O corpo de Eveline ainda tremia. A primeira vez deixara marcas que ela jamais esqueceria. Marcus, mesmo com seu jeito contido e palavras frias, havia sido intenso, dominador... e surpreendentemente carinhoso durante o ato. Mas, assim que seus corpos se separaram, a distância entre eles voltou a se instalar.
Ela observava de lado, deitada nua entre os lençóis, o homem que agora se levantava da cama, recolocava a camisa e virava de costas.
— Você pode ficar aqui. Amanhã, Maria irá te mostrar o resto da casa. — A voz dele voltou ao tom seco, formal. Quase impessoal.
Eveline sentou-se lentamente, os cabelos caindo sobre os ombros nus, os seios ainda sensíveis. A frieza dele depois de tanta entrega era como um tapa.
— É só isso? — a pergunta escapou de seus lábios sem que ela planejasse.
Marcus virou-se devagar, os olhos verdes a examinando como se ponderasse cada palavra.
— O que você esperava?
Ela baixou os olhos, engolindo o gosto amargo do silêncio que se seguiu. Ele não disse mais nada. Apenas saiu do quarto, deixando-a sozinha.
Mas naquela madrugada, a porta voltou a se abrir.
Marcus entrou sem dizer uma palavra, o olhar escuro, faminto, quase feroz. Eveline ainda estava acordada, deitada, com a camisola novamente no corpo. Quando o viu se aproximar, sentiu o calor subir de novo por suas coxas.
— Não consegui dormir — ele murmurou, já puxando a fina alça da camisola de seu ombro.
Sem pedir permissão, Marcus tomou sua boca num beijo faminto, puxando-a para perto com força. A camisola foi tirada num gesto só, como se o corpo dela fosse seu refúgio e também sua tortura.
— Você é um vício — ele murmurou contra a pele dela, descendo pelos seus seios com a boca quente. — Maldita seja por me fazer te querer tanto…
Eveline arfou, os dedos cravando nos ombros largos dele. Marcus lambeu, mordeu levemente, chupou os mamilos com intensidade, fazendo-a se contorcer de prazer. Sua mão escorregou entre suas coxas, acariciando-a com firmeza e precisão. O corpo dela o recebia com uma urgência quase dolorosa.
— Olhe pra mim — ele ordenou, enquanto a penetrava de uma vez.
Ela gemeu alto, os olhos se encontrando com os dele — havia um fogo ali, bruto, perigoso... mas também um homem quebrado, tentando não sentir.
A noite seguiu com selvageria e doçura. Marcus a tomou de várias formas, no centro da cama, encostada à parede, por trás enquanto ela se apoiava na penteadeira, sentindo o espelho tremer com o impacto. A cada vez que a tomava, murmurava coisas que ela não compreendia direito:
— Maldita... perfeita... minha…
Eveline se via entregue, nua não apenas no corpo, mas na alma. Mesmo que ele tentasse resistir ao sentimento, o corpo dele contava outra história. Na cama, ele era o oposto do homem frio que mostrava ao mundo.
Quando, finalmente, ela adormeceu em seus braços, o queixo dele repousou brevemente no alto da cabeça dela. Apenas por um instante, Marcus fechou os olhos... e quase se permitiu sentir.
Mas ao amanhecer, quando Eveline despertou sozinha no quarto, entendeu: o homem que a amava em silêncio na escuridão... era o mesmo que lhe daria as costas à luz do dia.
Eveline, desceu tomou cafe da manha sozinha, Marcus ja tinha saido cedo, como todos os dias, ela passou o dia na bibilioteca da fazenda lendo e cuidando das flores do jardim.
Quando Marcus voltou, chegou de surpresa, ao anoitecer.
Eveline estava lendo na varanda, usando um vestido leve, solto, que dançava com o vento e marcava a curva deliciosa de sua cintura e quadris. O cabelo preso de qualquer jeito, o rosto limpo… linda. Natural. Perigosa.
— Está livre esta noite? — ele perguntou, a voz mais baixa do que o normal.
Ela ergueu os olhos do livro, surpresa.
— Por quê?
— Quero te mostrar algo. Vista algo bonito. Algo... que te faça se sentir especial.
Ela não entendeu. Mas obedeceu.
Quando ela entrou no quarto, horas depois, encontrou-o à luz de velas. A banheira antiga da suíte principal estava cheia, a água com espumas perfumadas, pétalas de rosas vermelhas e duas taças de vinho ao lado. No canto, um balde de prata com gelo.
Marcus estava encostado à janela, de costas, apenas com calças pretas de linho, a camisa desabotoada. Quando se virou, os olhos o denunciaram: ele não estava ali apenas pelo prazer.
— Entre comigo — disse, estendendo a mão.
Ela tirou o vestido sem cerimônias. O corpo nu, oferecido, sem vergonha. Marcus a observou como se visse uma deusa diante de si. Entraram juntos na banheira.
