Capítulo 9
Lucas chegou à empresa e ficou ocupado até o anoitecer. Ele ajustou a gravata e olhou friamente para o assistente:

— Conseguiu o que pedi para investigar?

O assistente respondeu:

—— Sr. Lucas, investigamos o Sr. Daniel Ribeiro, mas ele não tem nenhum apelido conhecido. É chamado simplesmente de Daniel ou às vezes de Dani pela família.

Lucas pareceu menos surpreso do que esperava.

A presença de Pedro na vida secreta de Camila estava guardada no fundo, de seu coração. Ela não se envolveria com ele facilmente enquanto não se divorciasse. Ela era jovem, mas sempre agia com cautela.

Lucas empurrou sua cadeira, levantou-se, abotoou seu terno e disse:

— Vou trocar com outra pessoa o jantar com o Sr. Hugo esta noite. Tenho outros assuntos.

— Entendido, senhor. — Respondeu o assistente, começando a organizar os documentos na mesa.

Lucas saiu da empresa de Costa e dirigiu até a rua das antiguidades.

Com o sol se pondo, o céu escurece. Ele ligou para Camila:

— Estou do lado de fora do seu escritório. Saia.

Do outro lado da linha veio a voz surpresa de Camila:

— Estou jantando fora com os colegas.

— Quem está lá?

— Todos os colegas.

— E o Daniel está lá?

— Sim, ele é nosso chefe.

Ao pensar na risada que eles compartilharam ao meio-dia, Lucas sentiu uma leve irritação, mas sua voz permaneceu calma.

Ele disse:

— Ligue quando terminar o jantar. Vou buscá-la.

— Obrigada. — Respondeu Camila, com um tom contido e distante, como se deliberadamente estivesse se afastando dele.

Lucas se sentiu desconfortável ao ouvir isso, apertando levemente o telefone nas mãos.

Ele desligou e discou o número de Bruno Ferreira:

— Saia para beber.

— Meu Deus, que horas são para beber? —Bruno respondeu com um tom preguiçoso e sonolento, como se ele ainda estivesse dormindo.

A voz de Lucas era afiada e direta:

— Leve o contrato e o carimbo, meia hora para chegar no Bar Sereno, não espere.

Bruno imediatamente se animou:

— Tá bom! Estou indo!

Trinta minutos depois, no Bar Sereno.

Um mar de pessoas agitadas, ocupadas com contratos, procedimentos e transferências de dinheiro.

Quando todos se foram, apenas Lucas e Bruno permaneceram.

O homem bonito de pele clara e rosto jovial estava relaxado na cadeira, os braços relaxados sobre o encosto da cadeira. Ele olhou para Lucas e preguntou:

— De mau-humor?

Lucas deu um gole na bebida e respondeu casualmente:

— Não exatamente.

A mão segurando o copo de vinho era pálida, longa e incrivelmente bonita.

Bruno brincou com Lucas:

— Se você está aqui bebendo sozinho, não está de mau-humor? Enquanto outros saem para se divertir, você compra terras. Que grande ação. Quando estiver de mau-humor de novo, me procure. Meu avô ainda tem terras.

Lucas colocou o copo de vinho na mesa e disse:

— Não me trate como um tolo. Este contrato já estava planejado, apenas antecipei uma semana.

Bruno encheu o copo dele e disse:

— Ouvi dizer que Chloe voltou ao país. Vocês dois têm se aproximado ultimamente?

Lucas levantou as sobrancelhas:

— Se tem algo a dizer, diga diretamente.

Bruno olhou diretamente para ele, sério, algo raro:

— Camila é uma boa garota. Não a magoe.

Lucas tocou levemente na mesa com os dedos, sorrindo levemente:

— Quando eu queria me casar com ela, quem foi o que achou que ela não era digna de mim, dizendo que ela se casaria por interesse em dinheiro? E agora, o que mudou?

Bruno respondeu:

— Eu achava que ela só queria dinheiro e casaria com qualquer um. Depois vi que não, ela gostava mesmo de você. Se fosse interesseira, teria ido embora após pegar o dinheiro, mas ela ficou e cuidou de você.

Os olhos profundos de Lucas estavam frios como o breu:

— Ela é realmente boa.

— Então por que você… — Disse Bruno.

