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Pov. Sara

– Pra que você vai no shopping Sara?

– Não sei se você reparou Samantha , mas a minha bolsa de ginástica está em pedaços, de tanto tempo que tenho ela!!

Uso essa bolsa desde que eu comecei a minha faculdade, e ela já passou por muita coisa, quase foi roubada, já pegou chuva, está cortada e definitivamente ela tem que ser trocada.

– E eu posso ir com você?

COMIGO definitivamente NÃO!!

– Não Samantha , eu vou sozinha.

– E por que você não quer que eu vá?

Ela realmente está fazendo essa pergunta pra mim? Ela sabe o porquê que ela não vai ao shopping comigo.

– Samantha , toda vez que você vai ao shopping comigo você quer compra tudo e eu acabo sempre carregando tudo pra você!!

Até hoje eu nunca vi uma pessoa ser tão consumista igual a ela, quando saímos pra comprar qualquer coisa, ela sempre quer levar o shopping inteiro, e eu fico como a sua carregadora particular.

– Ok, ok já entendi sem shopping pra mim – Ela diz com uma cara de cachorro sem dono.

– Talvez na próxima vez! – ela assente e eu saio a caminho do shopping.

Pov. Gael

Ontem fui muito duro com minha mãe, toda vez que fico nervoso acabo dizendo coisas que não devo, mas depois que eu me acalmo repenso e vejo que a magoei.

Não me recordo que depois do meu acidente eu tenha ido ao shopping, pensando nisso uma lembrança surge, eu, minha mãe, meu pai, Sam e Sia, viemos Ao shopping para ver o papai Noel, mais como eu tinha acabado de ser adotado eu estava muito fechado para esse tipo de festividades. Sou tirado dos meus pensamentos quando o elevador chega.

Empurro a minha cadeira até o elevador e aperto para descer, chegando ao andar as portas e não acredito no que vejo, é ela, Sara.

Pov. Sara

Quando chego ao shopping vou direto para o segundo andar, mas infelizmente não achei nenhuma loja de mochilas, quer dizer eu achei, mas nenhuma delas tinha o que eu queria.

Vou para onde tem os elevadores, vou ver se nos andares de baixo eu encontro o que quero, eu e mais três pessoas estava esperando o elevador chegar, quando chega que abre as portas eu não acredito no que vejo, é ele Gael Devenuto.

As pessoas vão saindo do elevador mais eu não consigo entrar, já que eu estou aqui parecendo uma estátua olhando-o, e então ele olha pra mim.

– Sara, que surpresa! – ele diz surpreso.

Há não é mais senhorita Ventura, é Sara agora! E o meu nome saindo de sua boca, sai como veludo.

– Gael!

As pessoas que esperam o elevador entram o fitam o Gael, mais obviamente por razões diferentes, não olham como achassem ele bonito. As pessoas contornavam a cadeira como se ela não estivesse ali, um comportamento típico, é como elas tivessem medo de ficar aleijados se estivessem perto demais. Vendo essas pessoas tratando Gael assim me fez querer soca-los.

Comecei a observá-lo, mas não por ele ser um deficiente físico, e sim pela aura positiva e a força que ele tem, isso de certa forma me atrai.

O elevador parou no primeiro andar e as portas se abriram e as pessoas foram saindo, mas Gael parecia apresado e avançou com a cadeira, mas o elevador parou alguns centímetros abaixo do piso criando uma elevação. Para uma pessoa capaz de andar não é problema algum, mas para uma pessoa deficiente sim.

Eu vi a determinação no olhos dele, mas a cadeira travou, seus músculos do queixo travaram e ele tentou mais uma vez, mas não deu certo. Olho para Gael e ele parecia humilhado.

– Você quer ajuda? – pergunto

– NÃO – diz bravo

– Gael, isso é só questão de equilíbrio. – digo a ele, já que eu ajudei muitas pessoas assim, por que na faculdade tem pessoas deficientes.

Gael suspira derrotado, e acho que para ele é muito duro pedir o que ele me pediu!

– Será que você pode me ajudar Sara?

– Não – ele me olha surpreso para mim, mas eu realmente não vou! – Você é capaz de fazer isso sem a minha ajuda Gael!

– O que?

– Eu disse que você é capaz de fazer isso Gael!

– Mas que merda – Ele diz irritado – Eu peço de ajuda e o que eu consigo é uma sargento! – diz ele sarcasticamente.

– Esse sarcasmo não vai levar você a lugar algum Gael, você alguma vez já ergueu a cadeira para passar em tapetes altos?

– Claro!

– Bom, aqui é a mesma coisa só que um pouco mais alto. Veja se as rodas estão alinhadas, e então as erga com um impulso, assim você conseguira subir!

– Só isso? – Diz com sarcasmo.

