Os aplausos demoraram a cessar. A mulher de feições pontiagudas, porém, voltou a falar com seu tom sarcástico:— Só sabe copiar? Isso qualquer um com o mínimo de noção de arte consegue fazer. Quero ver criar algo próprio, com estilo próprio. Isso, sim, é talento de verdade. Camila nem sequer conhecia aquela mulher. Mas ela sabia que, por trás dela, devia haver alguém puxando as cordas. Quem era não importava; todas essas pessoas eram apenas degraus no caminho de seu sucesso. O engraçado era que algumas pessoas, apesar de serem verdadeiros palhaços, ainda acreditavam que eram os protagonistas.Com um sorriso tranquilo, Camila respondeu, olhando diretamente para a mulher: — Na verdade, acho que criar é mais fácil, porque você pode seguir o seu coração e pintar o que quiser. Já copiar exige muito mais. Você precisa se colocar no lugar do artista original, entender o que ele sentia, seu estado de espírito, sua intenção e o estilo que ele queria transmitir. Quanto a mim, escolhi copiar
Uma multidão cercou Camila, pedindo autógrafos. Eram os jovens que haviam estado na plateia há pouco, a maioria homens, mas algumas mulheres também. Camila, com sua aparência etérea, que mais parecia de um ser encantado, era na verdade extremamente acessível, sem a menor pretensão. Ela sorriu, pegou a caneta e foi assinando um por um. Havia tanta gente que, ao final, seu pulso estava dormente. Ainda assim, não demonstrou qualquer cansaço ou irritação. Sabia que aquelas pessoas realmente a admiravam, e ela queria retribuir esse carinho com sinceridade. Quando pediam para tirar fotos com ela, ela também atendia sem hesitar. A maioria dos fãs eram estudantes, cheios de energia e muito espontâneos, sem economizar nos elogios:— Camila, você é incrível!— Camila, você estava tão elegante pintando! — Como você consegue desenhar tão bem? — Um dia eu também posso ser tão talentoso quanto você? — Por que você é tão linda? — Como você consegue ser tão gentil? Camila não conseguiu se
Ao mesmo tempo, uma jovem de rosto pontudo queixo fino, nariz afilado e olhos amendoados saiu da emissora com o rabo entre as pernas. Entrou em um carro estacionado na calçada, onde Chloe, com o braço engessado, já a esperava. O nome dela era Viviane Cabral, colega de escola de Chloe e filha de Nelson.Ana e Nelson haviam se conhecido durante uma reunião de pais na época do colégio das filhas. Bastou uma troca de olhares para que se interessassem mutuamente. Daquele dia em diante, passaram a manter um caso às escondidas, colaborando em esquemas escusos, até que Nelson acabou atrás das grades. Viviane, desanimada, olhou para Chloe e desabafou:— Chloe, a Camila é muito ardilosa! Segui o combinado e fiz as duas perguntas que tínhamos planejado, mas ela conseguiu contornar tudo com uma facilidade irritante! Isso me deixa furiosa! Chloe estava ainda mais irritada. Havia gastado três dias pagando por tópicos patrocinados, espalhado rumores nas redes sociais e até contratado influenciad
— Acho que vou virar monge e viver o resto da vida em celibato. — Respondeu Lucas.Camila pensou: "Quando eu for boa o suficiente que até seu pai passe a me admirar, então ele mesmo vai me pedir para voltar e se casar de novo com você. Mas até alcançar esse objetivo, não vou dizer nada. Falar antes seria pura presunção." Camila tentou acalmá-lo:— Se comporta, resolve sozinho. Lucas deixou transparecer nos olhos uma mistura de autocomiseração e sarcasmo:— Você sempre usa essa frase para me despistar. Camila desviou o assunto rapidamente:— Não se esqueça do que eu acabei de dizer. Nada de sair por aí flertando. Lucas respondeu com firmeza:— Pode ficar tranquila.Ele desligou o telefone.Tomás, que jogava golfe com ele, observava a cena com uma expressão de inveja:— Você se dá bem com a sua ex. Parece que, depois do divórcio, as coisas estão até melhores do que antes. Lucas arqueou levemente uma sobrancelha:— Você brigou de novo com a sua mulher, não foi? Era verdade. Tom
A folha de papel, do tamanho de uma palma, era fina como uma asa de cigarra. Parecia ter sido tratada com algum componente especial, pois era incrivelmente resistente. Apesar de todos esses anos, não apresentava danos ou rachaduras. No desenho, traços delicadíssimos formavam uma paisagem com montanhas, um lago e uma floresta de pinheiros altos. No meio das árvores, havia um “X” marcado. Aparentemente, o “X” indicava o local onde o tesouro estava enterrado. Camila fixou os olhos na imagem, analisando-a cuidadosamente. Aquela montanha tinha algo de peculiar; por perto, provavelmente haveria um antigo túmulo. Como a pintura fazia parte da coleção da família Baptista, deduziu que o túmulo deveria ser um mausoléu ancestral da família. Isso significava que o tesouro estava escondido próximo ao túmulo dos antepassados. A forma engenhosa com que o mapa do tesouro fora ocultado, entre a pintura e a folha base, só podia indicar que aquele tesouro representava uma fortuna considerável.
