Matteo - O que você fez? - a voz de Tony era uma mistura de preocupação e repreensão. Mas eu não tinha a menor paciência naquele momento.- Olha aqui, não vem me dar lição de moral. Quer ajudar? Leve-a para casa em segurança.- Eu vou. Mas era você quem devia estar fazendo isso. Não eu.- Eu vou atrás de Alícia. Ela precisa de mim. - Tony me olhou incrédulo. Depois deu as costas e saiu apressado. Pela primeira vez isso me pareceu errado. Era como se eu tivesse fazendo uma escolha entre Alícia e Giovanna. Mas eu não tinha condições de pensar sobre isso e, de qualquer maneira, Giovanna não era uma opção. Não mais. Ela foi muito clara. Acabou. Além disso, ainda tem a maneira como ela se referiu a minha esposa. Deus! Estou com tanta raiva dela agora. Eu devia ter ficado longe dela. Estava mais do que óbvio que isso não iria terminar bem.Ignorando os olhares fuzilantes dos meus pais e da minha irmã, eu vasculhei o salão à procura de Lici. Mas não a encontrei ali. Eu atravess
Eu acordei com o seu peso sobre mim e a sua boca estava pressionada contra os meus lábios. Sua língua quente invadindo a minha boca, seus cabelos longos roçando no meu rosto. Demorei alguns instantes para entender o que estava acontecendo. Mas, mais do entender, a maior dificuldade era acreditar de quem se tratava e o que estava sendo feito. Eu empurrei ainda mais forte do que esperava fazer – que porra você pensa que está fazendo? – rosnei para ela. Mas, pela luz fraca que vinha no abajur, pude notar que ela não parecia assustada. Parecia determinada. - Eu irei satisfazer todas as suas necessidades, Teo. Você não precisa dela. Nós dois juntos não precisamos de ninguém. Que loucura ela estava dizendo? – Você enlouqueceu? Saia do meu quarto agora, Alícia. – Eu fiquei de pé tão rápido quanto possível e acendi a outra luminária ao lado da cama. - Eu posso cuidar de você, Teo. Eu sou a pessoa mais indicada para ficar no lugar dela.
Duas semanas passaram se arrastando. Penélope havia me dito que só o tempo iria acabar com o meu sofrimento. Bem, eu acho que ou o tempo está passando devagar porque o sofrimento é enorme ou o sofrimento ainda está aqui por que o tempo está passando lentamente. Seja como for, eu estou ferrada. Matteo entrou no meu sistema como uma droga. Com a sua falsa sensação de euforia seguida de uma destruição profunda e lenta. Eu nunca fiz uso de drogas, que fique claro, mas se for algo ligeiramente parecido com isso, mais do que nunca as pessoas devem se abster delas. Quando Matteo disse, desde o início, que não queria me machucar e, mesmo quando eu sabia que ele faria, eu não poderia imaginar como seria, na prática, isso. Pois bem. Agora eu sei e por mais que eu tente, não poderia explicar como é. Ainda que eu use toda a analogia disponível, ainda não será exato. No dia seguinte ao ocorrido eu me sentia como se fosse morrer. E não era somente por causa da re
- Oh Meu Deus! É perfeita. Sua história me fez chorar como nunca. É uma história triste, muito triste, mas a força que a personagem imprime nos últimos capítulos é incrível. Nós já estamos trabalhando nela, Toda a equipe está e eu conversei com os executivos de Hollywood e eles concordaram em usar o lançamento desse livro para trazer a sua identidade à tona. Minha nossa! Eu estou tão empolgada. Tenho uma equipe de revisores e editores trabalhando nele neste momento. Menina! Você me surpreendeu. Todas essas semanas confinada e você me sai com uma pérola dessa. Eu só acho que você deve pensar na possibilidade de produzir um novo volume, agora com um final feliz para os personagens.Ela estava tagarelando desde o momento em que eu disse alô e eu já estava com uma dor de cabeça dos infernos. Aliás, eu não estive bem na última semana e atribuo isso as horas e horas diante do computador escrevendo sem me alimentar. Mas o resultado foi positivo. Eu tinha um trabalho novo prontinho que seria