A água quente envolvia seus corpos. Ele pegou um cubo de gelo e passou lentamente pelos ombros dela, escorrendo pela curva dos seios, fazendo-a arfar.
— Está fria... — ela murmurou, estremecendo.
— Mas eu posso te aquecer.
Ele levou a boca até os mamilos dela, agora duros e sensíveis, e deslizou o gelo entre os lábios antes de sugá-los. Eveline jogou a cabeça para trás, gemendo, agarrando os cabelos dele.
— Marcus…
— Shhh... — ele silenciou, enquanto sua mão afundava entre as coxas dela sob a água quente.
O resto da noite foi pura perdição. Fizeram amor na banheira, no tapete felpudo do quarto, na frente do espelho e por fim, na cama, com os corpos ainda úmidos e os lençóis grudando na pele.
Marcus não disse “eu te amo”. Mas seus gestos… gritavam.
O sol entrou tímido pela janela, iluminando o quarto silencioso. Eveline despertou sozinha. A cama estava fria ao seu lado.Nenhuma carta. Nenhuma palavra.Levantou-se em silêncio, vestiu-se e desceu para o café da manhã. Maria já a esperava na cozinha com frutas frescas e pão caseiro.— O patrão saiu cedo para a lida com os assuntos da fazenda. Disse que tinha muito o que resolver hoje.— Ele... falou algo sobre mim? — Eveline perguntou, tentando soar indiferente.— Apenas que você deveria se sentir em casa — respondeu Maria, sorrindo com doçura. — Mas eu conheço aquele homem... tem coisa no coração que ele tenta esconder.O dia passou devagar. Eveline passeou pela fazenda, caminhou entre as árvores e acabou encontrando o jardim nos fundos da casa principal. Estava um pouco descuidado, mas ainda assim havia rosas, lavandas, jasmim... o cheiro a abraçou como um carinho silencioso. Ela sorriu.Ali, com a terra entre os dedos, ela sentia paz.No fim da tarde, ouviu o som dos cascos dos
O som do motor do carro cruzando os portões da fazenda fez o coração de Eveline acelerar.Ela estava no jardim, ajoelhada junto às roseiras, as mãos sujas de terra, os cabelos presos num coque frouxo, usando um vestido leve que moldava sua silhueta como uma segunda pele.O carro preto estacionou em frente à casa. Marcus desceu com o olhar tenso, a expressão carregada pelo cansaço da viagem. Vestia uma camisa azul escura dobrada nos cotovelos, os primeiros botões abertos. O rosto estava mais fechado que de costume.Mas seus olhos... seus olhos a procuraram imediatamente.Eveline se levantou devagar. Os olhos de Marcus cravaram-se nela como ferro em brasa. Os minutos pareceram se arrastar enquanto ele caminhava em sua direção. Mas ao chegar perto, sua expressão permaneceu rígida.— Como passaram os dias?— Em silêncio — ela respondeu, secando as mãos na barra do vestido. — Como sempre.Ele não disse nada. Apenas entrou.O jantar foi quase mudo. Maria, que percebeu a tensão no ar, foi di
Era uma manhã comum, o sol dourando os campos e a brisa espalhando o cheiro fresco da fazenda. Eveline estava no jardim, como sempre, quando Maria apareceu com um recado:— O patrão pediu que esteja pronta para o almoço. Vai receber um convidado importante hoje.— Quem?— Um amigo de longa data. Empresário, do ramo de genética de gado. Nome bonito... Henrique Vasconcellos.Eveline arqueou uma sobrancelha. Até então, Marcus nunca havia mencionado amigos.Henrique chegou pouco depois do meio-dia, em uma caminhonete de luxo. Era alto, de corpo atlético, sorriso fácil e um charme evidente. Tinha olhos escuros que não escondiam a malícia, e logo que viu Eveline, seus olhos cravaram nela como se ela fosse o prato principal.— Então é você a esposa do Marcus... Eveline, certo? — estendeu a mão, sorrindo de forma lasciva.Ela retribuiu com educação, mas desconfortável.— Sim, prazer.Marcus observava a cena de longe, com o maxilar travado. A tensão em seu corpo era visível.Durante o almoço,
A temperatura havia caído drasticamente naquela noite. A fazenda parecia envolta por uma névoa espessa e o vento assobiava pelas janelas, ameaçando uma tempestade. Marcus, ao retornar do banho, encontrou Eveline encolhida na sala, diante da lareira acesa, com uma taça de vinho nas mãos, vestindo um robe de cetim branco — curto, indecente, revelador, que guardava por dentro uma linda langerir branca desenhada a seu corpo que mas tarde seria arrancada pelos dentes de Marcus.Ela sorriu ao vê-lo.— Quer beber comigo?Ele hesitou. Mas apenas por um segundo.Serviu-se. Sentou ao lado dela. A tensão entre os dois era quase palpável.— Está frio… — ela murmurou, os olhos embriagados e risonhos. O vinho já começava a deixá-la mais solta, mais atrevida.— Está. — Ele concordou, encarando os lábios dela.Sem aviso, ela deslizou para o colo dele, passando as pernas nuas por cima de suas coxas, o robe abrindo-se mais.— Você me aquece?Marcus sorriu, um sorriso enviesado e perigoso.— Não tenho e
