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VOCÊ NÃO PROMETEU E CUMPRIU

ELIZABETH

15/01/1985 - segunda -feira (1 ano depois)

No tocante ao noticiário, eu simplesmente fiquei espantada. Nunca imaginei que um dia veria Byron sendo preso. O repórter mostrava fotos dele com algemas e uma roupa escandalosamente estúpida. Por tudo que ouvi, consegui ter uma breve noção da façanha que ele havia realizado. Assassinou uma mulher de idade, não por acaso sua vizinha. Eu não a conhecia tão bem, mas o suficiente para tirar a conclusão de que ela não era uma má pessoa que deveria ser morta. Não soube como ele a matou, desliguei antes mesmo que a televisão me mostrasse o que eu não desejava ver. Respirei fundo e tentei desviar os meus pensamentos para as roupas que estava passando. Nunca gostei de pensar em coisas tão negativas. Agora que tudo isso havia acontecido, conseguia lembrar de como ele sempre se mostrou violento comigo. Terminei de passar as roupas e caminhei até o meu quarto. As tarefas do dia já haviam sido realizadas, e hoje seria a primeira vez que eu iria sair com algumas amigas desde que Sophie nasceu. Tudo parecia conspirar para que desse errado, porém eu entendia que era a minha insegurança. Abri meu guarda-roupa e escolhi uma saia preta e um corpete vermelho. No momento em que juntei as duas peças, ri com a situação dela. Saia e corpete? De onde tirei esse conjunto? No final acabei por escolher um vestido rosa bebê, um colar de pérolas e um sapatilha da mesma cor. Esse sapato parecia ter sobrevivido à guerras. Quando vesti a roupa e me olhei no espelho, satisfeita com o resultado, Sophie começa a chorar, provocando a reação de sair correndo em mim. No momento em que chego ao quarto dela, Joe já estava lá cuidando da situação. Sorri para ele, e voltei a me arrumar.

Vi que já estava muito boa a minha maquiagem e meus cabelos bem arrumados, dei um beijo nos meus dois amores e saí voando da minha casa. Não poderia chegar atrasada no nosso primeiro encontro depois de tanto tempo. Iria me encontrar com duas amigas, a Heyley que tem trinta anos, ela sempre foi mais reservada e tímida. Nunca se mostrou quem realmente é, então alguns momentos não aproveita como deveria. De cabelos até os ombros com uma cor meio amarelada por conta da pintura feita em casa. Agora já é casada e tem duas filhas gêmeas. A outra é a Mary, uma mulher de vinte e seis anos que parece ter quinze. Seus cabelos pretos e longos é o seu maior charme. Mas o preto não é natural, ela era loira. É bem divertida, como sempre foi, e uma das situações mais engraçadas que lembramos, foi um dia que estávamos saindo da faculdade e ela gritou muito alto, algo que não conseguimos entender. Depois quando se explicou, disse que foi porque um garoto estava nos encarando, então ela quis dar um "fora" nele, tentando assustá-lo, mostrando que nós todas éramos doidas. Sim, ela era realmente muito doida.

Nós havíamos combinado que iríamos nos encontrar no shopping. Assistir um filme romântico que estava nos cinemas, almoçar um lanche bem pesado, e depois fazer algumas compras. Passei pela porta do shopping e consegui vê-las de longe, com a expressão mais tediosa e dramática possível.

- Que demora! - Diz Mary vindo em minha direção. Ela estava arrumada demais, o que me fez rir ao lembrar do jeito que ela se arrumava na faculdade. O que me fez me sentir uma mendiga ao lado dela também.

- Desculpe-me, estou meio sem noção esses dias. Perco o tempo toda hora.

- Por que? Está acontecendo alguma coisa? - Pergunta Hayley, preocupada como sempre.

- Não... claro que não, na verdade está acontecendo, Sophie! - Respondo rindo - Não estou tendo tempo nem dinheiro para nada.

