Dois Alphas e Uma Luna - O Erro Fatal
Dois Alphas e Uma Luna - O Erro Fatal
Por: Luna Zyra
O Erro do Destino

Dois Alphas e Uma Luna - O Erro Fatal

Prólogo - "O Presságio"

A noite estava envolta em um véu de sombras profundas, como se o próprio céu tivesse decidido guardar um segredo terrível. A Lua cheia pairava no alto, banhando a floresta em um brilho prateado, mas havia algo errado. O ar estava pesado, denso com uma tensão palpável, como se a natureza segurasse a respiração diante do que estava prestes a acontecer.

No coração da floresta, um círculo de pedras antigas se erguia, seus contornos cobertos de musgo e cicatrizes do tempo. Ali, o vento sussurrava histórias esquecidas, e a terra parecia pulsar com energia, uma batida lenta e ameaçadora. Era um lugar onde o tempo não existia, onde o passado, o presente e o futuro se cruzavam em um único momento.

Uma figura solitária estava de pé no centro do círculo. Sua respiração saía em nuvens brancas contra o ar frio da noite. A postura era rígida, como se estivesse pronta para enfrentar o mundo inteiro, mas os olhos traíam algo diferente, dúvida. Medo. E uma pergunta que ninguém poderia responder.

— Não deveria ser assim. — A voz cortou o silêncio, baixa, rouca, carregada de uma mistura de raiva e desespero.

O vento pareceu ouvir. Ele soprou com mais força, arrancando folhas dos galhos altos e fazendo o tecido da capa da figura ondular como uma bandeira de guerra.

De repente, a clareira se encheu de um som estranho, um eco profundo que parecia vir de dentro da própria terra. Era um rugido, ou talvez um lamento, algo que fazia o coração disparar e a pele se arrepiar. A figura caiu de joelhos, as mãos pressionando o chão úmido enquanto um grito silencioso ecoava na alma.

Foi então que aconteceu.

Dois pares de olhos apareceram na escuridão, brilhando com uma intensidade quase sobrenatural. Um era dourado, ardente como o sol no auge de sua força, uma promessa de destruição incontrolável. O outro era azul-acinzentado, frio como o gelo eterno, uma ameaça sutil e mortal. Ambos carregavam o peso de algo que não poderia ser ignorado, o destino.

Eles não estavam juntos. Não estavam unidos. Eram forças opostas, opressoras, que colidiam em uma batalha silenciosa enquanto observavam a figura ajoelhada no chão.

Mas havia algo errado.

A conexão não era natural, não era esperada. Era um erro. Um erro tão grande que o mundo parecia tremer sob seu peso.

A figura levantou o rosto, o olhar fixo nas duas presenças. A dor estava lá, misturada com algo mais profundo. Uma determinação sombria, quase desafiante.

— Se isso é o que o destino reservou... então ele terá que me enfrentar.

As palavras mal haviam sido ditas quando a Lua acima começou a escurecer, uma sombra engolindo sua luz prateada. O vento cessou de repente, e o silêncio voltou, mas desta vez, era absoluto. Um presságio de que algo grande, algo devastador, estava por vir.

Na escuridão crescente, o rugido voltou, mais forte e mais próximo.

E, naquele instante, o mundo mudou para sempre.

Capítulo 1 - "O Erro do Destino"

(Narrado por Elira)

A noite estava fria, envolta em uma neblina prateada que parecia quase mágica sob a luz da Lua cheia. O bosque ao meu redor estava silencioso, mas não de uma forma reconfortante, era o tipo de silêncio que sussurrava segredos. Eu estava de pé no centro de uma clareira, a terra macia sob os meus pés descalços, o cheiro de pinho e terra molhada preenchendo meus pulmões. Fechei os olhos por um momento, tentando acalmar a tempestade que rugia dentro de mim.

Havia algo errado. Algo que eu não conseguia nomear.

Minha respiração saiu trêmula, e o som ecoou na noite, como se o mundo estivesse me ouvindo. Minhas mãos tremiam ligeiramente, mas não era de frio. Era a sensação de algo iminente, uma força que eu não podia conter.

O chamado da Lua cheia estava em mim. Ele sempre vinha dessa forma, um zumbido no fundo da alma, como se minha essência estivesse sendo puxada em direção a algo maior, algo que eu nunca entendia completamente. Mas, naquela noite, havia algo diferente.

Então veio a dor.

