Ayla já não tinha mais o ar confiante e a energia vibrante que exibia no encontro anterior. Em apenas um dia, ela havia mudado drasticamente.— Você já pensou no que pode ter desencadeado isso? — Perguntou Renata, em um tom baixo.Alana lançou um olhar preocupado para Ayla:— Ontem, quando ela viu a queimadura na minha perna, ficou assim. Naquele momento, ela estava muito mais agitada do que agora. Tinha medo de tudo ao seu redor. Foi difícil acalmá-la e fazê-la dormir.— Entendi. — Disse Renata, pensativa. — Provavelmente, ela sofreu algum trauma no passado. Todas essas reações são respostas de estresse pós-traumático. Pode haver uma forte influência psicológica por trás disso. Algo deve ter reativado as memórias dolorosas, e agora ela está presa nesse estado, revivendo o ambiente daquele momento traumático.Alana, no entanto, tinha uma dúvida específica que não conseguia ignorar:— Se ela está realmente presa no passado, sentindo medo de tudo e de todos, até mesmo do irmão, por que c
Ayla chorava enquanto abraçava com força o braço de Alana, como se apenas assim pudesse encontrar alguma sensação de segurança.Alana deixou que ela continuasse segurando, mas, em seu coração, questionava-se sobre o que Ayla teria vivido para ser tão carente de segurança.— Estou aqui, Ayla. Não precisa ter medo. Eu não vou a lugar nenhum. — Disse Alana em um tom suave.Ayla foi se acalmando aos poucos, embora ainda segurasse firmemente o braço de Alana. Seus olhos, no entanto, continuavam a se mover de forma inquieta, examinando o ambiente com medo.Renata tomou um gole de café antes de conferir o relógio.— Srta. Alana, já está ficando tarde. Vou levar vocês de volta.— Tudo bem. Obrigada, Doutora. — Respondeu Alana.Ela ajudou Ayla a entrar no carro de Renata e, em pouco tempo, estavam de volta ao prédio onde Alana morava.Antes de partir, Renata a lembrou:— Srta. Alana, em breve meu colega, que tem mais experiência do que eu, estará de volta ao país. Ele é um psicólogo muito renom
— Mãe! A porcentagem de ações que controlamos é de apenas cinco por cento. A família Coelho, por outro lado, detém quarenta por cento, quase metade! O diretor nunca iria se arriscar a enfrentar a família Coelho por causa da família Arruda. — Explicou Diego com frieza.Além disso, ele ainda não havia mencionado o mais importante: Isadora tinha uma reputação péssima fora da escola. Dentro da instituição, ela se aproveitava do nome da família Arruda para intimidar colegas, perseguindo qualquer um que não lhe agradasse. Havia até bons alunos que, por causa dela, foram obrigados a abandonar os estudos. O diretor já havia sido muito diplomático. Antes, ele era pressionado pela influência da família Arruda, mas agora, com a interferência da família Coelho, não havia mais como proteger Isadora.— É tudo uma cambada de covardes que só sabem bajular os fortes e pisar nos fracos! Ai, meu Deus! O que será da minha Isadora? — Lamentou Luana, chorando e gritando ao telefone.A voz de Diego ficou ain
— Você simplesmente jogou a dignidade da família Arruda no lixo! Inclusive aquelas coisas que você postou nos fóruns... Não posso te ajudar! — Disse Diego, com o rosto cada vez mais fechado.— Irmão! Eu fiz tudo isso por você! Foi aquela vadia que te traiu durante o casamento, e mesmo assim você ainda deu tanto dinheiro e aquela casa para ela! Ela só casou com você por causa do dinheiro! Eu não suporto ver aquela mulher! Como ela tem coragem de ser tão descarada e ainda levar o dinheiro da família Arruda? — Gritou Isadora, completamente fora de si.— Chega! — Exclamou Diego, com a expressão ainda mais sombria. — Não se trata mais de te salvar ou não. Você sabe quem te colocou aqui? Foi a família Coelho! Ninguém pode te ajudar! Aproveite para refletir sobre o que você fez.Diego deu as costas e saiu imediatamente.— Não vá! Irmão! Você não pode ir embora! — Isadora gritou, desesperada, batendo na porta como se isso pudesse detê-lo. Mas, assim que ela começou a fazer barulho, dois polici
Murilo ainda respondeu com paciência:— Ayla, não foi tarde. Veja, eu já salvei vocês duas.— Alana, você está segura agora? — Perguntou Ayla de repente, sem qualquer explicação.Alana ficou surpresa com a pergunta, mas acabou assentindo:— Estamos todas seguras agora.— Hum! — Ayla não disse mais nada. Ela puxou o copo de chá à sua frente e começou a beber, gole por gole.Murilo pareceu ficar perdido em seus pensamentos por um momento, como se estivesse refletindo sobre algo.Já era tarde da noite quando Murilo terminou de arrumar tudo e foi embora.Ayla dormiu rapidamente, mas Alana, por outro lado, não conseguia pregar os olhos. Ela continuava pensando em Murilo. Sem dúvida, ele era um homem perfeito. O problema era que ela podia sentir seus próprios sentimentos por ele mudando, de uma maneira que ela não conseguia controlar.Por mais que tentasse manter distância, quanto mais ela tentava evitar Murilo, mais sentia vontade de se aproximar dele.[Segundo as últimas notícias, a Srta.