– Sim só isso – respondo da mesma forma.

Dou um sorriso para encoraja-lo, sei que ele precisa de ajuda, mas não na parte física e sim no emocional.

Seus braços são bem musculosos e empurram as rodas para frente se dificuldades, ao se aproximar ele jogou o corpo para trás, afim de tirar o peso da frente, e a cadeira se elevou um pouco assim descendo sobre o degrau e ele empurrou as rodas subindo o restante. Ele saiu do elevador e o segui, ele olha pra mim e pela primeira vez não vejo um gelo em seu olhar

– Obrigada! – Diz ele sincero

Bem é melhor eu ir procurar logo a minha bolsa.

– De nada – Digo e viro para ir, mas sinto um toque quente de sua mão na minha.

– Ei, você gostaria de me acompanhar? – Gael Devenuto querendo que lhe fizesse companhia? Isso é inédito!!

– Claro

– E então Sara, o que veio fazer aqui?

– Vim comprar uma mochila.

– Mochila? – pergunta um pouco confuso.

– Sim, a minha não dura mais um dia, e você o que faz aqui?

– Vim comprar um presente para a minha mãe, mas não sei o que comprar. Será que você poderia me ajudar?

– Claro, porque não?

Seguindo o corredor, entramos em uma loja de CD's e DVD's, andando pela loja Gael para e olha para alguns álbuns dos Beatles.

– Minha mãe adora esses caras.

– Então leva algum desses para ela. – e ele assente.

Quando saímos da loja damos de frente a praça de alimentação e minha barriga dá sinais de fome, Gael segue a direção do meu olhar.

– Você vai comer alguma coisa?

– Sim, vou.

– Então vou te acompanhar.

Gael é rico e não sei que tipo de comida ele come, mas eu nunca vou me desfazer do meu hambúrguer e batas fritas.

Chegamos em uma mesa Gael apenas vira a sua cadeira e eu me sento.

– O que você vai querer comer Sara?

– Bom, eu vou querer comer Hambúrguer com batatas fritas e Coca cola.

– Ok, então eu vou pegar nossos pedidos. – diz prontamente e acho que ele está tentando ser útil e eu jamais vou tirar isso dele.

Girando a cadeira ele segue para o final de uma fila, eu o vi se espreguiçar na cadeira, e vejo que ele é muito musculoso e lindo. Meu Deus o que eu estou pensando!!

Enquanto eu esperava fiquei observando ele fazer os nosso pedidos, assim que ficam prontos ele pega e traz a bandeja no colo. Estávamos comendo bem tranquilos até ele começar a fazer perguntas.

Pov. Gael

Realmente a Sara é uma pessoa boa, gostei dela ainda mais quando ela não me impediu de comprar nossos lanches, e quando eu estava trazendo a bandeja qualquer pessoa teria me ajudado, mas Sara não, ela não me trata como se eu fosse um incapaz e eu gosto disso, pois depois do acidente venho sendo paparicado pela minha família á tempos. Mas Sara não faz isso, e isso para mim é como um lufar de ar fresco.

– Consegui! – lhe digo assim que que chego a mesa, e estou meio suado pelo esforço.

– Eu sabia que conseguiria – Sara diz.

– Você sabia mesmo não é?

– Claro, não duvido de sua capacidade – ela me conhece tão pouco tempo e já sabe que sou capaz de fazer as coisas por mim mesmo. – Por que achou que eu duvidaria?

– Por que as vezes até eu mesmo duvido – digo

– Não tem por que Gael!

Comemos em silêncio até que pergunto para ela.

– Você irá se formar este ano?

– Sim, daqui a duas semanas.

– E que curso você está cursando?

– Literatura.

– Então você gosta de livros?

– Sim, muito!

– E o que faz em seu tempo livre?

– Ei isso é uma entrevista? – ela me pergunta me fazendo rir – mas respondendo a sua pergunta, no meu tempo livre pratico luta livre.

– Que bacana, eu também praticava sabe, antes do acidente.

E então a lembrança daquele dia vem como uma trovoada em minha mente. O que eu estou fazendo aqui, conversando e rindo como um idiota?!

Pov. Sara

Gael assim que se refere ao acidente muda de repente e seu olhar ficou frio como gelo que me assustou.

– Gael o que houve? – pergunto a ele, tirando-o daquele transe.

– Eu preciso ir embora!

– Mas você nem acabou de comer – digo a ele sem entender o que deu nele.

– Apenas preciso ir.

Sem ao menos se despedir ele sai na sua cadeira de rodas entra no elevador sem falar mais nada e parte e me deixa aqui sem entender o que houve. Me sinto magoada, nunca na minha vida ninguém me tratou assim. Sinto uma imensa vontade de chorar e ne sei o porquê.

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