar te entender.

- Deixa para lá, agora quero ir para casa.

- Aquele lugar mal é um quarto, como pode se chamar de casa?

- De qualquer forma, é lá que vivo!

- Você pode ir morar no meu apartamento. Bom que faz companhia para a San.

Ela o olhou sem expressão.

- Não é uma boa ideia!

- Eu posso arrumar outro lugar para você.

Um pequeno sorriso se formou em seus lábios, com certeza, teria um preço.

- Estou bem assim. De qualquer forma sairei do alojamento em alguns dias.

- E para onde pretende ir?

- Ainda não resolvi. Talvez eu vá para uma cidade mais tranquila.

Dom não ficou satisfeito, saindo da cidade, ele poderia não vê-la mais. Então tomou a decisão mais louca de sua vida.

- Casa comigo Linda. Não terá problema de dinheiro e nem preocupação com onde morar.

- Você é louco? A gente nem se conhece!

- Eu sei que te quero, te quis desde o primeiro dia que te vi. Você não é indiferente a mim. Então, vamos nos casar?

- Me leva para casa Dominic. Estou tão cansada que não consigo nem pensar.

Ele ligou o carro e foi em direção a faculdade.

- Vou te levar e você pega as suas coisas e vai para o apartamento. Vou avisar a Sandy.

- Eu não disse que ia.

- Por favor Linda, não aguento imaginar você naquele prédio vazio e desconfortável.

- Eu não vou morar com você Dominic! Não sei porque você cismou comigo, as coisas não funcionam assim.

Claro, ela não podia se esquecer da saída do orfanato aos cinco anos e o quanto se sentiu feliz em ter uma família. No final, eles se foram e cortaram os laços a deixando decepcionada.

Um casamento sem mais nem menos onde eles mal se conhecem, estava fadado ao fracasso e o divórcio entre pessoas ricas eram muito mais frequentes do que pessoas comuns como Linda.

- Tudo bem. Você e a San ficam no AP. Eu vou para casa. Minha família tem uma casa em Manhattan. Quando você estiver pronta, a gente se casa.

Para ela não era surpresa, pessoas como ele tinham casas por todos os lugares. Mas a persistência dele era uma surpresa inusitada, casar era coisa séria e ele não parecia estar brincando.

- Eu não vou me casar com você, Dominic.

- Sou tão ruim assim aos seus olhos?

- Não te conheço para julgar. Mas tenho certeza que não lhe faltam pretendentes! Você é bonito, rico e sem nenhuma preocupação na vida. Casar para você e como comprar um carro, quando cansar é só trocar.

- Então o que você quer Linda? O que deseja fazer na vida?

- Eu só estou lutando para sobreviver, vou dar um passo de cada vez. Depois que me formar, arrumar um emprego e cuidar da vida casamento não faz parte dos meus planos.

- Você tem vinte e três e três anos, já está na hora de definir. Já deve ter curtido a vida bastante.

- Como sabe minha idade? Eu não tenho vinte e três.

- Qual sua idade então?

- Tenho vinte.

Ela faria vinte e um no próximo mês, mas não achou necessário dizer a ele.

Quando entrou no condomínio em que Dom morava, Ela se sentiu muito desconfortável, seria muita coincidência estar de volta naquele lugar.

Seguiu atrás dele que segurava sua mala em uma mão e a puxava pela outra sem perceber sua mudança.

- Chegamos!

Dominic abriu a porta e colocou a mala de lado. Só agora ele percebeu a palidez da garota.

- O que ouve?

- Esse lugar! eu já estive aqui!

Linda afirmou como que para si mesma baixinho e gaguejando.

Sem dizer mais nada, ela saiu andando pelo apartamento como uma sonâmbula. Dom pegou sua mala e a acompanhou, olhando para ela abrindo as portas e se deteve em seu quarto. Entrou e parou como se tivesse visto uma assombração.

- Esse quarto, era você!

- Esse é meu quarto. Gostou?

No minuto seguinte, ela avançou sobre ele, os punhos fechados o acertando direto no peitoral.

- Foi você que fez aquilo comigo! Você é um desgracado, acabou com minha vida!

Surpreso, Dom a abraça forte imobilizando seus ataques.

- Linda, se acalme! Vamos conversar, ok?

Agora ele tinha certeza, ela realmente era a mulher que ele procurou por mais de um ano. Mas ela não queria se acalmar, queria sair dali.

- Linda, foi você que se atirou sobre mim naquele dia.

- Mentira! Eu jamais faria isso.

- Me escuta primeiro, ok? Vamos relembrar o que aconteceu.

- Eu não me lembro de nada.

Dom a levou até a cama e a fez sentar sem solta-la.

- Nós estávamos em um bar e você estava muito bêbada. Eu também bebi, mas indiscutivelmente estava melhor que você. Não quis te deixar lá naquele estado e me ofereci para te levar para casa.

- Mas me trouxe para cá em vez do alojamento.

- Você não soube me dar o endereço e eu não podia te deixar na rua. Foi por isso que te trouxe para cá.

- E então se aproveitou de mim.

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