O dia amanheceu com o céu nublado e o cheiro de terra molhada no ar. Eveline, deitada entre os lençóis quentes da cama de casal, olhava o teto enquanto o corpo ainda sentia os efeitos da última noite — onde Marcus, mais uma vez, havia sido intenso, porém surpreendentemente doce. Desde a noite da lareira e da declaração inesperada de amor, algo parecia ter mudado entre eles.Naquela manhã, ao sentar-se à mesa para o café, Eveline tomou coragem:— Queria ir até a cidade, conhecer um pouco mais. Talvez comprar algumas flores para o jardim… e uns livros novos. — disse, olhando para Marcus por cima da xícara de chá.Ele hesitou. A cidade, mesmo pequena, era cheia de olhares. E sua máscara ainda cobria parte do rosto. Mas ao ver os olhos dourados de Eveline, cheios de expectativa, ele assentiu com um leve suspiro.— Tudo bem. Vamos hoje à tarde.O carro deslizava pelas estradinhas de terra. Marcus, de camisa azul escura, as mangas dobradas até os cotovelos, dirigia em silêncio. Eveline, de
A ida à cidade foi um pequeno passo para Marcus — e um grande salto para o homem que por tanto tempo viveu recluso. Atendeu ao pedido de Eveline mesmo com o incômodo constante de sair com sua máscara. Caminhar pelas ruas estreitas da cidadezinha, sentir olhares curiosos sobre si... ainda era difícil. Mas ao lado dela, tudo parecia um pouco mais fácil.Eveline sorria ao seu lado como se o mundo fosse um lugar seguro e bonito de se estar. Em uma floricultura charmosa, Marcus comprou um buquê de lírios brancos. Ela adorava flores. Nunca tinha ganhado nenhuma.— São lindas — disse ela, surpresa, segurando as pétalas como se fossem tesouros.Ele apenas assentiu, com um sorriso quase tímido, mas carregado de orgulho. Era como se dar flores à mulher que amava fosse um gesto mais íntimo do que qualquer outro.Na volta para o carro, o salto de Eveline vacilou ao descer uma calçada novamente. Um gemido escapou de seus lábios e ela quase caiu.— Ai... meu tornozelo!Marcus agiu sem pensar. A peg
O aroma das flores recém-colhidas ainda pairava no quarto, como se o tempo tivesse parado ali, congelado na fragilidade daquele instante. O sol da tarde atravessava as cortinas esvoaçantes, tingindo tudo com um dourado suave, quase onírico. Eveline repousava na cama, o tornozelo cuidadosamente enfaixado após a visita atenciosa do médico. Cada gesto havia sido meticulosamente executado por Marcus, que não saíra de seu lado em momento algum. Ele a observava com uma devoção silenciosa, olhos carregados de um cuidado que ela jamais havia visto nele antes.Era como se outro homem houvesse nascido ali, ao lado da cama. O mesmo Marcus que antes parecia distante, quase alheio às delicadezas da vida cotidiana, agora se mostrava gentil, solícito, quase amoroso. O olhar que lançava a ela tinha mudado: não era mais de simples preocupação, mas de algo mais profundo. Como se, de repente, ela fosse o eixo do mundo dele, o centro de um novo universo.Eveline, no entanto, sentia-se estranha — e não ap
A caneta escorregava entre os dedos finos de Eveline Rocha. O papel à sua frente tremia como se denunciasse o que ela não podia dizer em voz alta. Aquela não era uma assinatura de amor. Era um contrato de resgate. Resgate financeiro — não emocional.Sentada à mesa da sala de jantar, Eveline parecia pequena demais para a gravidade daquela decisão. A jovem de pele alva e cabelos negros como a noite encarava o documento com os olhos cor de mel marejados. Seu coração batia tão alto que podia jurar que os outros escutavam.Mas ninguém escutava nada naquela casa.Seu pai, Júlio Rocha, estava de pé ao lado da lareira, com os braços cruzados e a expressão fria como mármore. Desde que a fábrica da família — uma tradicional tecelagem herdada do avô de Eveline — começara a falir, ele já não a olhava como filha. Era uma moeda de troca, e nada mais.— Assine de uma vez, Eveline. Não temos o dia todo — disse ele com voz áspera, sem tirar os olhos do relógio de bolso que herdara como um troféu de te