Camila não deu muita importância. Pegou a garrafa, tomou um gole, e devolveu a Renata.Pedro perguntou:— Vocês estão indo para o hotel? Já reservaram?Camila estava prestes a responder, mas Renata rapidamente interrompeu, abanando uma pequena ventarola:— Senhora, está com calor? Deixe-me abanar você.Antes que Camila pudesse dizer qualquer coisa, Renata já estava abanando com força, fazendo os cabelos de Camila voarem para todos os lados.Camila riu, sem jeito, tentando segurar os cabelos:— Renata, eu não estou com calor.Renata, com uma expressão séria, insistiu:— Está sim, senhora.Camila suspirou, incapaz de conter a lealdade de Renata, e deixou que ela continuasse abanando. A interrupção fez com que a conversa entre ela e Pedro acabasse. Logo depois, um táxi vazio apareceu à distância, e um dos seguranças o sinalizou. Camila e Pedro trocaram olhares e, com gestos de cortesia, ela entrou no carro, enquanto ele ficou para trás.De volta ao hotel, Camila almoçou com Renata e os ou
O coração de Camila disparou de repente. Por um momento, ela não soube o que dizer.Lucas aproximou os lábios dos dela e a beijou com a familiaridade de quem já sabia exatamente o que fazer. De repente, ele se abaixou, a pegou nos braços e, com um movimento ágil, fechou a porta com o pé antes de seguir para o interior do quarto.O corpo de Camila perdeu o contato com o chão, e a sensação de ser erguida a fez exclamar baixinho:— Me põe no chão agora!— Só um instante. — Lucas respondeu enquanto a carregava até a cama. Lá, ele se inclinou levemente para colocá-la sobre o colchão com uma delicadeza quase exagerada, como se estivesse lidando com uma boneca de porcelana.Ele se debruçou ligeiramente sobre ela, olhando-a nos olhos com intensidade. Então, perguntou com uma voz suave:— Sentiu minha falta?Camila hesitou por um momento, mas acabou assentindo com a cabeça. A verdade era que ela havia sentido muita falta dele. Não só naquela noite, mas desde que se divorciaram. Todas as vezes q
Mas, enquanto dormia, ela tinha algo de adorável. Pelo menos, para Lucas, era assim que parecia. Ele a observava com ternura, achando que ela parecia um bebê que precisava ser cuidado e protegido.Ele fitou os olhos fechados de Camila e, em um tom baixo, quase ameaçador, murmurou:— Não quero ouvir você chamando o Pedro nos seus sonhos. Se fizer isso, vou te abandonar de vez.Apesar das palavras duras, seu coração estava repleto de doçura. Se fosse mesmo para abandoná-la, ele não teria atravessado o país em um voo noturno só para vê-la.Ele inclinou-se, beijou os lábios dela e encostou sua testa na dela. Ficou assim por um longo tempo antes de fechar os olhos e também adormecer.Aquela foi uma noite de sono tranquila para Camila.Quando abriu os olhos na manhã seguinte, a primeira coisa que viu foi o rosto de Lucas. Sua estrutura óssea impecável, o nariz aristocrático e o ângulo perfeito do maxilar faziam dele um homem de beleza quase escultural.Ainda meio sonolenta, Camila demorou al
Ao ouvir as palavras de Camila, Joaquim arregalou os olhos, surpreso:— É sério? Você realmente terminou a pintura?— Sim. — Camila respondeu com sinceridade. — Fiquei emocionada só de olhar para ela. Tive vontade de chorar. Em quase vinte anos pintando, foi a primeira vez que senti algo assim.Camila, normalmente tão discreta e humilde, raramente elogiava seus próprios trabalhos. Mas naquela manhã, ela abriu uma exceção. Não era autopromoção, era apenas uma descrição honesta de suas emoções.Joaquim estava tão empolgado que sua voz até falhou:— Rápido! Traga a pintura para eu ver!— Ainda não mandei emoldurar. — Respondeu Camila.Joaquim, ansioso, disse rapidamente:— Não tem problema! Traga assim mesmo. Se eu gostar, vou cuidar de tudo, inclusive da moldura.— Tudo bem. Onde nos encontramos?— Venha à minha casa. Vou te enviar o endereço.— Certo. Chego aí em uma hora.Depois de desligar o telefone, Camila foi se arrumar. Ela lavou o rosto, trocou de roupa e, após comer algo rápido,
