Capítulo 3

Não se passara muito tempo, desde a entrada de Diego na boate apertada. Os corpos das pessoas se juntavam ao som de músicas eletrônicas esparrosas. Ele estava mais interessado na bancada de bebidas.

Empurrando garganta abaixo mais uma dose de bebida, ele acomodou-se no banco enquanto seus olhos se moviam perdidos no meio da multidão.

Girando o corpo para frente mais uma vez e sentindo-se zonzo, Diego repetiu o pedido de mais uma dose para o barman que o fitou preocupado.

Sua experiência naquele lugar era o suficiente pra saber que pessoas naquele estado podem causar problema em questão de segundos. Não podendo negar a bebida, ele a entregou para o homem bebado a sua frente. Em segundos Diego bateu o copo contra a bancada após ter bebido tudo em segundos.

— Senhor, não acha que deveria chamar alguém para busca-lo?— O barman preocupado prontificou-se.

— É o quê? Eu consigo dirigir muitooo....— Tombando para trás, Diego pausou a fala tentando equilibrar o corpo. Ao se apoiar no balcão ele ergueu o dedo indicador na frente do rosto tentando focar a visão que estava turva.

Guiando a mão ao bolso do short, o negro resmungou ao não localizar o telefone.

— Inferno, onde diabos...— Guiando a mão ao bolso esquerdo ele constatou que o celular também não estava lá. — Onde está essa desgraça?

Erguendo o corpo e perambulando mais um pouco, o ator observou com dificuldade o chão da boate a procura do aparelho eletrônico, mas uma voz feminina não tão distante o despertou. Ao erguer a cabeça seus olhos se chocaram com a visão de uma ruiva sorridente e levemente tomada no álcool.

Movendo os pés para frente e caminhando aos tropeços, ele acompanhou a voz sorridente que dançava ao meio da multidão.

— Luana?

A voz grave de Diego despertou a ruiva que cessou a dança, a voz proxima de si causou um arrepio repentino no pescoço.

— Você é? Quem é você?— Erguendo o dedo e tocando a camisa sobre o peito dele, a ruiva questionou.

Foi estranho, para Diego foi como se agora ela fosse outra pessoa, a voz não parecia a mesma. Estava sonhando? Vendo coisas?

— Quer dançar? — Ele ofereceu, mesmo os pés tropeçando.

— Você está bebado como eu...— Gargalhando em seguida e pausando a fala.

Diego percebeu que aquele sorriso lhe recordava dela, Luana. Era Luana?

— Quer sair?— Ele ofereceu as mãos.

Contudo a situação ficou absurda quando um homem o agarrou pela camisa o empurrando no meio da multidão resultando numa queda.

— Quem mandou se aproximar da minha garota?— A voz poderosa o alertou. — Deixa ela em paz.

Diego usou as forças restante para erguer o seu corpo. Com o impulso ele estava de pé. Enquanto isso o homem arrastava a garota pelo braço.

— Mas quem é você? Eu...— Sentindo a pressão contra seu braço ela observou com dificuldade. — Eu não conheço.

Diego voltou aproximar-se na tentativa de soltar a garota dos braços do homem desconhecido.

— Ela é mesmo sua garota? — Diego manteve a trilha de passos enquanto os acompanhava no meio da multidão. A adrenalina aparentemente deixando-o sobrio por mais alguns segundos. — Não parece que ela é sua garota.

Em questão de segundos o homem soltou a garota, avançando pra cima de Diego sem piedade. O clima da balada se tornou uma comoção. Ambos lutando corpo a corpo numa luta de ego masculino. A testosterona era quase palpável, enquanto pessoas os empurravam na multidão.

Diego acertou o rosto do desconhecido com um soco potente, desestabilizando o oponente. Com o impulso, o homem tombou para trás, e Diego tomou a vez na luta prendendo o desconhecido por baixo do seu corpo. No meio disso a multidão registrava o ocorrido com videos e fotos.

A garota tomou a frente tentando finalizar aquele MMA. Mas na tentativa acabou sendo acertada por Diego.

