— Murilo? — Diego estreitou os olhos.Naquele horário, o que ele estava fazendo na casa de Alana?— Vim procurar Alana para tratar de um assunto. Isso não tem nada a ver com o Sr. Murilo, não acha? — Disse Diego.Murilo lançou um olhar gelado para Diego, sua expressão já congelada de frieza.— Alana e Srta. Luiza já disseram que você não é bem-vindo aqui. Se tem tempo para isso, deveria usá-lo pensando em como salvar sua irmã, ao invés de desperdiçá-lo aqui. Sua irmã foi presa porque a escola denunciou o caso à polícia. Isso foi aprovado por unanimidade pelo conselho escolar, não tem nada a ver com Alana.Os olhos de Diego escureceram. Ele observava a postura de Murilo em relação a Alana e sentia o coração se apertar.— Sr. Murilo, a família Arruda também faz parte do conselho escolar, mas até agora não ouvi falar de nenhuma reunião do conselho.Diego pensava que Murilo agia como se fosse o único membro do conselho.Murilo, sem se alterar, deu de ombros, sem se preocupar com os comentá
— Ayla já foi levada ao hospital e está dormindo. Fiquei com receio de que você não comesse, então pedi para o Roberto trazer comida para viagem. — Explicou Murilo.Ele não esperava que Luiza também estivesse ali, muito menos que tivesse acabado de esbarrar com Diego.Alana, lembrando-se da situação constrangedora de instantes atrás, ficou com o rosto um pouco tenso:— Acabei te fazendo passar vergonha agora.Sempre que se envolvia com os membros da família Arruda, acabava sendo flagrada por ele.— Eu achava que a família Arruda era uma família de nome. Pelo visto, só tem fama, mas não tem substância. — Murilo raramente prestava atenção nessas coisas. Quando via alguma fofoca em notícias, apenas ria e deixava passar. Histórias de disputas familiares de gente rica ele já tinha visto muitas, mas nunca imaginou que um dia viveria algo assim.Luiza, enquanto mordia uma coxa de pato, comentou:— Você ainda não viu nada. As coisas podem ficar ainda mais dramáticas! Agora eu já enxerguei tudo
— Mãe! — Diego estava um pouco desconfortável. — Não fale assim. Isso nem foi culpa da Alana. Eu vi o Murilo na casa dela, com certeza a família Coelho entrou na jogada.Murilo estava na casa da Alana?Telma sentiu um tremor no coração. Será que isso significava que os dois estavam juntos? Já tinham assumido um relacionamento? Estavam tão próximos assim?!Luana, ao contrário, começou a praguejar em voz alta:— Agora está tudo claro! A família Coelho está ajudando aquela vadia contra a Isadora. Coitada da Isadora, que vida miserável!— A Alana está muito contra mim agora. Ela não escuta nada do que eu digo. — Diego suspirou, sem saber o que fazer.Telma aproveitou para comentar:— Nós realmente não somos páreo para a família Coelho. Não é de se estranhar que a Srta. Alana nos deteste tanto. Afinal, estamos falando do Sr. Murilo.Ela falou de maneira sugestiva, e Diego entendeu imediatamente o que ela queria dizer.Luana também concordou, acrescentando:— Telma está certa. Ela é apenas u
— O que houve? É a Ayla? — Perguntou Alana.— Sim, a Ayla acordou. Está chorando sem parar. — Respondeu Murilo.— Então vá logo. Ah, ela não comeu nada. Leve isso aqui para ela. — Alana apressou-se em entregar-lhe uma marmita térmica.Murilo não recusou. Pegou o recipiente e saiu. Antes de ir, olhou para Alana diversas vezes, visivelmente preocupado.— Qualquer coisa, me ligue. — Disse ele, mesmo sabendo que ela dificilmente faria isso.— Tudo bem. Quando chegar ao hospital, não se esqueça de me ligar também. Quero saber como ela está.Murilo assentiu e, em pouco tempo, chegou ao hospital. Antes mesmo de entrar no quarto, ele ouviu o som de um choro rouco.A cuidadora aproximou-se, visivelmente nervosa:— Sr. Murilo, eu não sei o que aconteceu. Depois que o senhor foi embora, a Srta. Ayla estava dormindo. Mas, assim que acordou, começou a chorar sem parar. Está assim até agora. Chorou tanto que ficou sem voz. Ela só repete que está com medo e não fala com ninguém.— Vou ver como ela es
