JadenOlivia e eu transamos mais uma vez, sobre o tapete macio diante da lareira. Quando enfim gozamos, juntos, ela beijou-me sem pressa, apreciando os meus lábios. Abracei o seu corpo sentado sobre o meu colo, segurando-o junto a mim com firmeza, afundando as pontas dos meus dedos na sua pele. Nossos lábios se separaram, e ela olhou-me com um olhar amoroso, passando as mãos pelos fios na minha cabeça. — Temos mesmo que dizer adeus agora? — perguntou, levemente ofegante.— Não posso mais me permitir te machucar. Você deseja um relacionamento que não posso te dar. E por mais que estar perto pareça melhor do que nada, não é justo com você.— Por quê?— Porque o que temos nunca irá evoluir. Ficaremos presos onde estamos até que um de nós se canse disso e vá embora odiando o outro. E esse um de nós, será você.— Por que finge que não está apaixonado por mim? — perguntou com o cenho franzido e com um pouco de irritação na voz.O seu corpo recuou-se, criando uma distância de uns trinta cen
OliviaMeus olhos estavam inchados de tanto chorar por uma noite inteira. Deitada na cama, eu colocava uma bolsa de gelo sobre eles. Precisava estar impecável em duas horas para o aniversário do governador, que começaria ao meio-dia.Uma batida na porta foi ouvida e gritei, anunciando que a porta estava aberta. Tate entrou, aproximando-se de mim. Ele encarou o meu rosto inchado e torceu a face com desgosto. Coloquei o gelo novamente sobre os olhos e respirei fundo.— O que aquele cowboy metido fez agora? — perguntou, sentando-se na beirada da cama.— Você estava certo sobre ele. Jaden é do tipo que quebra corações.Um riso cheio de escárnio escapou dele.— Odeio estar certo quando isso te faz triste. — Segurou minha mão.Retirei novamente o gelo do rosto e encarei o teto. Um suspiro pesado e cheio de cansaço emanou de mim.— Eu já me apaixonei antes, e você sabe disso. Mas nunca foi nada como é agora. O meu coração está doendo e eu sinto vontade de ir até ele implorar aos seus pés par
OliviaAssim que meus pés pisaram no palco e meus olhos alcançaram a entrada, Jaden surgiu. Agarrada ao microfone, eu o encarava enquanto meu coração batia rápido, estremecendo o colar sobre o peito. Borboletas voaram por meu estômago e eu me senti imensamente nervosa. As pernas tremeram e as mãos suaram frias.Ele estava maravilhoso. Nunca imaginei que poderia ficar ainda mais bonito, mas sim, era perfeitamente possível. Jaden trajava terno cinza e camisa preta. Os primeiros botões estavam abertos, exibindo um pedaço do seu peitoral.Seus olhos viajaram pelo mar de pessoas, até chegarem nos meus. A carranca dura se desfez rapidamente. Os olhos brilharam e eu pude ver o canto dos seus lábios se erguerem lentamente em algo que fora quase um sorriso.Então, percebi uma movimentação ao seu redor. Uma mulher morena de corpo esbelto e longos cabelos lisos aproximou-se dele a passos apressados, parando à sua frente. Eu me lembro dela. É alguém bonita demais para se esquecer facilmente, e su
OliviaVirei-me para ele, encarando-o nos olhos.— Vamos sair daqui.Pegando-me pela mão, deixamos a tenda por uma saída lateral. Caminhamos até um pouco mais adiante, parando próximo da cerca.— Há doze anos Jaden se meteu em uma merda bem grande. Ele não tem culpa do que aconteceu, mas, segundo o nosso pai, ainda assim poderia ser preso.— Que diabos aconteceu? — perguntei sentindo uma pontada de preocupação.— Uma garota que era envolvido com ele tirou a própria vida. Jaden sabia o que ela ia fazer, mas não fez nada para impedir, porque não acreditava nas suas palavras. A família dela prestou queixa contra ele e moveu um processo. Meu pai o ajudou. Não sei como e nem o que fez. Acho que deu muita grana para a família dela desistir do processo. Sei que também moveu alguns pauzinhos com o polícia de Helena para arquivarem o caso.— Isso é horrível, mas... não estou entendo onde quer chegar.— Jack não é o homem que todos pensam ser. Ele é mal. Tomou do filho que mais o amava e admira