Lucas baixou os olhos, olhando para o licor claro no copo, com um tom leve:

— Ela é uma garota ótima, mas três anos atrás, teve problemas financeiros e foi forçada a se casar comigo. Nunca disse nada, mas deve ter se sentido injustiçada. Essa injustiça durou três anos e não quero que continue.

Bruno ficou surpreso e disse:

— É só por isso que você quer se divorciar dela?

Lucas respondeu:

— É mais ou menos isso.

Bruno lamentou:

— Uma garota tão boa, você consegue se separar dela?

— Então o que eu deveria fazer? — O rosto de Lucas permaneceu impassível, mas nos olhos havia um leve toque de sombras negras.

Ele não podia vê-la sofrendo.

Ele também não conseguia suportar aquela vergonha, era um homem, era um homem que não podia tolerar areia nos olhos.

Lucas estava confuso. Queria deixá-la ir, mas ao mesmo tempo, não conseguia.

Ele levou o copo aos lábios e bebeu o resto.

O álcool queimava como uma faca rasgando sua garganta, mas não aliviava a pressão em seu peito.

De repente, ouviu uma batida na porta.

Bruno gritou:

— Entre.

Uma mulher entrou, rosto delicado, vestida com uma blusa branca de mangas bufantes e uma saia justa, carregando acessórios Cartier, um casaco Chanel no braço e uma bolsa Hermès na mão.

Era Chloe.

Lucas olhou para ela com frieza:

— O que está fazendo aqui?

Chloe caminhou graciosamente até ele, inclinando-se para sussurrar em seu ouvido, com o hálito quente e suave:

— Ouvi dizer que você estava aqui, então passei para vê-lo.

A proximidade de Chloe fez sua orelha formigar, e ele se afastou.

Vendo que ela não ia embora, Lucas disse sem emoção:

— Sente-se.

— Obrigada, Lucas. — Chloe puxou uma cadeira e se sentou, jogando o casaco no encosto.

O garçom rapidamente trouxe talheres para ela.

Lucas empurrou o cardápio para ela:

— Escolha o que quiser.

Chloe olhou para a mesa cheia de pratos e sorriu docemente:

— Não precisa. Tudo que você gosta, eu gosto também.

Bruno ficou desconfortável quando viu isso.

Chloe pegou um prato de camarões e olhou para Lucas com olhos brilhantes:

— Lucas, quero comer camarão.

Bruno revirou os olhos:

— Você não tem mãos?

Chloe fez um bico, parecendo ferida, e disse:

— Nunca descasquei camarão sozinha. Em casa, meus pais sempre fazem isso por mim. E quando eu saía com o Lucas, ele fazia isso para mim.

Ela segurou o braço de Lucas e pediu com voz muito doce:

— Lucas, descasca para mim, por favor.

Lucas lançou um olhar rápido para ela, retirou o braço e colocou uma luva descartável, começando a descascar um camarão.

Inexplicavelmente, ele lembrou-se de Camila descascando camarão para ele. Ela fazia isso com tanta habilidade que o camarão saía inteiro da casca, algo que ele nunca conseguia replicar.

Ele terminou de descascar um camarão e estava prestes a colocá-lo no prato de Chloe quando ela abaixou e comeu o camarão diretamente da mão dele com a boca, lambendo seus dedos no processo.

Os olhos dela estavam cheios de paixão, e ela disse suavemente:

— O camarão que você descasca é sempre o melhor.

Lucas parou por um momento, sem saber como se sentir. Ele tirou a luva descartável e a jogou de lado, pegando uma toalha para limpar o dedo que Chloe lambera.

Bruno, vendo a cena, ficou irritado. Ele pegou o celular e rapidamente enviou uma mensagem para Camila: [Camila, seu marido bebeu demais e está causando problemas. Venha buscá-lo. Estamos no terceiro andar do Bar Sereno]

Camila estava jantando com colegas no Hotel Palmeiras, quando recebeu a mensagem.

Ela ligou de volta para Bruno para entender melhor a situação, pois Lucas nunca tinha um comportamento problemático quando bebia.

O telefone tocou uma vez antes de Bruno desligar.

Antes que ela pudesse ligar para Lucas, uma nova mensagem de Bruno apareceu: [venha rápido! Urgente!]

Camila se sentiu mal.
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