Alana viu o convite aparecer de repente à sua frente e, intrigada, levantou o olhar. O que encontrou foi o rosto delicado e expressivo de Ayla. Ela não pôde deixar de soltar um leve sorriso de canto, meio sem jeito.— Alana, amanhã minha família vai organizar um grande baile. Quero muito te convidar para ir comigo. Você pode me acompanhar? Com tanta gente, eu fico nervosa. — Disse Ayla, com uma expressão inocente.Alana olhou para o convite colocado diante dela. Seus olhos refletiram uma mistura de emoções. Ela sabia exatamente o que significava receber um convite para o evento da família Coelho.Nos últimos tempos, muita coisa tinha acontecido na universidade. Seu nome estava constantemente nas rodas de conversa, gerando debates, fofocas e especulações. Era como se ela estivesse no olho de um furacão.Desde que Alana entregou a gestão da empresa para seu primo, a maioria das pessoas passou a vê-la como uma herdeira caída em desgraça, sem apoio ou influência.Participar de um evento co
Alana ficou levemente surpresa e paralisada por um momento. As mãos dele eram longas, com dedos bem definidos, e o brilho intermitente do cigarro contrastava com a escuridão. Em seus olhos, havia um sorriso que ela mesma não havia percebido.— Sr. Murilo, o que faz aqui? — Perguntou Alana.Murilo soltou a última baforada de fumaça e apagou o cigarro com calma.— Vim te buscar. — Me buscar? — Alana piscou, um pouco perdida.Murilo assentiu e estendeu um convite para ela. Era o mesmo convite que Ayla havia tentado entregar mais cedo e que ela recusara.— Vim pessoalmente para convidar a senhorita Alana a participar do baile da família Coelho. Você disse que me devia um favor, e, pensando bem, decidi que gostaria que você fosse minha acompanhante. Mas, se não quiser, não precisa se sentir pressionada.A voz de Murilo era rouca, um tom baixo e envolvente que parecia combinar com o brilho enigmático nos olhos dele, onde um sorriso suave se escondia.Alana pegou o convite, sentindo a ponta
— Sr. Murilo, você falando assim vai acabar me assustando. E se eu fugir? Aí você ficaria sem acompanhante hoje. — Disse Alana com um leve sorriso, mas seu tom carregava uma pitada de frieza. Ela já havia sentido o coração acelerar por causa de Murilo várias vezes, mas sabia muito bem a diferença entre os dois mundos em que viviam. O carro parou na entrada do hotel. Alana, segurando o braço de Murilo, entrou com ele no salão de festas. Seus saltos altos ressoavam suavemente contra o piso de mármore, e o som ecoava de forma quase musical. Ao redor, ela podia ver mesas repletas de vinhos e doces, garçons indo e vindo, além das pessoas agrupadas em conversas animadas. O salão era deslumbrante. Em cada lado, longas mesas estavam abarrotadas de iguarias delicadas. Havia doces sofisticados e uma variedade de bebidas. Em uma das extremidades, uma pirâmide de taças de champanhe reluzia sob o brilho dos lustres. Mulheres em vestidos luxuosos de alta costura formavam pequenos grupos, con
— Cunhada, olha só como aquela mulher está se exibindo! — Isadora disse entre dentes, com raiva evidente.Telma imediatamente desviou seu olhar e ajustou sua expressão para um sorriso impecável:— Ela é a acompanhante do Sr. Murilo esta noite. Claro que está se sentindo por cima. Diga-me, Isadora, há alguma mulher neste salão que não sonhe em estar ao lado dele?Além de seu próprio ciúme e inveja, Telma sabia que muitas outras mulheres ali estariam sentindo o mesmo. Mesmo que mantivessem a compostura, era evidente que em pensamento já tinham xingado Alana de todas as formas possíveis.Isadora ficou ainda mais indignada ao ouvir isso. Por que Alana, aquela mulher, tinha o direito de estar ao lado de Murilo? Por que não ela?Telma lançou um olhar ao redor do salão e percebeu que Mestre Coelho não estava por ali. Olhando para o segundo andar, ela entendeu o motivo. Seus olhos brilharam com uma ideia súbita. Não acreditava que Mestre Coelho aceitaria uma mulher divorciada como acompanhante
