— O que houve? É a Ayla? — Perguntou Alana.— Sim, a Ayla acordou. Está chorando sem parar. — Respondeu Murilo.— Então vá logo. Ah, ela não comeu nada. Leve isso aqui para ela. — Alana apressou-se em entregar-lhe uma marmita térmica.Murilo não recusou. Pegou o recipiente e saiu. Antes de ir, olhou para Alana diversas vezes, visivelmente preocupado.— Qualquer coisa, me ligue. — Disse ele, mesmo sabendo que ela dificilmente faria isso.— Tudo bem. Quando chegar ao hospital, não se esqueça de me ligar também. Quero saber como ela está.Murilo assentiu e, em pouco tempo, chegou ao hospital. Antes mesmo de entrar no quarto, ele ouviu o som de um choro rouco.A cuidadora aproximou-se, visivelmente nervosa:— Sr. Murilo, eu não sei o que aconteceu. Depois que o senhor foi embora, a Srta. Ayla estava dormindo. Mas, assim que acordou, começou a chorar sem parar. Está assim até agora. Chorou tanto que ficou sem voz. Ela só repete que está com medo e não fala com ninguém.— Vou ver como ela es
Mas Ayla não disse mais nada. Não importava o que Alana perguntasse, Ayla continuava agarrada à barra de sua roupa, recusando-se a soltá-la.Murilo olhou para Alana com um misto de culpa e preocupação:— Ela deve estar muito dependente de você.Embora fosse algo estranho, Alana deixou que Ayla continuasse segurando sua roupa e disse:— Não tem problema. Ela deve estar se sentindo muito insegura agora e só quer alguém por perto. — O relógio já marcava tarde. — Vendo Ayla naquele estado, Alana não conseguia ficar tranquila. — Acho melhor Ayla passar a noite aqui comigo.Murilo já vinha pensando nisso desde o trajeto no carro, mas sabia que Alana estava machucada e não deveria se sobrecarregar.— Você ainda está com a perna machucada. Como vai cuidar dela? É melhor que eu a leve comigo. — Murilo olhou para a perna de Alana, que ainda estava inchada e avermelhada.Além disso, ele tinha se esforçado bastante para acalmar Ayla durante seus surtos. Se ele já havia tido dificuldades, deixar A
— Está tão confiante assim? — Perguntou Murilo.Alana assentiu:— A maior dificuldade entre um psicólogo e um paciente não é lidar com os gatilhos ou as formas como a doença se manifesta. O maior obstáculo é a confiança. Se o paciente consegue confiar no médico de forma plena e incondicional, o progresso é muito mais rápido. E eu percebi que ela confia em mim, até mesmo depende de mim.— Às vezes, ela é como uma criança. Mas é difícil para ela distinguir as intenções das pessoas. Ela sente quando alguém é bom com ela.— Não. Não é só isso. — Alana franziu a testa, com uma expressão séria. — Eu sinto que o tempo que passei com ela até agora não seria suficiente para construir um nível de confiança tão profundo. Deve haver outro motivo. Só que, por enquanto, eu não sei qual é.A mão de Murilo tremeu levemente, mas ele manteve a expressão calma.— Eu acredito em você.— A propósito, como você vai lidar com o caso da Isadora? — Perguntou Alana, mudando de assunto.— Vou deixar nas mãos da
Quando Alana saiu do quarto, percebeu que Murilo já havia saído. Sobre a mesa de jantar, ele havia deixado um café da manhã preparado para duas pessoas.Depois de lavar o rosto e escovar os dentes, Alana comeu o café da manhã e aplicou a pomada para queimaduras na perna. Ayla ainda estava dormindo.Enquanto refletia sobre o estado de saúde de Ayla, seu telefone tocou. O número era desconhecido. Alana atendeu, intrigada.— Alô? Quem fala? — Perguntou ela.Do outro lado da linha, ouviu-se uma risada leve, seguida por uma voz familiar. Era Renata.— Já esqueceu minha voz tão rápido? Depois da competição de ontem, não tive chance de perguntar como você estava. Como está a queimadura?— Doutora, não está doendo tanto agora. Ainda está um pouco inchada e vermelha, mas acabei de passar a pomada. A senhora já está de partida, não é?Alana lembrou-se de que Renata só ficaria na cidade por sete dias, e hoje era justamente o último dia.— Sim. Meu voo é hoje à noite. Já estou com um compromisso m
