Ponto de Vista de BillO restante da audiência se torna um borrão enquanto minha raiva pelas mentiras de Doris cresce. As perguntas de Hansen continuam distorcendo a história, fazendo parecer que Serena e eu armamos para Doris.Quando o juiz finalmente anuncia o adiamento da sessão, estou fervendo por dentro. Minha mente corre a mil com tudo o que aconteceu. O tribunal vai se esvaziando lentamente, mas mal percebo.Cruzo o olhar com Serena enquanto recolhemos nossas coisas. Ela parece tão exausta e frustrada quanto eu.— Como você está se sentindo? — Pergunto em um tom baixo.Serena suspira e massageia as têmporas.— Estou cansada, Bill. Tudo isso é… avassalador.— Eu sei. Também me sinto assim. — Digo, pousando uma mão em seu ombro. — Mas logo isso vai acabar.— Espero que sim. — Ela responde.De repente, sua expressão muda. Ela faz uma careta e leva a mão à barriga.— Bill… tem algo errado. — Diz, a voz tremendo.O pânico toma conta de mim.— Serena, você está bem? O que está acontec
Ponto de vista de SerenaO estúdio de yoga é acolhedor e convidativo, com uma iluminação suave e uma música calma tocando ao fundo.Respiro fundo, tentando liberar a tensão que foi se acumulando nos últimos dias. Bill está ao meu lado, parecendo tão determinado quanto eu a aproveitar essa experiência ao máximo.A instrutora, uma mulher serena chamada Maya, nos recebe com um sorriso gentil.— Bem-vindos, pessoal. Hoje vamos focar no relaxamento e na conexão com o seu parceiro. Vamos começar com alguns alongamentos suaves para aquecer.Seguimos suas orientações, movendo-nos por uma série de alongamentos lentos e deliberados. Sinto a tensão em meus músculos começando a se dissipar. A voz de Maya é tranquilizadora, guiando-nos por cada movimento.— Agora, passem para uma posição sentada, de frente para o seu parceiro. — Instrui Maya. — Coloquem as mãos nos joelhos um do outro e olhem nos olhos um do outro. Respirem fundo algumas vezes juntos, sincronizando a respiração.Sento-me de pernas
Ponto de Vista de BillDepois da aula de ioga, Serena e eu decidimos parar para tomar sorvete. Caminhamos de mãos dadas pela rua, aproveitando o ar fresco da noite.Parece um encontro normal, algo que não temos há muito tempo.Encontramos uma pequena sorveteria com uma área externa aconchegante. O local está quase vazio e tem um clima acolhedor. As paredes são pintadas com cores vibrantes, e o cheiro de casquinhas frescas de waffle enche o ar.— Qual sabor você vai pegar? — Serena pergunta enquanto nos aproximamos do balcão.— Estou pensando em massa de cookie com gotas de chocolate. — Respondo, dando uma olhada no menu. — E você?— Chocolate com menta. — Ela diz com um sorriso. — É o meu...— O seu favorito. — Sorrio, completando sua frase. — Eu sei.Fazemos nossos pedidos e nos sentamos do lado de fora, aproveitando a brisa suave. O rosto de Serena se ilumina quando ela dá a primeira colherada no sorvete, e eu não consigo evitar sorrir.— Isso é tão bom. — Ela diz, olhando ao redor.
