Capítulo 6
O homem magro e alto caiu no chão de concreto com um baque surdo, seu corpo se contorcendo como um saco de trapos antes de suas pernas se esticarem e seus olhos se fecharem. Um fio de sangue escuro começou a escorrer lentamente de sua cabeça.

Os cães no pátio começaram a latir descontroladamente.

Aproveitando a confusão, o careca tentou fugir, mas os policiais rapidamente o dominaram, o imobilizaram no chão, pegaram a pintura e o algemaram.

Camila ainda estava com as mãos agarradas na moldura da janela, olhando fixamente para Lucas, que havia disparado a arma.

Casada com ele há três anos, ela não sabia que Lucas sabia atirar, e muito menos com tamanha precisão.

Naquele momento de extrema tensão, se ele tivesse disparado um pouco mais cedo ou mais tarde, ou se a bala tivesse desviado um pouco, Camila teria sido fatalmente ferida.

Lucas jogou a arma no chão, deu largos passos em direção a ela e a tirou da janela.

Com cuidado, ele começou a tratar do ferimento em seu pescoço.

Ele a abraçou com força, seus dedos frios acariciando seu rosto pálido de medo, e perguntou suavemente:

— Você ficou com medo, né?

Ainda atordoada, Camila respondeu:

— Sim.

Ela pensou que estava condenada, mas surpreendentemente sobreviveu.

Seu coração batia freneticamente, seus ouvidos zumbiam, e mesmo com o silenciador, o tiro ainda soava alto.

Todo o incidente parecia uma cena de filme, cheia de arrepiar.

Ela ficou apavorada.

A antiga pintura foi cuidadosamente guardada pela polícia, colocada em um saco de proteção e depois em um cofre.

Camila cooperou com a polícia para fazer uma declaração e entrou no carro de Lucas.

Até aquele momento, as pernas de Camila ainda estavam vacilantes e sua cabeça, confusa.

A noite estava escura, e a estrada rural era estreita.

O motorista seguiu em direção à cidade.

Camila estava nos braços de Lucas.

Ele acariciava repetidamente suas costas magras, tentando acalmá-la:

— Já passou, já passou, não tenha medo.

Seu abraço era quente, e Camila instintivamente se aninhou mais em seu peito, sentindo uma mistura de alívio e uma ponta de doçura.

Como marido, ele fez o que deveria fazer.

Sentindo sua resposta, Lucas a apertou mais forte, sua voz suave ao ouvido dela, com um toque de reprovação:

— Por que você não me ligou quando isso aconteceu? Sua mãe percebeu que algo estava errado só ontem e me ligou.

Com a garganta apertada, ele enterrou o queixo em seu cabelo e segurou firmemente sua roupa, murmurando:

— O que eu faria se algo acontecesse com você?

Camila ficou um pouco surpresa.

Naquele momento, ela sentiu que ele realmente se importava com ela, mais do que ela imaginava.

Ela levantou os braços lentamente, abraçando sua cintura, e enterrou o rosto em seu pescoço.

Ele exalava um cheiro que lhe dava segurança, um cheiro que a acalmava.

Um calor brotou em seu coração e as lágrimas começaram a encher os olhos de Camila.

No meio do caminho, o celular de Lucas tocou.

Ele deu uma olhada e desligou o telefone.

Camila intuitivamente sabia que era Chloe ligando.

Pouco tempo depois, o celular do assistente no banco da frente também tocou.

Ele atendeu, disse algumas palavras e passou o telefone:

— Sr. Lucas, é a Srta. Chloe.

Lucas pegou o telefone e perguntou:

— O que foi?

A voz doce de Chloe parecia ansiosa:

— Lucas, você encontrou a Camila?

— Encontrei.

— Ela deve estar apavorada, né? Fique com ela, não precisa vir me ver no hospital esses dias. — disse Chloe.

Lucas respondeu com um simples ‘sim’.

Camila, que não estava muito longe, ouviu claramente, e seu coração originalmente quente ficou frio.

Mesmo sem se divorciar, ele ainda era seu marido, mas ter que depender da concessão de outra mulher para ter seu marido ao seu lado era uma humilhação imensa.

Ela empurrou suavemente o braço de Lucas e se ajeitou no assento. Virou a cabeça e olhou para a janela, sorrindo para seu reflexo no vidro. Seu sorriso e seus lábios estavam frios.

Toda aquela sensação boa de antes era apenas uma ilusão. Sim, tudo era uma ilusão dela.

O carro entrou na cidade.

Camila disse a Lucas:

— Leve-me para a casa da minha mãe, por favor. Quanto à vovó, você pode inventar uma desculpa.

Lucas ficou em silêncio por um momento e depois respondeu:

— Tá bom.

De volta à casa.

Assim que entrou, Maria Santos abraçou Camila apertado, chorando:

— Querida, você está tudo bem?

— Estou bem.

Maria, sempre tão forte e agitada, agora chorava descontroladamente:

— Que bom, que bom. Você me deixou apavorada! A culpa é toda minha por não entender o que você quis dizer quando pediu para eu tomar o remédio. Foi só no dia seguinte que percebi.

Maria, que chorava e falava:

— Graças ao Lucas para te procurar, se não fosse por ele, nem sei o que poderia ter acontecido. Você é a única filha que eu tenho. Se algo te acontecesse, como eu ia viver?

Camila levantou a mão para enxugar as lágrimas da mãe e disse suavemente:

— Não chore mais, mãe. Estou aqui, de volta e bem.

Uma semana depois, à noite.

Lucas tinha bebido demais em um evento de negócios. O motorista o ajudou a entrar em casa e o deitou no sofá.

Quando se levantou para pegar uma toalha, ouviu Lucas, de olhos fechados, murmurando:

— Camila, Camila, me traz um copo d’água.

