ULLY
Anton abriu a janela com uma velocidade alarmante, fazendo as duas partes da janela se despregarem da parede, e eu puxei Luca com tanta força que ele arquejou de dor. De qualquer forma, em questões de segundos, nós estávamos do lado de fora.
Demos de cara com dois homens altos, vindo na nossa direção e, pela primeira vez, vi Anton se preparar para lutar. Ele agachou e saltou, derrubando os dois rapidamente, depois olhou ao redor. Houve uma agitação dentro do escritório no mesmo instante e mais passos.
Puxei Luca para perto, ele não conseguiria fugir como nós, eu teria que carregá-lo e isso não seria problema algum, mas para onde ir?
ULLY Acordei com dor pelo corpo todo e com a mente ainda muito cansada. Não tinha sido um sono muito restaurador, e nem durado o tempo necessário para que eu me recuperasse. - Você precisa ir para casa. – Anton disse secamente depois de me cutucar até que eu parasse de resistir. Parado no quarto, de costas para mim enquanto vestia uma camiseta, ele emanava irritação, cansaço e mais alguma coisa que eu não conseguia perceber com a mente lenta daquele jeito. De toda forma, sua posição não mudaria. Me levantei imediatamente, sem coragem para dizer qualquer coisa. Não dava pa
ULLY Parada num prédio alto, as mãos apoiadas no parapeito e os olhos no horizonte, eu me perguntava em que lugar estaria Anton e se estaria bem apesar de tudo. - Ully. – a voz de Luca parecia vir de muito longe. Me virei para olhá-lo, sentado no telhado com uma expressão de desconforto porque não gostava muito de altura. - Podemos ir? – ele perguntou gentilmente. Eu gostava de ficar no alto, isso me fazia sentir mais perto de Anton. - Podemos. – respondi me afa
ULLY - Você acha prudente fazermos isso? – perguntei mais uma vez para Luca. - Como eu disse das outras vezes, não. – ele respondeu imediatamente. Mesmo assim eu não parei de andar, nem ele, e o assunto ficou esquecido por alguns momentos. - Você realmente acha... – comecei novamente. - Não. – ele me cortou – Todas as vezes terá a mesma resposta. Silêncio. - Mas, Luc
ULLY - Não é uma forma muito esperta de ficar no meio da floresta quando se está sendo caçado. – Dana disse irritada enquanto acomodava suas constas contra o tronco de uma árvore – Gritando feito dois imbecis. Francamente, Ully, francamente. Mas eu não estava prestando atenção, eu estava andando de um lado para o outro na sua frente e pensando no que Luca tinha acabado de fazer bem na nossa frente. - Pensei que você era mais esperta do que isso. – ela continuou seu sermão. - Como ele fez isso? – finalmente parei.
ULLY Parada em cima do pico da montanha, com meus cabelos voando ao redor do rosto, eu conseguia ver, além do mar verde da floresta, um pouco das partes mais altas dos prédios. - Ficar aqui olhando não vai ajudar em nada. – Dana surgiu ao meu lado. - Quando vamos atrás dele? – perguntei sem me mover. - Anton ou Luca? – perguntou com um leve sarcasmo. Eu me recusava em entrar em assuntos difíceis desde que ela tinha me dito que Anton tinha lhe confidenciado sentimentos por mim e, aparentemente, isso a fazia querer me forçar a fa
ULLY Quatro dias de chuva intensa e eu estava a ponto de enlouquecer, principalmente porque Dana e Lorian pareciam perfeitamente calmas e satisfeitas em passar quase o tempo todo trancadas dentro daquela cabana sem privacidade. Com mais calma, Dana tinha contado que havia uma espécie de prisão não muito longe dali e que Zander sempre monitorava a situação com cuidado, principalmente agora que só tinham sobrado apenas os três ali. O resto das pessoas tinha partido por medo de serem capturadas novamente, mas eles acreditavam que sempre deveria haver alguém para ajudar caso alguém conseguisse escapar. Não era fácil, haviam vários métodos de mant&
ANTON Dor, gritos, chuva e lama. As coisas estavam confusas na minha cabeça, como flashes de um filme que eu tinha assistido, só que era apenas minha mente inconsciente repassando as últimas coisas que eu tinha visto antes de apagar. Pisquei algumas vezes, tentando desembaçar minha vista e entender aquele som constante ecoando ao meu redor. Não havia mais chuva e os cheiros da floresta, nem a voz de Ully me chamando. Estava escuro e eu não estava sozinho, mas estava mole, amordaçado e amarrado fortemente para conseguir descobrir quem mais tinha sido pego. Alguém estava chorando, talvez uma das crianças.
ANTON Alguns dias se passaram sem que eu soubesse como sair daquela situação. Duas vezes por dia alguém aparecia e jogava comida por entre as grades, geralmente um homem com uma expressão raivosa e arrogante. Nós três dividíamos a comida sentados na cama e conversávamos aos sussurros sobre sair dali e voltar para casa. Isso relaxava Anna, mas deixava Sarah meio depressiva, e eu cada vez mais ansioso para me ver do lado de fora, num local aberto e livre. A possibilidade de Ully estar ali era baixa, eu tinha dado uma boa margem para ela escapar. Pelo menos era o que eu tentava me convencer todos os dias, senão acabaria enlouquecendo.&n