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Capítulo 2 - A Chegada a fazenda

Eveline observava, pela janela do carro, as vastas paisagens da fazenda, a estrada de terra, ainda um pouco empoeirada pela recente chuva, parecia não ter fim. O coração dela batia acelerado, mas ela tentava controlar as emoções. Era a primeira vez que estava indo para lá, e apesar de tudo, uma sensação de ansiedade misturada com curiosidade dominava seu corpo.

Ela não sabia bem o que esperar. As palavras de seu pai, Júlio, ecoavam em sua mente: "Este casamento é sua salvação, Eveline. A nossa única chance." Ele e a madrasta, Claudia, tinham apostado tudo naquele matrimônio. Marcus Castelão não era apenas rico — ele era a última tábua de salvação para os negócios em ruínas da família Rocha. Eveline nunca pensou que um casamento, tão frio e imposto, pudesse ter algo de bom.

Ela chegou à fazenda por volta do final da tarde, o céu tingido de laranja, como um aviso de que a noite estava prestes a cair. Quando o carro parou, não havia ninguém à porta esperando por ela, nada que lembrasse uma recepção calorosa. O silêncio era imenso, quase pesado. A única pessoa que a olhou com um sorriso caloroso foi Maria, a governanta, que a recebeu com um olhar acolhedor, mas o resto parecia não se importar.

Marcus Castelão observava a cena da janela de seu escritório.

Ela era linda; Muito mais do que ele esperava, pensou Marcus.

Alta, de pele branca, seu corpo revelava curvas desenhadas, com a postura firme de quem não se deixava quebrar fácil. Seus cabelos negro voava com o vento, e o jeito como sorria para Maria... Aquilo mexeu com ele. Contra sua vontade.

Mas Marcus era um homem ferido. E feridas doíam mais quando se apaixonava.

— Seja bem-vinda, minha querida. Eu sou Maria — disse ela, com a voz doce e calorosa. — A casa agora também é sua.

Eveline forçou um sorriso. Aquela foi a primeira gentileza recebida em muito tempo. Quase lhe escapou uma lágrima, mas conteve.

— Obrigada, dona Maria.

— Só Maria, por favor. Pode me chamar assim. — Ela se aproximou, pegou uma das malas com leveza e olhou nos olhos da jovem. — Você deve estar assustada. Mas... nem todo mundo aqui é tão frio quanto dizem, viu?

Eveline assentiu, sem saber exatamente o que aquilo queria dizer. Entraram na casa juntas. O interior era uma mistura de luxo rústico e austeridade. Móveis de madeira escura, tapetes caros, paredes com quadros antigos e... silêncio. Um silêncio denso, carregado.

— O senhor Marcus a verá mais tarde. Está no escritório. Ele pediu que a deixássemos descansar um pouco antes de apresentá-la a ele.

“Apresentá-la a ele.” Como se ela fosse uma aquisição. Uma peça nova na propriedade.

Maria mostrou o quarto. Era amplo, com uma enorme cama de madeira talhada, lençóis brancos e janelas abertas para o campo. Mas tudo ali parecia frio demais para ser confortável.

Eveline se sentou na beira da cama e, por um instante, deixou o corpo pesar. O colchão macio contrastava com a tensão que ela carregava nos ombros.

“É aqui que eu vou começar de novo? Ou terminar de me perder?”

Tomou um banho rápido, escolheu um vestido leve de algodão branco, com mangas que caiam suavemente pelos ombros e a saia marcada na cintura, como gostava de usar. Claudia teria preferido algo mais provocante, mas naquele momento Eveline queria apenas parecer... limpa. Nova.

Já anoitecia quando Maria bateu levemente à porta.

— O senhor Marcus está pronto para vê-la.

Eveline respirou fundo. A garganta apertada. As mãos geladas.

Desceu as escadas em silêncio, seguindo Maria até uma porta de madeira escura no fim do corredor. A governanta bateu uma vez, e uma voz grave e autoritária respondeu:

— Entre.

Maria abriu a porta e fez um gesto para que Eveline entrasse. Ela obedeceu, sentindo cada passo como se andasse sobre brasas. A porta se fechou atrás de si, isolando-a naquele cômodo amplo e carregado de sombras.

Marcus Castelão estava de pé, de costas para ela, olhando pela janela. Era alto, ombros largos, vestia uma camisa preta de linho e calças sociais bem cortadas. O que chamou sua atenção de imediato, porém, foi a máscara. Uma meia-máscara preta cobria parte do lado esquerdo do seu rosto, deixando visível apenas o lado direito — forte, marcado por uma barba bem-feita e uma expressão tensa.

Ele se virou lentamente, e os olhos verdes a encararam com intensidade.

— Eveline Rocha. — Sua voz era firme, rouca, como se cada palavra escondesse algo.

Ela ficou imóvel, o coração acelerado.

— Sim, senhor.

Ele se aproximou, os passos lentos, mas firmes. Os olhos percorreram seu corpo — não com luxúria, mas como quem avalia. Ela notou, no entanto, que ele hesitava em se aproximar demais, como se um abismo invisível os separasse.

— Não gosto de toques. Nem de aproximações desnecessárias — ele disse, direto. — Esta casa tem regras. Você irá obedecê-las. E sua função aqui é clara: ser minha esposa. E me dar um filho.

O choque não veio das palavras — que ela já esperava —, mas da frieza com que ele as disse.

E ainda assim, quando seus olhares se encontraram novamente, algo diferente percorreu o corpo de Eveline. Não era medo, embora ela estivesse assustada. Era uma tensão estranha, uma faísca confusa, como se algo ali... tivesse acabado de começar.

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