Era a voz de Maria. Aquele tom inconfundível de professora, cheio de autoridade, impossível de não reconhecer.Camila, surpresa, tentou empurrar Lucas, o olhar cheio de aflição. Mas Lucas, sempre calmo, manteve o braço envolto na cintura dela e, sem pressa alguma, virou-se para Maria, sorrindo com elegância e charme:— Sra. Maria, boa noite.Maria tinha acabado de voltar de uma aula de dança, o corpo ainda suado pelo exercício. Lançou um olhar frio e desinteressado para Lucas, dizendo, em tom ríspido:— Já que se divorciaram, pare de tirar vantagem da Camila.Apesar das palavras duras, por dentro ela pensava: “Esse Lucas, como é bonito! Que rosto, que corpo! É de tirar o fôlego...”Lucas soltou a cintura de Camila, mas continuou segurando sua mão. Na penumbra da noite, as sombras das folhas caíam sobre o rosto dele, ressaltando sua beleza com jogos de luz e sombra. Ele sorriu com tranquilidade:— A senhora está enganada. Agora estou namorando a Camila.Maria não aguentou e riu alto. Q
Aquela posição estava ficando insuportável. Mas fazer Enzo implorar perdão para Camila? Isso nunca aconteceria. Nem nesta vida, nem em qualquer outra.Logo após resolverem as questões do visto, Camila embarcou no avião rumo à Romênia, junto com Renata e os seguranças, levando todo o material necessário para seu trabalho de pintura.Pouco mais de três horas depois, eles chegaram ao aeroporto da Romênia. Após desembarcarem, pegaram um táxi em direção ao Museu da Romênia.Assim que entraram no táxi, uma figura alta e imponente também entrou em outro carro, seguindo-os de perto. O homem tinha um rosto forte e bonito, pele morena e cabelo bem curto. Seus olhos negros brilhavam intensamente, com cílios espessos e longos. Era Pedro.O carro mal havia começado a se mover quando o celular de Pedro tocou. Ao atender, uma voz feminina suave, mas firme, surgiu do outro lado:— Fiquei sabendo que você foi para a Romênia?Pedro sorriu de leve:— Você tem muitos olhos em volta de mim, hein?— Está tã
Camila ficou observando a pintura por toda a manhã, sem se mover, completamente imersa. Como o museu não permitia fotos e ela tinha receio de que as imagens encontradas na internet pudessem ter variações de cor, precisava memorizar bem cada detalhe. Havia tantas minúcias a serem registradas que a deixavam mentalmente exausta.Renata, que a acompanhava, estava intrigada. Era só uma pintura, pensava. Como alguém podia passar tanto tempo olhando para ela sem se cansar? Para Renata, era só uma grande montanha bem pintada, um riacho bonitinho, e uma moça atraente na obra. E só.Mas para Camila, a experiência era completamente diferente. Ela estava fascinada, absorvendo cada aspecto da pintura de Vivic, A Moça Junto ao Ribeiro. E, enquanto Camila estava ali, perdida em contemplação, Pedro, à distância, a observava em silêncio o tempo todo. Seus olhos transmitiam uma ternura indescritível. Apenas poder vê-la à distância já o satisfazia.O museu, numa quarta-feira, estava bastante tranquilo, c
Camila não deu muita importância. Pegou a garrafa, tomou um gole, e devolveu a Renata.Pedro perguntou:— Vocês estão indo para o hotel? Já reservaram?Camila estava prestes a responder, mas Renata rapidamente interrompeu, abanando uma pequena ventarola:— Senhora, está com calor? Deixe-me abanar você.Antes que Camila pudesse dizer qualquer coisa, Renata já estava abanando com força, fazendo os cabelos de Camila voarem para todos os lados.Camila riu, sem jeito, tentando segurar os cabelos:— Renata, eu não estou com calor.Renata, com uma expressão séria, insistiu:— Está sim, senhora.Camila suspirou, incapaz de conter a lealdade de Renata, e deixou que ela continuasse abanando. A interrupção fez com que a conversa entre ela e Pedro acabasse. Logo depois, um táxi vazio apareceu à distância, e um dos seguranças o sinalizou. Camila e Pedro trocaram olhares e, com gestos de cortesia, ela entrou no carro, enquanto ele ficou para trás.De volta ao hotel, Camila almoçou com Renata e os ou