Ayla já não tinha mais o ar confiante e a energia vibrante que exibia no encontro anterior. Em apenas um dia, ela havia mudado drasticamente.— Você já pensou no que pode ter desencadeado isso? — Perguntou Renata, em um tom baixo.Alana lançou um olhar preocupado para Ayla:— Ontem, quando ela viu a queimadura na minha perna, ficou assim. Naquele momento, ela estava muito mais agitada do que agora. Tinha medo de tudo ao seu redor. Foi difícil acalmá-la e fazê-la dormir.— Entendi. — Disse Renata, pensativa. — Provavelmente, ela sofreu algum trauma no passado. Todas essas reações são respostas de estresse pós-traumático. Pode haver uma forte influência psicológica por trás disso. Algo deve ter reativado as memórias dolorosas, e agora ela está presa nesse estado, revivendo o ambiente daquele momento traumático.Alana, no entanto, tinha uma dúvida específica que não conseguia ignorar:— Se ela está realmente presa no passado, sentindo medo de tudo e de todos, até mesmo do irmão, por que c
Ayla chorava enquanto abraçava com força o braço de Alana, como se apenas assim pudesse encontrar alguma sensação de segurança.Alana deixou que ela continuasse segurando, mas, em seu coração, questionava-se sobre o que Ayla teria vivido para ser tão carente de segurança.— Estou aqui, Ayla. Não precisa ter medo. Eu não vou a lugar nenhum. — Disse Alana em um tom suave.Ayla foi se acalmando aos poucos, embora ainda segurasse firmemente o braço de Alana. Seus olhos, no entanto, continuavam a se mover de forma inquieta, examinando o ambiente com medo.Renata tomou um gole de café antes de conferir o relógio.— Srta. Alana, já está ficando tarde. Vou levar vocês de volta.— Tudo bem. Obrigada, Doutora. — Respondeu Alana.Ela ajudou Ayla a entrar no carro de Renata e, em pouco tempo, estavam de volta ao prédio onde Alana morava.Antes de partir, Renata a lembrou:— Srta. Alana, em breve meu colega, que tem mais experiência do que eu, estará de volta ao país. Ele é um psicólogo muito renom
— Mãe! A porcentagem de ações que controlamos é de apenas cinco por cento. A família Coelho, por outro lado, detém quarenta por cento, quase metade! O diretor nunca iria se arriscar a enfrentar a família Coelho por causa da família Arruda. — Explicou Diego com frieza.Além disso, ele ainda não havia mencionado o mais importante: Isadora tinha uma reputação péssima fora da escola. Dentro da instituição, ela se aproveitava do nome da família Arruda para intimidar colegas, perseguindo qualquer um que não lhe agradasse. Havia até bons alunos que, por causa dela, foram obrigados a abandonar os estudos. O diretor já havia sido muito diplomático. Antes, ele era pressionado pela influência da família Arruda, mas agora, com a interferência da família Coelho, não havia mais como proteger Isadora.— É tudo uma cambada de covardes que só sabem bajular os fortes e pisar nos fracos! Ai, meu Deus! O que será da minha Isadora? — Lamentou Luana, chorando e gritando ao telefone.A voz de Diego ficou ain
— Você simplesmente jogou a dignidade da família Arruda no lixo! Inclusive aquelas coisas que você postou nos fóruns... Não posso te ajudar! — Disse Diego, com o rosto cada vez mais fechado.— Irmão! Eu fiz tudo isso por você! Foi aquela vadia que te traiu durante o casamento, e mesmo assim você ainda deu tanto dinheiro e aquela casa para ela! Ela só casou com você por causa do dinheiro! Eu não suporto ver aquela mulher! Como ela tem coragem de ser tão descarada e ainda levar o dinheiro da família Arruda? — Gritou Isadora, completamente fora de si.— Chega! — Exclamou Diego, com a expressão ainda mais sombria. — Não se trata mais de te salvar ou não. Você sabe quem te colocou aqui? Foi a família Coelho! Ninguém pode te ajudar! Aproveite para refletir sobre o que você fez.Diego deu as costas e saiu imediatamente.— Não vá! Irmão! Você não pode ir embora! — Isadora gritou, desesperada, batendo na porta como se isso pudesse detê-lo. Mas, assim que ela começou a fazer barulho, dois polici