- Aonde você vai?- Eu tenho uma reunião amanhã cedo, preciso ir para casa.- E quando nós vamos nos ver de novo? – Agora vinha a parte chata, mas onde eu era bastante objetivo. Nas últimas semanas eu aprendi que quanto mais sincero você for, menos a chance delas insistirem. Basta ser honesto sem brilho para enfeitar as palavras e elas não vão mais te encher o saco.- Nós não vamos.- Como assim?- Assim, desse jeito.- Por que você está sendo tão grosso depois do que acabou de rolar entre a gente?- Eu não estou sendo grosso. Estou sendo sincero. Eu queria foder, você queria que eu a fodesse, eu a fodi e estamos todos satisfeitos. Sem mais.- Ok. Já chega. Basta sair. Agora só falta você deixar algumas notas sobre a mesinha – ela cuspiu as palavras com sarcasmo.- basta dizer quanto foi o programa e eu pago.- Seu cretino miserável. Pra fora. Agora.- Eu terminei de me vestir calmamente e saí deixando mais uma mulher fodida e frustrada para trás. Quando eu ent
Ela entrou na loja e se manteve lá por um longo tempo. Enquanto isso eu andava de um lado para o outro esperando e pensando no que eu iria fazer. Porra! Um filho? O que eu ia fazer com um filho e por que ela não me falou nada. Já faz algum tempo, talvez entre 8 a 10 semanas que estivemos na vinícola, ela deveria ter me contado. Então a frase de Tony veio a minha mente: “Você não merece saber.” Eu não mereço saber. Eu não merecia saber? Que merda é essa? Esse é o meu filho. Eu disse as palavras em voz alta - Meu filho. Eu vou ter um filho.Giovanna saiu da loja com algumas sacolas e com um sorriso bobo no rosto. Ela estava feliz por ter um filho meu. Mas, então, ela deveria estar. Ela vai ter um filho de Matteo Mazza. Esse menino vale ouro, não é? Mas que merda eu estou dizendo. Essa não é Giovanna. Não pode ser. Ela é doce e despretensiosa. E ela poderia ser minha se eu só não tivesse fodido com tudo. Eu atravessei um inferno nas últimas semanas. Primeiro eu estava com m
Ela me olhou desconfiada. Sondando. Santo Deus! Ela estava ainda mais bela de perto. Alguns fios haviam se soltado e caíam ao lado do seu rosto. Os lábios estavam vermelhos por causa do sorvete gelado e os olhos azuis estavam grandes demais no seu rosto. Ela havia perdido muito peso, mas ainda assim ela era perfeita. Pela primeira vez eu parei para pensar que eu já havia causado um estrago nela. Eu me mantive distante para protegê-la, mas foi em vão. Eu já tinha ferrado tudo e só fiz piorar as coisas. – O que você tem pra me dizer, Giovanna? – insisti.Ela puxou uma respiração longa e comeu mais uma colher de sorvete de creme. Como se tivesse ganhando tempo para pensar em alguma coisa. No fim, encolheu os ombros – Não tenho nada pra dizer a você. Não tenho nem uma vaga ideia sobre o que você está falando. Agora você pode ir embora e continuar a ignorar a minha existência pelo resto da sua vida problemática.Eu me levantei e de modo calmo, porém firme, caminhei diretamente para a saída
GiovannaEu acordei e encontrei Matteo sentado ao lado da minha cama. No seu colo estavam os sapatinhos amarelos, um macacão branco e uma manta da mesma cor dos sapatinhos que eu havia comprado mais cedo. Ele olhava para esses objetos com total reverência. Isso amoleceu meu coração, mas não eliminou a minha preocupação em relação a isso tudo. Matteo na minha vida significava problemas. Eu não podia ficar confortável com a sua presença, pois quanto mais cômoda eu ficasse, mais difícil seria me acostumar com a sua ausência depois.Eu me movi, sentando-me. O que chamou a sua atenção – Oi – cumprimentei – você ainda está aqui?- Olá. Sente-se melhor?- Sim. Muito melhor.- Está com fome?- Muita. Mas receio comer algo e passar mal novamente.- Você deve comer mesmo assim. Não pode deixar de se alimentar. Por você e pelo bebê.Passado o susto daquele grito que Matteo me deu, naquele jardim da mansão, quando nos conhecemos, eu vi, de pronto, que ele era uma boa pessoa. Ele se preocupava com