Eu não conseguia acreditar que minha mãe ainda estava com aqueles pensamentos sobre Mancini. Ele estava morto e ela finalmente estava livre das garras malditas dele, como poderia estar pensando em vingá-lo ou manter meus irmãos longe, quando eu e Marco era tudo o que havia lhes restado.— Não vai deixar que ela nos leve, não é Angela? — a voz assustada de Alessia foi o que me tirou dos meus pensamentos.— Não, é claro que não! Eu fui até aquela casa para morarem comigo. — a abracei olhando para Marco por cima de sua cabeça.Eu não tinha dito nada disso a ele, mas também não parei para pensar se ele teria aversão a ter meus irmãos por perto. Ele poderia desejar vê-los longe junto com minha mãe e se essa fosse o pensamento dele eu não saberia o que fazer, não depois de tudo. Deixá-lo seria dolorido demais e ver meus irmãos a própria sorte estava fora de questão.— Como sua irmã falou, ninguém vai deixar essa casa a menos que queiram. Enquanto estiverem aqui serão da Camorra, somos uma f
Podia ver a confusão nos olhos de todos reunidos ali nos jardins da mansão, não era esperado uma comemoração quando nossas tropas estava prestes a invadir os territórios da Cosa Nostra e reivindicá-los como nossos, mas era preciso declarar publicamente a união de Nero e Svetlana.Meu irmão não havia ficado nenhum pouco feliz com a notícia, mas sabia que não tinha para onde correr, não depois que já havia dado minha palavra. Ele também sabia que todos estávamos fazendo sacrifícios para o crescimento da Camorra e havia chegado a sua vez.— Todos estão olhando para você esperando o grande anúncio. — Angela sussurrou discretamente ao meu lado, deslizando a mão em meu braço e eu quis voltar para a sala de treinamento, onde a pouco ela gritava de prazer debruçada sobre a mesa.Soltei um suspiro e avistei Nero, que parecia ter uma madeira enfiada no rabo dada a expressão de desconforto. Ele vinha tentando conversar com a noiva desde que se sentaram um ao lado do outro, mas a garota não parec
Eu sabia que minha mãe não aceitaria nada que viesse da família de Marco e isso ficou provado depois que ela se recusou a usar qualquer das roupas que Alessia comprou para ela e tentou distorcer tudo o que havia acontecido comigo.Quando minha irmã veio chorando até meu quarto perguntando se era verdade que “Marco havia abusado de mim e me forçado a casar com ele, que eu não estava pensando direito depois de toda a lavagem cerebral que ele fez”, eu soube que teria de tomar uma atitude, não teria como mantê-la ali ou deixar que ela saísse espalhando todo o tipo de mentiras sobre Marco e eu.Minha mãe só se importava com o desejo de ver a Cosa Nostra destruída como vingança e ela usaria qualquer um que pudesse, até mesmo meus irmãos.Foi assim que soube o que tinha de fazer, ela precisava partir com o próprio veneno. Coloquei-o em sua comida e fiz questão de levar até seu quarto, garantindo que ninguém mais teria acesso. Se ela queria tanto ficar com meu pai podia se juntar a ele, sem p
Soquei a parede assim que Angela saiu do nosso quarto, com aquele olhar de decepção e mágoa. Mas não pude evitar dizer a verdade, não depois do que aconteceu com Melissa, ela mais do que ninguém merecia apenas o bom desse mundo sujo em que vivíamos, eu fiz de tudo para que ela não passasse por nada de ruim, que não sofresse nenhum trauma como eu e meu irmão sofremos. E no fim das contas tudo o que fiz a levou a ser morta na própria casa.Jamais me perdoaria por isso, ter trazido nossos inimigos para casa foi o que causou a morte da minha irmã. A culpa não era de Angela, era inteiramente minha por ter permitido que a mãe dela continuasse naquela casa.Eu quis machucá-la, quebrar seu coração, deixá-la sem chão assim como me sentia naquele momento, mesmo que não a culpasse eu quis machucá-la por isso disse todas aquelas coisas.O meu tormento parecia não ter fim, quando eu pensava que havia me livrado de um problema acabava arrumando outros dois. Agora enquanto eu lidava com a tomada do
