Parada de frente pra casa da Helen, eu não sei quem está mais nervosa, eu ou ela. Bom, ela ainda tem que se explicar para mãe, e eu só tenho que lidar com isso, sozinha. Boa parte de mim já aceitou esse bebê que cresce em mim, mas a outra parte só vai acreditar quando de fato ver esse bebê. Como eu pude ser tão burra, é o que eu venho me perguntando desde a hora que eu olhei aquele segundo teste positivo em minha mão. Ela vem em minha direção já com a carinha de choro, está bem tarde, só conseguimos chegar agora depois de fazer várias paradas durante o percurso. Helen: eu falei com minha mãe! - ela afirma, parando na minha frente e segurando minha mão. Mavi: e aí? Como ela reagiu?Helen: ah, ele chorou né, Maria. Mas disse que filhos são sempre bençãos. Mavi: acredite que vai dar tudo certo. Helen: e quanto a você?Mavi: vou saber lidar com isso. - olho para lado quando ouço o ronco do carro que eu sei bem a quem pertence - sabe se Laura está em casa?Helen: eu vi ela passando m
Mavi: você dormia nessa cama minúscula e ficou reclamando da minha? — pergunto a Badá, ele me fez jantar e sua mãe me enfiou todo e qualquer tipo de doce que ela havia feito, especialmente para mim. Depois de uma longa conversa e assunto que eu já não estava nem entendo, eu gostei ao menos, me senti acolhida e pela primeira vez, em casa. Agora estamos aqui deitados em uma minúscula cama de solteiro, porque segunda a mãe dele, eu preciso descansar depois de ter enchido a barriga, e praticamente me obrigou a deitar aqui, e que Badá ficasse junto caso eu passasse mal, e aqui estamos. Badá: eu não entro nesse quarto desde que fui preso. Nem sabia que minha mãe ainda tinha ele assim. Mavi: sério? — pergunto a ele, que estava sentado na beirada da cama com as costas apoiada na parede, enquanto olha o celular vez ou outra. Badá: papo reto. — ele bloqueia a tela e coloca o celular em cima do criado no pé da cama — achei que já tivesse desfeito do quarto, po. Tem muito tempo, ainda era mo
Badá Quando eu soube que me alvará já estava pronto, a primeira coisa que eu queria fazer quando saísse da cadeia, era resolver minha vida. Talvez entregar o comando, morar no mato e criar galinhas. Mas a vida da cada reviravolta e a gente nunca tá preparado. Maria entrou na minha vida feito um furacão, deixou tudo de ponta a cabeça e depois quis sair como quem não fez nada. Eu entendo ela. A mente da mina tá confusa, perdeu a mãe recentemente e ela era a única pessoa a qual tinha um apoio, mas as coisas acontecem como devem acontecer, e ninguém pode mudar o destino que já foi traçado. Encostado na minha cama, enquanto observo ela dormir do lado. Foi mó luta pra trazer ela pra cá depois da minha coroa ter enchido a barriga dela com as coisas possíveis. Meu celular toca, não sei qual filho da puta que tá me perturbando essa hora noite, mas atendo sem nem olhar. Badá: Fala!Erica: tenho que conversar contigo. — ela responde do outro lado, com a voz carregada de raiva. Badá: fala
Badá Mãos soando e adrenalina que eu não sentia a muito tempo, corriam pelo meu corpo, como uma forte onda elétrica. Faz tempo que não troco com ninguém, acho que nem sei mais manusear uma arma. Mas de esse fodido acha que pode contra mim ou qualquer um dos meus, tá muito enganado. Fui para a cadeia por tirar a vida de um homem que tinha meu sangue, agora um mauricinho bunda mole achar que vai entrar aqui, tirar vidas e ficar por isso mesmo, tá muito enganado. Sem falar que preciso ver meus filhos crescerem, agora será tudo por eles é uma pretinha teimosa pra caralho. Eu desço o beco correndo, achei que nem teria mais pique pra isso, mas ainda tô em forma, muitos anos parados, que a descarga de adrenalina veio com tudo. PT: Badá, na escuta?Badá: fala mano, tô chegando. PT: balearam o Rangel, os manos conseguiram tirar ele da reta, mas mesmo assim acertou um nele. Badá: pistola?PT: fuzil mano. Badá: puta que pariu. Acertou onde?PT: na perna, mas tá sangrando pra caralho. Fa
