Dois Alphas e Uma Luna - O Erro Fatal Prólogo - "O Presságio"A noite estava envolta em um véu de sombras profundas, como se o próprio céu tivesse decidido guardar um segredo terrível. A Lua cheia pairava no alto, banhando a floresta em um brilho prateado, mas havia algo errado. O ar estava pesado, denso com uma tensão palpável, como se a natureza segurasse a respiração diante do que estava prestes a acontecer. No coração da floresta, um círculo de pedras antigas se erguia, seus contornos cobertos de musgo e cicatrizes do tempo. Ali, o vento sussurrava histórias esquecidas, e a terra parecia pulsar com energia, uma batida lenta e ameaçadora. Era um lugar onde o tempo não existia, onde o passado, o presente e o futuro se cruzavam em um único momento. Uma figura solitária estava de pé no centro do círculo. Sua respiração saía em nuvens brancas contra o ar frio da noite. A postura era rígida, como se estivesse pronta para enfrentar o mundo inteiro, mas os olhos traíam algo diferente
Capítulo 2 - "Dois Reis, Uma Rainha"(Narrado por Draegon) O salão estava silencioso, excepto pelo estalo ocasional do fogo na lareira que iluminava as sombras com um brilho trêmulo, mas, ao mesmo tempo, parecia incapaz de afastá-las por completo. O fogo dançava em tons de laranja e dourado, refletindo nos troféus que adornavam as paredes de pedra negra, armas, presas, crânios de criaturas que eu havia caçado e derrotado. Cada item era uma lembrança de vitórias que haviam consolidado minha posição como o Alpha mais temido deste território. O ar estava denso. O cheiro de madeira queimando misturava-se ao leve aroma de ferro que sempre pairava por aqui. Era um espaço que emanava poder, mas naquele momento parecia sufocante.Eu estava diante da grande janela arqueada do salão, observando a Lua cheia. Sua luz prateada parecia zombar de mim, lançando sombras que pareciam vivas. A frieza que emanava dela era quase insuportável, uma lembrança constante do erro que o destino havia cometido
Capítulo 3 - "A Rejeição"(Narrado por Thalrik) As paredes da minha torre eram tão frias quanto meu coração. O gelo grosso que as formava parecia emanar um brilho fantasmagórico sob a luz da Lua, refletindo o azul profundo de meus pensamentos. O espaço ao meu redor era austero, mapas, planos de guerra e armas cuidadosamente organizadas eram as únicas decorações. Não havia necessidade de luxo ou distrações. Minha vida girava em torno de estratégia, controle e domínio. A torre era alta, permitindo-me uma vista completa dos territórios ao redor. De lá, eu podia ver as florestas densas, os rios sinuosos e as montanhas distantes que separavam os nossos reinos dos humanos. Tudo isso me pertencia, conquistado com sangue e sacrifício. Contudo, essa sensação de poder absoluto era manchada por algo que eu não conseguia ignorar, a imagem de Elira. Fechei os olhos, mas a visão dela se impôs. Seu rosto pálido, seus olhos de tempestade, e aquele ar de desafio que ela carregava mesmo diante da
Capítulo 4 - "As Correntes Invisíveis"(Narrado por Elira) A floresta parecia mais escura naquela noite. As árvores, tão familiares, agora tinham uma presença ameaçadora, com seus galhos estendendo-se como garras contra o céu enevoado. A luz da Lua mal atravessava o dossel espesso, lançando sombras irregulares no chão coberto de folhas e galhos quebrados. Cada passo que eu dava parecia ressoar alto demais, e o vento trazia consigo murmúrios indistintos que me arrepiavam a espinha. Eu estava sozinha. Pelo menos, era o que eu dizia a mim mesma enquanto andava com determinação por entre as árvores, mas o sentimento de ser observada era impossível de ignorar. Meu coração pulsava rápido, e meus sentidos estavam em alerta máximo. O vínculo que me unia aos dois Alphas, Draegon e Thalrik, era uma maldição que eu não conseguia compreender. Algo que eu nunca pedira. A sensação de suas presenças em minha mente era intrusiva e opressora, como correntes invisíveis que me mantinham cativa mesm