Depois de uma intensa noite de amor, Camila Santos estava suando muito. Ao contrário de antes, Lucas Costa não foi tomar banho. Ele a abraçou por trás, apertando-a com força, como se quisesse fundi-la ao seu corpo.Camila quase se derreteu em seus braços. Sentia-se surpresa, nervosa, excitada e um pouco triste.Três anos de casamento, e essa foi a primeira vez que ele a abraçou assim. Ela teve a sensação de estar sendo profundamente amada.Seu coração batia forte. Lentamente, ela se virou e o abraçou com força, um sorriso doce e radiante no rosto, como se estivesse abraçando o mundo inteiro.Eles ficaram assim por muito tempo.Lucas a soltou e sentou-se. Tirou um cigarro, acendeu e deu uma longa tragada.A fumaça envolveu seu rosto lindo, obscurecendo suas expressões e pensamentos. Ele estava tão absorto que não percebeu quando o cigarro quase queimou seus dedos.Camila tossiu suavemente:— Você não tinha parado de fumar?Lucas apagou o cigarro, seus olhos profundos fixos nos dela. Apó
Camila estava com sentimentos misturados, sem saber como responder.Ela virou lentamente e olhou para Lucas.Ele não sorria com frequência, mas quando o fazia, era encantador. Seus olhos escuros brilhavam como o brilho das estrelas no mar.Eles estavam prestes a ficar juntos, ele devia estar muito feliz.Camila também sorriu, mas era um sorriso de coração partido.— Te desejo toda a felicidade. — Ela disse, virando-se para entrar no carro.Assim que a porta se fechou, lágrimas rolaram. A dor antiga se misturou à recente, fazendo-a se encolher de dor.O motorista colocou a mala no carro e se preparou para partir.Vendo o carro se afastar rapidamente, o sorriso de Lucas ficou imóvel, a luz em seus olhos se apagando lentamente.De volta à casa de Santos,Camila puxou a mala para dentro.Ao ver os olhos inchados de Camila e a mala em suas mãos, Maria Santos ficou chocada.— Filha, o que aconteceu?Camila abaixou a cabeça para trocar de sapatos, tentando manter a calma.— Mãe, estou voltand
Camila saiu e entrou no carro.Em poucos dias, Lucas parecia mais magro, suas feições profundas estavam ainda mais marcadas, seu olhar era tão atraente que Camila não conseguia desviar os olhos.Ela percebeu que ainda o amava e não conseguia esquecê-lo.— Este é um presente, parabéns pelo novo emprego. — Lucas lhe entregou uma caixa de veludo azul.Camila abriu a caixa e viu um pingente de ametista. A luz suave e roxa emanava da pedra, iluminando delicadamente seu rosto. Este pingente de ametista simbolizou paz e saúde desde a antiguidade. A ametista tinha uma textura suave e elegante, era translúcida e brilhante, um verdadeiro tesouro entre os cristais.Com um sorriso, Camila perguntou:— Por que me deu algo tão valioso?Lucas respondeu, olhando-a nos olhos:— Você trabalha restaurando pinturas antigas e pode entrar em contato com objetos de tumbas antigas. Este pingente pode proteger você. Deixe-me colocar para você.Ele colocou o pingente no pescoço dela, seus dedos roçando levement