Não se passara muito tempo, desde a entrada de Diego na boate apertada. Os corpos das pessoas se juntavam ao som de músicas eletrônicas esparrosas. Ele estava mais interessado na bancada de bebidas.
Empurrando garganta abaixo mais uma dose de bebida, ele acomodou-se no banco enquanto seus olhos se moviam perdidos no meio da multidão. Girando o corpo para frente mais uma vez e sentindo-se zonzo, Diego repetiu o pedido de mais uma dose para o barman que o fitou preocupado. Sua experiência naquele lugar era o suficiente pra saber que pessoas naquele estado podem causar problema em questão de segundos. Não podendo negar a bebida, ele a entregou para o homem bebado a sua frente. Em segundos Diego bateu o copo contra a bancada após ter bebido tudo em segundos. — Senhor, não acha que deveria chamar alguém para busca-lo?— O barman preocupado prontificou-se. — É o quê? Eu consigo dirigir muitooo....— Tombando para trás, Diego pausou a fala tentando equilibrar o corpo. Ao se apoiar no balcão ele ergueu o dedo indicador na frente do rosto tentando focar a visão que estava turva. Guiando a mão ao bolso do short, o negro resmungou ao não localizar o telefone. — Inferno, onde diabos...— Guiando a mão ao bolso esquerdo ele constatou que o celular também não estava lá. — Onde está essa desgraça? Erguendo o corpo e perambulando mais um pouco, o ator observou com dificuldade o chão da boate a procura do aparelho eletrônico, mas uma voz feminina não tão distante o despertou. Ao erguer a cabeça seus olhos se chocaram com a visão de uma ruiva sorridente e levemente tomada no álcool. Movendo os pés para frente e caminhando aos tropeços, ele acompanhou a voz sorridente que dançava ao meio da multidão. — Luana? A voz grave de Diego despertou a ruiva que cessou a dança, a voz proxima de si causou um arrepio repentino no pescoço. — Você é? Quem é você?— Erguendo o dedo e tocando a camisa sobre o peito dele, a ruiva questionou. Foi estranho, para Diego foi como se agora ela fosse outra pessoa, a voz não parecia a mesma. Estava sonhando? Vendo coisas? — Quer dançar? — Ele ofereceu, mesmo os pés tropeçando. — Você está bebado como eu...— Gargalhando em seguida e pausando a fala. Diego percebeu que aquele sorriso lhe recordava dela, Luana. Era Luana? — Quer sair?— Ele ofereceu as mãos. Contudo a situação ficou absurda quando um homem o agarrou pela camisa o empurrando no meio da multidão resultando numa queda. — Quem mandou se aproximar da minha garota?— A voz poderosa o alertou. — Deixa ela em paz. Diego usou as forças restante para erguer o seu corpo. Com o impulso ele estava de pé. Enquanto isso o homem arrastava a garota pelo braço. — Mas quem é você? Eu...— Sentindo a pressão contra seu braço ela observou com dificuldade. — Eu não conheço. Diego voltou aproximar-se na tentativa de soltar a garota dos braços do homem desconhecido. — Ela é mesmo sua garota? — Diego manteve a trilha de passos enquanto os acompanhava no meio da multidão. A adrenalina aparentemente deixando-o sobrio por mais alguns segundos. — Não parece que ela é sua garota. Em questão de segundos o homem soltou a garota, avançando pra cima de Diego sem piedade. O clima da balada se tornou uma comoção. Ambos lutando corpo a corpo numa luta de ego masculino. A testosterona era quase palpável, enquanto pessoas os empurravam na multidão. Diego acertou o rosto do desconhecido com um soco potente, desestabilizando o oponente. Com o impulso, o homem tombou para trás, e Diego tomou a vez na luta prendendo o desconhecido por baixo do seu corpo. No meio disso a multidão registrava o ocorrido com videos e fotos. A garota tomou a frente tentando finalizar aquele MMA. Mas na tentativa acabou sendo acertada por Diego. — AAH!