O motorista hesitou por alguns segundos antes de pegar o celular e ligar para Camila.

Ele disse:

— Sra. Camila, o Sr. Lucas bebeu bastante e está chamando por você.

Camila ficou em silêncio.

Maria ouviu tudo isso de fora e disse:

— Vai lá cuidar dele. Vocês ainda são casados, não precisa fazer tanta cena.

Camila respondeu com um ‘Tá’ e disse ao motorista:

— Estou indo.

— Obrigado, Sra. Camila. — O motorista desligou o telefone.

O motorista pegou um copo de água e deu a Lucas. Enquanto ele bebia, a campainha tocou de repente.

O motorista foi abrir a porta.

Na porta estava Chloe, vestida de branco e segurando uma cesta de frutas.

O motorista disse, desculpando-se:

— Srta. Chloe, o Sr. Lucas bebeu demais e não pode receber visitas agora.

Chloe sorriu e respondeu:

— Não há problema. Eu cuidarei dele.

Ela entrou rapidamente, colocou a cesta no armário de sapatos e disse ao motorista:

— Pode ir, eu cuido do Lucas.

O motorista ficou visivelmente desconfortável:

— Acabei de ligar para a Sra. Camila. Ela deve chegar em breve.

Chloe sorriu novamente:

— Sem problema. Eu conheço a Camila; ela é muito tranquila e não se importará.

Após hesitar um momento, o motorista concordou:

— Tudo bem então.

Ele pegou as chaves do carro e saiu.

Chloe caminhou até o sofá e pegou a xícara de chá, oferecendo água a Lucas Costa.

Sentindo um perfume familiar, Lucas abriu os olhos lentamente. Quando viu que era Chloe, uma expressão de leve surpresa passou por seu rosto. Ele se apoiou no sofá para se sentar e perguntou:

— O que você está fazendo aqui?

Chloe piscou os cílios e sorriu sedutoramente:

— Estava com muita saudade de você, não consegui me segurar. Você não vai se importar, vai, Lucas?

Lucas franziu ligeiramente a testa:

— Eu bebi demais, não posso te receber. Volte para casa.

Chloe ficou momentaneamente atônita e seus olhos se encheram de lágrimas. Ela disse, magoada:

— Lucas, você ainda não me perdoou de verdade. Eu já expliquei que aquela mensagem de término, há três anos, foi enviada pela minha mãe usando meu celular. Ela me mandou para o exterior e colocou pessoas para me vigiar 24 horas por dia, impedindo qualquer contato com você.

Enquanto chorava, ela disse:

— Sabe o quanto sofri nesses três anos? Pensando em você todos os dias, enlouquecendo de saudade, até me tornar gravemente depressiva…

Ela começou a chorar, cobrindo o rosto com as mãos.

— Já te perdoei, de verdade. — respondeu Lucas, a contragosto, mas com um tom suave. — Não chore.

Chloe olhou para ele com olhos cheios de lágrimas, parecendo frágil e ressentida:

— Então por que está me mandando embora?

Lucas apertou a perna com força, tentando usar a dor para clarear a mente:

— Eu ainda não me divorciei. É tarde da noite, sua presença aqui não é apropriada.

Chloe percebeu esse gesto e se aproximou lentamente, colocando os braços delicadamente sobre os ombros dele. Com uma voz suave, disse:

— Eu não me importo.

Lucas se afastou dela e disse:

— Mas eu me importo.

Os olhos de Chloe mostraram uma leve decepção e suas mãos ficaram paralisadas no ar por um momento antes de serem retiradas.

O silêncio pesado encheu a sala, criando uma atmosfera sufocante.

Chloe, incapaz de suportar o silêncio, olhou ao redor e seus olhos caíram sobre um quadro na parede. Tentando quebrar o gelo, perguntou:

— Essa pintura de bambu é uma obra original de Almeida Júnior?

Lucas respondeu:

— Não, é uma cópia feita por Camila.

— É mesmo? Está muito bem-feita, eu pensei que fosse uma obra original. — Chloe disse. — Não sabia que Camila era tão talentosa.

Os olhos de Lucas se encheram de ternura:

— Sim, ela é muito talentosa.

Chloe olhou para ele com adoração evidente nos olhos e disse:

— Mas Lucas, você é ainda mais incrível. Para mim, você sempre será o homem mais extraordinário.

Lucas abaixou os cílios, escondendo uma sombra de frustração.

Para Camila, o homem mais incrível certamente era Pedro Silva.

De repente, Chloe ouviu passos leves do lado de fora e se lembrou do que o motorista disse, que Camila estava a caminho. Uma ideia surgiu em sua mente.

Ela se levantou rapidamente e segurou o braço de Lucas, dizendo de forma provocante:

— Lucas, vou te ajudar a tomar um banho. Depois que você dormir, eu vou embora.

— Não precisa. — Lucas levantou a mão para afastá-la.

— Não se preocupe, não sou uma estranha.

— Não, vá embora! — ele disse com um tom irritado.

Ouvindo o som da chave na porta, Chloe decidiu agir.

Fingiu tropeçar e caiu sobre Lucas, envolvendo seus braços ao redor da cintura dele e aproximando seus lábios dos dele.

Lucas segurou o pescoço dela, tentando afastá-la.

No entanto, Chloe estava como uma serpente, apertando-o com força. Lucas, com os músculos enfraquecidos pelo álcool, não conseguiu afastá-la.

Quando Camila entrou na casa, viu Chloe e Lucas abraçados, prestes a se beijar!

Aquelas mãos que um dia tocaram sua cintura com tanta ternura agora seguravam o pescoço de Chloe com intimidade!

Camila sentiu seu corpo congelar desde a coluna até o chão.

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