Diego tinha acabado de assinar um contrato em um café sofisticado. Desde cedo, ele estava inquieto, com a cabeça cheia das imagens de Alana e Murilo juntos. Ao sair do café, avistou uma confeitaria ao lado, com uma fila que se estendia pela calçada. O ambiente era animado e cheio de vozes.Nico, percebendo o olhar de Diego, comentou:— Sr. Diego, essa é a confeitaria Procurar Sabor, muito famosa aqui em Huambo. Dizem que tem gente que dirige horas só para vir comprar os doces de lá. O lugar virou ponto obrigatório para influencers tirarem fotos. Mas tem um detalhe: eles limitam a quantidade de produtos por dia, então sempre sobra uma boa parte da fila que vai embora de mãos vazias.— Procurar Sabor? — Diego repetiu o nome, tentando se lembrar onde já o tinha ouvido antes.De repente, sua memória o levou a uma noite específica. Ele havia acabado de voltar do trabalho, cansado, quando Alana apareceu animada, segurando uma sacola cheia de doces. Sobre a mesa de centro, ela organizava cu
Enquanto os dois estavam ocupados na cozinha, a campainha tocou.Ayla correu para abrir a porta. No momento em que viu quem estava ali, recuou alguns passos com medo e correu de volta para a cozinha.— Alana, tem uma pessoa... — Disse Ayla, com a voz trêmula. Alana secou as mãos com um pano e perguntou: — Quem é? Quando ela foi até a porta e viu quem estava ali, ficou paralisada. Era Diego. O sorriso que estava em seu rosto desapareceu imediatamente, e suas sobrancelhas se franziram. — Diego, o que você quer aqui? — Perguntou Alana, com um tom frio. — Alana, a Ayla está na sua casa? — Perguntou Diego, surpreso por ter sido recebido pela menina. No entanto, ao ver Alana usando um avental, algo dentro dele pareceu se agitar. Era como se ele tivesse voltado no tempo, para os dias em que eles viviam juntos. — Diego, quem eu convido para a minha casa não é da sua conta. Diga logo o que você quer, ou vá embora. Estou ocupada e não tenho tempo para perder com conversa fiada. — R
Alana lavou as mãos novamente, aumentou o fogo ao máximo e colocou a carne comprada no supermercado na panela com azeite. O chiado alto encheu o ambiente, enquanto o vapor quente subia e atingia seu rosto.O suor começou a se acumular em sua testa. Quando ela levantou a mão para enxugá-lo, Murilo apareceu com um pedaço de papel e limpou o suor para ela.— Obrigada. — Disse Alana, em voz baixa.Murilo jogou o papel no lixo, limpou as próprias mãos e começou a cortar os vegetais. Suas mãos eram claras, com ossos elegantes, e a faca de aço em suas mãos parecia uma extensão natural, quase uma obra de arte. Sob o contraste dos vegetais verdes, suas mãos pareciam ainda mais brancas. Alana olhou para ele por um momento. Ela ainda sentia o toque da mão dele em sua testa, e sem perceber seu rosto ficou vermelho. Ela retirou a carne da panela e disse: — Murilo, pode lavar os pimentões para mim? — Claro. — Murilo respondeu imediatamente, colocando a faca de lado e pegando os pimentões par
Telma já estava esperando em casa há bastante tempo. Assim que Diego chegou, ela pegou com delicadeza a pasta de documentos e a caixa de doces que ele carregava. Seus olhos brilharam ao ver o nome da marca estampado no pacote. — Você foi comprar doces dessa confeitaria? Já ouvi falar muito sobre a Procurar Sabor de Huambo, mas nunca tive a oportunidade de experimentar. Comprou especialmente para mim? — Perguntou Telma, com um sorriso animado. Diego hesitou por um momento, sentindo-se um pouco desconfortável, mas acabou assentindo:— Se você gostar, da próxima vez eu levo você até lá.— Combinado. — Disse Telma, colocando a caixa sobre a mesa. Enquanto Diego subia as escadas, Telma abriu a embalagem com um sorriso doce no rosto. Ela se sentia aliviada, pensando que suas preocupações recentes eram desnecessárias. Diego, afinal, parecia ser o mesmo de antes. Porém, ao retirar os doces da caixa, algo chamou sua atenção: um pequeno tubo de pomada estava preso no fundo. Ela franziu o