— Pressionando a bochecha, a pobre garota caiu pelo chão. Diego despertou do momento de adrenalina absurda ao som da voz da garota que agora estava atrás dele cobrindo a bochecha. — Ah eu sinto muito, me desculpa.— Aproximando da garota, ele observou o rosto levemente rosado na bochecha dela, mas antes de poder fazer algo, foi puxado pela camisa novamente recebendo mais um soco. A luta continuou enquanto a garota sentia-se perdida naquele alvoroço. O que estava acontecendo? Por que estava tão bebada se nem havia bebido mais de dois copos? Algo estava errado. — Vocês podem parar? — Ela voltou tentar finalizar a briga. Os homens estavam preocupados demais em provar quem era mais homem no punho. — Affs! Porque homens são assim? PODEM PARAR!— Ela gritou no fim da frase recebendo alguns olhares. O homem que até o momento ainda era um estranho para Diego, permaneceu caído no chão. Diego aproveitou a oportunidade para voltar atenção a garota. — Você está bem? Conhece mesmo esse cara? — Diego a encarou, percebendo que a bochecha dela agora parecia mais roxa.— Droga! Me deculpa, não tive a intenção.— Massageando as bochechas dela, ele manteve o toque. — Eu não sei não...— A garota sentia-se zonza.— Ele? Não, eu não..— A ruiva tentou completar a frase. — O quê? Não entendi, você realmente conhece e confia nele, a situação aqui foi bem esquisita, não tomou nada que ele te deu? — Quero ir pra casa.— A ruiva ergueu seu corpo sentindo as pernas sem forças. Diego a segurou, agora um pouco mais sóbrio. A luta repentina e os socos na cara o despertou um pouco do álcool. Ele a segurou pelo braço enquanto lutava junto a ela pra passar no meio da multidão que ainda gritava, flashs de celulares eram guiados em sua direção e aquele momento ele recordou de que teria um baita escândalo o envolvendo. Isso poderia afetar muito a audiência dos telespectadores com seu novo trabalho. Ao alcançarem a entrada da boate Diego carregou a ruiva para fora. Ambos ainda tropeçando no meio do caminho. Alcançando uma certa distância da entrada da boate ele averiguou a rua. Na expectativa de chamar um Uber, Diego relembrou de que havia perdido o celular. — Droga! Mas que inferno! Noite do azar.— Ele tocou o rosto recordando de que provavelmente seu rosto não estava dos melhores. Estava completamente dolorido. Pra piorar, ele tinha cenas bem cedo, aparecer com o rosto nesse estado seria um grande problema. — Eu tenho um carro.— A ruiva divagou movendo os dedos pra cima. Ele a avaliou minuciosamente piscando os olhos com mais força tentando ter certeza da imagem que estava vendo. A mulher estava vestida num vestido preto com brilhos, a alça era fina. O vestido tinha o comprimento acima do joelho alguns centímetros. Os cabelos ondulados estavam soltos, no entanto molhado pelo suor. — Eu tenho um carro, eu tenho…— Ela repetia. — Escuta, eu também tenho um carro, mas jamais entraria nele nesse estado, não com você dentro.— Ele aproximou mais uma vez, com os dedos, ele moveu os cabelos do rosto dela o guiando direção a orelha. Diego avistou um táxi surgindo logo ao seu lado. Com um salto ele aproximou do meio fio rapidamente. — Táxi, táxi.— Movendo os braços ele viu o olhar do motorista ao pára-brisa. — Opa.— O motorista parou o carro e ao abrir a porta observou o homem negro à sua frente. — Preciso que nos leve no endereço que vou te passar.— Ele aproximou-se da ruiva segurando seu braço. O motorista assentiu de cabeça abrindo a porta do carona. O casal adentrou o carro e Diego suspirou de alívio ao finalmente estar seguindo para casa. Teria um problema, onde levaria aquela garota?Continua…Diego desistiu de tentar acertar onde a ruiva morava, a cada vez que perguntava ela falava algo sem sentido. Descendo do carro 40 minutos mais tarde após andarem feito loucos a procura dos endereços que ela dizia. — Opa cuidado.— Ele a segurou logo que os pés da ruiva desequilibraram ao descer do carro. — Ah você me segurou de novo ha ha.