Após algumas horas de viagem, Camila e Gustavo chegaram, acompanhados por um grupo de seguranças, ao local onde ficava a terra ancestral da família Baptista.Essa propriedade histórica estava localizada nos arredores de Salvador. O antigo patriarca da família havia sido enterrado próximo a uma colina baixa. Vista à distância, a colina era idêntica àquela desenhada no mapa do tesouro. Camila estava certa em sua dedução. Gustavo havia tirado uma foto do mapa com seu celular para facilitar a busca. Ao chegarem à região, encontraram um hotel com boas condições para passar a noite e descansaram. Na manhã seguinte, o grupo se dirigiu à colina. Na frente dela havia um lago. O centro do lago alinhava-se perfeitamente com o topo da colina, como descrito no mapa. O antigo cemitério da família Baptista estava situado na encosta da montanha. Ao chegarem ao cemitério, encontraram um obstáculo inesperado. No mapa, um “X” marcado no centro de um círculo de pinheiros indicava o local exato do te
Apesar de Vasco possuir um porte físico que impunha respeito, sua aura era bem diferente da de Lucas. Enquanto Lucas exalava uma elegância natural e uma postura quase aristocrática, Vasco era pura selvageria, um espírito indomável que deixava claro: não era alguém com quem se podia brincar. Ele carregava nas costas uma enorme mochila preta. Cumprimentou Gustavo com um leve aceno antes de abaixar a mochila e, com movimentos ágeis, começou a retirar uma série de tubos de metal. Em poucos minutos, montou as peças com habilidade, formando uma ferramenta que parecia ser uma sonda para escavação. A estrutura tinha cerca de três metros de comprimento. Camila, observando tudo de longe, deduziu que o equipamento servia para detectar cavidades subterrâneas.Depois de preparar o instrumento, Vasco o deixou de lado e pediu que alguns dos seguranças corressem pelo terreno. Enquanto isso, ele se deitou de lado, pressionando o ouvido contra o solo, escutando atentamente. Naquela profissão, havia uma
Camila passou o número do seu celular e entrou no carro. Eles estavam usando um veículo alugado na região. Vasco, por sua vez, entrou em um Jeep Grand Cherokee preto, um pouco desgastado pelo tempo.O trajeto levou cerca de quarenta minutos até Camila e seus seguranças chegarem a um hotel. Depois de estacionarem o carro, ela desceu, mas, para sua surpresa, Vasco também parou no estacionamento do mesmo hotel.Camila entrou no hotel acompanhada pelos seguranças, e Vasco seguiu logo atrás. Eles subiram pelo elevador até o andar onde haviam reservado um quarto. Com a chave magnética em mãos, Camila abriu a porta. Para sua surpresa, Vasco foi até o quarto ao lado, usou outra chave e entrou. A coincidência parecia tão absurda que dava a impressão de algo planejado.Camila, desconfiada, começou a sentir um leve desconforto em relação à presença de Vasco. Embora ele tivesse ajudado na escavação, ela não conseguia ter uma boa impressão de alguém envolvido nesse tipo de atividade. Com uma expres
Camila reconheceu imediatamente a voz: era Enzo. Em seguida, o som de linha ocupada ecoou pelo telefone.André tinha desligado. A situação, já estranha, deixou Camila ainda mais inquieta. Sua mente estava um caos, como um novelo de lã totalmente emaranhado. Mil pensamentos lhe passaram pela cabeça ao mesmo tempo.Ela vestiu-se rapidamente, pegou a bolsa e abriu a porta. Virou-se para os seguranças que estavam de plantão na entrada e ordenou:— Vamos voltar para Cidade A, agora mesmo! Camila sentia-se sufocada, com o peito apertado e a respiração difícil. Era uma sensação familiar. A última vez que isso aconteceu foi quando sua avó faleceu. Uma premonição inquietante rastejava por seu corpo, como uma serpente gelada subindo pelos pés, deixando-a completamente arrepiada.Sem esperar por passagens de avião, instruiu os dois seguranças a revezarem na direção. A viagem seria longa, mas ela não podia perder tempo.Depois de passarem por três quarteirões, um pensamento lhe ocorreu: Elisa po