Alana não disse mais nada e terminou de beber o chá de hortelã, com o rosto corado.À noite, Murilo já ia embora, mas se lembrou de algo e falou com Alana.— Amanhã de manhã eu venho buscar a Ayla para levá-la à casa do vovô. Obrigado por cuidar dela esses dias. — Disse ele.Alana sorriu de leve.— Eu já considero a Ayla como uma irmãzinha. — Respondeu ela.No dia seguinte, perto do meio-dia, Murilo levou Ayla embora. Alana estava almoçando quando o celular tocou. Era Diego. Ela, por impulso, desligou, mas ele ligou novamente.Alana atendeu de mau humor:— Diego! O que você quer, afinal?— Alana, calma, não desliga. Eu liguei por causa do vovô. — Pediu Diego.— Vovô? O que aconteceu com ele? — A expressão de Alana suavizou. Entre todos da família Arruda, era o avô quem sempre a tratava melhor.— O vovô anda sem apetite. Vou levá-lo para fazer uns exames. Ele sente muita saudade de você. Será que você pode vir e fazer companhia para ele? — Perguntou Diego.Alana pensou por um instante,
— Srta. Telma, venha por aqui. Agora aguarde um instante, vou chamar o Sr. Dario. — O mordomo rapidamente entrou no salão e foi avisar Diego sobre a chegada de Telma.Quando Diego ouviu, ele mudou de expressão e foi imediatamente até onde Telma estava.— Você veio fazer o quê? — Diego perguntou, demonstrando certo incômodo.Telma fingiu naturalidade enquanto sorria:— Ouvi você dizer que o vovô não anda comendo bem, então trouxe umas coisas gostosas para ele. Eu queria vir com você, mas você saiu tão apressado, acabei tendo que vir sozinha.Diego nem olhou para a caixa de comida, apenas respondeu com doçura contida:— Telma, você sabe que o vovô… Talvez seja melhor você voltar para casa.Telma ficou paralisada, olhando para Diego incrédula, os olhos marejados:— Diego, eu vim só por preocupação, e você quer mesmo que eu vá embora levando tudo de volta? Além disso, vamos nos casar em breve. Para o nosso futuro, preciso me dar bem com o vovô. Acredite em mim, por você, eu faço qualquer c
Dario lançou um olhar frio para Telma e falou com voz ríspida:— Eu não ensino ninguém a jogar xadrez. Na verdade, nem sou tão fã assim. Só espero que Alana venha, de vez em quando, fazer companhia para mim e jogue algumas partidas comigo.O olhar de Telma mudou. Ela não conseguiu mais manter a postura elegante. Sendo ignorada daquela forma, ela não entendia o que Alana teria dito a Dario para deixá-lo tão distante dela.Pensando nisso, Telma falou, pela primeira vez, sem esconder a insatisfação:— Vovô, no fim das contas, a Srta. Alana é uma estranha. Eu sou a esposa do Diego, sou parte dessa família.Diego imediatamente interveio:— Telma, que absurdo você está dizendo!— E o que tem, Diego? Eu estou errada? Afinal, é comigo que você vai se casar. — Telma insistiu, teimosa.Dario bateu a peça no tabuleiro com força e falou em tom grave:— Diego, você não tem coisas para resolver na empresa? Então vão embora os dois. Eu estou ótimo, não preciso de ninguém aqui me incomodando.— Vovô,
Dario fez um movimento no tabuleiro e comentou, demonstrando certa insatisfação.— Alana, não venha me enganar, não. Eu percebi faz tempo. Na última partida, você podia ter vencido, mas deixou eu ganhar de propósito.— Vovô, o senhor é muito melhor que eu no xadrez, nunca conseguiria te vencer. Está dizendo isso só para me animar, não é? — Alana respondeu, avançando uma peça enquanto sorria abertamente.— Eu te conheço muito bem! Alana, não dê atenção para aquele idiota do Diego. Só de olhar para ele, já fico irritado! — Dario suspirou.Ele sabia que, apesar de Alana ser uma garota tão boa, ela e a família Arruda estavam destinados a não ficarem juntos. Ele só lamentava que Diego, aquele cabeça-dura, depois do divórcio ainda continuasse... Dario nunca foi tolo. Durante a partida, ele percebeu que Diego não tirava os olhos de Alana nem por um instante. Desde o divórcio, Dario já imaginava que esse dia chegaria.— Vovô, pode deixar, entendi. — Alana respondeu.Ela sabia que Dario realmen