OliviaEntrei na caminhonete e acelerei retornando à estrada em direção à Montana. Ao chegar no estacionamento, desliguei o motor e desci do carro. Tate estava sentado em uma cadeira do lado de fora do ônibus. Quando me viu, colocou-se rapidamente de pé, aproximando-se.— Está tudo bem? — Havia preocupação em sua voz.Eu havia contido o choro até em casa, concentrando-me na estrada para evitar um acidente, mas agora já não era capaz disso. Neguei com a cabeça enquanto começava a chorar alto outra vez, soluçando. Tate correu até mim e amparou-me em seus braços quando as minhas pernas falharam. Sentou-se no chão comigo e abraçou-me apertado, balançando o corpo de um lado para o outro, tentando me acalentar.Primeiro, ele permitiu que eu chorasse copiosamente. Não fez questionamentos; apenas dizia que ele estava ali e que cuidaria de mim, que tudo ficaria bem. Mas depois de um tempo, quando eu já não tinha lágrimas para derramar, ele me levou para dentro do trailer e colocou-me sentada à
OliviaO último show havia sido incrível. Não sei se porque agora não carregava mais um fardo cheio de medo e preocupações, ou porque foi o meu aniversário. Trinta anos, enfim. Parabéns para mim!Eu me sentia leve e livre novamente nos palcos, e acho que todos repararam isso, principalmente Tate. Ele havia ficado três dias sem falar comigo depois daquela noite bizarra, da qual fazia muita questão de não pensar. Mas, após dar um tempo para ele absorver toda a minha merda de vida, uma noite bateu na porta do trailer com uma garrafa de um bom uísque na mão.Naquela mesma noite, Jason apareceu. Sentamo-nos do lado de fora, com cobertores, e bebemos por longas horas madrugada adentro. Conversamos muito, mas sobre nada importante, e nenhum de nós tocou no meu passado trágico. Ele é um assunto encerrado agora.Não falei com Jason sobre o que peão de meia-idade fez com aquele homem. Senti que não gostaria de saber sobre isso. Jaden não pareceu ser contra aquilo que aconteceu; vi em seu rosto.
OliviaLevantando-me, guardei o violão na case e desci do palco, recebendo algumas parabenizações e cumprimentos. Caminhei até o bar e pedi ao barman uma garrafa d’água.Senti uma aproximação à direita e logo um assobio um tanto estridente ecoou vindo de encontro ao meu ouvido. Olhei para o lado, e lá estava um homem alto, vestindo trajes country e um grande chapéu que fazia um pouco de sombra na sua face. Ele era velho, talvez tivesse uns sessenta ou mais anos.— Garota, você tem uma voz incrível!— Obrigada.— Essa canção quase me fez chorar.Um risinho foi inevitável. Eu havia chorado muito enquanto a escrevia. E imaginar um homem como ele chorando, foi engraçado.— Sou Hugo. — Estendeu-me a sua mão, que apertei rapidamente.— Olivia Daves.— O pessoal aqui gosta de você.— Estou aqui há três meses. Eles só estão acostumados comigo, isso sim.— Não subestime o seu talento. Você canta sozinha?— Não. Tenho uma banda que me acompanha.— E onde eles estão, adoraria ver vocês se apre
OliviaTate e Merle voltaram meia hora depois. Lá fora estava muito frio, então ficamos dentro do ônibus, bebendo e comemorando, enquanto observávamos o cartão de visita. Eu fiquei com medo de perder aquele pedacinho de papel, então salvei os contatos e compartilhei com todos, incluindo Jason.Eram pouco mais de duas da manhã e Merle já roncava bêbado e largado em um dos sofás. Clay se levantou e deu-nos boa noite, indo para a sua cama.— Está bem tarde e acho que todos devíamos descansar. Eu já vou indo — disse Jason, levantando-se.— Também já vou.Despedi-me de Tate, e na companhia de Jason, deixei o ônibus. Ele me acompanhou até a porta do trailer e então segurou a minha mão.— Você merece a incrível vida que terá muito em breve.— E nem estarei do outro lado do país.— Pois é. Será mais fácil visitar você.Sorri.— Boa noite, Olivia. — Beijou a minha testa, demoradamente.— Boa noite, Jason.Ele se afastou e se foi, sem olhar para trás.Às vezes, tenho a sensação de que o nosso c