O coração de Camila disparou de repente. Por um momento, ela não soube o que dizer.Lucas aproximou os lábios dos dela e a beijou com a familiaridade de quem já sabia exatamente o que fazer. De repente, ele se abaixou, a pegou nos braços e, com um movimento ágil, fechou a porta com o pé antes de seguir para o interior do quarto.O corpo de Camila perdeu o contato com o chão, e a sensação de ser erguida a fez exclamar baixinho:— Me põe no chão agora!— Só um instante. — Lucas respondeu enquanto a carregava até a cama. Lá, ele se inclinou levemente para colocá-la sobre o colchão com uma delicadeza quase exagerada, como se estivesse lidando com uma boneca de porcelana.Ele se debruçou ligeiramente sobre ela, olhando-a nos olhos com intensidade. Então, perguntou com uma voz suave:— Sentiu minha falta?Camila hesitou por um momento, mas acabou assentindo com a cabeça. A verdade era que ela havia sentido muita falta dele. Não só naquela noite, mas desde que se divorciaram. Todas as vezes q
Mas, enquanto dormia, ela tinha algo de adorável. Pelo menos, para Lucas, era assim que parecia. Ele a observava com ternura, achando que ela parecia um bebê que precisava ser cuidado e protegido.Ele fitou os olhos fechados de Camila e, em um tom baixo, quase ameaçador, murmurou:— Não quero ouvir você chamando o Pedro nos seus sonhos. Se fizer isso, vou te abandonar de vez.Apesar das palavras duras, seu coração estava repleto de doçura. Se fosse mesmo para abandoná-la, ele não teria atravessado o país em um voo noturno só para vê-la.Ele inclinou-se, beijou os lábios dela e encostou sua testa na dela. Ficou assim por um longo tempo antes de fechar os olhos e também adormecer.Aquela foi uma noite de sono tranquila para Camila.Quando abriu os olhos na manhã seguinte, a primeira coisa que viu foi o rosto de Lucas. Sua estrutura óssea impecável, o nariz aristocrático e o ângulo perfeito do maxilar faziam dele um homem de beleza quase escultural.Ainda meio sonolenta, Camila demorou al
Ao ouvir as palavras de Camila, Joaquim arregalou os olhos, surpreso:— É sério? Você realmente terminou a pintura?— Sim. — Camila respondeu com sinceridade. — Fiquei emocionada só de olhar para ela. Tive vontade de chorar. Em quase vinte anos pintando, foi a primeira vez que senti algo assim.Camila, normalmente tão discreta e humilde, raramente elogiava seus próprios trabalhos. Mas naquela manhã, ela abriu uma exceção. Não era autopromoção, era apenas uma descrição honesta de suas emoções.Joaquim estava tão empolgado que sua voz até falhou:— Rápido! Traga a pintura para eu ver!— Ainda não mandei emoldurar. — Respondeu Camila.Joaquim, ansioso, disse rapidamente:— Não tem problema! Traga assim mesmo. Se eu gostar, vou cuidar de tudo, inclusive da moldura.— Tudo bem. Onde nos encontramos?— Venha à minha casa. Vou te enviar o endereço.— Certo. Chego aí em uma hora.Depois de desligar o telefone, Camila foi se arrumar. Ela lavou o rosto, trocou de roupa e, após comer algo rápido,
Tânia jogou sua bolsa no sofá e olhou para o pai com curiosidade:— Pai, o que aconteceu? Você parece muito animado.Joaquim, ainda emocionado, esfregou os olhos como se quisesse conter as lágrimas:— Camila terminou a pintura dela. Está simplesmente incrível. Uma obra-prima! Estou indo pegar o talão de cheques para pagar o restante.Ao ouvir o pai elogiar Camila com tanto entusiasmo, Tânia sentiu um incômodo imediato. Seu rosto endureceu, e sua voz saiu mais ríspida do que pretendia:— É só uma pintura. Não precisa exagerar, né?— Não, você não entende. — Joaquim respondeu, apressado. — A pintura é excepcional! Algo que raramente se vê. O cliente adorou.Ele abriu sua pasta, pegou o talão de cheques e começou a assinar. Mas, antes que pudesse completar a assinatura, Tânia arrancou a caneta de suas mãos:— Pai, você está louco? Ela é a ex-mulher do Lucas. Por que está ajudando ela?Joaquim a olhou com o cenho franzido, confuso:— E o que tem isso? A pintura dela é incrível. Além disso,