Capítulo 47 - AngelaEu ainda estava com ódio de Marco e de mim por minha estupidez, não havia sequer conseguido dormir e antes mesmo que o sol raiasse eu tinha saído de casa com Enrico e Alessia, os levando para o próximo destino de suas vidas longe de mim.Levei apenas dois soldados, tinha treinado com esses homens e sabia muito bem que eles os protegeriam com suas vidas se necessário.Me despedir deles foi a coisa mais difícil que já fiz e no momento mais difícil da minha vida. Eram tempos sombrios e mesmo que não estivéssemos em guerra ou esperando um ataque, eu sentia como se não pudesse confiar em mais ninguém.Melissa tinha sido a minha confidente desde o começo, a única que foi sincera comigo e eu a perdi, perdi para a maldita mulher cega que foi minha mãe. E Marco havia quebrado mais um pouco o meu coração, me mostrando que eu não podia acreditar mais nele.Todo o meu chão havia sido arrancado de mim em uma única noite, me deixando arrependida de tê-lo escolhido, foi o que e
Eu estava vivendo o meu maior pesadelo e tive a certeza quando bati meu celular contra a mesa com força depois do vídeo que Filippo havia acabado de enviar. Vê-la pendurada por correntes, com seu corpo machucado e sangue cobrindo sua pele, tinha me revirado o estômago.— Por que caralhos não o acharam ainda, porra? — gritei com meus homens e vi até mesmo Frank se contorcer no canto.Ele deveria estar em casa, ou em qualquer outro lugar, lidando com o próprio luto, mas se prontificou a ajudar com a desculpa de que precisava manter a mente ocupada.— Não deveria ficar olhando isso, ele só quer mexer com sua cabeça…— Deveria ser eu no lugar dela, Angela não deveria estar passando por nada disso. — Gritei, interrompendo meu irmão. — Isso é meu castigo, é a minha punição por afastá-la de mim.— Não se culpe tanto, ela sabia dos riscos em sair sozinha.— Ela estava com raiva de mim e por isso agiu assim, eu parti seu coração na noite passada, queria fazê-la sofrer como eu estava sofrendo n
Todo meu corpo doía, mesmo com todas as enfermeiras jurando que estavam me dando o máximo de morfina que podiam. Frank, Nero e ele, não haviam me deixado nem por um instante desde que acordei, fui levada a todos os lugares daquele hospital para exames, testes e suturas.— Boa noite. — O doutor de confiança da família entrou olhando para os homens e depois para a prancheta em suas mãos, sem ter a coragem de me olhar. — Você está com algumas costelas quebradas, algumas feridas no canal vaginal e anal, assim como no colo do útero, mas todas serão tratadas e logo estará completamente recuperada. Mais para frente poderemos pensar em uma forma de reconstituir a parte do dedo que perdeu, no momento eu aconselho a descansar. Você teve sorte…— Sorte? — o demônio agarrou o doutor pelo colarinho, o empurrando contra a parede. — Como pode dizer que ela teve sorte?— Em… em não estar mor… morta, senhor.— Por que está agindo assim? — questionei, ganhando a atenção de todos no quarto, pois desde o
Ela estava de pé, finalmente e conversando com alguém, mesmo que fosse apenas com Nero. Os cinco dias em que Angela ficou no hospital, eu não consegui evitar ir até lá e ficar do lado de fora do seu quarto. Parte era culpa, eu sabia, e outra parte, preocupação do que viria a seguir.As lembranças de minha mãe pedindo para morrer não saíram da minha mente e eu temia que Angela fizesse o mesmo.Na primeira noite em que seus gritos ecoaram daquela por trás daquela porta, eu a abri no mesmo instante e corri até ela, só para ver meu doce e inocente anjo gritando e se debatendo enquanto dormia. Saber que a única forma que ela conseguia descansar era sendo sedada acabava comigo.Mas eu estava feliz que ela havia decidido deixar o hospital, era o primeiro dia dela longe daquele lugar e de volta a nossa casa, eu queria que tudo saísse perfeito.“Ela viu você e reconheceu seu perfume.” A mensagem de Nero chegou ao meu celular segundos depois que o carro deixou o estacionamento do hospital. Foi