— Ela gargalhou completamente perdida. — Onde estamos? Diego retirou a nota de cem reais, a única nota que tinha no bolso. Dificilmente andava com dinheiro, visto que seu dinheiro sempre estava em contas. O mais comum era o cartão de créditos, no entanto ele nem recordou de levá-lo a balada. — Pode ficar com o troco, demos trabalho demais ao senhor. Diego voltou segurar a ruiva que perambulava a calçada perdida. Ela não recordava que lugar era aquele, ali não era sua casa. — Aqui não é minha casa.— Ela girou a cabeça, ficando tonta com o movimento, seu corpo tombou para trás resultando numa queda desajeitada.Com o impulso repentino Diego não c
Movendo o corpo devagar, Luana sentiu uma pontada forte na cabeça. Tombando pela cama, ela manteve os olhos fechados ao passo que resmungava algo incompreensivel. Levando as mãos a cabeça ela abriu os olhos devagar. No primeiro momento o teto branco e um ilustre chamou sua atenção.Ué, que teto era aquele?Um som de porta se movendo a despertou. Com impulso ela ergueu o corpo encontrando um corpo masculino de costas frente a um closet. As costas negras expostas sem camisa, trajando apenas uma calça de pijama com imagens de avião estampados. — AAAAAAH! QUEM É VOCÊ SEU PERVERTIDO ? — Lançando uma almofada direção as costas do desconhecido ela instintivamente puxou um lencol cobrindo todo o seu corpo. — Mas o quê? — Diego girou nos calcanhares ficando de frente a imagem da mulher debaixo do lençol. — Quem é você? O que estou fazendo aqui? — Luana questionou enquanto observava seu corpo constatando que estava vestida numa camisa branca masculina. Como estava vestida numa camisa mascu
Os minutos foram demorados, Diego e Luana se encaravam assustados. Os olhos verdes de Diego estava coberto de espanto e admiração pela beleza de Luana. O coração deu sinal no peito, sentindo o sangue fluir com rapidez causando um calor repentino. Enquanto Luana não acreditava no que estava vendo, pensar no que pode ter acontecido aquela noite causava uma vergonha tremenda. Luana percebeu os cortes leves no rosto de Diego, no fim ele acabara brigando por uma estranha na balada para protegê-la, esse era mesmo o Diego que ela conhecia?Era mesmo o Diego que amou desesperadamente e que a traiu no segundo ano de casamento? Era o homem que ela amou na juventude, adolescencia a fazendo casar muito cedo simplesmente porque não suportava viver sem ele? Sentindo o peito pesar, a angustia a consumir, com um salto ela saiu da cama dando passos para trás. Diego observou os movimentos da ruiva que tanto amou. — Jamais imaginei que poderia ser verdade o que estava vendo ontem a noite.— Diego a an
Diego lançou seu corpo sobre o de Luana na tentativa de detê-la, mas a mesma acertou o tecido do vestido contra seu rosto, que no primeiro momento ardeu sobre seus cortes.— SOCORRO, MAS O QUE É ISSO? — Cristian gritava ao passo que tentava fugir e desvencilhar dos tapas da garota.— SEU DESGRAÇADO, ISSO É PRA NUNCA MAIS ME CHAMAR DE BISCATE.— Luana repetia enquanto serrava os dentes e desferia tapas no loiro.— Calma aí nervosinha.— Diego a prendeu nos seus braços, a ruiva não parou por aí.— Nervosinha uma ova, como ele pode dizer qualquer coisa sem nem mesmo saber quem é a pessoa?— A ruiva manteve o esperneado ao passo que Cristian cobria o rosto.— Ai meu rosto, ESTOU UM DESASTRE! — O loiro saiu do sofá enquanto massageava o rosto avermelhado.— Volta aqui seu desgraçado! — Luana voltou a tentativa de sair do aperto de Diego.Devido o sangue quente e o estresse, ela tão pouco observou a posição que estava nos braços de Diego, muito menos que estava apenas na camisa dele. — Tira e
