JadenOlhei para trás e senti-me tentado a confrontar Olivia. Mas o que fiz, claramente, já havia causado bastante mal a ela. Não precisava dos meus questionamentos agora. E eu não sei se aguentaria vê-la chorar nem por mais um segundo, sem tomá-la nos meus braços.Com parte do rosto lavado em sangue, segui para o estacionamento onde havia deixado a caminhonete.— Mas que diabos aconteceu? — Ouvi a voz de Jack reverberar atrás de mim.Parei por alguns segundos e tomei fôlego pela boca, antes de virar-me para ele, que me encarava de cenho franzido. Encarei-o em silêncio na dúvida se devia confrontá-lo como disse Jason.— Eu perguntei que diabos aconteceu — disse entredentes, irritado, aproximando-se.Não abaixei a cabeça para ele. Meus olhos se fixaram nos seus, e eu dei um passo adiante, encurtando ainda mais a distância entre nós. Meus ombros ficaram duros e doeram um pouco com a tamanha tensão que sentia.— De quem são aqueles ossos? — perguntei em baixo tom, porém, firmemente.Seu
JadenAlgum tempo depois, um homem surgiu, abrindo-as repentinamente.— Bennett? — disse ele ao me ver.— Louis...O ortopedista era um velho conhecido. Quando mais jovens, costumávamos beber juntos alguns finais de semana, mas ele se saí como um belo encrenqueiro. E eu, por outro lado, sempre tentei me manter fora de problemas. Por consequência disso, acabamos nos afastando. A última notícia sua que tive foi de que havia se mudado para Seattle.— Achei que não morasse mais por aqui.— Eu voltei há um mês. — Sentou-se à minha frente. — A minha enfermeira disse que você se meteu em uma confusão. Engraçado. Achava que você não gostasse delas.— Não foi bem uma confusão. Diria que foi um desentendimento entre irmãos.— Jame?— Jason.— Ah, eu me lembro dele. Fiquei sabendo do Jacce. Sinto muito.Permaneci em silêncio.— Bom... seu nariz está quebrado — disse olhando para mim. — Melissa, prepare uma tala.— Sim, doutor — respondeu a enfermeira.Eu não a conhecia. Nunca a vi pela cidade, e
OliviaEu não queria ter visto aquilo. Era doloroso para mim, embora já há muito tempo eu conseguisse conviver com a culpa de ter matado o meu pai. No entanto, Jaden não tinha aquele direito. Ele nada tinha a ver com essa situação. Por que ele veio até aqui? Jason o contou? Depois de dias sem nos falarmos, é assim que ele se aproxima?Lágrimas ainda desciam pelas minhas têmporas. Norman estava ao meu lado, deitado na cama. Estava ferrada. A semana seguinte seria meu prazo final, e eu não tinha o dinheiro para dar a Thommy. Isso gerava uma tremenda angústia e desespero. Onde estaria o colar? Estava tão certa de que o enterrei com ele, lembro-me disso.Quando amanheceu, acordei determinada em dar um jeito nisso. Talvez eu devesse contar aos meninos o que estava acontecendo. Afinal, a vida deles corria risco. Eu sabia que nenhum deles poderia me ajudar com grana, mas aos menos eles teriam a escolha de ir embora, após o show dessa noite.Abri a porta do trailer para que Norman pudesse sai
OliviaRespirando fundo, enquanto meu coração batia forte no peito, peguei o celular e olhei as horas. Eram nove e meia. Thommy devia chegar a qualquer momento.O local da entrega do dinheiro havia sido marcado em uma área considera terra de ninguém entre os estados de Montana, Wyoming e Idaho.— Tem certeza de que ninguém o seguiu até aqui? — perguntei, olhando para Jason, que colocava bala por bala dentro da arma que trouxe consigo.Embora eu tenha me manifestado contra isso, ele disse ser necessário.— Se por ninguém você quer dizer o Jaden, sim, ele não me seguiu. Sequer estava no rancho quando saí.Assenti, respirando fundo mais uma vez. Estava muito nervosa e com medo de que algo desse errado. Sentia um enjoo medonho, que só piorava a cada segundo com a ansiedade.— Acho que vou vomitar — disse, virando-me para o lado e curvando o corpo para frente, apoiando as mãos nos joelhos.— Vem vindo um carro.Olhei para Jason, que mantinha uma postura rígida e ereta. Seus ombros inflados