Os maços de dinheiro passaram pelo rosto de Enzo, espalhando-se pelo chão como folhas secas ao vento.Enzo, em todos os seus anos de vida, nunca tinha sido humilhado de forma tão direta. Seu rosto ficou vermelho de raiva. Ele passou a mão pela face, com uma expressão de desprezo, e disse:— Não pense que só porque apareceu na televisão algumas vezes e pintou uns quadros, pode sair por aí agindo como se fosse alguém importante. Eu odeio gente como você, que volta atrás na palavra e fica insistindo feito carrapato. Um divórcio que deveria ter sido rápido se arrastou por seis meses! Agora que está feito, que seja definitivo. Que nunca mais tenhamos que cruzar nossos caminhos. Com essa atitude, até eu tenho vergonha de você!Camila abriu a boca para responder, mas foi interrompida por uma voz firme e decidida:— Pai, você ainda tem coragem de criticar os outros? Minha mãe tentou se separar de você há mais de dez anos, e quem foi que ficou enrolando e se recusando a assinar os papéis?Camil
Elisa soltou uma risada fria:— Não se enxerga mesmo! Espero que você não acabe como a Chloe.Tânia lançou um olhar para Camila, que permaneceu calada, os lábios apertados, sem esboçar nenhuma reação.Com um sorriso falso, Tânia respondeu a Elisa:— Srta. Elisa, é sempre bom deixar uma porta aberta para o futuro. Não vale a pena criar inimizades. Isso nunca termina bem para ninguém.O rosto de Elisa endureceu. Num movimento brusco, ela caminhou até a porta e a abriu.— Saia agora mesmo! — Ordenou Elisa.Tânia, no entanto, não se abalou. Com um tom provocador, respondeu:— Tão jovem e já com esse temperamento explosivo. Não é bom para a saúde, sabia?Dizendo isso, virou-se e saiu do quarto, caminhando devagar, como se tivesse todo o tempo do mundo.Elisa fechou a porta com força, ainda tomada pela raiva.— Você viu isso? — Desabafou para Elisa. — Essas mulheres não têm vergonha na cara. Uma pior que a outra, todas metidas a se acharem muito importantes!Camila, entretanto, não prestava
Camila parou e virou-se. Era Enzo.Com o queixo erguido, ele apontou para um pequeno jardim próximo:— Vamos conversar lá.Camila assentiu silenciosamente e o seguiu.No jardim, Enzo acendeu um cigarro com uma única mão, tragou profundamente e começou a falar:— Não tenho nada pessoal contra você. Para ser justo, você parece uma boa pessoa. Mas, no nosso mundo, não escolhemos esposas por amor ou paixão. Escolhemos parceiras que saibam ser nosso suporte.Camila mordeu os lábios e respondeu, em um tom suave:— Eu posso me tornar boa o suficiente. Não acho que sou inferior à Chloe ou à Tânia.Enzo soltou uma risada seca:— Não é questão de ser inferior. Chloe tem o Grupo Miranda por trás dela, com toda a sua influência. E Tânia? Você acha que valorizo o museu da família dela? Não. Joaquim é um estrategista nato, com investimentos sólidos e várias propriedades. E você? O que você tem? Nós levamos gerações para construir o que temos. Não é questão de esforço individual, é uma diferença estr
Pedro caminhou até Camila, abaixou o olhar e a observou atentamente. O rosto delicado estava com um rubor anormal, os olhos desfocados, claramente sob o efeito do álcool. Ele virou-se para os seguranças e perguntou:— Por que permitiram que ela bebesse tanto? Um dos seguranças, sem entender sobre coquetéis, respondeu:— A senhora pediu um Long Island Iced Coffee. Não imaginávamos que café pudesse deixá-la embriagada.Pedro franziu as sobrancelhas. Ele, claro, sabia que o Long Island Iced Coffee era um coquetel de alto teor alcoólico. Com cuidado, amparou Camila e a levou para perto de uma árvore à beira da calçada. Enquanto dava tapinhas leves nas costas dela, disse:— Se quiser vomitar, não se segure. Vai se sentir melhor.Camila segurou o peito, engasgou várias vezes, mas nada saiu. Pedro, ainda sustentando sua cintura delicada, afirmou com firmeza: — Vamos levá-la para casa. Camila sentia como se sua cabeça estivesse prestes a explodir. O barulho em seus ouvidos era ensurdec