Ouço os passos dele logo atrás de mim. Ele está convicto de que consegue me pegar de alguma forma. Só que eu fui treinado pra isso, entro pra matar ou morrer, mas dessa vez será somente para matar. Rick: aqui! — ouço ele me chamar de novo de cima da laje — sobe aqui. Ele estende a mão para mim, e eu sinto algo vibrar dentro do meu bolso. Nem me deu conta que estava trazendo o celular. Eu subo, me abaixo e olha na minha frente, algo que eu jamais imaginaria ver um dia, não pessoalmente, cara a cara. Badá: caralho… — analiso a máquina a minha frente — onde tu conseguiu uma dessa?Rick: foi um presentinho que vejo lá de fora. Tá te esperando tenho um tempo, uma boa oportunidade pra usar. — ele da dois tapinhas no meu ombro e sorri — toda sua, pai!Carregada até em cima, reluzente pra caralho. Uma metralhadora browning. Isso arma pra guerra, difícil conseguir quando não se tem um investidor. Badá: consegue rastrear o rádio deles? — pergunto e ele afirma com a cabeça — Então faça isso
MaviEstou com a arma apontada pra onde ele mandou tem um tempão. Meu estômago já revirou várias vezes. Eu passei de uma menina que só ficava dentro de casa, pra uma grávida de um bandido e agora, segurando uma arma pra ferir quem for que passe por aquela porta. Os passos havia parado, mas então voltou. Começo a me tremer exatamente igual quando sai da cadeia na primeira vez que visitei o Badá. Está escuro dentro do quarto, somente uma luz que entra pela janela, mas vem da rua, e não é o suficiente pra clarear aqui dentro. Ouço o clique na porta e fecho os, quando ela se abre totalmente, eu atiro com as mãos trêmulas. Badá: Maria! — ele grita e eu abro os olhos assustados — Tu ta maluca?Mavi: Meu Deus! — me levanto assustada jogando a arma em cima da cama, enquanto ele tateia a parece procurando o interruptor pra acender a luz — você é maluco ou o que? Badá: tu poderia ter me matado! — ele segura o braço e eu vejo o sangue descer — foi de raspão. Mavi: deixa eu ver… — ele tira
Badá Samuel passa o dia todinho com a gente. Se divertiu abessa, mas ainda não sei como falar pra ele que vai ter um irmão, e que esse irmão também é filho da mulher que ele pediu em casamento. Só rindo de uma porra dessa. Eu estaciono do outro lado da rua da casa da mãe dele. Tá torrando minha paciência e enchendo meu saco pra caralho, coisa que ela nunca foi de fazer, tá fazendo agora. Quando eu tava lá dentro e mandava algum menor entregar uma grana pra ela, ela mandava devolver dizendo que não precisava do meu dinheiro. Agora mete marra porque soube que vou ter outro filho, tá possessa e eu não tô entendo legal onde ela quer chegar com isso. Eu fecho a porta do carro e atravesso com Samuel que já está quase dormindo em pé de tão cansado. Comeu todas besteiras possíveis e nadou mais que golfinho na praia, tem nem como o moleque não ficar cansado. Ela já espera do lado de fora com um bico formado, coisa que de quem comeu e não gostou. Badá: tá entregue. — aviso a ela. Erica
MaviO desespero do homem é tão grande, que acaba me desesperando também. Ele nem se quer me deu espaço pra eu tomar um banho ou ao menos prender o cabelo, e já saímos de casa correndo. Ele está impaciente na recepção do hospital, da pra ver de longe enquanto meu nome ainda está longe de ser chamado. Mavi: tá tudo bem, cara. Relaxa. Badá: sangue nunca tá tudo bem. Mavi: você é muito pessimista. Badá: AE! — ele da um grito na recepção que até eu me assunto, a recepcionista olha pra ele assustado — vai demorar muito pra minha mulher ser atendida? Ela tá grávida e sangrando. — deveria ter dito isso quando fez a ficha dela. — ela responde. Badá: que diferença faz agora? É uma emergência de qualquer forma. Ninguém sai de casa essa hora da noite pra passear no hospital, qual foi mano? Tá me tirando?— Senhor, o médico já vai atender ela. Badá: senhor tá no céu. Se demorar mais 10 minutos pra ela ser atendida, vou metralhar essa porra tudo aqui. Mavi: para com isso. — falo entre os