Alana sentiu o peso dos olhares opressivos sobre ela finalmente se dissipar. Soltou um leve suspiro de alívio. A chegada de Ayla havia sido extremamente oportuna.Ela sabia que, como acompanhante de Murilo naquele baile, tinha atraído a atenção de muitas pessoas, especialmente dos membros da família Coelho. Sua identidade não era segredo, e seu divórcio, amplamente conhecido. Mestre Coelho, sem dúvida, já devia ter ouvido alguns dos comentários maldosos que circulavam.— Vamos, é melhor seguirmos em frente.No canto mais afastado da escadaria em espiral, Telma observava a cena com o semblante carregado. Ela havia iniciado aquelas fofocas propositalmente, com o único objetivo de fazer Mestre Coelho ouvir. Mas, para sua surpresa, ele não parecia ter ficado irritado!Telma apertou os dentes enquanto seus olhos varriam a multidão até pousarem em Diego. Ele estava parado, com o olhar fixo em alguém. Não era nela, mas em Alana!O vestido de gala realçava a silhueta elegante de Alana, como se
Isadora caminhou em direção a Ayla com um sorriso nos lábios.— Ora, ora, Srta. Ayla, sua roupa ficou assim? Eu trouxe um vestido extra, por precaução. Parece que temos o mesmo porte físico. Que tal usar o meu?Ela pensava que, se Ayla aceitasse o vestido, seria uma boa oportunidade para se aproximar dela e talvez ganhar alguma vantagem.Ayla, no entanto, balançou a cabeça e respondeu:— Não precisa. Eu ainda tenho alguns vestidos aqui.Ela segurou a barra do vestido e, sem hesitar, puxou Alana pelo braço. Ayla se apressou em sair, determinada a não deixá-la sozinha.— Alana, venha comigo.Ayla sabia que não podia deixar Alana ser intimidada por ninguém, ainda mais porque havia prometido ao irmão que cuidaria dela. No entanto, naquele momento, um garçom se aproximou e interrompeu as duas.— Srta. Alana, o Sr. Murilo pediu que a senhorita fosse até ele.Ao ouvir isso, Ayla soltou a mão de Alana e disse com firmeza:— Alana, vá encontrar o meu irmão. Eu vou trocar de vestido e já volto.
Alana ouviu aquelas palavras repugnantes e sentiu o sangue ferver. O rosto dela ficou pálido de raiva, enquanto seus olhos vermelhos encaravam o homem com uma fúria incontrolável.— Eu estou te avisando! Se você ousar encostar um dedo em mim, eu vou acabar com você!— Fique quieta! Todo o jardim está vazio, só tem nós dois aqui. A porta está trancada, acha que pode fugir? — Disse o homem, enquanto puxava Alana com força. Ele tentou aproximá-la de seu corpo, o rosto oleoso e envelhecido se tingindo de um rubor excitado. Sua outra mão avançava na direção do ombro dela.Alana, em um movimento rápido, ergueu a perna e desferiu um chute certeiro. Ouviu-se um grito de dor, e o homem caiu para frente, curvado, com as mãos segurando a virilha.— Você! Eu não vou te perdoar! — Ele gritou, com o rosto contorcido de dor.Mas, mesmo assim, ele não soltou o pulso de Alana. Com esforço, ele se levantou, ignorando a agonia. Alana lutava desesperadamente para se soltar, mas a mão do homem parecia um t
Por mais que pensasse, Alana não conseguia ignorar o quão estranha era toda aquela situação. Primeiro, o vestido de Ayla foi sujado; depois, ela foi levada ao jardim dos fundos. Antes mesmo que Alana pudesse dizer algo, Murilo já havia ordenado que verificassem as câmeras de segurança.— Eu sei. Não se preocupe, eu vou encontrar quem fez isso. Por enquanto, volte para dentro. Aqui está frio.Alana ainda estava envolta no paletó dele, que tinha o calor do corpo de Murilo. Aquele gesto aqueceu algo dentro dela. Ele sempre aparecia nesses momentos, quando tudo parecia perdido, quebrando as trevas e trazendo luz. Sem perceber, ela se aproximou mais dele, buscando segurança.O coração dela ainda batia acelerado. A cena assustadora de minutos atrás agora se transformava em indignação, misturada com o conforto de saber que Murilo estava ao seu lado.Ela assentiu com a cabeça, caminhando ao lado dele:— Obrigada. Agora eu te devo mais uma.O olhar de Murilo ainda era frio, o que deixava claro