Diego tinha acabado de assinar um contrato em um café sofisticado. Desde cedo, ele estava inquieto, com a cabeça cheia das imagens de Alana e Murilo juntos. Ao sair do café, avistou uma confeitaria ao lado, com uma fila que se estendia pela calçada. O ambiente era animado e cheio de vozes.Nico, percebendo o olhar de Diego, comentou:— Sr. Diego, essa é a confeitaria Procurar Sabor, muito famosa aqui em Huambo. Dizem que tem gente que dirige horas só para vir comprar os doces de lá. O lugar virou ponto obrigatório para influencers tirarem fotos. Mas tem um detalhe: eles limitam a quantidade de produtos por dia, então sempre sobra uma boa parte da fila que vai embora de mãos vazias.— Procurar Sabor? — Diego repetiu o nome, tentando se lembrar onde já o tinha ouvido antes.De repente, sua memória o levou a uma noite específica. Ele havia acabado de voltar do trabalho, cansado, quando Alana apareceu animada, segurando uma sacola cheia de doces. Sobre a mesa de centro, ela organizava cu
Enquanto os dois estavam ocupados na cozinha, a campainha tocou.Ayla correu para abrir a porta. No momento em que viu quem estava ali, recuou alguns passos com medo e correu de volta para a cozinha.— Alana, tem uma pessoa... — Disse Ayla, com a voz trêmula. Alana secou as mãos com um pano e perguntou: — Quem é? Quando ela foi até a porta e viu quem estava ali, ficou paralisada. Era Diego. O sorriso que estava em seu rosto desapareceu imediatamente, e suas sobrancelhas se franziram. — Diego, o que você quer aqui? — Perguntou Alana, com um tom frio. — Alana, a Ayla está na sua casa? — Perguntou Diego, surpreso por ter sido recebido pela menina. No entanto, ao ver Alana usando um avental, algo dentro dele pareceu se agitar. Era como se ele tivesse voltado no tempo, para os dias em que eles viviam juntos. — Diego, quem eu convido para a minha casa não é da sua conta. Diga logo o que você quer, ou vá embora. Estou ocupada e não tenho tempo para perder com conversa fiada. — R
— Assine.A voz fria e grave soou acima de sua cabeça, enquanto uma folha de papel era colocada diante dela. Era um contrato de divórcio. Alana Alves ficou levemente atônita, levantando os olhos para encarar Diego Arruda. Um sorriso amargo surgiu em seus lábios.Então era isso... Não era à toa que, mais cedo, ele havia feito algo completamente inusitado: ligou para ela pela manhã, dizendo que voltaria para casa à noite porque precisava conversar.Ela passou o dia inteiro ansiosa, cheia de expectativas. Pensou que, talvez, depois de três anos de casamento, ele finalmente estivesse disposto a abrir seu coração para ela. Mas, no fim, o que ele tinha a dizer era isso. O ponto final em um casamento que, para ela, já durava uma eternidade, mas, para ele, nunca havia começado de verdade.Alana pegou os papéis sem dizer nada. Seus dedos apertaram levemente as folhas, enquanto ela permanecia em silêncio. Depois de um momento, sua voz saiu rouca:— Tem mesmo que ser assim?Diego franziu as sobra