Na Insígnia do Poder, estavam gravadas nove serpentes gigantes, representadas de forma tão realista que pareciam ganhar vida a qualquer momento.No centro das nove serpentes, havia uma rubi redonda e brilhante, cujo posicionamento sugeria simbolismos como "Nove Serpentes Guardando a Jóia" ou "Nove Serpentes Disputando o Sol". Durante o período colonial, o número nove era frequentemente associado ao poder máximo, enquanto as serpentes simbolizavam força e a autoridade de um governante.Independentemente de quem tivesse sido o dono original do artefato, era evidente que essa pessoa tinha ambições de domínio. Camila perguntou a Pedro:— Quem te vendeu a Insígnia do Poder, onde ele a encontrou?— Perto de um sítio arqueológico de um naufrágio. Há uma lenda associada ao local, que diz: "Dragão de Pedra contra Tigre de Pedra, quatorze mil em ouro e prata. Quem desvendar o enigma, encontrará o Salão Misterioso."Camila assentiu levemente.— Já ouvi falar disso. Dizem que foi onde um líder reb
Dessa vez, Lucas atendeu o telefone rapidamente.Camila perguntou em voz baixa:— Foi você que mandou transferir o dinheiro?— Sim. Esse dinheiro já era seu. Você trabalhou duro para ganhá-lo.A voz de Lucas soou fria e distante, sem qualquer emoção aparente.— Por que você foi embora sem avisar? Por que não atendeu minhas ligações? Nem respondeu minhas mensagens?— Eu precisava de um tempo para pensar.O peito de Camila apertou de leve, uma dor incômoda crescendo dentro dela:— Você quer terminar comigo, não é? Se quiser terminar, diga logo. Não precisa me tratar com essa frieza.— Eu só preciso de um tempo para ficar sozinho. Não tire conclusões precipitadas.Camila ficou em silêncio por um momento antes de perguntar:— Você está escondendo alguma coisa de mim? Se estiver, seja claro e me diga. É melhor discutir, brigar, do que ficar assim, sem saber de nada. Isso machuca mais.Lucas permaneceu calado por alguns segundos:— Só estou com a cabeça cheia. Vai passar.Camila não sabia ex
Lucas ficou com o rosto sombrio, pegou a garrafa de vodca e começou a servir mais uma dose.Bruno rapidamente tirou a garrafa de sua mão:— Sabia que minha intuição estava certa. Me conta, o que aconteceu para vocês brigarem? Até poucos dias atrás, você estava disposto a arriscar a vida, cruzando meio mundo machucado para encontrá-la. E agora já está aqui, se afogando na bebida?Lucas abaixou os olhos, a voz saiu abafada:— Ela quer terminar comigo.Bruno soltou uma risada alta e incrédula:— Não acredito! Camila é assim tão determinada? Ela sempre pareceu tão tranquila. Eu sempre achei que, na relação de vocês, quem mandava era você.Os lábios de Lucas se apertaram em uma linha fina, enquanto ele escondia suas emoções nas profundezas do olhar. Determinada? Camila era mais que isso. Ela o havia reduzido a um mero substituto. Ele, que sempre foi orgulhoso, agora se via como um pequeno, insignificante substituto. Algo tão humilhante que ele não conseguia engolir.Bruno, percebendo o clim
Lucas tinha aquela expressão de quem não queria conversa com ninguém. Bruno vinha logo atrás, carregando a mochila. Quando viu Chloe, soltou um Ó! zombeteiro, mas não disse mais nada. Lucas entrou no elevador. Chloe, rápida como uma sombra, se esgueirou para dentro também. Ficou lá no fundo, silenciosa, com os olhos grudados nas costas dele, encolhida, com uma postura quase servil. Parecia um passarinho assustado, como uma codorna selvagem. Lucas mantinha a postura impecável, ereto, com os olhos fixos nos botões do painel do elevador, o rosto completamente inexpressivo. Bruno, ao perceber o jeito retraído de Chloe, riu baixo:— Srta. Chloe, você tá parecendo uma enguia, entrando em qualquer brecha que encontra. É porque ouviu que o Lucas terminou com a Camila e quer aproveitar a oportunidade, é isso?Chloe arregalou os olhos, como se tivesse levado um choque:— Bruno, o Lucas e a Camila terminaram mesmo?Bruno ia responder, mas Lucas cortou a conversa sem nem olhar para trás:— Ent