- Só você mesmo - Ainda rindo, Mary fala. - Então vamos logo, senão iremos perder o horário do cinema. - Diz Mary puxando o braço de nós duas.

Nós fomos ao cinema, compramos algumas roupas e até que foi divertido. Fazia um tempo que não me divertia assim. Na verdade desde quando a Sophie nasceu. Comprei um vestido preto com renda na gola. Procurei não gastar muito, o que foi um pouco impossível. Eu vivia reclamando lá em casa que não tinha dinheiro para muita coisa, mas sempre gastava demais comigo mesma. Tinha que parar com esse costume, aliás, as coisas não estavam fáceis. Havia ficado bastante tempo sem trabalhar, mas voltara já fazia um tempo. O vestido custou, cinquenta dólares. Acredito não ter exagerado muito. Tentei colocar isso na cabeça, pois havia comprado o vestido, mais as guloseimas e o cinema. Eu sei, exagerei sim. Meu estilo sempre foi alternativo, sempre gostei de coisas diferentes, por esse motivo que acabei me apaixonando pelo Byron. E por esse motivo que acabo gastando muito mais em roupas, pois tudo o que é um pouco diferente, é muito mais caro. Elas compraram mais coisas que eu. Vestidos, shorts, sapatos e acessórios. Tentei buscar nisso, algum consolo.

Elas são as amigas mais queridas do mundo. Desde a faculdade nós nos encontramos. Somos amigas de verdade. Já fazia um bom tempo, mas mesmo assim era como se ainda fôssemos adolescentes que não tem preocupações nem compromissos. Depois quando não tínhamos mais nada para fazer no shopping (sem antes passar em um salão para saber o preço para um corte de cabelo, estava precisando, as pontas estavam bem ressecadas). Nós resolvemos ir para a casa de uma de nós três. No final foram tudo para a minha casa, pois elas queriam ver a minha filha. Quase o dia inteiro ficamos conversando sobre coisas bobas, e parecia que tínhamos voltado ao passado. Falamos sobre nossas vidas, como tinham mudado. Percebi que elas queriam tocar no assunto da minha horrível traição e da prisão de Mason, mas não deixei o assunto tomar esse rumo. Não gostava de falar nisso. Quando já era tarde elas foram embora. Guardei o vestido que tinha comprado e fui tomar banho. Como sempre, demorei um pouco para desligar o chuveiro. E por conta das nossas conversas, acabei pensando no assunto que nunca gostava de tocar.

Pelo o que eu sabia, só daqui quinze anos Mason sairá da cadeia. Eu acho estranho, porque ele tem muito dinheiro e tenho certeza que se ele quisesse, daria para pagar. Esses quinze anos significa que sairá com mais ou menos quarenta e dois anos. Ele disse que quer ficar lá, porque fez uma coisa muito errada. Eu sei que não tenho nada a ver com ele, mas mesmo assim me importo. E uma das coisas que eu acho estranho, é pelo motivo do tempo. Quinze anos é demais. No máximo cinco, quando comete um crime desses. É por que eu não sei muito dessas coisas, pensei. Não queria imaginar que ele havia feito outra coisa para ficar todo esse tempo na cadeia.

Me sentia mal por ir visitá-lo, mas só fui uma vez, que seria a última. Sei que feri os sentimentos dele e ir visitá-lo seria exagero. Ele me tratara muito mal, contudo sei que tinha razão para me odiar, só queria que as coisas não fossem assim.

Saí do banho e coloquei Sophie para dormir, estava muito cansada então já deitei na cama e não demorou nem dois minutos já estava dormindo. Esperei que ela pegasse no sono mesmo e fui ler o jornal. Estava lá novamente, estampada a notícia como se ele fosse um pintor famoso. Além disso, acreditava que ele ganharia fama por causa disso agora. Fechei o jornal. Chega disso por hoje. Deitei na minha cama já feita, por Joe, e antes mesmo que ele viesse deitar-se adormeci de cansaço.

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