— AAH!— Pressionando a bochecha, a pobre garota caiu pelo chão.

Diego despertou do momento de adrenalina absurda ao som da voz da garota que agora estava atrás dele cobrindo a bochecha.

— Ah eu sinto muito, me desculpa.— Aproximando da garota, ele observou o rosto levemente rosado na bochecha dela, mas antes de poder fazer algo, foi puxado pela camisa novamente recebendo mais um soco.

A luta continuou enquanto a garota sentia-se perdida naquele alvoroço. O que estava acontecendo? Por que estava tão bebada se nem havia bebido mais de dois copos? Algo estava errado.

— Vocês podem parar? — Ela voltou tentar finalizar a briga. Os homens estavam preocupados demais em provar quem era mais homem no punho. — Affs! Porque homens são assim? PODEM PARAR!— Ela gritou no fim da frase recebendo alguns olhares.

O homem que até o momento ainda era um estranho para Diego, permaneceu caído no chão. Diego aproveitou a oportunidade para voltar atenção a garota.

— Você está bem? Conhece mesmo esse cara? — Diego a encarou, percebendo que a bochecha dela agora parecia mais roxa.— Droga! Me deculpa, não tive a intenção.— Massageando as bochechas dela, ele manteve o toque.

— Eu não sei não...— A garota sentia-se zonza.— Ele? Não, eu não..— A ruiva tentou completar a frase.

— O quê? Não entendi, você realmente conhece e confia nele, a situação aqui foi bem esquisita, não tomou nada que ele te deu?

— Quero ir pra casa.— A ruiva ergueu seu corpo sentindo as pernas sem forças.

Diego a segurou, agora um pouco mais sóbrio. A luta repentina e os socos na cara o despertou um pouco do álcool.

Ele a segurou pelo braço enquanto lutava junto a ela pra passar no meio da multidão que ainda gritava, flashs de celulares eram guiados em sua direção e aquele momento ele recordou de que teria um baita escândalo o envolvendo.

Isso poderia afetar muito a audiência dos telespectadores com seu novo trabalho.

Ao alcançarem a entrada da boate Diego carregou a ruiva para fora. Ambos ainda tropeçando no meio do caminho. Alcançando uma certa distância da entrada da boate ele averiguou a rua.

Na expectativa de chamar um Uber, Diego relembrou de que havia perdido o celular.

— Droga! Mas que inferno! Noite do azar.— Ele tocou o rosto recordando de que provavelmente seu rosto não estava dos melhores. Estava completamente dolorido.

Pra piorar, ele tinha cenas bem cedo, aparecer com o rosto nesse estado seria um grande problema.

— Eu tenho um carro.— A ruiva divagou movendo os dedos pra cima.

Ele a avaliou minuciosamente piscando os olhos com mais força tentando ter certeza da imagem que estava vendo.

A mulher estava vestida num vestido preto com brilhos, a alça era fina. O vestido tinha o comprimento acima do joelho alguns centímetros. Os cabelos ondulados estavam soltos, no entanto molhado pelo suor.

— Eu tenho um carro, eu tenho…— Ela repetia.

— Escuta, eu também tenho um carro, mas jamais entraria nele nesse estado, não com você dentro.— Ele aproximou mais uma vez, com os dedos, ele moveu os cabelos do rosto dela o guiando direção a orelha.

Diego avistou um táxi surgindo logo ao seu lado. Com um salto ele aproximou do meio fio rapidamente.

— Táxi, táxi.— Movendo os braços ele viu o olhar do motorista ao pára-brisa.

— Opa.— O motorista parou o carro e ao abrir a porta observou o homem negro à sua frente.

— Preciso que nos leve no endereço que vou te passar.— Ele aproximou-se da ruiva segurando seu braço.

O motorista assentiu de cabeça abrindo a porta do carona. O casal adentrou o carro e Diego suspirou de alívio ao finalmente estar seguindo para casa. Teria um problema, onde levaria aquela garota?

Continua…

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