Os sete amigos pegam o ônibus e ficam algum tempo sem conversar, até que Tai Shio quebra o silêncio entre o grupo e questiona Alexandre.
- Cara, o que realmente aconteceu lá? – questiona apontando para a direção da cidade.
- Como assim? – espanta-se Alexandre.
- A boa vontade, os ferimentos, tudo! – fala com um tom baixo, mas deixando escapar uma certa ira.
Os sete amigos ficam se olhando, sem entender muito bem o que estava acontecendo. Eles não sabem se continuam olhando para a entrada bloqueada que abriu magicamente, ou se acompanham o que os policiais estão fazendo. Até que eles percebem que um dos homens que chegou com Carlos estava conversando com o policial do megafone.Depois de alguma conversa, inaudível daquela distância, todos os policiais começaram a afastar mais ainda as pessoas curiosas e também começaram a se afastar. Os raios estavam caindo somente perto da escola ou nos postes e topo de casas mais altas. Assim que Alexandre fala para eles fazerem o mesmo e se afastarem, um raio cai no meio de todos eles.
Pedro então vai até Bárbara. Ela estava gelada, com os olhos arregalados e a boca aberta, em uma expressão de puro pavor. Pedro coloca o amuleto em seu bolso e tenta carregá-la, mas não consegue. Ele sabe que não é tão forte mesmo, mas Bárbara não pesava tanto para ele sequer conseguir movê-la. Ele se levanta e ajusta sua roupa, porém nesse momento ele vê um reflexo na parede.Na parede estava uma adolescente, magra, usando calcinha e sutiã na cor azul. Ela estava chorando e estava presa por uma corda no pescoço. Um homem mais velho estava segurando seus braços e suas pernas estavam amarradas. Pedro então se afas
Ainda não era madrugada, mas a noite estava anormalmente fria. Uma figura estranha e encapuzada anda pela rua, sem se preocupar com as pessoas em seu caminho. Anda por um tempo, trôpego e aparentemente alheio ao que acontece à sua volta. Do lado oposto, um homem caminha rápido. Ele é um senhor alto, calvo, com uma grande barba e uma grande barriga. Os dois homens se esbarram, batendo com os ombros. - Ei, cuidado! - o homem calvo fala com um tom um pouco mais forte. A figura encapuzada somente resmunga algo inaudível. Nesse momento o homem calvo percebe que o sujeito encapuzado está descalço, com os pés sujos com alguma gosma preta. - O senhor está bem? Precisa que chame uma ambulância? - o homem calvo fala em um tom mais brando, tentando se aproximar. Nesse momento a figura encapuzada para de andar. Ela se vira para o homem calvo e segue em sua direção, lentamente. - Ou talvez o senhor queira que eu chame a polícia? - a voz do homem calvo agor
Mais uma manhã normal no Brasil de 1985. Em Belo Horizonte, na manhã do dia 21 de outubro, é possível ver que várias crianças e adolescentes se encaminham para as escolas em seus uniformes e com suas mochilas pesadas. Adultos em seus carros ou nos pontos de ônibus seguem para mais um dia de trabalho. Os policiais, ainda na rua, finalizando suas rondas, porém bem menos do que nos anos anteriores, mas ainda haviam alguns. Tudo normal, como sempre fora. A comprida rua, com vários c
Na escola, tudo continua como sempre. As aulas começam e tudo segue normalmente até a hora do intervalo. Nesse momento, quando Emmily está sozinha, saindo do banheiro, Marisa aparece perto dela. - Oi. Queria conversar com você, rapidinho pode ser? – pergunta Marisa. - Puta merda, que susto menina. Sempre no banheiro, mas que tara, em. Pode falar. As duas entram no banheiro, que está vazi
Na manhã de domingo Pedro teve que ser ágil. Deixou um bilhete para Emmily e saiu pela janela, antes do pai de Emmily acordar. Ele nunca acreditaria que os dois só dormiram juntos, muito menos no que aconteceu depois da explosão na escola. Ele segue para a oficina, ainda precisa trabalhar e é bom não pensar no dia anterior. Porém não deu para fazer muito. A única coisa que as pessoas conversavam na rua era sobre a explosão na escola. Já era notícia! Pedro foi para a oficina, trabalhar, mas o pessoal ficava perguntando muito o que tinha acontecido e coisas do tipo. Ele sabia que não devia falar do professor e nem de Alexandre, então simplesmente respondia que não sabia o que houve, somente que uma parte do segundo andar da escola havia explodido e ele e os amigos foram embora correndo.
Na segunda-feira, dia 04 de novembro, todos vão para a aula normalmente. Porém, já dentro de sala, no último horário do dia, Pedro avisa para Tai Shio que ele está escutando o maldito apito na sua cabeça. Assim que Pedro finaliza sua fala o professor Dave LerChandu reaparece na porta da sala, para mais uma aula de História. Seu semblante estava diferente, não havia aquela estranha tentativa de ser simpático. Parecia mais com algum misto de raiva com cansaço, bastante semelhante com algumas das vezes em que Pedro se encontrava. O professor entra sem falar nenhuma palavra e vai direto para sua mesa, onde coloca sua
A semana passou, pesada e cheia de complicações, mas passou. Os amigos conseguem combinar de se encontrarem em um bar do lado da escola, na sexta-feira a noite. Todos se encontram e conversam bastante, um pouco sobre tudo, porém são atrapalhados várias vezes por pessoas que sabem que eles são estudantes da escola e que sobreviveram ao que foi chamado de “Massacre Comunista”. A mídia, manipulada pela ditadura, conseguiu unir o fato de dois homens nus estarem mortos dentro de uma escola, junto de 16 adolescentes também mortos, como uma forma de protesto da esquerda comunista. A história apresentada é que três homens invadiram a escola no final da aula e, nus, massacraram os adolescentes, usando de armas de corte pesadas e espadas. Term