JadenUm sentimento horrível surgiu, causando dor no peito. Eu sentia, de alguma forma, que era ela ali no centro daquela aglomeração. Senti também que algo terrível havia acontecido com ela. Meu coração palpitou ansioso no peito.Embora quisesse me aproximar, não conseguia mover o meu corpo. Minhas pernas pareciam pesar toneladas e não me obedecer.— Tragam a maca — pediu um dos paramédicos, para o outro que estava ao lado da ambulância.Ele apanhou rapidamente a maca nos fundos e levou-a até lá. Meus olhos se fecharam involuntariamente, apertando as pálpebras.— Deus! Por favor, não. Que não seja ela. — Agarrei-me a toda esperança que tinha de que não seria ela a vítima daquela ocorrência.— Saiam da frente! — Alguém gritou novamente.Reunindo de toda coragem e força dentro de mim, vagarosamente e ainda mais cheio de medo, abri os meus olhos. Não era possível ver o rosto de quem os paramédicos estavam levando sobre a maca, mas quando os meus olhos repousaram sobre a manga da jaqueta
Jaden— Jaden.Ergui a cabeça, e lá estava Jason na companhia dos amigos de Olivia.— Tem notícias?Neguei com a cabeça, encarando os homens atrás dele.— Vocês não a ouviram nada? Não ouviram ela gritar? — perguntei com a voz carregada de raiva, tentando não berrar.— Estávamos bêbados e desmaiados — disse um deles, com um olhar molhado e cheio de culpa.— Ela não gritou. Acho que foi pega de surpresa e não a deixaram pedir por ajuda — disse o meu irmão. — Os vizinhos disseram que acordaram pelos latidos insistentes do cachorro. Uma senhora saiu para ver o que estava acontecendo e encontrou Olivia, desacordada.— Quem fez isso com ela? — perguntei desolado.— Não sei. Assalto? — sugeriu Jason.— De jeito nenhum. Estamos ali há três meses, isso nunca aconteceu! — disse Tate. — E se for o tal do Thommy?— Quem? — perguntou um dos outros caras da banda.— Longa história — falou Tate.— Ele não se atreveria — disse certo disso. — Mandei que ele deixasse a cidade.— Grant está solto. Pode
JadenJason o agradeceu e veio atrás de mim, alcançando-me no estacionamento.— Para onde vai?— Para casa.— Eu vou avisar os rapazes da banda sobre o quadro dela.— Okay. — Abri a porta da caminhonete, entrando.— O que vamos fazer com a polícia? Eles não podem descobrir sobre a identidade da Olivia.— Vou cuidar disso mais tarde. Se te procurarem, não diga nada. Afinal, você não estava lá.— Tudo bem. — Chegou mais perto, respirando fundo. — Vai procurar quem fez isso, não vai?Não o respondi, apenas continuei a encarar o volante, e dei partida no motor.— Eu quero estar lá quando achar quem fez isso.— Não acha que já se meteu em muitas merdas esse ano? — Olhei-o, com uma feição dura e feia.— Não tira isso de mim. Desejo tanta vingança quanto você.— Tchau, Jason. — Acelerei o carro, sem dar mais tempo para aquele assunto.É óbvio que irei atrás de quem fez isso e farei com ele pior do que fez com ela, mas não envolverei meu irmão mais novo nessa história.Havia uma parte dos Be
JadenAcordei sobressaltado e muito assustado ao escutar um estridente latido ao meu lado. Sentado na cama, com o coração disparado de susto, olhei para o lado e lá estava o cachorro, latindo para mim. Olhei-o irritado, e ele saiu correndo para fora do quarto.Segui-o e encontrei-o diante da porta da frente. Ao abri-la, ele saiu correndo, desceu a varanda e começou a cheiras o terreno à frente. O cão fez as suas necessidades, e eu fiquei ali, de pé, vestindo apenas uma cueca branca, esperando por ele.Havia dormido bem mais do que quatro horas. O sol já começava a se pôr. Meu estômago roncou de fome, e eu me lembrei que não comia nada desde as seis da tarde do dia anterior.O cachorro voltou para dentro de casa, e eu fechei a porta. Na cozinha, peguei mais alguns pedaços de pão e coloquei na sua tigela de comida, que já estava vazia. No armário, peguei um pote de macarrão instantâneo. Abri a tampa, cobri tudo com água e despejei os temperos, colocando-o por três minutos no microondas.