Mas Ayla não disse mais nada. Não importava o que Alana perguntasse, Ayla continuava agarrada à barra de sua roupa, recusando-se a soltá-la.Murilo olhou para Alana com um misto de culpa e preocupação:— Ela deve estar muito dependente de você.Embora fosse algo estranho, Alana deixou que Ayla continuasse segurando sua roupa e disse:— Não tem problema. Ela deve estar se sentindo muito insegura agora e só quer alguém por perto. — O relógio já marcava tarde. — Vendo Ayla naquele estado, Alana não conseguia ficar tranquila. — Acho melhor Ayla passar a noite aqui comigo.Murilo já vinha pensando nisso desde o trajeto no carro, mas sabia que Alana estava machucada e não deveria se sobrecarregar.— Você ainda está com a perna machucada. Como vai cuidar dela? É melhor que eu a leve comigo. — Murilo olhou para a perna de Alana, que ainda estava inchada e avermelhada.Além disso, ele tinha se esforçado bastante para acalmar Ayla durante seus surtos. Se ele já havia tido dificuldades, deixar A
— Está tão confiante assim? — Perguntou Murilo.Alana assentiu:— A maior dificuldade entre um psicólogo e um paciente não é lidar com os gatilhos ou as formas como a doença se manifesta. O maior obstáculo é a confiança. Se o paciente consegue confiar no médico de forma plena e incondicional, o progresso é muito mais rápido. E eu percebi que ela confia em mim, até mesmo depende de mim.— Às vezes, ela é como uma criança. Mas é difícil para ela distinguir as intenções das pessoas. Ela sente quando alguém é bom com ela.— Não. Não é só isso. — Alana franziu a testa, com uma expressão séria. — Eu sinto que o tempo que passei com ela até agora não seria suficiente para construir um nível de confiança tão profundo. Deve haver outro motivo. Só que, por enquanto, eu não sei qual é.A mão de Murilo tremeu levemente, mas ele manteve a expressão calma.— Eu acredito em você.— A propósito, como você vai lidar com o caso da Isadora? — Perguntou Alana, mudando de assunto.— Vou deixar nas mãos da
Quando Alana saiu do quarto, percebeu que Murilo já havia saído. Sobre a mesa de jantar, ele havia deixado um café da manhã preparado para duas pessoas.Depois de lavar o rosto e escovar os dentes, Alana comeu o café da manhã e aplicou a pomada para queimaduras na perna. Ayla ainda estava dormindo.Enquanto refletia sobre o estado de saúde de Ayla, seu telefone tocou. O número era desconhecido. Alana atendeu, intrigada.— Alô? Quem fala? — Perguntou ela.Do outro lado da linha, ouviu-se uma risada leve, seguida por uma voz familiar. Era Renata.— Já esqueceu minha voz tão rápido? Depois da competição de ontem, não tive chance de perguntar como você estava. Como está a queimadura?— Doutora, não está doendo tanto agora. Ainda está um pouco inchada e vermelha, mas acabei de passar a pomada. A senhora já está de partida, não é?Alana lembrou-se de que Renata só ficaria na cidade por sete dias, e hoje era justamente o último dia.— Sim. Meu voo é hoje à noite. Já estou com um compromisso m
Ayla já não tinha mais o ar confiante e a energia vibrante que exibia no encontro anterior. Em apenas um dia, ela havia mudado drasticamente.— Você já pensou no que pode ter desencadeado isso? — Perguntou Renata, em um tom baixo.Alana lançou um olhar preocupado para Ayla:— Ontem, quando ela viu a queimadura na minha perna, ficou assim. Naquele momento, ela estava muito mais agitada do que agora. Tinha medo de tudo ao seu redor. Foi difícil acalmá-la e fazê-la dormir.— Entendi. — Disse Renata, pensativa. — Provavelmente, ela sofreu algum trauma no passado. Todas essas reações são respostas de estresse pós-traumático. Pode haver uma forte influência psicológica por trás disso. Algo deve ter reativado as memórias dolorosas, e agora ela está presa nesse estado, revivendo o ambiente daquele momento traumático.Alana, no entanto, tinha uma dúvida específica que não conseguia ignorar:— Se ela está realmente presa no passado, sentindo medo de tudo e de todos, até mesmo do irmão, por que c