OliviaEu estava me sentindo atordoada, enjoada e com muito medo. Lá fora, andei em direção para onde o nosso ônibus estava estacionado. Eu precisava de um tempo sozinha em algum canto. Ao me aproximar, um casal se agarrava loucamente encostados na lataria empoeirada. Ambos notaram a minha presença e soltaram-se, olhando-me assustados.Jannet estava descabelada e tinha a barra do seu vestido erguido até a cintura. O peão à sua frente estava com a boca suja de batom vermelho e tinha os botões da camisa arrebentados. O cinto e braguilha do seu jeans justo estavam abertos.— Desculpe — disse, dando meia-volta e saindo dali rapidamente.Olhei ao meu redor procurando por um lugar que fosse longe o suficiente daquela festa. Avistei um morro, a um quilometro. Subi para o alto a passos largos. Estava sendo um dia de muita merda para minha vida e meu emocional. Sentando-me na grama alta, respirei fundo e fechei os olhos, curtindo a brisa fresca e gélida que vinha contra o meu rosto. Fiquei ass
OliviaQuatro meses atrás...Sob aplausos, nos despedimos do público em uma casa de show na cidade de Austin. Ao descer do palco, um homem grande e gordo apareceu à minha frente, interrompendo o meu caminho. De cenho franzido, encarou-me nos olhos.— Eu conheço você? — perguntou ele, estreitando as pálpebras.O homem não me era estranho. Eu poderia dizer que sim, era possível que nos conhecêssemos, mas não saberia dizer de onde.— Acho que não, desculpe — disse por fim.Dei um passo para o lado, tentando afastar-me dele, mas antes que pudesse andar, meu punho foi agarrado com muita força. Olhei-o assustada, tentando livrar-me do seu aperto, mas não consegui.— Não... Eu conheço você, tenho certeza.— Me solte! — Fui impaciente.— O seu rosto... ele é tão familiar. — Chegou mais perto, zerando a distância entre nossos corpos. — Esses olhos... De onde veio? Montana?— Algum problema? — perguntou Tate, encarando-o feio.O homem de meia-idade olhou para ele e soltou-me. Dei dois passos pa
Olivia— O quê? Eu não tenho trinta mil e nem como conseguir isso — falei, desesperada. — Vivo na estrada, cantando em bares e festivais.— Isso não é problema meu! — gritou. — Sabe há quanto anos estou procurando por aquele desgraçado? — Ele estava ainda mais irado. — A culpa de eu não ter recebido a minha grana, é sua! Você o matou. Então, você me deve! — Apontou a arma para mim novamente, mirando-a no meu rosto. Eu me encolhi ainda mais. — E somando doze anos de juros e correção monetário... — Sorriu mais uma vez. Um sorriso perverso e humorado. Ele estava se divertindo com o meu medo e o desespero. Desgraçado! — Diria que a dívida está em cem mil dólares.Meus olhos se arregalaram novamente.— Mas não foi para mim que emprestou dinheiro. Não tenho como te pagar! Novamente, a sua mão agarrou a minha garganta, assustando-me para caralho e fazendo-me gritar.— Então terei que incendiar um ônibus agora mesmo! Eu só preciso dar um telefonema, e logo a manchete de amanhã será corpos ca
OliviaOs meus braços doíam, já cavava a muitas horas. Parei por um minuto e respirei fundo, sentindo o ar queimar nos pulmões e suor escorrer por cada centímetro de pele. Tinha de encontrar o corpo antes que o frio começasse a congelar a terra. Já havia perdido a contas de quantos buracos tinha feito naquele pasto.Tudo estava diferente. Eu não me lembrava exatamente onde eu havia enterrado o meu pai. A cerca era nova e talvez tivesse sido movida alguns metros quando reconstruída. Já havia cavado por todo o perímetro rente a ela. O pasto agora pertencia aos Bennett. A área havia sido parcialmente desmatada. O meu único ponto de referência estava sendo uma árvore a metros de distância, que eu sequer tinha certeza se era a mesma de anos atrás.— Deus... por favor. — Encarei o céu repleto de nuvens densas. — Por favor, me ajude!Agachei-me dentro da cova, caindo de joelhos. De olhos fechados, abaixei a cabeça, sentindo uma grande exaustão pesar sobre as costas. Não tinha mais condições