Tânia jogou sua bolsa no sofá e olhou para o pai com curiosidade:— Pai, o que aconteceu? Você parece muito animado.Joaquim, ainda emocionado, esfregou os olhos como se quisesse conter as lágrimas:— Camila terminou a pintura dela. Está simplesmente incrível. Uma obra-prima! Estou indo pegar o talão de cheques para pagar o restante.Ao ouvir o pai elogiar Camila com tanto entusiasmo, Tânia sentiu um incômodo imediato. Seu rosto endureceu, e sua voz saiu mais ríspida do que pretendia:— É só uma pintura. Não precisa exagerar, né?— Não, você não entende. — Joaquim respondeu, apressado. — A pintura é excepcional! Algo que raramente se vê. O cliente adorou.Ele abriu sua pasta, pegou o talão de cheques e começou a assinar. Mas, antes que pudesse completar a assinatura, Tânia arrancou a caneta de suas mãos:— Pai, você está louco? Ela é a ex-mulher do Lucas. Por que está ajudando ela?Joaquim a olhou com o cenho franzido, confuso:— E o que tem isso? A pintura dela é incrível. Além disso,
Camila sentia que aquela pintura era, de longe, a melhor de toda a sua carreira nos últimos dez anos. A composição era perfeita, os detalhes, incrivelmente realistas, e a obra transbordava vida, cor e emoção. Contudo, foi completamente rejeitada por Joaquim e seu cliente. Por um instante, ela chegou a duvidar de suas próprias habilidades.Com muito esforço, conseguiu enrolar a tela. Segurando-a com cuidado, Camila deixou a casa da família Salimo. Quando voltou ao Condomínio Hipicus, o céu já estava escuro.No estúdio, Camila sentou-se sozinha em sua poltrona, à penumbra. Parecia uma árvore que havia sido atingida por um raio, despojada de sua vitalidade e esplendor. Não acendeu a luz. Ficou ali, imóvel, com a postura curvada, algo raro para quem sempre mantinha a coluna reta e elegante.O peso daquela rejeição esmagava seu coração. Era como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés, e um vazio imenso tomasse conta dela.Renata, preocupada, subiu para chamá-la para o jantar:— Srta. C
O André hesitou por um momento antes de responder:— Sr. Lucas, ouvi dizer que Gustavo é uma pessoa de difícil acesso. Ele não costuma aceitar encontros com quem não conhece bem.Lucas respondeu com um tom tranquilo:— Tudo bem. Deixe comigo.Após encerrar a ligação, Lucas ficou em silêncio por alguns segundos, pensando. Em seguida, ele pegou o celular novamente e ligou para o avô.Quando a chamada foi atendida, ele foi direto ao ponto:— Vovô, o senhor conhece um homem chamado Gustavo Baptista? Ele tem cerca de setenta anos, mora nos Estados Unidos, mas é brasileiro, e é apaixonado por arte, especialmente pelas pinturas de Vivic.O Sr. Costa demorou alguns segundos antes de responder:— Sim, conheço. Tive alguns negócios com ele no passado. Por que pergunta?— Vocês têm algum tipo de relação?— Algo assim. Há mais de trinta anos, ajudei ele em um problema sério.— Um problema grande?— Nem grande, mas não pequeno.Esse significado era um favor grande.Lucas assentiu, satisfeito com a
Camila não reagiu imediatamente. Precisou de um tempo para digerir tudo. Seu coração, antes apagado, de repente se encheu de vida, como uma borboleta à beira da morte que, inesperadamente, volta a bater as asas. Seus olhos, antes opacos, recuperaram o brilho. Ela inclinou a cabeça e olhou para Lucas: — É verdade o que você disse? Aquele homem gostou mesmo do meu quadro? Lucas soltou uma risada leve:— Gostou. Quando soube que você não queria vendê-lo, ficou especialmente desapontado. Camila entendeu tudo. Fora Joaquim quem mentira para ela, fazendo-a duvidar de si mesma por um bom tempo. Lucas apertou de leve suas bochechas claras e brincou: — Uma coisinha de nada e você fica assim, como se o mundo tivesse acabado. Até deixou de comer! Camila revirou os olhos para ele, irritada, mas sem dizer nada. Lucas deu um sorriso de canto. Levantou-se, caminhou até a mesa de trabalho, desenrolou o quadro e, com os olhos atentos, comentou:— Olha só, este quadro está impressionante.