Ponto de Vista de Serena— Sr. Alvez. — Hansen começa, com um tom medido e calmo. — Pode, por favor, declarar seu nome completo e sua ocupação para o tribunal?Alvez pigarreia, mudando-se desconfortavelmente no assento.— Meu nome é Carlos Alvez, e sou mecânico.Hansen assente.— Sr. Alvez, pode contar ao tribunal sobre seu envolvimento no incidente envolvendo a Srta. Nixon e a Srta. Tipton?Alvez hesita, seus olhos desviando para onde estou sentada com Bill. Ele respira fundo antes de responder:— Fui contratado para... bem, para causar um acidente. Eu deveria atropelar a Srta. Nixon com minha motocicleta.Um suspiro coletivo enche a sala do tribunal, e o juiz bate o martelo para restaurar a ordem. Sinto meu corpo enrijecer enquanto aperto com força a mão de Bill.Hansen continua:— Sr. Alvez, sabe quem lhe pediu para fazer isso?Alvez hesita por um instante antes de responder:— Era uma mulher. Ela era baixinha, gordinha e tinha cabelos loiros cacheados. Mas não sei o nome dela.O qu
Ponto de Vista de BillEu poderia matar Alvez agora mesmo. Ele é um desgraçado imprestável. Não posso acreditar que isso está acontecendo.Tudo pelo que trabalhamos está desmoronando porque ele não conseguiu cumprir sua parte do acordo.Sinto o olhar de Serena sobre mim, queimando de raiva e traição. Ela tem todo o direito de estar furiosa.Eu só queria que Alvez se voltasse contra Doris pagando pela quimioterapia de Ana, mas agora tudo explodiu na nossa cara.O sorriso de Hansen me dá vontade de socá-lo. Ele sabe que nos encurralou. A satisfação estampada no rosto de Doris só alimenta ainda mais minha fúria.O juiz anuncia um breve recesso, mas mal escuto por causa do som do meu próprio sangue martelando nos ouvidos. Viro-me para Serena, que me encara com uma mistura de raiva e confusão. Antes que ela possa dizer qualquer coisa, respiro fundo.— Serena, eu…— Não. — Ela me corta, ríspida. — Falamos sobre isso depois.Ela se levanta, a postura rígida, e sai do tribunal sem olhar para t
Ponto de Vista de BillCaminhamos em silêncio até um parque próximo, encontrando um banco isolado. Serena senta-se primeiro, sua postura tensa. Eu me sento ao lado dela, sem saber como começar.— Serena. — Começo, minha voz baixa. — Eu sei que errei. Queria ajudar, mas agora vejo que fiz isso da maneira errada.Ela se vira para me encarar, seus olhos cheios de mágoa e frustração.— Bill, por que você não me contou? Nós deveríamos estar juntos nisso. Você tomou uma decisão sem mim e agora estamos pagando o preço.— Eu sei. — Digo, esfregando as têmporas. — Achei que estava fazendo a coisa certa ao trazer Alvez para o nosso lado. Não imaginei que isso fosse sair pela culatra desse jeito.Ela balança a cabeça, sua expressão suavizando um pouco.— Não podemos mais ter segredos, Bill. Precisamos ser uma equipe. Se quisermos superar isso, temos que confiar um no outro.Eu aceno com a cabeça, sentindo o peso das palavras dela.— Você tem razão. Nada mais de segredos. Vamos enfrentar isso junt
Ponto de Vista de SerenaA tensão na sala do tribunal é palpável enquanto aguardamos o júri retornar com o veredicto. Cada segundo parece uma eternidade.Sinto meu coração batendo forte no peito, e minhas mãos estão suadas. Lanço um olhar para Bill, que parece tão ansioso quanto eu.É agora. Tudo pelo que passamos, tudo pelo que lutamos, se resume a este momento.O júri finalmente retorna à sala, e o porta-voz se levanta. Prendo a respiração quando o juiz pergunta:— O júri chegou a um veredicto?O porta-voz acena com a cabeça.— Chegamos, Meritíssimo.Minhas mãos tremem. Aperto forte a mão de Bill, buscando qualquer tipo de segurança que possa encontrar. O juiz pede ao porta-voz que leia o veredicto.— No caso do Estado contra Doris Tipton, quanto às acusações de tentativa de agressão e conspiração, consideramos a ré... inocente.Sinto como se o chão tivesse desaparecido sob meus pés. Como isso pôde acontecer?O porta-voz continua:— Constatamos que há dúvidas razoáveis quanto ao envo
Ponto de Vista de BillEstou esperando do lado de fora do tribunal, andando de um lado para o outro nos degraus.Os seguranças estão de olho em mim, garantindo que eu não volte para dentro. Continuo olhando para a entrada, torcendo para ver Serena sair. Não consigo acreditar no quão mal as coisas aconteceram lá dentro. Doris se livrou de tudo, com aquele sorriso presunçoso no rosto...E agora Serena ainda está lá dentro, vulnerável e sozinha.Vejo a porta se abrir, e meu coração dispara. Serena sai, parecendo abalada, mas determinada. Corro até ela, envolvendo-a nos meus braços.— Você está bem? — Pergunto, minha voz carregada de preocupação.Ela assente, embora seus olhos estejam vermelhos e inchados de tanto chorar.— Vou ficar, Bill. — Responde. — E você? Eles te machucaram?Balanço a cabeça.— Não, eles só queriam me tirar de lá. Estou mais preocupado com você.Serena me encara por um momento, como se buscasse algo em meus olhos, antes de assentir de novo.— Ainda estou tremendo po