Começou no fundo do meu peito, espalhando-se como fogo líquido por cada nervo do meu corpo. Soltei um grito, o som bruto e cheio de desespero enquanto caía de joelhos. Minhas unhas rasgaram o chão, e eu senti a grama fria sob minhas palmas.

Uma palavra pairou na minha mente.

Destino.

E, como se as portas de um mundo invisível tivessem se aberto, eu senti.

Não era algo que eu pudesse ver ou tocar, mas senti como um raio atingindo minha alma. Duas presenças esmagadoras invadiram minha mente. Elas eram tão intensas que era difícil respirar, como se todo o ar ao meu redor tivesse sido roubado.

A primeira era fogo e fúria, como o rugido de uma tempestade devastadora. Sua força queimava, cruel e implacável, me deixando tonta com sua intensidade.

A segunda era gelo, cortante e fria, mas não menos mortal. Era uma presença que fazia meu coração acelerar e congelar ao mesmo tempo, como se estivesse diante de um abismo sem fim.

Eu soube naquele momento o que aquilo significava. Meu coração afundou.

— Não... não pode ser. — Minha voz era apenas um sussurro, mas até mesmo a noite pareceu ouvi-la.

Minutos depois, ainda trêmula e tentando processar o que havia acontecido, ouvi vozes ao longe. Elas se aproximavam, cada palavra carregada de autoridade e perigo. Me levantei com dificuldade, limpando a sujeira das mãos, quando eles apareceram na clareira.

“Draegon”.

Ele era a personificação da ferocidade. Alto, com ombros largos e uma postura que exalava ameaça, seus olhos dourados me fixaram como se eu fosse um incômodo. Havia algo predatório em cada movimento que ele fazia, como se estivesse pronto para atacar a qualquer momento. Seu cabelo escuro caía em ondas bagunçadas, e ele vestia roupas pretas que pareciam absorver a luz ao seu redor.

“Thalrik”.

Se Draegon era fogo, Thalrik era gelo. Seus olhos azul-acinzentados eram frios e calculistas, como lâminas afiadas. Ele era igualmente alto e intimidador, mas havia algo ainda mais perigoso nele, uma calma mortal que fazia meu coração acelerar de medo.

Os dois eram opostos e, ao mesmo tempo, igualmente assustadores.

— Então, é ela. — Draegon foi o primeiro a falar, sua voz grave como o trovão. Ele me olhou de cima a baixo, como se eu fosse uma mercadoria defeituosa. — É isso que o destino nos reservou?

O desprezo em sua voz era palpável, e eu senti minhas mãos se fecharem em punhos.

— Parece que o destino comete erros. — Thalrik disse, sua voz mais controlada, mas não menos cruel. — Uma Luna fraca.

Eu podia sentir as lágrimas ameaçando surgir, mas me recusei a deixar que eles vissem qualquer sinal de fraqueza.

— Se vocês dois são os Alphas destinados a mim, então o destino é ainda mais idiota do que eu pensava. — As palavras escaparam antes que eu pudesse contê-las.

Houve um silêncio mortal na clareira. Draegon arqueou uma sobrancelha, e Thalrik apenas inclinou levemente a cabeça, como se estivesse avaliando uma presa rebelde.

— Fraca e insolente. — Draegon deu um passo à frente, e eu instintivamente recuei. — Isso vai ser divertido.

— Não estamos aqui para brincar, Draegon. — Thalrik o interrompeu, cruzando os braços. — Estamos aqui para deixar claro que não aceitamos isso.

— E eu não aceito vocês. — Retruquei, minha voz firme, apesar do medo. — Então, estamos todos de acordo.

— Não se engane, Luna. — Thalrik disse, seus olhos frios cravados nos meus. — Você pode não nos querer, mas isso não muda o fato de que está presa a nós.

— Mas não temos que aceitar. — Draegon completou, sua voz cheia de desprezo.

Eles se viraram, como se eu não fosse digna de mais atenção, e desapareceram na floresta.

Eu fiquei ali, sozinha novamente, mas a sensação de uma força obscura não me abandonou. Algo estava errado. Eu podia sentir.

O destino havia cometido um erro, mas parecia que esse erro tinha um propósito.

(Enquanto Elira encara a clareira vazia, um par de olhos brilhantes surge entre as árvores. Não são de Draegon ou Thalrik, mas de algo muito mais antigo e perigoso, observando cada movimento dela.)

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