Quando Luana vestiu o vestido, ela observou seu rosto no espelho. Um tom avermelhado destacando que a noite fora de fato uma bagunça. O que havia acontecido para estar com aquele hematoma? Seria melhor nem pensar o que aconteceu. Ela fechou a porta do quarto, enquanto observava o corredor percebeu a decoração neutra. Não parecia muito o gosto de Diego. Se bem que tanta coisa mudou, não seria surpresa se o gosto dele tivesse mudado também. Ela recordava da alegria dele de decorar o quarto do vídeo game. Na época ele era terrivelmente apaixonado por vídeo game. Sua bancada era repleta de jogos, e ambos divertiam juntos jogando alguma bobagem no Xbox. Luana era péssima com jogos, jogar com Diego era simplesmente pedir pra perder. Ambos passavam o tempo simplesmente sorrindo pela péssima capacidade de Luana jogar. Ela sorriu ao recordar das memórias. Haviam compartilhados momentos divertidos juntos. Mesmo com o trágico final, ainda assim, ela ainda lembrava de situações divertidas que
O trajeto até a boate da noite anterior foi completamente silencioso, Luana parecia emburrada, Diego imaginou. Dava pra perceber pelo bico que ela fazia. Os cabelos estavam bagunçados, o vestido amarrotado, os braços cruzados, mas incrivelmente fofa. Diego prendeu um sorriso, mais uma vez ele estava prendendo seu riso. Sua vida estava tão sem graça e monótona ultimamente, mas desde a balada na noite anterior, e tudo que passou com a ruiva, ele sentia um conforto no peito. Sempre que pensavam que iam se deixar, um novo problema surgia e tudo isso estava causando uma sensação aquecedora no seu peito. Ele queria passar mais tempo com ela, mesmo que ela não saiba disso, ele queria aproveitar o pouco de tempo que tinham juntos. Talvez jamais a veria de novo, não dava pra saber de certeza se a veria. Sem contar na sua familia, ele jamais conseguiria se aproximar dela de novo. O carro parou bruscamente, o condutor buzinou desesperadamente. Luana foi arremessada o tronco para frente a
Luana estava desesperada e em choque, nada que fizesse poderia trazer sua paz mental de volta. Diego havia sido levado para a emergência, e ela o acompanhou. Não havia nenhum laço que os ligassem, mas era sua obrigação depois do que ocorrera. Ele fizera muito por ela na balada, e lhe devia um favor depois de tudo que ele fez para protegê-la. A cena se repetia diversas vezes em sua cabeça, o corpo de Diego tombando, o impacto no chão. Tudo se repetia e Luana não conseguia evitar a iquietação. Levantando o corpo da poltrona da recepção ela perambulou sem rumo, já era quase noite e não tinha recebido noticia de Diego. Seus olhos baixaram a visão, constatando que estava descalça, suja e com o mesmo vestido da noite anterior, faria 24 horas que estava com aquela roupa. Sentindo um peso sobre seu ombro, Luana massageou devagar, estava faminta, exausta, o dia havia sido uma bagunça, jamais esperou que se encontraria com Diego novamente, principalmente daquela forma. Ela girou o corpo mai
Luana aguardou uma resposta, seu irmão parecia apreensivo. Ela percebeu que ele estava lutando para dizer, mas talvez pudesse ser algo complicado demais, talvez até algo que ela não entenderia. Motivada por preocupação genuína, a ruiva segurou o pulso do irmão, ele parecia pálido. — Catarina está grávida.— Luan disse de uma vez. — Espera o quê? — A ruiva arregalou os olhos.— Luan, não pode deixá-la. — A ruiva disse de uma vez. A descoberta que seria tia a pegou de surpresa. — E não vou, que tipo de homem eu seria se a abandonasse no momento que mais precisa de mim?— O irmão caminhou pela sala de espera, suas mãos se moviam pelo seu rosto. — Eu sei o que está pensando o que está sentindo.— Luana se aproximou dele retribuindo o conforto que recebeu dele minutos antes.— Eu sei que vocês se amam, podem conseguir resistir aos nossos pais se persistirem. — Não é tão simples, não quero que a mulher que amo sofra nas mãos dos nossos pai, você sabe como eles reagem quando fugi