Capítulo 4
Chloe tinha um rosto pálido e delicado, muito parecido com o de Camila.

Não era uma semelhança exata, mas à primeira vista, elas eram extremamente parecidas.

Só olhando com mais atenção, dava para ver as diferenças.

Chloe tinha uma aparência frágil e delicada, com sobrancelhas arqueadas, nariz pequeno e lábios finos.

Camila, por outro lado, irradiava tranquilidade e uma força interior.

Foi só naquele momento que Camila percebeu que, para Lucas, ela era apenas um substituto.

Ela sorriu amargamente.

Não era de se surpreender que três anos atrás, ele aceitou se casar com ela após apenas uma olhada.

— Lucas,você… vocês estão aqui. — Disse Ana Paula, mãe de Chloe, forçando um sorriso.

Mas, quando seus olhos se voltaram para Camila, o olhar não era nada amigável.

Lucas acenou levemente em resposta.

Ana se aproximou da cama e deu uma leve tapinha no ombro de Chloe.

— Chloe, Lucas veio te ver.

Chloe abriu os olhos lentamente, olhando para Camila sem surpresa, como se já soubesse da semelhança entre elas.

Ela olhou para Lucas, com lágrimas nos olhos, e disse suavemente:

— Lucas, não tentei me suicidar. Só não conseguia dormir e tomei alguns comprimidos para dormir. Minha mãe exagerou e insistiu em me trazer para o hospital para uma lavagem gástrica. — Desculpe incomodar você e Camila tão tarde.

Ana estava com os olhos vermelhos e disse:

— Alguns comprimidos? Você tomou quase metade do frasco! Se eu não tivesse percebido a tempo, você…

Ela começou a chorar, cobrindo a boca.

Lucas sentou-se ao lado da cama. Ele olhou para Chloe com ternura e uma leve repreensão:

—  Não faça mais esse tipo de coisa boba, tá?

— Sim... — Chloe assentiu com lágrimas nos olhos, parecendo uma menina obediente e frágil.

Lucas pegou um lenço e enxugou cuidadosamente as lágrimas dela, como se estivesse limpando a jarra mais preciosa.

Os olhos estavam cheios de ternura e carinho.

Camila ficou parada, olhando fixamente para Lucas.

Em três anos de casamento, ele nunca tinha sido tão carinhoso com ela.

Essa era a diferença entre amar e não amar.

Mesmo Chloe o tendo abandonado nos momentos mais difíceis, ele ainda a amava.

Talvez, para alguns homens, o amor verdadeiro só existisse por aquela que mais os machucou.

Camila ficou com o coração partido e não podia mais ficar ali.

— Conversem aí, já vou.

Lucas olhou para ela, muito indiferente, e disse:

— Explique para Chloe antes de ir.

Camila respirou fundo.

— Srta. Chloe, eu e Lucas estamos juntos apenas para não irritar a avó dele...

Ela sentiu um nó na garganta, não conseguiu dizer mais nada e se virou.

Foi a primeira vez que ela desobedeceu a Lucas. E a primeira vez que ela se comportou tão descontroladamente na frente dele.

Quando a porta se fechou, Chloe disse a Lucas:

— Lucas, deveria ir atrás da Camila. Ela parece irritada.

Lucas ficou em silêncio por um momento:

— Ela parece irritada. ela não está brava.

Chloe suspirou:

— Não esperava que a Sra. Camila tivesse uma presença tão boa, tão gentil e elegante, nada parecida com alguém de um vilarejo. Inicialmente, pensei que ela não fosse adequada para você.

Isso incomodou Lucas um pouco.

— Embora ela tenha crescido em um vilarejo, sua mãe e avó eram professoras. Seu avô, antes de se aposentar, era um restaurador de pinturas antigas em um museu. Ela vem de uma família respeitável.

— Ah, então é por isso.

O silêncio pairou entre eles por alguns instantes.

Chloe perguntou cautelosamente:

— Camila é bonita e tem uma personalidade maravilhosa. Você deve amá-la muito, certo?

Lucas estava distraído com o celular, levantou os olhos e perguntou:

— O que disse?

Chloe respondeu com um pouco de decepção:

— Lucas, você deveria acompanhar Camila. É perigoso para uma mulher sair sozinha tão tarde.

Lucas levantou-se e disse:

— Vou levá-la para casa e volto para vê-la.