Camila desligou o telefone e bloqueou o número de Chloe sem hesitar.Chloe tentou ligar de novo, mas a chamada não completava mais. Estava furiosa, com a raiva entalada na garganta, sem ter como desabafar. Entrou no carro bufando e, sem se dar por vencida, pegou o celular do motorista emprestado. Discou novamente o número de Camila. Assim que ouviu a voz do outro lado, disparou:— Camila, do que você tá rindo, hein? Qual é a graça? Você não foi descartada pelo Lucas do mesmo jeito? Acabei de ver ele no Bar Sereno, procurando companhia feminina. Pra ele, você não é diferente dessas garotas que fazem qualquer coisa por dinheiro.Do outro lado da linha, Camila apertou o celular com força. Sua voz saiu gelada:— Chloe, um dia você ainda vai morrer por causa dessa sua língua venenosa.Ela desligou imediatamente e bloqueou aquele número também."Lucas? Procurando companhia feminina? Como se fosse possível..." Camila sabia que ele era obcecado por limpeza e jamais faria algo assim. Chloe nem
Camila segurava a vela com cuidado, caminhando lentamente em direção à Insígnia do Poder, tentando enxergar melhor. Mas, ao se aproximar, o desenho desaparecia. E ao se afastar, também não era possível vê-lo.Ela tentou várias vezes, indo e voltando, até perceber que, a uma distância exata de cinco metros, o padrão na superfície da parede ficava mais nítido.Camila passou a estudar o desenho com atenção. Era uma montanha que lembrava a cabeça de uma serpente gigante, com uma enorme rocha no topo.Na pedra, era possível distinguir vagamente as palavras: Montanha Serpente.No centro da Insígnia do Poder, uma pedra de jade projetava sua luz exatamente abaixo das duas palavras.Essa técnica de projeção, em tempos modernos, poderia ser facilmente explicada pelo avanço tecnológico. Mas nos tempos coloniais, sem os recursos que temos hoje, era impressionante imaginar como algo assim foi criado.— A sabedoria dos antigos é mesmo de se admirar. — Murmurou Camila, fascinada.Ela pediu que um dos
A reviravolta repentina deixou Camila perplexa.Estavam bem, trocando palavras doces e carinhosas, mas, de repente, ele bebeu demais, desapareceu sem dar explicações na manhã seguinte, ignorou mensagens, recusou ligações e a tratou com frieza. Agora, do nada, Lucas surgia pedindo reconciliação. Essa montanha-russa de emoções era exaustiva. Para lidar com isso, era preciso ter uma força emocional que poucas pessoas possuíam.Depois de um breve silêncio, Camila respondeu:— Acho que também preciso de um tempo para pensar. Vamos nos dar um espaço para refletir melhor.Era sua maneira delicada de recusar.Lucas sentiu o coração afundar:— Sempre fui uma pessoa difícil, sei disso. Minha paciência nunca foi das melhores. Mas você sempre me suportou, sempre me perdoou sem hesitar.Camila esboçou um sorriso leve, quase imperceptível:— Talvez, depois de passar por tantas coisas ruins, a gente mude. A paciência diminui, a capacidade de suportar certas coisas também.O coração dela não endureceu
Ao meio-dia do dia seguinte, enquanto almoçavam, Gustavo comentou:— Vou te levar a um leilão à tarde. Ouvi dizer que tem umas peças bem valiosas por lá.Camila quase pulou de alegria. Adorava leilões. Era uma oportunidade de aprender, de expandir seus horizontes e, quem sabe, adquirir algo realmente especial. Os leilões estrangeiros, em particular, eram fascinantes, com itens que raramente apareciam no Brasil.Assim como algumas mulheres têm uma paixão inata por joias e vestidos de alta costura, Camila sentia um amor visceral por antiguidades. Era algo que vinha de dentro, quase como se estivesse em seu sangue.Ao cair da noite, os dois um senhor e uma jovem chegaram ao leilão acompanhados por seguranças. Não era um evento gigantesco como os organizados pela Christie's ou Sotheby's, mas um leilão exclusivo, só para membros, frequentado unicamente por brasileiros.Camila ficou deslumbrada. Havia peças deslumbrantes por todos os lados, verdadeiros tesouros históricos que superavam qualq