OliviaDe repente, um tiro foi ouvido, ecoando longe ao vale e até o céu da noite, paralisando a todos nós. Imediatamente, meus olhos foram até os dois homens que rolavam ao chão. Eles estavam parados, encarando-se.— Saia de cima dele! — A voz de Jaden reverberou alto, saindo de trás do meu carro estacionado logo atrás do de Jason.Ele apontava uma espingarda para Thommy, que lentamente levantou-se erguendo as mãos para cima. O homem que me detinha apertou o braço no meu pescoço e colocou o cano da sua arma contra a minha cabeça. Fiquei completamente apavorada. Meus olhos se encheram de lágrimas, que escorreram pela face.— Nem pense nisso — disse um dos peões do rancho, para o homem que me segurava. — Afaste a sua arma bem devagar, se não quer ficar sem a maldita cabeça. — Ele falava calmamente, mas não menos intimidador.— Faça o que ele está mandando! — disse Thommy.O capanga rosnou enfurecido e soltou-me, empurrando o meu corpo com força em direção ao peão de meia-idade, que me
OliviaEntrei na caminhonete e acelerei retornando à estrada em direção à Montana. Ao chegar no estacionamento, desliguei o motor e desci do carro. Tate estava sentado em uma cadeira do lado de fora do ônibus. Quando me viu, colocou-se rapidamente de pé, aproximando-se.— Está tudo bem? — Havia preocupação em sua voz.Eu havia contido o choro até em casa, concentrando-me na estrada para evitar um acidente, mas agora já não era capaz disso. Neguei com a cabeça enquanto começava a chorar alto outra vez, soluçando. Tate correu até mim e amparou-me em seus braços quando as minhas pernas falharam. Sentou-se no chão comigo e abraçou-me apertado, balançando o corpo de um lado para o outro, tentando me acalentar.Primeiro, ele permitiu que eu chorasse copiosamente. Não fez questionamentos; apenas dizia que ele estava ali e que cuidaria de mim, que tudo ficaria bem. Mas depois de um tempo, quando eu já não tinha lágrimas para derramar, ele me levou para dentro do trailer e colocou-me sentada à
OliviaO último show havia sido incrível. Não sei se porque agora não carregava mais um fardo cheio de medo e preocupações, ou porque foi o meu aniversário. Trinta anos, enfim. Parabéns para mim!Eu me sentia leve e livre novamente nos palcos, e acho que todos repararam isso, principalmente Tate. Ele havia ficado três dias sem falar comigo depois daquela noite bizarra, da qual fazia muita questão de não pensar. Mas, após dar um tempo para ele absorver toda a minha merda de vida, uma noite bateu na porta do trailer com uma garrafa de um bom uísque na mão.Naquela mesma noite, Jason apareceu. Sentamo-nos do lado de fora, com cobertores, e bebemos por longas horas madrugada adentro. Conversamos muito, mas sobre nada importante, e nenhum de nós tocou no meu passado trágico. Ele é um assunto encerrado agora.Não falei com Jason sobre o que peão de meia-idade fez com aquele homem. Senti que não gostaria de saber sobre isso. Jaden não pareceu ser contra aquilo que aconteceu; vi em seu rosto.
OliviaLevantando-me, guardei o violão na case e desci do palco, recebendo algumas parabenizações e cumprimentos. Caminhei até o bar e pedi ao barman uma garrafa d’água.Senti uma aproximação à direita e logo um assobio um tanto estridente ecoou vindo de encontro ao meu ouvido. Olhei para o lado, e lá estava um homem alto, vestindo trajes country e um grande chapéu que fazia um pouco de sombra na sua face. Ele era velho, talvez tivesse uns sessenta ou mais anos.— Garota, você tem uma voz incrível!— Obrigada.— Essa canção quase me fez chorar.Um risinho foi inevitável. Eu havia chorado muito enquanto a escrevia. E imaginar um homem como ele chorando, foi engraçado.— Sou Hugo. — Estendeu-me a sua mão, que apertei rapidamente.— Olivia Daves.— O pessoal aqui gosta de você.— Estou aqui há três meses. Eles só estão acostumados comigo, isso sim.— Não subestime o seu talento. Você canta sozinha?— Não. Tenho uma banda que me acompanha.— E onde eles estão, adoraria ver vocês se apre