Chloe sorriu suavemente:

— Vai logo.

Enquanto Lucas se afastava, Chloe olhou para ele com um olhar sombrio.

Quando ele estava longe, Ana repreendeu:

— Finalmente conseguiu que ele viesse aqui, e agora o deixou ir?

Chloe franziu a testa e disse:

— Mãe, não viu como ele estava preocupado? Ele estava aqui fisicamente, mas a mente estava com Camila. É melhor deixar que ele vá. Se algo acontecer com ela no caminho, ele vai se sentir culpado e pode até me culpar.

Ana suspirou:

— Você é jovem, mas já pensa em tudo.

Quando Lucas finalmente encontrou Camila, ela estava quase na saída do hospital.

Sua figura esbelta e elegante, em meio ao vento frio da primavera, ela era bonita como uma rosa que desabrochou durante a tempestade.

Lucas apressou o passo para alcançá-la. Sem dizer nada, eles caminharam lado a lado em silêncio.

Ao chegarem ao portão, Camila virou para esperar um táxi. Lucas agarrou seu pulso e a puxou em direção ao estacionamento.

Dentro do carro, Lucas pegou um cartão de um envelope e a colocou no bolso do casaco de Camila.

— Meu comportamento foi ruim esta noite. Aqui está uma compensação. A senha é sua data de nascimento.

Camila se sentiu insultada. Para ele, ela parecia ser alguém que podia ser comprada com dinheiro. Ele nem mesmo se preocupou em agradá-la. Ele só fazia isso por Chloe.

Ela tentou devolver a carta, mas Lucas segurou sua mão com firmeza, sua voz autoritária:

— Fique com isso. Além de dinheiro, não tenho mais nada para te oferecer.

O coração de Camila estava apertado, como se tivesse areia dentro, causando uma dor incômoda. Ela nunca quis o dinheiro dele.

No meio do caminho, Lucas recebeu uma ligação da avó:

— Você está ignorando o que eu disse? Volte para casa imediatamente!

Lucas respondeu calmamente:

— Estamos quase chegando em casa.

Ao chegar na casa da família Costa, eles encontraram a avó sentada no sofá com a aparência pálida, mas os olhos brilhantes fixos neles.

Ela estendeu a mão e pediu o telefone.

Lucas entregou o aparelho, e ela procurou rapidamente o número de Chloe e ligou.

Assim que a ligação foi atendida, ela falou severamente:

— Srta. Chloe. Lucas é um homem casado. Pare de ligar para ele à toa! Vocês terminaram há três anos, então pare de olhar para trás e de ter esperanças infundadas!

Sem esperar resposta, a avó desligou e jogou o telefone na mesa.

Lucas franziu a testa e disse:

— Chloe tem depressão severa, ela não pode lidar com estresse.

A avó riu friamente:

— Mesmo que ela tivesse câncer, isso não seria problema seu. Sua prioridade é a sua esposa!

Lucas olhou para ela com frieza:

— Vovó, você...

A avó começou a tossir violentamente e cobriu a boca.

Camila correu para ajudá-la a se levantar e a levou para o quarto, onde a acomodou na cama.

Após garantir que a avó estava bem, Camila voltou para o quarto de hóspedes.

Ela viu Lucas terminando uma ligação e colocando o telefone no criado-mudo, presumivelmente após tranquilizar Chloe.

Em silêncio, Camila pegou um travesseiro comprido do sofá da sala e o colocou no meio da cama, criando uma barreira.

Ela também pegou um cobertor extra no guarda-roupa para dormir separada de Lucas.

Ela tirou o casaco e se deitou, exausta. Já eram três da manhã, e ela estava tão cansada que mal podia pensar.

Assim que sua cabeça tocou o travesseiro, ela adormeceu profundamente.

Na manhã seguinte, quando acordou, viu o rosto esculpido de Lucas olhando para ela, seus olhos escuros fixos nos dela.

O calor de sua respiração roçava sua testa, e seus olhos profundos estavam contidos e sedutores. Ela estava aninhada nos braços dele, com as mãos em volta de sua cintura e as pernas entrelaçadas nas dele, em uma posição incrivelmente íntima.

A tensão no ar estava crescendo, tornando tudo mais quente e intenso.

Assustada, Camila se afastou rapidamente, saindo dos braços dele de forma desajeitada. Meio irritada e meio confusa, ela perguntou:

— Por que estou no seu abraço?
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