Capítulo 5 - "O Primeiro Confronto"(Narrado por Draegon) A noite ainda pairava densa sobre a terra quando retornei à fortaleza. Os corredores de pedra negra, frios como o gelo da montanha, reverberavam o som das minhas botas, mas minha mente estava longe, envolvida nos eventos da floresta. Eu repetia cada detalhe, cada movimento, tentando encontrar justificativas para minhas ações. Eu a salvei porque ela faz parte disso, porque ela está conectada à matilha. Esse vínculo, por mais maldito e absurdo que fosse, a colocava sob a minha proteção. E só por isso. Mas, mesmo enquanto eu tentava convencer a mim mesmo, lembrava-me do calor do corpo dela tão próximo ao meu, o cheiro único de sua pele, doce e intrigante como flores noturnas misturadas à brisa selvagem. Era uma distração, uma fraqueza que eu não podia me permitir. Entrei em meus aposentos e joguei meu manto de couro sobre uma cadeira próxima. A sala era espaçosa, iluminada apenas por tochas bruxuleantes que lançavam sombras
Capítulo 6 - "Fogo e Gelo" (Narrado por Thalrik) A neve caía suavemente sobre o campo de treinamento, cobrindo o solo com uma camada branca e densa que abafava os sons dos passos de minha matilha. O ar estava carregado com o frio cortante que se infiltrava nos ossos, mas nenhum dos lobos hesitava. Eu caminhava entre eles, observando cada movimento, cada golpe, corrigindo falhas com palavras tão afiadas quanto lâminas. — Você chama isso de ataque? — perguntei a um jovem lobo que tentava, sem sucesso, dominar um oponente mais velho. — Se sua força não estiver concentrada, sua fraqueza será sua morte. Ele arregalou os olhos, recuando um passo, mas não ofereceu desculpas. Bom. Pelo menos eles sabiam que desculpas não tinham lugar aqui. Parei ao lado de um círculo de guerreiros que treinavam em combate corpo a corpo. Um deles, um dos mais experientes, hesitou ao me ver. Seu movimento desacelerou por um segundo, e eu aproveitei a oportunidade para corrigir sua postura com um olhar
Capítulo 7 - "O Primeiro Beijo"(Narrado por Elira) A noite estava incrivelmente clara, e a lua cheia reinava absoluta no céu. Cada raio de sua luz prateada escorria pela floresta, transformando as folhas e os galhos em um cenário quase mágico, como se tivessem sido polidos pelo próprio tempo. Eu estava em uma clareira que descobri ao acaso, um lugar onde o som do mundo parecia diminuir, dando espaço apenas ao vento e ao som suave de minha respiração. Minhas botas afundavam levemente no solo macio, coberto de musgo e folhas caídas. Era um lugar tranquilo, ou deveria ser. Mas dentro de mim, a tempestade rugia. Respirei fundo, tentando acalmar os pensamentos que giravam como um redemoinho na minha mente. O duelo com Thalrik ainda estava fresco, tanto na memória quanto no corpo. Minha pele parecia formigar, como se seus olhos frios ainda me observassem, avaliando cada fraqueza. E Draegon... ele sempre estava lá, como uma sombra impossível de ignorar. Por que eles tinham tanto pod
Capítulo 8 - "Segredos Sob a Lua"(Narrado por Thalrik) O som da lareira crepitando era a única coisa que quebrava o silêncio absoluto da sala de estratégias. Eu estava sozinho, como sempre preferia estar nesses momentos. O cômodo era espaçoso, mas de uma frieza que refletia minha própria personalidade. O gelo, incrustado nas paredes e no teto, parecia pulsar com uma energia própria, e cada estante estava repleta de mapas antigos, escrituras, e registros de batalhas há muito esquecidas. Minha mesa estava coberta de pergaminhos e livros, alguns tão velhos que a tinta estava quase apagada. Um deles, em particular, prendia minha atenção. Era uma escritura antiga, escrita em um idioma que quase ninguém mais sabia ler. Eu passara as últimas horas tentando decifrar o que parecia ser um relato sobre os vínculos. Havia algo de errado. Eu sabia disso desde que senti a conexão com Elira pela primeira vez. Era diferente de tudo que eu já experimentara. Havia uma instabilidade no vínculo, a